— Não! Não. Não! Eu não aceito, Danilo! O que você fez pra ela? — Eu não fiz nada, Maya! Eu fiz a doação da medula. O próprio doutor Mayer coletou. Ele pediu que eu contasse nosso problema com Hanna pra me distrair. Depois da coleta continuou comigo durante a recuperação. Também não lembro de ter terminado a história, porque acabei pegando no sono. Talvez os analgésicos que ele me deu para a dor. Quando acordei, você estava lá pra me buscar. Não fiz nada, ou então o doutor não teria me tratado tão bem, você não acha? — Eu não sei, Danilo! — Maya desabou a chorar, inconsolável! — Filha, vamos fazer um plano, vai ter outro jeito! — Que jeito, Samantha? Eu quero ir embora. Quero ir pra minha casa, abraçar meu filho. — Isso é muito bom, Maya. Justin vai ser sua cura da batalha perdida. Assim que seu pai resolver tudo por aqui, podemos voltar e nos recuperar. Depois começamos tudo de novo. — Não! Eu quero ir embora agora. Preciso do meu filho. Vou arrumar minhas coisas e vou embora.
— Senhor Lars, por favor, enquanto meus pais e meu marido não chegam, o senhor pode me dizer como acabou nessa confusão? Maya estava sentada no sofá do sítio, Justin sentou ao lado dela em silêncio, fazendo o papel de homem da casa. Internamente ela sorriu para o filho, agradecendo mentalmente. Aquele homem poderia saber quem Hanna pagou para esconder a filha dela, ou dar uma pista! — Eu posso te chamar de Maya? Eu sou brasileiro, em meu país não temos tanta formalidade como aqui. Na verdade, eu pensei que nunca mais precisaria...— Não se preocupe. Fique à vontade.— Então. Eu passei no vestibular para a USP em São Paulo, que é...— Eu sei. A melhor universidade do país, como a nossa Harvard. — Sim, só que gratuita. Quando estava terminando, recebi a proposta para fazer especialização em oncologia em Nova York. Aceitei, claro. Ganhei bolsa e ajuda de custo. Na especialização, conheci o doutor Stevens. Homem apaixonado pela medicina como eu. Sempre nos demos bem, ele me levou pra m
— Você sabe onde está minha filha? — Sim , eu sei! — Vocês são todos uns bobos. Ele falou que a mãe dele estava cuidando da Tiphany pra tia Hanna se tratar! — Hillary. O nome dela é Hillary e nós a chamamos de Hill.— Vou mandar preparar o jato, vamos para o Brasil buscar minha filha agora mesmo! — Esperem. Não se afobem! — Lá vem. Eu sabia que não ia ser de graça. Me fala quanto é, que eu pago. — Danilo, pare com isso! Chega! Danilo estava nervoso, com o peito estufado. Mas quando Samanta falava, ele calava. Maya estava quieta, acuada. Jhon Lee percebeu e saiu de perto de Samantha e a abraçou. — O que foi, Maya? Conseguimos o que tanto queríamos. Minha neta vai voltar pra casa. — Vocês não percebem? Murilo tem razão. Não podemos ser afobados. Tiphany não existe. A menina que eu gerei e que me foi arrancada se chama Hillary. E realmente, não podemos ser afobados. Tiphany não me conhece, aliás, nenhum de nós! Nós a desejamos e esperamos, e fizemos um castelo em cima dela. Mas
Maya checava tudo na Saborosa Brasil. Sua adega climatizada com tecnologia de ponta. Foi a terceira que ela abriu, a primeira no exterior e era o seu xodó. Nela continha sua coleção de garrafas ouro com sua assinatura, e ela era a mais complexa, que lhe deu mais trabalho e exigiu mais viagens. Quando ela teve a idéia, foi porque pensou que poderia aproveitar as viagens constantes que começaram a fazer para o Brasil, para dar andamento no projeto de Justin e Murilo. Quando Murilo deixou Florzinha nos Estados Unidos, 13 anos antes, ele tinha um problema.Ele tinha feito larga campanha com doação de células tronco e colocou São Paulo no topo de inscritos no REDOME, mas a compatibilidade dos doadores eram um pra 1000, enquanto para parentes era um pra 100. A coleta do cordão umbilical ainda é a melhor probabilidade de compatibilidade. Mas o problema na época é a recusa dos pais de ter uma criança com leucemia e gerar outra só para coletar células tronco do cordão. Ou quando a doença se
