FLAGRANTE
Maya ouviu o barulho de chuveiro e abriu os olhos. Percebeu que estava no quarto de hotel e se lembrou de Hanna dizendo que alugou um quarto para elas não irem embora bêbadas. Sorriu e achou que Hanna quem estava tomando banho. Levantou, ia dar um susto nela. Percebeu que estava nua e viu uma mancha roxa próximo ao seio. — Merda! Vai aparecer no decote do vestido. Mamãe vai ter que passar base e esconder essa pancada! Tentando se lembrar quando foi que fez aquela porcaria em sua pele, teve flashes de memória de um homem beijando seus seios. Balançou a cabeça, mas os flashes voltavam sem serem evocados! Ela estava sendo beijada e possuída por um homem que não era seu noivo. E estava gostando muito. Ouviu sua voz gemendo em sua cabeça e levantou desesperada: — Não, não, não, não, não… — Não adiantava negar para as lembranças irem embora. Foi quando ela viu em cima da mesa: celular, carteira, relógio de ouro. Um copo de whisky com menos de um dedo da bebida âmbar ao lado desses itens masculinos. Olhou em volta e viu roupas jogadas. As dela e as dele misturadas. Arregalou os olhos: — Merda! Começou a se vestir apressada, sabia que as lembranças eram reais: tinha tido uma tórrida noite de sexo selvagem com um desconhecido e muito provavelmente ele quem estava tomando banho. Não queria nem ver a cara do sujeito, só precisava fugir dali o mais rápido possível e fingir que nada disso aconteceu! Sem querer perder tempo calçando os pés e o estranho sair do banheiro, pegou suas sandálias nas mãos, deu mais uma checada pra ver se não tinha mais nada seu no quarto enquanto estava com as mãos na maçaneta da porta. Assim que abriu, viu que Denny estava levantando o braço pra bater e Hanna estava ao lado dele. Olhou os dois assustada, e sabia que sua visão deveria ser péssima! Descabelada, maquiagem borrada, descalça e com as sandálias nas mãos, fugindo de um quarto de hotel! — Denny, posso explicar… Denny apenas passou ela para o lado e entrou no quarto. Hanna e ela o seguiram e olharam exatamente para onde ele estava olhando: os itens masculinos que ela já tinha olhado e o barulho do chuveiro denunciavam que tinha um homem no quarto com ela. Denny fechou os olhos com força e quando abriu, Maya viu mágoa, fúria, incredulidade. Ele se aproximou dela em duas passadas e pegou sua mão com violência. Maya nunca o viu nervoso, e acreditava que ele ia agredir ela naquele momento. Mas Denny só puxou o anel de dedo dela e saiu. — O que aconteceu, Maya? — Hanna perguntou assim que ele saiu — Não sei. Me tira daqui. — Acho melhor você não ir pra casa desse jeito. Papai está furioso. — Me tira daqui, Hanna. Antes que ele saia do banheiro. — Está bem. Venha. Hanna levou a irmã para o quarto do outro lado do corredor, que ela tinha alugado. — Eu vou pra casa de carro por aplicativo, tentar acalmar nossos pais. Vai tomando um banho, aqui tem roupas pra você se trocar. Se recomponha e passe gelo nesse chupão antes de voltar para casa. — Como Denny soube? E como fui parar lá? — Não sei. Você bebeu demais ontem, me pediu pra trazer você para o quarto. Eu tinha marcado com um gatinho pra depois da festa, deixei você aqui e quando voltei, você não estava. Como suas coisas estavam aqui, achei que você foi dar uma volta e dormi. Acordei e você ainda não tinha voltado, então me arrumei e estava pronta pra ir te procurar quando a mamãe me ligou dizendo que Denny estava vindo pra cá, que disseram que você estava dormindo com um cara em outro quarto. Tentei sair pra te socorrer quando ele adentrou te procurando. O que foi que você fez, mana? — Não sei. Não sei mesmo. — Maya começou a chorar e