Maya entrou apressada no enorme edifício espelhado.
O som dos seus saltos soavam alto no assoalho preto brilhante. Passou os olhos pelo relógio rapidamente e percebeu que já estáva quase na hora do almoço. — Merda! — Praguejou baixo. Corria um enorme risco de não conseguir falar com o todo poderoso, arrogante e galinha senhor Bukaiter! Subiu até ao andar indicado e passou ligeira pela secretária direto à porta do escritório. Coloca a mão na maçaneta para a abrir e atrás dela ouve a voz desesperada da secretária — A senhora não pode entrar aí, aguarde eu anunciar… Maya não conseguiu evitar um gritinho quando viu a cena! Corou violentamente e se encaminhou pra saída, puxando a porta. Ouviu Danilo gritando para que ela esperasse que ele a atenderia. Danilo soltou um "merda" em alto e bom som quando foi interrompido. Depois que ela fechou a porta novamente, saiu de entre as pernas de Alícia e começou a se ajeitar. Estava furioso. Não só por ter sido impedido de liberar seu stress, mas porque seu primeiro plano para Maya foi por água abaixo. Danilo pensou bastante no encontro que tiveram, e foi obrigado a admitir que a mocinha parecia ter fibra! Mesmo assim, também parecia que havia uma tensão sexual entre eles que ele nunca sentiu com nenhuma outra mulher. Ele precisava de toque, de estímulo visual e suas amantes sabiam disso. Mas com Maya, não tinha nenhum estímulo. Pelo contrário, discutiram todo o tempo em que se conheceram porque ele foi um escroto com ela e o menino. E mesmo assim, ele sentia uma fisgada no saco em imaginar a boca dela. E achou que isso se devia ao fato de ela parecer tensa, sexualmente falando. Estava na cara que ela não tinha uma boa sessão de sexo há muito tempo! Então ele planejou que iria seduzir ela, dar o que os dois estavam precisando e manter o dinheiro dela longe dos seus planos. E a cena que ela acabava de presenciar jogou no ralo tudo isso! Seduzir a mocinha que não parecia tão indefesa, estava fora de cogitação. Ele teria que pensar em algo e rápido, porque ela entraria assim que Alícia saísse por aquela porta. Olhou pra Alícia que estava sentada sobre sua mesa, pernas abertas, intimidade exposta, sem se mexer. — Está vendo porque eu digo que você não pode vir até aqui? É meu local de trabalho, porra! Esperei essa moça a manhã inteira e você tirou meu foco. Essa reunião é muito importante! — Ah, todo grande CEO recebe suas mulheres para uma rapidinha durante o expediente. — Se apresse a ir embora, Alícia. Por favor. Eu não sou um grande CEO, sou um enólogo resolvendo alguns assuntos burocráticos. E você não é minha mulher! Alícia saiu de cima da mesa, desceu a saia que estava suspensa, se ajeitou e colocou a bolsa no ombro de volta. Fez um biquinho, perguntando toda manhosa: — Está bem. Mas você vai me ver hoje, pra terminarmos o que começamos aqui? Danilo revirou os olhos. Odiava mulheres que não se valorizavam. Mas o que ele estava querendo? Só se envolvia com esses tipos! Precisava de um jeito de se livrar de Alícia, que estava ficando inconveniente. Teve uma idéia, ousada e absurda. — Não, Alícia. Isso entre nós acaba aqui e agora. Eu vou me casar e não pretendo ser infiel a minha esposa. — Faça-me rir, Danilo Bukaiter. Vai se casar com quem, se há muito tempo não tem outra mulher que não eu? Danilo se amaldiçoou mentalmente por isso. Estava tão ocupado pensando em formas de atacar os Dawson, que não tinha tempo para ir a caça. Alícia estava sempre à disposição, fácil. Então ele meio que se acomodou a sair com ela há algum tempo. Se arrependeu por isso, pois deu falsas esperanças a ela, que começou a acreditar que ele iria assumir compromisso com ela, mesmo que eles nunca sejam vistos em público, ele não a leve em nenhum evento