Quando chegaram no hospital, juntos, causaram grande alvoroço. Entraram, o médico chamou Maya e Danilo de canto e deixou o restante da família aguardando. Explicou que o pai não teve melhoras no quadro dele e que ia prescrever o bypass por mais 72 horas, e mante-lo em coma induzido.
Maya questionou, fez todos as perguntas possíveis e cabíveis, mas o médico só dizia que não tinha certeza de nada, que estavam fazendo tudo que era possível, mas que o pai não estava reagindo. — Entenda, Maya. Nós estamos realizando tudo que a ciência nos permite. Mas temos uma crença interna entre médicos, que está em grande estudo da psique humana e já foi amplamente divulgado, que se o paciente não quiser sair do estado em que se encontra, nossos esforços serão em vão! — Posso vê-lo? — Entenda, Maya. Seu pai está em coma induzido em uma UTI, respirando por aparelhos e com uma máquina trabalhando no lugar do coração dele. Se ele pegar uma bactéria, mínima que seja, vai ser fatal. E por isso não permitimos visitas. — Doutor, faz dez anos que não o vejo. Minha madrasta disse que o coração dele não aguentou a saudade. Talvez se me ouvir, ele queira sair desse torpor. — Isso é válido, Maya. Mas primeiro vamos mantê-lo vivo, tudo bem? Vou deixar ele no isolamento até amanhã na parte da tarde. Se houver melhoras ou menos riscos, deixo você entrar. — Está bem. Obrigada. — Tem mais uma coisa, Maya. Eu odeio ser portador de notícias ruins, e já lhe disse que o estado de saúde do seu pai não é dos melhores, mas a administração pediu que você os procurasse. Parece que o calção que o senhor Bukaiter deu, não cobre a cirurgia e mais essa despesa... — Tudo bem, doutor. Vou procurá-los. Obrigada. Maya saiu da sala com Danilo a amparando. Estava com sentimentos conflitantes internos. Por um lado, estava gostando de ter alguém a seu lado ajudando a resolver os problemas. Por outro lado, se lembrava que a visita de Bukaiter que causou o infarto e lhe trouxe esses problemas. — Eu vou na administração resolver isso e trocar o calção. Você vai ficar bem enfrentando sua família sozinha? — Pode deixar que eu troco o calção, Danilo. Amanhã vou ao banco resolver essa situação e ver se consigo fazer uma transferência do meu patrimônio para cobrir essa situação. Assim, já resolvemos uma das promissórias assinada por Denny, lhe devolvendo seu valor e não termos que brigar pelos 30% do meu Vinhedo. — Maya... Danilo passou as costas das mãos no rosto dela. E foi suficiente para que ela desabasse. Quando começou a chorar, Danilo a abraçou e Maya se sentiu muito reconfortada, mas depois se lembrou da situação como um todo e o afastou. — Preciso resolver com as custas médicas e dar a notícia para minha família. — Maya, eu assumo daqui. Vou cuidar de você, já que vai ser minha esposa. Você não tem que resolver tudo, como te falei. Essa vai ser a maior vantagem em você aceitar se casar comigo. — Eu já disse que não vou aceitar essa proposta absurda e idiota. Nem te conheço. — Você nem considerou tudo, Maya. E agora não é o momento para você considerar. Mas, com ou sem casamento, aceite a ajuda de um amigo. — Amigo? Meu pai está nessa situação porque você o pressionou! Eu começo a pensar que você quer tirar tudo do meu pai. Tirou a casa, o vinhedo, a saúde e agora quer se casar comigo a qualquer custo para provocar mais mágoas ainda nele. Porque você sabe que meu pai não vai me perdoar por me casar com seu maior algoz, isso sim vai ser demais pra ele. Porque, Bukaiter? Porque? — Um dia você vai ter todas as respostas que procura, Maya. Mas por enquanto, saiba que meu alvo é sua madrasta, apenas ela. E se me deixar te ajudar com a situação do seu pai, vai salvá-lo, salvar parte do seu patrimônio que você já quer deixar ela