Hanna a abraçou. — Fique calma. Vamos amansar o papai e mamãe e depois resolvemos com o Denny, ok? Hanna saiu, deixando a irmã chorando inconsolada. Ela não entendia de verdade o que tinha feito. Ela nunca foi dada a beber, muito menos a sexo desregrado. Esteve com Denny durante três anos e algumas vezes as coisas realmente esquentaram entre eles, mas ela sempre conseguiu segurar. Como assim, uma noite antes de seu casamento, ela jogou tudo no ralo? Nunca foi covarde, então se levantou, tomou o banho, pegou suas coisas, fez checkout no hotel e dirigiu pra casa. Quando entrou, Hanna estava sentada ao lado de Denny em um dos sofás e a mãe no outro. O pai andava de um lado para o outro, nervoso, com um copo de gin na mão. Assim que a viu, ele foi até ela e lhe deu um tapa no rosto. Maya nunca apanhou, aliás, o pai nunca nem gritou com ela! Mesmo assim, sabia que deu mancada e merecia aquilo. — Denny é um cara decente, foi um homem bom pra você. Não merecia isso, Maya. — Papai… — Eu te falei que nós precisávamos dessa parceria. Jamais iria abrir mão de um genro perfeito como Denny por causa das suas sem vergonhices. E muito pior, se cancelarmos o casamento, nossa família vai ficar com o nome na lama e tudo pelo que seu avô e sua mãe trabalharam toda a vida vão ser jogados no lixo! E nunca mais Hanna encontra um noivo decente! Viu todo o mal que você causou? — Papai, me deixa falar… — Eu não quero ouvir! Não quero nem te ver mais, Maya. Você avisou que queria estudar e não se casar. Era só você ter me falado que mantinha sua decisão e eu dava outro jeito. Não ter destruído toda sua família dessa forma! — Papai… — Cala a boca! — O pai levantou a mão pra bater nela de novo, mas Jenny entrou no meio: — Querido, por favor. Suba, eu vou conversar com ela… — Não! Eu vou falar. Você queria tanto estudar! Pois suas coisas estão arrumadas. Seu vôo é em duas horas. Vai viver sua vida e não volte nunca mais. — Está me mandando pra outra cidade para estudar, papai? — Não, estou te colocando pra fora de casa. Não quero te ver nunca mais. — Eu não vou! Posso morar com a vovó Sophia… — Porque você é tão bipolar? Nem você sabe o que quer da sua vida! Tudo o que você quer é me contrariar e me envergonhar! Quando eu quis que você se casasse, esbravejou que queria estudar. Depois mudou de idéia e deixou preparar todo o casamento, pra fazer essa vergonha. Agora estou te mandando estudar e você quer ficar aqui pra toda a cidade espiar sua vergonha? Você vai embora. John Lee pegou no braço dela e começou a arrastar até a porta. Foi a primeira vez que Denny se manifestou. Levantou e segurou o sogro: — Não, John Lee. Não vale a pena. Por favor, vamos até o escritório comigo. — Vai querido, por favor, se acalme. Quando vocês voltarem, Maya já vai ter embarcado, eu prometo. Maya notou que sua mala já estava realmente pronta no canto a aguardando. Viu Denny tirar o pai da casa, depois de lhe entregar um cheque sem a olhar…DIAS ANTESMaya estava fazendo a última prova do vestido, se olhando enquanto sua mãe e sua irmã acompanhavam.— Está divina, Maya Dawson.— Estou vivendo um sonho, mamãe. — Eu sei, nós também. Maya, Hannah e eu estávamos conversando de que você precisa de uma despedida de solteira.— Que idéia descabida, mamãe. Nem tenho amigas para isso. — Porque você sempre foi séria demais, Maya. Nem sei como Denny se apaixonou por você! A costureira avisou que estava pronto e as duas foram tiradas da sala pra Maya se trocar. Tinham combinado de almoçarem juntas depois da prova do vestido, e enquanto era tirada de dentro de todas aquelas camadas de tule branco, Maya pensava o quanto a mãe estava certa.Sim, Maya foi uma jovem introvertida, não era de muitos amigos nem de baladas. Seu único amigo na adolescência era Samuel, um jovem afeminado e cheio de espinhas que tinha uma família muito amorosa. Mas eles eram religiosos devotos e a orientação sexual do filho lhes trouxe bastante problemas. Po