social, nem pra dançar, passear ou sair. É apenas sexo, entre quatro paredes. E mesmo assim ela achou que estavam namorando! E agora se achava com propriedade sobre a vida dele pra saber que ele estava blefando. Não tinha uma noiva, nem nenhuma pretendente. Como podia dizer que iria se casar? Mas uma idéia mais absurda ainda começou a se formar na cabeça dele, que resolveria dois problemas de uma única vez. — Com ela! E apontou pra porta de saída. Alícia começou a rir. — Com a loirinha sem sal caipira? Que acabou de presenciar você no meio das minhas pernas? Danilo fechou a cara na mesma hora. Não gostou de ouvir ela falando assim de Maya, e nem sabe porque. Aliás, sabia sim. Maya podia ser uma mulher sem vaidade, apenas com um gloss na boca, sem maquiagem, cílios ou unhas postiças. Usava camisa xadrez vermelha com preto, por cima de uma regata preta, calça jeans e botas sem saltos. No dia do aeroporto, também estava sem maquiagem, vestida simples e a vontade e Danilo achava que isso foi o que encantou na Dawson que não era sua irmã. Mas Alícia não a conhecia, a viu por um minuto e já fez um pré julgamento dela, sem saber que ela era dona da vinícola mais importante da cidade por herança, e da Adega mais badalada do país por capacidade. — Você respeite minha noiva. Não sabe quem ela é ou o tipo de relação que nós temos. Você vai sair daqui com elegância ou vou precisar chamar os seguranças pra te tirar ridicularizada? — Você vai se arrepender, Bukaiter. Não sou mulher para você usar e jogar fora. Alícia saiu, deixando a porta aberta. Na recepção, mediu Maya de cima a baixo, fuzilando aquela coisinha sem sal com o olhar. Maya não entendeu nada, mas desconfiava que a moça ficou furiosa porque ela atrapalhou as coisas entre os dois. Deu de ombros e corou novamente, se lembrando de toda a extensão do membro de Danilo Bukaiter, se preparando para entrar naquela moça. Sem perceber, mordeu os lábios, pensando que também ficaria furiosa se estivesse prestes a receber tudo aquilo e alguém atrapalhasse. Sentiu o rosto pegar fogo com o pensamento e viu a secretária avisando que ela poderia entrar. Quando adentrou a sala de Danilo novamente, do jeito certo dessa vez, percebeu que em menos de 5 minutos, ele tinha se recomposto e estava parecendo novamente o coração de pedra que ela abordou no aeroporto pedindo carona dois dias atrás. Por um segundo, ela o viu como um ser humano e isso lhe foi perturbador. Balançou a cabeça, afastando as lembranças antes que voltasse a se lembrar do membro enorme que ele tinha e começasse a ter pensamentos indecorosos de novo. — Bem vinda, Srta Dawson. Viu que quando entra do jeito certo na sala dos outros, encontra normalidade? Maya revirou os olhos, sentando na cadeira que ele lhe indicou. — Sua amiga saiu daqui muito nervosa, me fuzilando com o olhar. Acho que ficou muito brava porque atrapalhei sua diversão em horário de expediente. — Não foi esse o motivo, não. Alícia ficou chateada porque aquela seria nossa despedida. Eu a avisei que vou me casar em breve. — É mesmo, isso é novidade pra mim. Quem é a felizarda? — Maya perguntou, realmente curiosa, mas no final querendo dizer a desafortunada, já que a fama de Bukaiter o precedia. — Você mesma. Quer se casar comigo, Maya Dawson?Danilo se divertiu com a cara de espanto que Maya fez, mais ainda quando ela começou a gaguejar, perguntando se ele era louco. — Maya Dawson, respira. Vamos conversar sobre minha proposta e você pode pensar. Você não tem muitas opções mesmo, então vamos: diga porque me procurou? — Procurei porque achei que você tinha sanidade. Mas descobri que estou falando com alguém totalmente desprovido de juízo! — Você me procurou porque acha que eu tomei de seu pai bens que não lhe pertenciam e tenho que lhe devolver. — Se você sabe disso, faça a devolução e pronto, resolvemos isso e acaba-se os motivos pra gente ter contato. — Aí que você se engana, Maya. Você é extremamente capacitada para fazer as coisas acontecerem, mas juridicamente falando, você é uma leiga. Pra isso, tenho uma equipe de advogados trabalhando pra mim. Eu só descobri ontem que os bens que seu pai e Denny me deram como garantia ao empréstimo que lhes fiz, na verdade pertencem a você. E concordo plenamente que você não te