gastar, e me ajudar a aplicar mais uma lição nela. — O que você tem contra Jenny, e porque quer lhe aplicar uma lição? — Depois, Maya. Tenha paciência. Mas acredito que você deseje isso tanto quanto eu. Principalmente se souber que a situação de Dawson e Toronto foram causadas por ela. Mas você não precisa acreditar em mim. Converse com Toronto, e acredito que ele vai ficar feliz em te contar tudo. Depois você toma a decisão. Enquanto isso, vou resolvendo as custas para você. Se depois dessa conversa, não quiser o meu dinheiro, você pode ir ao banco e me ressarcir. Não vou pedir nenhuma garantia a você por ele. Maya ficou confusa, ainda mais quando Danilo lhe encaminhou para a sala de espera de mãos dadas com ela e os dois viram os olhares espantados da família. Sem falar nada, Danilo deu um beijo na testa dela e saiu da sala, deixando o olhar de ódio de Hanna e Jenny nas costas dele. — Você está namorando o Bukaiter? — Pergunta errada, Jenny. Vocês deveriam perguntar: como está o seu pai? O que o médico falou? O que aconteceu lá dentro? — Até agora não entendi porque o médico esperou você chegar pra dar notícias. — Porque eu pedi. Deixei instruções de que toda e qualquer informação deveria ser passada pra mim primeiro. Não quero correr o risco de vocês me darem informações exageradas novamente! — Quem te deu esse direito? Ele é meu marido! Você sumiu. Eu quem tenho direito de saber informações sobre ele. Eu sou responsável pelo seu pai, Maya. Não queira um lugar que não te pertence! — Você é muito contraditória, Jenny. Ontem você disse que ele era minha responsabilidade, agora é sua. Você se decida. Porque ou eu sou responsável por ele, pago as contas e tenho o direito sobre as informações. Ou você assume o seu direito e responsabilidades. Jenny fuzilou Maya, que fingiu que não percebeu: — Bem, a situação é a seguinte: vocês podem descansar que papai vai ficar em coma por mais três dias. Ele não está melhorando e não pode fazer a cirurgia. Vocês duas podem ir pra casa. Denny vai para o escritório comigo. — Você está bem louca se acha que vou deixar meu marido sozinho com você, que foi noiva dele. Você canta de galo em cima da mamãe que é uma sonsa, comigo não. — Não se preocupe, Hanna. Você já roubou e não quero mais o brinquedinho usado. Meu intuito com seu marido é entender toda a situação financeira do papai e ver o que posso fazer pra resolver. Mas, como disse pra mamãe, você pode assumir seu lugar de direito e eu tiro minhas mãos! — Se você tirar suas mãos, quem vai pagar as contas? — Exatamente. Mas não ache que eu sou a mesma idiota de antigamente. Não vou sair distribuindo dinheiro sem entender o que aconteceu e como podemos aplicar uma educação financeira na situação. — Eu vou com vocês, então. — Converse com seu marido na sua casa. Aliás, na minha casa. No escritório, quero profissionalismo e não uma Barbie atrapalhando tudo. Vá para casa com a mamãe e não torre o meu saco, porque minha paciência veio em formato de biscoito e eu comi. Denny, estou indo almoçar e depois vou para o escritório. Você pode levar as duas pra casa e me encontre lá, por favor. Maya saiu sem esperar resposta de ninguém, em direção a administração. Precisava entender o que Bukaiter esperava dela nessa reunião com Denny.Danilo levou Maya pra almoçar enfim, e durante esse almoço instruiu ela de tudo que deveria perguntar a Toronto. Assim ela entenderia como Jenny ajudou a afundar John Lee. Mas não explicou o que tinha contra a família dela.Maya não insistiu. Quando se viu sozinha, grávida de um desconhecido, ela se determinou: um leão por dia. Naquele dia, o leão dela era Denny, seu ex noivo. Então, Danilo a deixou no escritório do pai e foi trabalhar, prometendo mandar alguém levar sua caminhonete para lá pra ela ir embora. Antes de arrancar com o carro, Danilo disse a ela:— Não se atrase para o jantar!Sem entender nada, Maya entrou, se apresentou na recepção e seguiu direto para a sala do pai. E se surpreendeu quando encontrou Denny lá, a esperando. — Eu sabia que você ia pedir uma sessão sozinha comigo. Estava ansioso.Maya o viu sentado na cadeira do pai dela e ficou olhando pra ele, meio que sem entender! Na verdade, estava entendendo sim, pois encontrou vários homens no caminho que a olharam