Quando falou com o pai sobre se mudar para estudar, ele muito nervoso conversou com ela, à mesa do jantar, com toda a família presente:— Você não pode fazer isso comigo, Maya. O menino Denny vai te pedir em casamento nesse final de semana.— Gosto muito de Denny papai, e se ele me pedir em casamento, vou aceitar, mas se ele concordar de que minha formação e carreira são mais importantes nesse momento. Somos jovens, temos toda uma vida pra formar uma família, mas depois que eu for independente e auto suficiente! Samuel já está providenciando minha matrícula e moradia.— Você não pode fazer isso! Denny não vai aceitar ficar três anos afastado de você!— Cinco, papai. Depois tem capacitação e eu pretendo concluir todas as fases antes de voltar pra cidade. E se Denny não aceitar isso, paciência…— Não! Você não vai. Você vai ficar, se casar com Denny e salvar sua família!— Salvar minha família? Do que está falando, papai?— Não me associar à cooperativa de Toronto quatro anos atrás foi
Danilo BukeiterEle olhava pela parede de vidro de seu novo apartamento. Adorava a vista daquela cidade e entendia porque o pai se apaixonou por ela! Com 25 anos, Danilo podia ser considerado o maior empresário da atualidade. Fez sua fortuna a partir de um dinheiro maldito, se formou, era um enólogo perfeito e tinha um plano traçado para se vingar do que viveu.Ele foi criado em Berkeley. Vinha de uma família humilde mas feliz. Era filho único de Samantha e Joseph Bukaiter, os dois profissionais de um hotel praieiro de grande porte. Em Berkeley, o turismo gerava a economia da cidade, principalmente para conhecer as praias. Danilo era criado desde muito pequeno, passando de mão em mão pelos funcionários do hotel onde a mãe era recepcionista noturna e o pai, maître no restaurante. Eles viviam em um chalé atrás do hotel, faziam suas refeições no restaurante do hotel com os funcionários dos dois turnos. A vida era humilde mas confortável e o pai deixava a mãe no serviço e ia pra universid
Maya Maya ainda não estava acreditando que aceitou aquela palhaçada! Porque ela deixou a mãe e a irmã a convencerem de que deixar Hanna planejar uma despedida de solteira mascarada seria uma boa idéia? Mas Hanna estava se divertindo, então Maya deixou. Ela disse que não iria mover uma palha, apenas estaria por lá! Agora estava vestida de coelhinha e com uma máscara com orelhas e tudo! Pelo menos, a máscara cobria seu rosto e ninguém a reconheceria. Quando chegou no hotel de luxo que a irmã reservou para a festividade, não acreditou! Era um dos lugares mais caros da cidade! Maya entendeu porque o pai estava com dificuldades financeiras! Hanna gastava sem se preocupar com o amanhã… Mas enfim, notou que a área VIP reservada era de muito bom tom e tinha várias amigas dela lá, todas fantasiadas e de máscaras. A única que reconheceu, mesmo mascarada, foi Letícia. Ainda assim porque é a única ruiva em meio as amigas barulhentas de Hanna. Quase se arrependeu e voltou para trás quand