Quando chegaram no hospital, juntos, causaram grande alvoroço. Entraram, o médico chamou Maya e Danilo de canto e deixou o restante da família aguardando. Explicou que o pai não teve melhoras no quadro dele e que ia prescrever o bypass por mais 72 horas, e mante-lo em coma induzido. Maya questionou, fez todos as perguntas possíveis e cabíveis, mas o médico só dizia que não tinha certeza de nada, que estavam fazendo tudo que era possível, mas que o pai não estava reagindo.— Entenda, Maya. Nós estamos realizando tudo que a ciência nos permite. Mas temos uma crença interna entre médicos, que está em grande estudo da psique humana e já foi amplamente divulgado, que se o paciente não quiser sair do estado em que se encontra, nossos esforços serão em vão! — Posso vê-lo? — Entenda, Maya. Seu pai está em coma induzido em uma UTI, respirando por aparelhos e com uma máquina trabalhando no lugar do coração dele. Se ele pegar uma bactéria, mínima que seja, vai ser fatal. E por isso não permit
Danilo levou Maya pra almoçar enfim, e durante esse almoço instruiu ela de tudo que deveria perguntar a Toronto. Assim ela entenderia como Jenny ajudou a afundar John Lee. Mas não explicou o que tinha contra a família dela.Maya não insistiu. Quando se viu sozinha, grávida de um desconhecido, ela se determinou: um leão por dia. Naquele dia, o leão dela era Denny, seu ex noivo. Então, Danilo a deixou no escritório do pai e foi trabalhar, prometendo mandar alguém levar sua caminhonete para lá pra ela ir embora. Antes de arrancar com o carro, Danilo disse a ela:— Não se atrase para o jantar!Sem entender nada, Maya entrou, se apresentou na recepção e seguiu direto para a sala do pai. E se surpreendeu quando encontrou Denny lá, a esperando. — Eu sabia que você ia pedir uma sessão sozinha comigo. Estava ansioso.Maya o viu sentado na cadeira do pai dela e ficou olhando pra ele, meio que sem entender! Na verdade, estava entendendo sim, pois encontrou vários homens no caminho que a olharam
FLAGRANTE Maya ouviu o barulho de chuveiro e abriu os olhos. Percebeu que estava no quarto de hotel e se lembrou de Hanna dizendo que alugou um quarto para elas não irem embora bêbadas. Sorriu e achou que Hanna quem estava tomando banho. Levantou, ia dar um susto nela. Percebeu que estava nua e viu uma mancha roxa próximo ao seio.— Merda! Vai aparecer no decote do vestido. Mamãe vai ter que passar base e esconder essa pancada!Tentando se lembrar quando foi que fez aquela porcaria em sua pele, teve flashes de memória de um homem beijando seus seios. Balançou a cabeça, mas os flashes voltavam sem serem evocados! Ela estava sendo beijada e possuída por um homem que não era seu noivo. E estava gostando muito. Ouviu sua voz gemendo em sua cabeça e levantou desesperada:— Não, não, não, não, não… — Não adiantava negar para as lembranças irem embora. Foi quando ela viu em cima da mesa: celular, carteira, relógio de ouro. Um copo de whisky com menos de um dedo da bebida âmbar ao lado dess