FLAGRANTE Maya ouviu o barulho de chuveiro e abriu os olhos. Percebeu que estava no quarto de hotel e se lembrou de Hanna dizendo que alugou um quarto para elas não irem embora bêbadas. Sorriu e achou que Hanna quem estava tomando banho. Levantou, ia dar um susto nela. Percebeu que estava nua e viu uma mancha roxa próximo ao seio.— Merda! Vai aparecer no decote do vestido. Mamãe vai ter que passar base e esconder essa pancada!Tentando se lembrar quando foi que fez aquela porcaria em sua pele, teve flashes de memória de um homem beijando seus seios. Balançou a cabeça, mas os flashes voltavam sem serem evocados! Ela estava sendo beijada e possuída por um homem que não era seu noivo. E estava gostando muito. Ouviu sua voz gemendo em sua cabeça e levantou desesperada:— Não, não, não, não, não… — Não adiantava negar para as lembranças irem embora. Foi quando ela viu em cima da mesa: celular, carteira, relógio de ouro. Um copo de whisky com menos de um dedo da bebida âmbar ao lado dess
DIAS ANTESMaya estava fazendo a última prova do vestido, se olhando enquanto sua mãe e sua irmã acompanhavam.— Está divina, Maya Dawson.— Estou vivendo um sonho, mamãe. — Eu sei, nós também. Maya, Hannah e eu estávamos conversando de que você precisa de uma despedida de solteira.— Que idéia descabida, mamãe. Nem tenho amigas para isso. — Porque você sempre foi séria demais, Maya. Nem sei como Denny se apaixonou por você! A costureira avisou que estava pronto e as duas foram tiradas da sala pra Maya se trocar. Tinham combinado de almoçarem juntas depois da prova do vestido, e enquanto era tirada de dentro de todas aquelas camadas de tule branco, Maya pensava o quanto a mãe estava certa.Sim, Maya foi uma jovem introvertida, não era de muitos amigos nem de baladas. Seu único amigo na adolescência era Samuel, um jovem afeminado e cheio de espinhas que tinha uma família muito amorosa. Mas eles eram religiosos devotos e a orientação sexual do filho lhes trouxe bastante problemas. Po
Quando falou com o pai sobre se mudar para estudar, ele muito nervoso conversou com ela, à mesa do jantar, com toda a família presente:— Você não pode fazer isso comigo, Maya. O menino Denny vai te pedir em casamento nesse final de semana.— Gosto muito de Denny papai, e se ele me pedir em casamento, vou aceitar, mas se ele concordar de que minha formação e carreira são mais importantes nesse momento. Somos jovens, temos toda uma vida pra formar uma família, mas depois que eu for independente e auto suficiente! Samuel já está providenciando minha matrícula e moradia.— Você não pode fazer isso! Denny não vai aceitar ficar três anos afastado de você!— Cinco, papai. Depois tem capacitação e eu pretendo concluir todas as fases antes de voltar pra cidade. E se Denny não aceitar isso, paciência…— Não! Você não vai. Você vai ficar, se casar com Denny e salvar sua família!— Salvar minha família? Do que está falando, papai?— Não me associar à cooperativa de Toronto quatro anos atrás foi