Danilo acordou sentindo o corpo quente de uma mulher loira adormecida ao seu lado. Se sentou na cama e pensou: puta que pariu! Levantou, checou suas coisas e estava tudo no lugar. Viu as roupas partidas e começou ter flashes do acontecido. Foi uma noite bem quente e impressionante, como nunca ele se lembrava de ter tido antes. Resolveu que ia tomar um banho e depois acordar a moça, saber quem ela era e como parou na cama dele. Sabia que ali viriam problemas, mas quando entrou no chuveiro e sentiu a ardência dos arranhões nas costas e se lembrou do momento que foram feitos, sorriu pensando que pagaria o preço feliz, pois foi uma noite memorável.Tomou um banho bem demorado, muitas vezes parando tentando se lembrar da noite. Tinha flashes com a pele macia dela, o bico dos seios de mamilos rosados. Não eram nem grandes, nem pequenos, exatamente como ele gostava. Não viu o rosto dela e nenhum flash de memória o levava pra ele. Apenas ela mordendo o lábio inferior e só de se lembrar disso
Quando John Lee saiu, Maya virou para Jenny, chorando.— Mamãe, você não pode evitar isso?— Até poderia, se quisesse, Maya. Mas não faria sentido nenhum eu armar o flagrante todo pra depois voltar atrás. E eu não sou sua mãe, querida.— O que?— Seu pai foi um tolo com seus ideais de negócios. Não acompanhou a evolução do mercado. Com esse amor idiota que nutriu pela defunta a vida toda, queria manter o estilo de fazer negócios dela, a tradição. Quase quebramos, mas dei a idéia de ele casar a Hanna com o Denny, se associar a cooperativa e tudo se resolver. O idiota sentimental mais uma vez fez tudo errado e resolveu casar você com o Denny.— Hanna? Mas eu namoro com Denny há três anos! — Mas quem faz sexo com ele todo esse tempo é Hanna!— Hanna… — Maya se virou para a irmã que estava de cabeça baixa o tempo todo. Quando chamada, levantou o queixo e a encarou:— Desculpe, Maya. Sou apaixonada por Denny desde sempre. Um dia, há mais ou menos um ano, o encontrei depois de sair daqui f
DEZ ANOS DEPOISMaya estava em sua adega climatizada, na Union Square, catalogando alguns vinhos mais caros de safras especiais. Segurou em suas mãos a garrafa mais cara que tinha ali. Era um doze anos de um enólogo relativamente novo no mercado, mas muito citado durante a faculdade por muitos professores! Simplesmente porque aquele pequeno geniozinho, tinha uma fórmula secreta para produção de vinhos raros de forma artesanal. Maya se lembrava de ter visto uma entrevista de Danilo Bukaiter há alguns anos, antes de abrir sua própria adega. Ela detestava o dito cujo, mas não perdia nada que era falado sobre ele nas mídias. Porque? Ela era uma Sommelier de sucesso, precisava conhecer tudo relacionado ao mundo dos vinhos, e Bukaiter era arrogante e mulherengo, mas era inteligente. Não, era brilhante! Na entrevista, ele disse que seu pai desenvolveu a fórmula, mas não conseguiu vender. Depois da morte do pai, quando ele era apenas um menino, ele se esforçou para estudar e descobrir o que
Danilo estava em seu jato particular recebendo um sexo oral de sua assistente, sem prestar muito atenção naquilo. Estava viajando pra São Francisco, estressado!Desde que dormiu com aquela desconhecida, dez anos atrás, nunca mais bebeu nada de lugar nenhum. Seguro morreu de velho e seu pai e ele já tinham sido enganados.Ele sabia que tinha dormido com alguém naquela noite, pois além dos flashes de memória, tinha arranhões nas costas para provar. Mas não iria falar isso para seus subalternos. E depois de dias que se tornaram semanas, Danilo se convenceu de que foi só uma noite casual pra moça também e não fazia parte de nenhum plano. Chegou a pensar que devia ser filha de algum figurão da cidade, pras câmeras de segurança serem apagadas tão rápido! Mas depois descobriu que estava com defeito e não gravou nada. Em paz com esse assunto, voltou a pensar nos Dawson. Sabia exatamente o que queria com Jenny e John Lee, mas as duas meninas, não sabia. Não podia simplesmente deixar Hanna co