DIAS ANTESMaya estava fazendo a última prova do vestido, se olhando enquanto sua mãe e sua irmã acompanhavam.— Está divina, Maya Dawson.— Estou vivendo um sonho, mamãe. — Eu sei, nós também. Maya, Hannah e eu estávamos conversando de que você precisa de uma despedida de solteira.— Que idéia descabida, mamãe. Nem tenho amigas para isso. — Porque você sempre foi séria demais, Maya. Nem sei como Denny se apaixonou por você! A costureira avisou que estava pronto e as duas foram tiradas da sala pra Maya se trocar. Tinham combinado de almoçarem juntas depois da prova do vestido, e enquanto era tirada de dentro de todas aquelas camadas de tule branco, Maya pensava o quanto a mãe estava certa.Sim, Maya foi uma jovem introvertida, não era de muitos amigos nem de baladas. Seu único amigo na adolescência era Samuel, um jovem afeminado e cheio de espinhas que tinha uma família muito amorosa. Mas eles eram religiosos devotos e a orientação sexual do filho lhes trouxe bastante problemas. Po
Quando falou com o pai sobre se mudar para estudar, ele muito nervoso conversou com ela, à mesa do jantar, com toda a família presente:— Você não pode fazer isso comigo, Maya. O menino Denny vai te pedir em casamento nesse final de semana.— Gosto muito de Denny papai, e se ele me pedir em casamento, vou aceitar, mas se ele concordar de que minha formação e carreira são mais importantes nesse momento. Somos jovens, temos toda uma vida pra formar uma família, mas depois que eu for independente e auto suficiente! Samuel já está providenciando minha matrícula e moradia.— Você não pode fazer isso! Denny não vai aceitar ficar três anos afastado de você!— Cinco, papai. Depois tem capacitação e eu pretendo concluir todas as fases antes de voltar pra cidade. E se Denny não aceitar isso, paciência…— Não! Você não vai. Você vai ficar, se casar com Denny e salvar sua família!— Salvar minha família? Do que está falando, papai?— Não me associar à cooperativa de Toronto quatro anos atrás foi
Danilo BukeiterEle olhava pela parede de vidro de seu novo apartamento. Adorava a vista daquela cidade e entendia porque o pai se apaixonou por ela! Com 25 anos, Danilo podia ser considerado o maior empresário da atualidade. Fez sua fortuna a partir de um dinheiro maldito, se formou, era um enólogo perfeito e tinha um plano traçado para se vingar do que viveu.Ele foi criado em Berkeley. Vinha de uma família humilde mas feliz. Era filho único de Samantha e Joseph Bukaiter, os dois profissionais de um hotel praieiro de grande porte. Em Berkeley, o turismo gerava a economia da cidade, principalmente para conhecer as praias. Danilo era criado desde muito pequeno, passando de mão em mão pelos funcionários do hotel onde a mãe era recepcionista noturna e o pai, maître no restaurante. Eles viviam em um chalé atrás do hotel, faziam suas refeições no restaurante do hotel com os funcionários dos dois turnos. A vida era humilde mas confortável e o pai deixava a mãe no serviço e ia pra universid
Maya Maya ainda não estava acreditando que aceitou aquela palhaçada! Porque ela deixou a mãe e a irmã a convencerem de que deixar Hanna planejar uma despedida de solteira mascarada seria uma boa idéia? Mas Hanna estava se divertindo, então Maya deixou. Ela disse que não iria mover uma palha, apenas estaria por lá! Agora estava vestida de coelhinha e com uma máscara com orelhas e tudo! Pelo menos, a máscara cobria seu rosto e ninguém a reconheceria. Quando chegou no hotel de luxo que a irmã reservou para a festividade, não acreditou! Era um dos lugares mais caros da cidade! Maya entendeu porque o pai estava com dificuldades financeiras! Hanna gastava sem se preocupar com o amanhã… Mas enfim, notou que a área VIP reservada era de muito bom tom e tinha várias amigas dela lá, todas fantasiadas e de máscaras. A única que reconheceu, mesmo mascarada, foi Letícia. Ainda assim porque é a única ruiva em meio as amigas barulhentas de Hanna. Quase se arrependeu e voltou para trás quand