Danilo se divertiu com a cara de espanto que Maya fez, mais ainda quando ela começou a gaguejar, perguntando se ele era louco.
— Maya Dawson, respira. Vamos conversar sobre minha proposta e você pode pensar. Você não tem muitas opções mesmo, então vamos: diga porque me procurou? — Procurei porque achei que você tinha sanidade. Mas descobri que estou falando com alguém totalmente desprovido de juízo! — Você me procurou porque acha que eu tomei de seu pai bens que não lhe pertenciam e tenho que lhe devolver. — Se você sabe disso, faça a devolução e pronto, resolvemos isso e acaba-se os motivos pra gente ter contato. — Aí que você se engana, Maya. Você é extremamente capacitada para fazer as coisas acontecerem, mas juridicamente falando, você é uma leiga. Pra isso, tenho uma equipe de advogados trabalhando pra mim. Eu só descobri ontem que os bens que seu pai e Denny me deram como garantia ao empréstimo que lhes fiz, na verdade pertencem a você. E concordo plenamente que você não tem que usar seu patrimônio para pagar dívidas das quais você nem sabe o proceder. Ainda mais tendo um filho pequeno sem pai, a quem você tem que garantir herança assim como sua mãe fez. — Ah, se você sabe que são meus e que não tenho que pagar as dívidas, me devolva. — Agora mesmo, vou chamar meus advogados para fazer a devida devolução de tudo o que lhe pertence. — Sério? Fácil assim, sem brigas, sem ofensas? Não acredito! Pensei que fosse ser muito mais difícil te convencer que usurpou meu patrimônio. — Não, Maya. Eu sou justo. Se aceitar minha proposta, vai saber que sou um homem justo e correto, prezo muito pelo que é certo. E seu patrimônio passa a não lhe pertencer mais quando você tem filhos que dependem de você. — Muito obrigada, Bukaiter. — Maya foi se levantando e esticando a mão para o aperto de Danilo, que não se mexeu e continuou. — Claro que a dívida de seu pai só aumenta com essa ação. E muito provavelmente ele vai sair do hospital direto para a cadeia, pois quem agiu de má fé e usurpou seus bens para me tomar dinheiro foi ele. Maya sentou novamente, com estrondo. Entendendo o que Danilo estava dizendo. E, apesar de todo ódio que estava sentindo, não poderia culpa-lo. Sim, ele estava executando valores que o pai tomou como empréstimo. Mas eram valores que lhe pertenciam e ele lhe entregou na confiança. Na garantia de que se John Lee não pagasse, Danilo poderia ficar com os bens. Bancos fazem isso o tempo todo. Bukaiter não tinha como saber que os bens garantidos não pertenciam ao pai, mas John Lee sim. E, se mesmo assim, ele usou os bens da filha, que deveriam ser devolvidos sem Danilo questionar, ele usou de má fé sim, na intenção de roubar os valores de Danilo, e seria processado criminalmente por isso! E com certeza perderia, porque Bukaiter tinha a lei a seu favor e o pai agiu como um criminoso. E Danilo não falou, mas se por algum acaso o pai não saísse do hospital diretamente pra cadeia, ainda assim não teria pra onde ir, pois sua metade da casa seria automaticamente usada para cobrir o desfalque que Maya estava dando em Danilo, retomando seus bens! — Entenda, Maya. Eu sou um homem de negócios com a mente em empreendimento. Quando seu pai e seu cunhado me procuraram para lhes fazer alguns empréstimos, minha intenção foi apenas ajudar um colega em um momento difícil. Depois, descobri que não era um momento e ele estava se embolando em dívidas altíssimas, então comecei a exigir as garantias para lhes dar mais dinheiro. E nem assim eles pararam. Precisei começar a executar. — E o que você quer para não prender meu pai? — Eu já te disse. Quero que você se case comigo. — Você entende como isso é retrógrado e absurdo? — Não vejo assim. Vejo como um negócio, muito vantajoso aliás. — Vantajoso pra quem, pelo amor de Deus? — Mais para você, mas também pra mim. Vamos lá, colocar todos os pontos pra jogo. Você sabe que toda essa situação é causada por sua madrasta e sua irmã, não é? São duas consumidoras excessivas. — Não. Jenny é dissimulada, mas nunca foi gastadora. Hanna sempre foi mimada, é verdade, mas não a ponto de gastar as fortunas de duas famílias muito importantes em Napa. Como a família Toronto deixou as coisas chegarem nesse ponto? — São muitas coisas para te contar, Maya. Você ficou fora dez anos. Mas eu posso resumir tudo durante o almoço. Não sei você, mas eu estou morrendo de fome. E vai ser bom as pessoas começarem a nos ver juntos, caso você decida aceitar meu pedido. — Não vou aceitar seu pedido absurdo, Bukaiter. Mas aceito o almoço. Danilo a acompanhou até a saída do prédio, com a mão em suas costas. Maya achava que aquilo era uma encenação de intimidade e não estava gostando disso. Principalmente, porque parecia que sua pele estava pegando fogo onde ele tocava! Quando saíram do elevador na garagem, ele a guiou até seu carro