No dia do seu aniversário, Marília perdeu a única pessoa que realmente esteve ao seu lado: sua mãe. E seu marido? Nem comemorou o aniversário dela. Nem apareceu no velório. Estava ocupado demais indo ao aeroporto... Para buscar o amor da sua vida.
Ler maisSe fosse antes, ao ouvir Gabriel dizer isso, Marília provavelmente teria ficado emocionada.Mas agora...Seu coração estava sereno, indiferente.— Faça o que quiser. — Marília lançou as palavras friamente antes de virar as costas e ir embora.Nos dias seguintes, Gabriel cumpriu sua promessa e começou uma perseguição incansável.Todos os dias, enviava enormes buquês de rosas para Marília. Em intervalos regulares, enviava joias, presentes caros, tentando de todas as formas arrancar um sorriso dela.Mas as flores nunca eram aceitas. Os presentes, todos devolvidos sem sequer serem abertos.Mesmo assim, ele não desistiu.Quando os presentes falharam, recorreu ao sofrimento visível.Ficou horas sob a neve, em frente ao prédio onde Marília morava, segurando um rádio que tocava músicas românticas. Seus lábios ficaram roxos de frio, seus dedos dormentes, mas ele não saiu de lá.E qual foi a resposta de Marília?Fechar a janela.Como se isso não bastasse, durante o tempo em que Gabriel implorava
Marília ouviu tudo em silêncio. Quando Gabriel finalmente parou de falar, ela respirou fundo e respondeu, com a voz calma, mas firme:— Gabriel, nós já estamos divorciados. Eu nunca mais vou voltar com você. O que eu sentia por você... se desgastou, dia após dia, no meio da sua indiferença, do seu desprezo. Não restou nada. Então volte sozinho. Meu futuro não tem mais espaço para você. E o seu... não me interessa mais.Simples. Claro. Definitivo.Mas para Gabriel, era como se o chão tivesse desmoronado debaixo de seus pés.Seus olhos ficaram vermelhos, cheios de desespero.— Não! Você está mentindo! Você não pode me deixar!Ele agarrou os braços dela com força, recusando-se a aceitar a realidade.— Esse divórcio não vale nada! Você me enganou para assinar aquele papel! Eu nem sequer li antes de assinar! Isso não conta! Nós ainda somos casados! Você não pode me abandonar!Ele estava fora de si, completamente fora de controle.Apertou os braços de Marília com força, ignorando seus protes
Giano não ficou nem um pouco tranquilo ao ver Marília querendo ir embora sozinha.Sem hesitar, ele se levantou junto com ela:— Eu te levo.— Não precisa! — Marília respondeu rápido, balançando a cabeça. — Eu… eu posso ir sozinha.Ela nem conseguia encará-lo direito.Embora eles ainda não tivessem oficializado nada, já haviam saído juntos várias vezes. Se estivessem em Cavéria, isso já seria considerado um relacionamento.Marília não queria uma cena de confronto entre o ex-marido e o homem com quem estava saindo agora.Assim, Marília pegou um táxi e voltou para casa sozinha.Ao descer do carro, avistou imediatamente uma figura familiar parada sob a luz do poste, tragando um cigarro.Gabriel.Assim que a viu, ele reagiu como se tivesse encontrado a própria salvação.— Marília!Largou o cigarro ainda aceso e correu até ela, puxando-a para um abraço desesperado.— Graças a Deus... Graças a Deus! — sua voz tremia, os braços apertando-a contra o peito. — Eu finalmente te encontrei!— Você t
Assim que pousou no país M, Gabriel foi direto para o local onde Marília havia realizado sua exposição.Ele percorreu a rua inteira, perguntando de loja em loja, incansável, como um homem possuído.E quando o céu começou a escurecer, finalmente conseguiu a resposta que tanto buscava: o endereço onde Marília estava morando.Agradeceu inúmeras vezes, depois partiu sem perder mais um segundo.No caminho, imaginou como seria o lugar onde ela morava agora. Sozinha, num país estrangeiro, sem amigos, sem apoio... certamente devia estar em um apartamento pequeno, modesto.Mas quando chegou ao endereço indicado, foi surpreendido por uma mansão luxuosa, em uma das áreas mais exclusivas da cidade.Gabriel franziu o cenho. Como diabos Marília conseguiu viver aqui? Uma casa dessas custava centenas de milhões de dólares.Isso não fazia sentido. Será que tinha anotado o endereço errado?Mesmo com a incerteza, se aproximou da porta e bateu.Quem abriu foi uma mulher elegante, sorridente e simpática. E
