Resposta ao tempo. A filha que ele não conhecia.
Resposta ao tempo. A filha que ele não conhecia.
Por: Luarah Smmith
Controlador.

Cesare Vassalo

A máfia não é lugar para amadores. Eu sou a prova viva disso. Talvez seja por isso que me sinto exatamente onde sempre quis estar.

Diante do mundo, sou o empresário Cesare Vassalo, dono de uma das maiores empreiteiras do Brasil. Mas entre as sombras, opero com mãos de ferro, manipulando rivais e situações para solidificar o império Vassalo.

Por imposição da máfia, fui obrigado a me casar. Naquela época, via as mulheres como meras ferramentas, úteis para satisfazer nossas necessidades e perpetuar o nome da família. Eu, o arrogante e experiente Cesare, achei que seria fácil dobrar qualquer mulher que colocassem ao meu lado. Mas Giulia me provou que eu não sabia de nada.

Giulia foi um "presente", parte de uma tradição que tínhamos que honrar. Nosso primeiro encontro foi no altar. Quando levantei seu véu, ela parecia um anjo, loira, olhos azuis intensos, um ar de fragilidade que escondia uma força inesperada. Naquele instante, senti como se tivesse levado um soco no estômago.

Ela deveria ser apenas uma companhia formal.

Giulia é uma força indomável. Até meus homens mais frios se dobram diante dela. Ninguém ousa desobedecê-la, e isso não tem nada a ver com medo de mim. Ela impõe respeito de um jeito que nem eu compreendo completamente.

Nossa união nos deu Felipe e Gian Carlo. Felipe, meu primogênito, é o oposto de mim, tranquilo, intelectual, um acadêmico brilhante. Já Gian Carlo, ele é a minha cópia! 

Meus filhos são minha maior realização, mas Lipe, meu mais velho, tem me preocupado ultimamente. Ele sempre foi um espírito livre, envolvido apenas em aventuras passageiras. Agora, porém, está obcecado por uma garota que, para mim, é uma oportunista. Ele a vê como um anjo, mas eu só vejo o perigo. E pior, se Giulia souber, vai querer adotar a garota.

Coloquei homens para segui-la. Hoje, recebi a informação de que ela está indo para o seu apartamento. Sei que este é o momento de agir. No carro, o cenário muda drasticamente à medida que deixamos a zona nobre para trás. Quando chegamos, o contraste é brutal. O lugar exala miséria. Prédios sujos, crianças correndo descalças, uma quadra em ruínas.

O cheiro de decadência me enoja enquanto caminho pelos corredores. Cada passo reforça minha determinação. Essa mulher escolheu o filho errado para dar o golpe do baú.

Chegou a hora. Ela vai aprender, da pior maneira possível, que com um Vassalo ninguém brinca.

Toco a campainha e espero. A porta se abre rapidamente, e lá está ela, a golpista, exibindo um sorriso que me provoca repulsa.

— Boa tarde, senhor. Posso ajudá-lo? — pergunta, com uma voz ensaiadamente doce.

— Gostaria de ter uma conversa rápida contigo. Posso entrar? — digo sem esconder minha impaciência.

Ela continua sorrindo, como se não tivesse a menor ideia de quem sou, e me dá passagem. Com um gesto, indica o sofá, ainda mantendo a pose de anfitriã perfeita.

— Aceita um café? Uma água? — oferece, como se estivéssemos no saguão de um hotel cinco estrelas.

Sento-me, mas não para relaxar. O sofá é desconfortável, assim como o ambiente. Mal tenho paciência para as formalidades.

— Minha conversa contigo será breve. Só vim esclarecer algumas coisas e deixar um aviso muito claro.

Ela me encara com curiosidade, mas vejo uma pontada de insegurança em seus olhos. Sabe que algo está errado.

— Meu nome é Cesare Vassalo. Sou pai de Felipe, o homem cuja cama você tem aquecido.

Ela engole seco, mas não perde a compostura imediatamente.

— Não sei do que está falando...

— Não se faça de desentendida. Você acha mesmo que não percebo o tipo de mulher que você é? Golpistas como você têm um cheiro característico, e o seu está impregnado neste apartamento.

— Deve estar havendo algum engano, senhor. O Felipe jamais me proporia algo desrespeitoso.

Rio com escárnio, inclinando-me para frente.

— Engano? Não me subestime. Vou simplificar, na nossa família, compartilhamos os brinquedos. Ou seja, as mulheres que se oferecem para diversão são apenas isso, diversão. Não passam de objetos descartáveis.

Ela arregala os olhos, agora claramente abalada.

— O Felipe não é assim! Ele me respeita!

— Respeito? — Minha voz carrega um tom ameaçador. 

— Você é apenas uma diversão. Acha mesmo que ele considera você algo mais? Vá até o apartamento dele agora, se quiser. Descubra por conta própria.

Levanto-me, ajeitando meu terno.

— E mais uma coisa, se você não desaparecer da vida do meu filho, terá que lidar comigo. Mas não vai ser sentando no meu colo ou me oferecendo seu corpinho miserável. Vai ser nos gritos.

Ela tenta falar algo, mas a interrompo.

— Seu destino será muito pior do que qualquer filme de terror que já viu. Você vai se arrepender de cada tentativa patética de entrar na nossa família.

Caminho até a porta sem olhar para trás.

— Passar bem. Vá agora ao Felipe e confirme o que estou dizendo. Tenho certeza que você não vai gostar do que vai descobrir.

Saio do apartamento e sinto o ar fresco me envolvendo, como se tivesse acabado de sair de um chiqueiro. Missão cumprida. Deixei-a em estado de choque.

Enquanto volto ao carro, penso em Felipe. Ele vai sofrer ao perceber que foi enganado, mas é um preço pequeno para mantê-lo no caminho certo. Essa garota era uma ameaça à nossa família, e eu fiz o que precisava ser feito.

Lipe renegou nosso mundo e buscou uma vida normal. Ele acredita que está livre, mas aos 30 anos, terá que se casar. É uma tradição que não pode ser ignorada.

Até lá, vigio-o de longe, protegendo-o sem que perceba. Mas quando necessário, como hoje, entro em ação. Porque, acima de tudo, sou um Vassalo. E minha família nunca será ameaçada.

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