Maya checava tudo na Saborosa Brasil. Sua adega climatizada com tecnologia de ponta. Foi a terceira que ela abriu, a primeira no exterior e era o seu xodó. Nela continha sua coleção de garrafas ouro com sua assinatura, e ela era a mais complexa, que lhe deu mais trabalho e exigiu mais viagens. Quando ela teve a idéia, foi porque pensou que poderia aproveitar as viagens constantes que começaram a fazer para o Brasil, para dar andamento no projeto de Justin e Murilo. Quando Murilo deixou Florzinha nos Estados Unidos, 13 anos antes, ele tinha um problema.Ele tinha feito larga campanha com doação de células tronco e colocou São Paulo no topo de inscritos no REDOME, mas a compatibilidade dos doadores eram um pra 1000, enquanto para parentes era um pra 100. A coleta do cordão umbilical ainda é a melhor probabilidade de compatibilidade. Mas o problema na época é a recusa dos pais de ter uma criança com leucemia e gerar outra só para coletar células tronco do cordão. Ou quando a doença se
Maya entrou apressada no enorme edifício espelhado. O som dos seus saltos soavam alto no assoalho preto brilhante. Passou os olhos pelo relógio rapidamente e percebeu que já estáva quase na hora do almoço. — Merda! — Praguejou baixo. Corria um enorme risco de não conseguir falar com o todo poderoso, arrogante e galinha senhor Bukaiter!Subiu até ao andar indicado e passou ligeira pela secretária direto à porta do escritório. Coloca a mão na maçaneta para a abrir e atrás dela ouve a voz desesperada da secretária — A senhora não pode entrar aí, aguarde eu anunciar…Maya não conseguiu evitar um gritinho quando viu a cena! Corou violentamente e se encaminhou pra saída, puxando a porta. Ouviu Danilo gritando para que ela esperasse que ele a atenderia. Danilo soltou um "merda" em alto e bom som quando foi interrompido. Depois que ela fechou a porta novamente, saiu de entre as pernas de Alícia e começou a se ajeitar. Estava furioso. Não só por ter sido impedido de liberar seu stress,
Danilo se divertiu com a cara de espanto que Maya fez, mais ainda quando ela começou a gaguejar, perguntando se ele era louco. — Maya Dawson, respira. Vamos conversar sobre minha proposta e você pode pensar. Você não tem muitas opções mesmo, então vamos: diga porque me procurou? — Procurei porque achei que você tinha sanidade. Mas descobri que estou falando com alguém totalmente desprovido de juízo! — Você me procurou porque acha que eu tomei de seu pai bens que não lhe pertenciam e tenho que lhe devolver. — Se você sabe disso, faça a devolução e pronto, resolvemos isso e acaba-se os motivos pra gente ter contato. — Aí que você se engana, Maya. Você é extremamente capacitada para fazer as coisas acontecerem, mas juridicamente falando, você é uma leiga. Pra isso, tenho uma equipe de advogados trabalhando pra mim. Eu só descobri ontem que os bens que seu pai e Denny me deram como garantia ao empréstimo que lhes fiz, na verdade pertencem a você. E concordo plenamente que você não te
Quando chegaram no hospital, juntos, causaram grande alvoroço. Entraram, o médico chamou Maya e Danilo de canto e deixou o restante da família aguardando. Explicou que o pai não teve melhoras no quadro dele e que ia prescrever o bypass por mais 72 horas, e mante-lo em coma induzido. Maya questionou, fez todos as perguntas possíveis e cabíveis, mas o médico só dizia que não tinha certeza de nada, que estavam fazendo tudo que era possível, mas que o pai não estava reagindo.— Entenda, Maya. Nós estamos realizando tudo que a ciência nos permite. Mas temos uma crença interna entre médicos, que está em grande estudo da psique humana e já foi amplamente divulgado, que se o paciente não quiser sair do estado em que se encontra, nossos esforços serão em vão! — Posso vê-lo? — Entenda, Maya. Seu pai está em coma induzido em uma UTI, respirando por aparelhos e com uma máquina trabalhando no lugar do coração dele. Se ele pegar uma bactéria, mínima que seja, vai ser fatal. E por isso não permit