Maya entrou apressada no enorme edifício espelhado. O som dos seus saltos soavam alto no assoalho preto brilhante. Passou os olhos pelo relógio rapidamente e percebeu que já estáva quase na hora do almoço. — Merda! — Praguejou baixo. Corria um enorme risco de não conseguir falar com o todo poderoso, arrogante e galinha senhor Bukaiter!Subiu até ao andar indicado e passou ligeira pela secretária direto à porta do escritório. Coloca a mão na maçaneta para a abrir e atrás dela ouve a voz desesperada da secretária — A senhora não pode entrar aí, aguarde eu anunciar…Maya não conseguiu evitar um gritinho quando viu a cena! Corou violentamente e se encaminhou pra saída, puxando a porta. Ouviu Danilo gritando para que ela esperasse que ele a atenderia. Danilo soltou um "merda" em alto e bom som quando foi interrompido. Depois que ela fechou a porta novamente, saiu de entre as pernas de Alícia e começou a se ajeitar. Estava furioso. Não só por ter sido impedido de liberar seu stress,
Danilo se divertiu com a cara de espanto que Maya fez, mais ainda quando ela começou a gaguejar, perguntando se ele era louco. — Maya Dawson, respira. Vamos conversar sobre minha proposta e você pode pensar. Você não tem muitas opções mesmo, então vamos: diga porque me procurou? — Procurei porque achei que você tinha sanidade. Mas descobri que estou falando com alguém totalmente desprovido de juízo! — Você me procurou porque acha que eu tomei de seu pai bens que não lhe pertenciam e tenho que lhe devolver. — Se você sabe disso, faça a devolução e pronto, resolvemos isso e acaba-se os motivos pra gente ter contato. — Aí que você se engana, Maya. Você é extremamente capacitada para fazer as coisas acontecerem, mas juridicamente falando, você é uma leiga. Pra isso, tenho uma equipe de advogados trabalhando pra mim. Eu só descobri ontem que os bens que seu pai e Denny me deram como garantia ao empréstimo que lhes fiz, na verdade pertencem a você. E concordo plenamente que você não te
Quando chegaram no hospital, juntos, causaram grande alvoroço. Entraram, o médico chamou Maya e Danilo de canto e deixou o restante da família aguardando. Explicou que o pai não teve melhoras no quadro dele e que ia prescrever o bypass por mais 72 horas, e mante-lo em coma induzido. Maya questionou, fez todos as perguntas possíveis e cabíveis, mas o médico só dizia que não tinha certeza de nada, que estavam fazendo tudo que era possível, mas que o pai não estava reagindo.— Entenda, Maya. Nós estamos realizando tudo que a ciência nos permite. Mas temos uma crença interna entre médicos, que está em grande estudo da psique humana e já foi amplamente divulgado, que se o paciente não quiser sair do estado em que se encontra, nossos esforços serão em vão! — Posso vê-lo? — Entenda, Maya. Seu pai está em coma induzido em uma UTI, respirando por aparelhos e com uma máquina trabalhando no lugar do coração dele. Se ele pegar uma bactéria, mínima que seja, vai ser fatal. E por isso não permit
Danilo levou Maya pra almoçar enfim, e durante esse almoço instruiu ela de tudo que deveria perguntar a Toronto. Assim ela entenderia como Jenny ajudou a afundar John Lee. Mas não explicou o que tinha contra a família dela.Maya não insistiu. Quando se viu sozinha, grávida de um desconhecido, ela se determinou: um leão por dia. Naquele dia, o leão dela era Denny, seu ex noivo. Então, Danilo a deixou no escritório do pai e foi trabalhar, prometendo mandar alguém levar sua caminhonete para lá pra ela ir embora. Antes de arrancar com o carro, Danilo disse a ela:— Não se atrase para o jantar!Sem entender nada, Maya entrou, se apresentou na recepção e seguiu direto para a sala do pai. E se surpreendeu quando encontrou Denny lá, a esperando. — Eu sabia que você ia pedir uma sessão sozinha comigo. Estava ansioso.Maya o viu sentado na cadeira do pai dela e ficou olhando pra ele, meio que sem entender! Na verdade, estava entendendo sim, pois encontrou vários homens no caminho que a olharam