Durante os meses em que Marília esteve desaparecida, Gabriel perdeu completamente o controle.O homem que sempre foi um viciado em trabalho, que colocava os negócios acima de tudo, simplesmente abandonou a própria empresa. Nada mais importava.Nada além de encontrá-la. E quanto mais o tempo passava, mais sua obsessão se transformava em loucura.Ele ignorou os conselhos dos amigos. Ignorou os gritos dos pais.Ignorou tudo e todos. Só queria vê-la de novo.Gabriel, o cético, o cínico, agora lia sobre arte.Antes, desprezava artistas. Especialmente pintores.Afinal, Dália tinha se casado com um. Mas quando descobriu que Marília era formada em belas-artes, isso mudou completamente.Passou a acompanhar jornais de arte, exposições, eventos culturais... E fazia isso por um único motivo. Porque queria entendê-la. Porque, quando a encontrasse, queria que ela soubesse que ele tentou. Que ele se esforçou para amar o que ela ama. Que não era mais aquele homem arrogante e insensível de antes.Mas,
A exposição de Marília foi um sucesso absoluto.No dia do evento, não só a elite da sociedade compareceu, mas também diversos veículos de imprensa, garantindo uma ampla cobertura.No dia seguinte, sua arte dominava as colunas culturais dos jornais e sites.E um dos títulos mais chamativos?“A nova estrela em ascensão no mundo da arte.”— Esse jornalista sabe o que fala! — exclamou Elisabete, segurando o celular e relendo a matéria.Ela sorriu com orgulho.— Nossa Marília é cheia de talento! Cada pintura dela tem vida própria.— É claro que ela é a nova estrela da arte contemporânea!Marília riu, meio sem graça.O entusiasmo da tia era contagiante.Mas, no fundo, isso ainda parecia um sonho.Ela nunca foi tratada assim. Naquele país, porém, as coisas eram diferentes.Lá, as pessoas incentivavam em vez de criticar. Desde pequenos, os filhos eram encorajados.Até quando erravam, os pais começavam elogiando."Você tentou muito bem!""Que coragem de se arriscar assim!"E só depois disso, ex
A exposição foi um sucesso absoluto.Das 51 pinturas exibidas, 33 foram vendidas em um único dia.A maioria por valores entre 10 mil e 50 mil dólares.Mas as cinco adquiridas por Giano…Foram vendidas por 500 mil dólares cada.Enquanto conferia as contas da exposição, Elisabete não resistiu à provocação:— Giano pagou dez vezes mais pelas suas pinturas.Ela ergueu uma sobrancelha.— Você acha que ele só queria os quadros… ou queria a artista também?Marília nem piscou.O olhar dela permanecia fixo na calculadora.— Ele não tem interesse nenhum em mim.A resposta veio rápida e indiferente.— Deve ser só um cara charmoso que gosta de flertar.A tia arregalou os olhos.— O quê?A expressão dela era de puro choque.— Você tá brincando?Marília finalmente levantou os olhos.E então viu o olhar inacreditado da tia.— O que foi?— Giano não é esse tipo de homem.O tom de Elisabete foi categórico.— Ele é um dos solteiros mais cobiçados do meio empresarial, mas não tem uma reputação de mulhere
Marília ficou em silêncioEla achava que Giano fosse aquele tipo de empresário sério, distante, sem paciência para brincadeiras…Mas ele era bem mais descontraído do que imaginava.— Então eu também deveria te agradecer por me chamar de bonita? — rebateu, rindo.Os olhos de Giano brilharam com diversão.— Finalmente sorriu.Ela piscou, surpresa.— Eu… sempre estive sorrindo.Desde que a tia a trouxe para cumprimentá-lo, ela manteve um sorriso educado no rosto.Era o mínimo.Mesmo sem ter muito contato com a alta sociedade antes, sabia que um bom sorriso era essencial para boas interações.Mas Giano sacudiu a cabeça, negando.— Antes, você só estava sendo educada.Seus olhos escuros e penetrantes a analisaram com um interesse tranquilo.— Agora, você realmente sorriu.Marília sentiu algo se mover dentro dela.Era estranho.Eles acabavam de se conhecer.Mas, de alguma forma, ele enxergava através dela.Sentia como se ele soubesse de coisas que ela nunca contou a ninguém.Como se ele cons
O homem que, sem hesitar, comprou cinco quadros por meio milhão de dólares cada, definitivamente merecia uma saudação.Seria grosseiro ignorá-lo.Por isso, acompanhada da tia, Marília caminhou até ele.— Há quanto tempo — cumprimentou Elisabete, sorrindo com familiaridade.Ficava claro que já o conhecia.— Não imaginei que um homem tão ocupado como você teria tempo para prestigiar minha sobrinha.Giano Bosque sorriu levemente.— Coincidiu com um dia de folga.O tom dele era tranquilo, sem pressa.— Esta é minha sobrinha, Marília — apresentou Elisabete.O orgulho era perceptível em sua voz.— Uma artista de talento. Todas as pinturas desta exposição são dela.Marília ficou sem graça com o elogio exagerado.Suas bochechas esquentaram.— Tia, não exagera…Baixou o olhar, um pouco embaraçada.— Eu só pinto por hobby.Giano riu.— Mas há talento, sem dúvida.Olhou para um dos quadros atrás dele.Uma pintura de montanhas.— Esta, por exemplo. Embora retrate montanhas e use tons quentes, tran