Danilo levou Maya pra almoçar enfim, e durante esse almoço instruiu ela de tudo que deveria perguntar a Toronto. Assim ela entenderia como Jenny ajudou a afundar John Lee. Mas não explicou o que tinha contra a família dela.Maya não insistiu. Quando se viu sozinha, grávida de um desconhecido, ela se determinou: um leão por dia. Naquele dia, o leão dela era Denny, seu ex noivo. Então, Danilo a deixou no escritório do pai e foi trabalhar, prometendo mandar alguém levar sua caminhonete para lá pra ela ir embora. Antes de arrancar com o carro, Danilo disse a ela:— Não se atrase para o jantar!Sem entender nada, Maya entrou, se apresentou na recepção e seguiu direto para a sala do pai. E se surpreendeu quando encontrou Denny lá, a esperando. — Eu sabia que você ia pedir uma sessão sozinha comigo. Estava ansioso.Maya o viu sentado na cadeira do pai dela e ficou olhando pra ele, meio que sem entender! Na verdade, estava entendendo sim, pois encontrou vários homens no caminho que a olharam
FLAGRANTE Maya ouviu o barulho de chuveiro e abriu os olhos. Percebeu que estava no quarto de hotel e se lembrou de Hanna dizendo que alugou um quarto para elas não irem embora bêbadas. Sorriu e achou que Hanna quem estava tomando banho. Levantou, ia dar um susto nela. Percebeu que estava nua e viu uma mancha roxa próximo ao seio.— Merda! Vai aparecer no decote do vestido. Mamãe vai ter que passar base e esconder essa pancada!Tentando se lembrar quando foi que fez aquela porcaria em sua pele, teve flashes de memória de um homem beijando seus seios. Balançou a cabeça, mas os flashes voltavam sem serem evocados! Ela estava sendo beijada e possuída por um homem que não era seu noivo. E estava gostando muito. Ouviu sua voz gemendo em sua cabeça e levantou desesperada:— Não, não, não, não, não… — Não adiantava negar para as lembranças irem embora. Foi quando ela viu em cima da mesa: celular, carteira, relógio de ouro. Um copo de whisky com menos de um dedo da bebida âmbar ao lado dess
DIAS ANTESMaya estava fazendo a última prova do vestido, se olhando enquanto sua mãe e sua irmã acompanhavam.— Está divina, Maya Dawson.— Estou vivendo um sonho, mamãe. — Eu sei, nós também. Maya, Hannah e eu estávamos conversando de que você precisa de uma despedida de solteira.— Que idéia descabida, mamãe. Nem tenho amigas para isso. — Porque você sempre foi séria demais, Maya. Nem sei como Denny se apaixonou por você! A costureira avisou que estava pronto e as duas foram tiradas da sala pra Maya se trocar. Tinham combinado de almoçarem juntas depois da prova do vestido, e enquanto era tirada de dentro de todas aquelas camadas de tule branco, Maya pensava o quanto a mãe estava certa.Sim, Maya foi uma jovem introvertida, não era de muitos amigos nem de baladas. Seu único amigo na adolescência era Samuel, um jovem afeminado e cheio de espinhas que tinha uma família muito amorosa. Mas eles eram religiosos devotos e a orientação sexual do filho lhes trouxe bastante problemas. Po
Quando falou com o pai sobre se mudar para estudar, ele muito nervoso conversou com ela, à mesa do jantar, com toda a família presente:— Você não pode fazer isso comigo, Maya. O menino Denny vai te pedir em casamento nesse final de semana.— Gosto muito de Denny papai, e se ele me pedir em casamento, vou aceitar, mas se ele concordar de que minha formação e carreira são mais importantes nesse momento. Somos jovens, temos toda uma vida pra formar uma família, mas depois que eu for independente e auto suficiente! Samuel já está providenciando minha matrícula e moradia.— Você não pode fazer isso! Denny não vai aceitar ficar três anos afastado de você!— Cinco, papai. Depois tem capacitação e eu pretendo concluir todas as fases antes de voltar pra cidade. E se Denny não aceitar isso, paciência…— Não! Você não vai. Você vai ficar, se casar com Denny e salvar sua família!— Salvar minha família? Do que está falando, papai?— Não me associar à cooperativa de Toronto quatro anos atrás foi