e abriu a porta pra ela. Maya não se lembrava de receber tanta gentileza de outro homem que não Denny. Veio uma coisa em sua cabeça e ela soltou: — Denny costumava ser um homem de muito caráter. Não parecia um playboy gastador. — Vocês foram noivos, não é? — Sim. — Ele é o pai de seu filho? Flashes daquela noite misteriosa vieram a cabeça de Maya. O cheiro daquele homem estava em suas narinas desde que voltou pra cidade. Em São Francisco, ela não se lembrava do cheiro dele. Lembrava de muito poucas coisas, mas o cheiro nunca foi uma delas, em dez anos. E olha que muitas vezes, Maya evocava suas lembranças para o auto amor, já que foi sua única experiência em toda a vida. Ela nem tentava fazer sexo com alguém, não confiava em homem algum para partilhar seu corpo. Mas tinha desejos e vontades, naturais. Comprou um vibrador para essas situações e vivia muito bem com isso. Quando precisava usá-lo, evocava os poucos flashes de memória que tinha da noite em que Justin foi gerado, mas nunca se lembrou do cheiro dele. Agora, sentia o mesmo cheiro como se o homem estivesse com ela, e isso era ruim porque Maya até sentia necessidade de usar seu eterno companheiro, que aliás nem se lembrou de trazer. Afastou o pensamento. Teria que trocar de calcinhas! — Não. Produção independente não tem pai, Danilo. Porque eu tenho a impressão que todas as vezes que lhe faço uma pergunta, você desvia o assunto? Antes que Danilo pudesse responder, o telefone de Maya tocou. Era do hospital, pedindo que ela comparecesse. Danilo entendeu e girou o volante, cantando pneu, voltando pois estava indo para outro lado. Era muito provável ganhar uma multa, mas precisava levar Maya até John Lee…Quando chegaram no hospital, juntos, causaram grande alvoroço. Entraram, o médico chamou Maya e Danilo de canto e deixou o restante da família aguardando. Explicou que o pai não teve melhoras no quadro dele e que ia prescrever o bypass por mais 72 horas, e mante-lo em coma induzido. Maya questionou, fez todos as perguntas possíveis e cabíveis, mas o médico só dizia que não tinha certeza de nada, que estavam fazendo tudo que era possível, mas que o pai não estava reagindo.— Entenda, Maya. Nós estamos realizando tudo que a ciência nos permite. Mas temos uma crença interna entre médicos, que está em grande estudo da psique humana e já foi amplamente divulgado, que se o paciente não quiser sair do estado em que se encontra, nossos esforços serão em vão! — Posso vê-lo? — Entenda, Maya. Seu pai está em coma induzido em uma UTI, respirando por aparelhos e com uma máquina trabalhando no lugar do coração dele. Se ele pegar uma bactéria, mínima que seja, vai ser fatal. E por isso não permit
Danilo levou Maya pra almoçar enfim, e durante esse almoço instruiu ela de tudo que deveria perguntar a Toronto. Assim ela entenderia como Jenny ajudou a afundar John Lee. Mas não explicou o que tinha contra a família dela.Maya não insistiu. Quando se viu sozinha, grávida de um desconhecido, ela se determinou: um leão por dia. Naquele dia, o leão dela era Denny, seu ex noivo. Então, Danilo a deixou no escritório do pai e foi trabalhar, prometendo mandar alguém levar sua caminhonete para lá pra ela ir embora. Antes de arrancar com o carro, Danilo disse a ela:— Não se atrase para o jantar!Sem entender nada, Maya entrou, se apresentou na recepção e seguiu direto para a sala do pai. E se surpreendeu quando encontrou Denny lá, a esperando. — Eu sabia que você ia pedir uma sessão sozinha comigo. Estava ansioso.Maya o viu sentado na cadeira do pai dela e ficou olhando pra ele, meio que sem entender! Na verdade, estava entendendo sim, pois encontrou vários homens no caminho que a olharam
FLAGRANTE Maya ouviu o barulho de chuveiro e abriu os olhos. Percebeu que estava no quarto de hotel e se lembrou de Hanna dizendo que alugou um quarto para elas não irem embora bêbadas. Sorriu e achou que Hanna quem estava tomando banho. Levantou, ia dar um susto nela. Percebeu que estava nua e viu uma mancha roxa próximo ao seio.— Merda! Vai aparecer no decote do vestido. Mamãe vai ter que passar base e esconder essa pancada!Tentando se lembrar quando foi que fez aquela porcaria em sua pele, teve flashes de memória de um homem beijando seus seios. Balançou a cabeça, mas os flashes voltavam sem serem evocados! Ela estava sendo beijada e possuída por um homem que não era seu noivo. E estava gostando muito. Ouviu sua voz gemendo em sua cabeça e levantou desesperada:— Não, não, não, não, não… — Não adiantava negar para as lembranças irem embora. Foi quando ela viu em cima da mesa: celular, carteira, relógio de ouro. Um copo de whisky com menos de um dedo da bebida âmbar ao lado dess