Danilo BukeiterEle olhava pela parede de vidro de seu novo apartamento. Adorava a vista daquela cidade e entendia porque o pai se apaixonou por ela! Com 25 anos, Danilo podia ser considerado o maior empresário da atualidade. Fez sua fortuna a partir de um dinheiro maldito, se formou, era um enólogo perfeito e tinha um plano traçado para se vingar do que viveu.Ele foi criado em Berkeley. Vinha de uma família humilde mas feliz. Era filho único de Samantha e Joseph Bukaiter, os dois profissionais de um hotel praieiro de grande porte. Em Berkeley, o turismo gerava a economia da cidade, principalmente para conhecer as praias. Danilo era criado desde muito pequeno, passando de mão em mão pelos funcionários do hotel onde a mãe era recepcionista noturna e o pai, maître no restaurante. Eles viviam em um chalé atrás do hotel, faziam suas refeições no restaurante do hotel com os funcionários dos dois turnos. A vida era humilde mas confortável e o pai deixava a mãe no serviço e ia pra universid
Maya Maya ainda não estava acreditando que aceitou aquela palhaçada! Porque ela deixou a mãe e a irmã a convencerem de que deixar Hanna planejar uma despedida de solteira mascarada seria uma boa idéia? Mas Hanna estava se divertindo, então Maya deixou. Ela disse que não iria mover uma palha, apenas estaria por lá! Agora estava vestida de coelhinha e com uma máscara com orelhas e tudo! Pelo menos, a máscara cobria seu rosto e ninguém a reconheceria. Quando chegou no hotel de luxo que a irmã reservou para a festividade, não acreditou! Era um dos lugares mais caros da cidade! Maya entendeu porque o pai estava com dificuldades financeiras! Hanna gastava sem se preocupar com o amanhã… Mas enfim, notou que a área VIP reservada era de muito bom tom e tinha várias amigas dela lá, todas fantasiadas e de máscaras. A única que reconheceu, mesmo mascarada, foi Letícia. Ainda assim porque é a única ruiva em meio as amigas barulhentas de Hanna. Quase se arrependeu e voltou para trás quand
Danilo acordou sentindo o corpo quente de uma mulher loira adormecida ao seu lado. Se sentou na cama e pensou: puta que pariu! Levantou, checou suas coisas e estava tudo no lugar. Viu as roupas partidas e começou ter flashes do acontecido. Foi uma noite bem quente e impressionante, como nunca ele se lembrava de ter tido antes. Resolveu que ia tomar um banho e depois acordar a moça, saber quem ela era e como parou na cama dele. Sabia que ali viriam problemas, mas quando entrou no chuveiro e sentiu a ardência dos arranhões nas costas e se lembrou do momento que foram feitos, sorriu pensando que pagaria o preço feliz, pois foi uma noite memorável.Tomou um banho bem demorado, muitas vezes parando tentando se lembrar da noite. Tinha flashes com a pele macia dela, o bico dos seios de mamilos rosados. Não eram nem grandes, nem pequenos, exatamente como ele gostava. Não viu o rosto dela e nenhum flash de memória o levava pra ele. Apenas ela mordendo o lábio inferior e só de se lembrar disso
Quando John Lee saiu, Maya virou para Jenny, chorando.— Mamãe, você não pode evitar isso?— Até poderia, se quisesse, Maya. Mas não faria sentido nenhum eu armar o flagrante todo pra depois voltar atrás. E eu não sou sua mãe, querida.— O que?— Seu pai foi um tolo com seus ideais de negócios. Não acompanhou a evolução do mercado. Com esse amor idiota que nutriu pela defunta a vida toda, queria manter o estilo de fazer negócios dela, a tradição. Quase quebramos, mas dei a idéia de ele casar a Hanna com o Denny, se associar a cooperativa e tudo se resolver. O idiota sentimental mais uma vez fez tudo errado e resolveu casar você com o Denny.— Hanna? Mas eu namoro com Denny há três anos! — Mas quem faz sexo com ele todo esse tempo é Hanna!— Hanna… — Maya se virou para a irmã que estava de cabeça baixa o tempo todo. Quando chamada, levantou o queixo e a encarou:— Desculpe, Maya. Sou apaixonada por Denny desde sempre. Um dia, há mais ou menos um ano, o encontrei depois de sair daqui f