DIAS ANTESMaya estava fazendo a última prova do vestido, se olhando enquanto sua mãe e sua irmã acompanhavam.— Está divina, Maya Dawson.— Estou vivendo um sonho, mamãe. — Eu sei, nós também. Maya, Hannah e eu estávamos conversando de que você precisa de uma despedida de solteira.— Que idéia descabida, mamãe. Nem tenho amigas para isso. — Porque você sempre foi séria demais, Maya. Nem sei como Denny se apaixonou por você! A costureira avisou que estava pronto e as duas foram tiradas da sala pra Maya se trocar. Tinham combinado de almoçarem juntas depois da prova do vestido, e enquanto era tirada de dentro de todas aquelas camadas de tule branco, Maya pensava o quanto a mãe estava certa.Sim, Maya foi uma jovem introvertida, não era de muitos amigos nem de baladas. Seu único amigo na adolescência era Samuel, um jovem afeminado e cheio de espinhas que tinha uma família muito amorosa. Mas eles eram religiosos devotos e a orientação sexual do filho lhes trouxe bastante problemas. Po
Quando falou com o pai sobre se mudar para estudar, ele muito nervoso conversou com ela, à mesa do jantar, com toda a família presente:— Você não pode fazer isso comigo, Maya. O menino Denny vai te pedir em casamento nesse final de semana.— Gosto muito de Denny papai, e se ele me pedir em casamento, vou aceitar, mas se ele concordar de que minha formação e carreira são mais importantes nesse momento. Somos jovens, temos toda uma vida pra formar uma família, mas depois que eu for independente e auto suficiente! Samuel já está providenciando minha matrícula e moradia.— Você não pode fazer isso! Denny não vai aceitar ficar três anos afastado de você!— Cinco, papai. Depois tem capacitação e eu pretendo concluir todas as fases antes de voltar pra cidade. E se Denny não aceitar isso, paciência…— Não! Você não vai. Você vai ficar, se casar com Denny e salvar sua família!— Salvar minha família? Do que está falando, papai?— Não me associar à cooperativa de Toronto quatro anos atrás foi
Danilo BukeiterEle olhava pela parede de vidro de seu novo apartamento. Adorava a vista daquela cidade e entendia porque o pai se apaixonou por ela! Com 25 anos, Danilo podia ser considerado o maior empresário da atualidade. Fez sua fortuna a partir de um dinheiro maldito, se formou, era um enólogo perfeito e tinha um plano traçado para se vingar do que viveu.Ele foi criado em Berkeley. Vinha de uma família humilde mas feliz. Era filho único de Samantha e Joseph Bukaiter, os dois profissionais de um hotel praieiro de grande porte. Em Berkeley, o turismo gerava a economia da cidade, principalmente para conhecer as praias. Danilo era criado desde muito pequeno, passando de mão em mão pelos funcionários do hotel onde a mãe era recepcionista noturna e o pai, maître no restaurante. Eles viviam em um chalé atrás do hotel, faziam suas refeições no restaurante do hotel com os funcionários dos dois turnos. A vida era humilde mas confortável e o pai deixava a mãe no serviço e ia pra universid
Maya Maya ainda não estava acreditando que aceitou aquela palhaçada! Porque ela deixou a mãe e a irmã a convencerem de que deixar Hanna planejar uma despedida de solteira mascarada seria uma boa idéia? Mas Hanna estava se divertindo, então Maya deixou. Ela disse que não iria mover uma palha, apenas estaria por lá! Agora estava vestida de coelhinha e com uma máscara com orelhas e tudo! Pelo menos, a máscara cobria seu rosto e ninguém a reconheceria. Quando chegou no hotel de luxo que a irmã reservou para a festividade, não acreditou! Era um dos lugares mais caros da cidade! Maya entendeu porque o pai estava com dificuldades financeiras! Hanna gastava sem se preocupar com o amanhã… Mas enfim, notou que a área VIP reservada era de muito bom tom e tinha várias amigas dela lá, todas fantasiadas e de máscaras. A única que reconheceu, mesmo mascarada, foi Letícia. Ainda assim porque é a única ruiva em meio as amigas barulhentas de Hanna. Quase se arrependeu e voltou para trás quand
Danilo acordou sentindo o corpo quente de uma mulher loira adormecida ao seu lado. Se sentou na cama e pensou: puta que pariu! Levantou, checou suas coisas e estava tudo no lugar. Viu as roupas partidas e começou ter flashes do acontecido. Foi uma noite bem quente e impressionante, como nunca ele se lembrava de ter tido antes. Resolveu que ia tomar um banho e depois acordar a moça, saber quem ela era e como parou na cama dele. Sabia que ali viriam problemas, mas quando entrou no chuveiro e sentiu a ardência dos arranhões nas costas e se lembrou do momento que foram feitos, sorriu pensando que pagaria o preço feliz, pois foi uma noite memorável.Tomou um banho bem demorado, muitas vezes parando tentando se lembrar da noite. Tinha flashes com a pele macia dela, o bico dos seios de mamilos rosados. Não eram nem grandes, nem pequenos, exatamente como ele gostava. Não viu o rosto dela e nenhum flash de memória o levava pra ele. Apenas ela mordendo o lábio inferior e só de se lembrar disso