Resistindo ao pai da minha filha
Resistindo ao pai da minha filha
Por: Lilly Maxwell
Capítulo 1

KARINA

Eu estava uma pilha de nervos. Tinha feito quilómetros andando de um lado para o outro.

- Karina acalma-te. Vais cavar um buraco ai onde estás.-  Diana gritava sem paciência nenhuma.

Estava a horas a espera do Marcos e a demora só deixava-me mais nervosa. Apesar de ter insistido em vir sozinha Diana não cedeu e veio comigo. Deve ser por isso que éramos amigas até hoje. Ela conseguia perceber quando eu precisava mais dela, e este era um desses momentos.

Finalmente vi Marcos aproximar-se de onde estávamos e sentei num dos bancos que havia no jardim.  Diana olhou-me e respirou fundo caminhando até onde eu estava.

-Não irei para longe. Boa sorte.

Deu-me um beijo na testa e afastou-se indo na direcçao oposta a que Marcos vinha.

Ele sentou-se do meu lado e deu-me um beijo ignorando Diana que não esperou nem para dizer olá. Bom, não era segredo que minha família e amigos não viam esta relação com bons olhos.

- Não estás com boa cara. Passa-se algo?- Ele questiona, franzindo sua testa.

-Marcos ha algo que preciso dizer-te e , nem sei por onde começar. Mas quero que saibas que amo-te e tudo que quero é passar o resto da minha vida do teu lado.

-Estas a assustar-me Karina. Diz logo o que é.

Olhei para o céu a procura de alguma coisa, qualquer coisa , que me ajudasse a ter forças para o que vinha a seguir.

-Marcos , estou grávida.

Os olhos dele se arregalaram e ele pôs-se em pé imediatamente. Andou para la e para cá murmurando algo que eu não conseguia perceber. Eu apenas esperei a explosão. E ela veio com toda força.

- Não, não...isso não é possivel. - Ele berrou e continuou a andar de um lado para o outro.

-Marcos...

- Tu só podes estar a gozar comigo. Eu não preciso disto agora.  Tens que interromper essa gravidez. -   Ele virou-se para mim e seus olhos estavam cheios de raiva.

Mas eu não me deixei intimidar. Ele não pode obrigar-me a interromper a gravidez. É meu corpo , é meu filho, eu decido.

- Eu não vou interromper Marcos. Eu quero este filho e vou tê-lo.- Falo cheia de coragem.

- Mas não contes comigo. Tu sabias desde o inicio que eu não quero compromissos e muito menos filhos nesta fase da minha vida. Estava tudo tão bom entre nós , porquê estragar?

- Marcos, eu não planeei isto, simplesmente aconteceu. Mas agora que está aqui porquê não darmos uma chance? Pode ser que não seja tão mau como pensas.

  -Não. Isto foi propositado. Não és a primeira a tentar algo assim...mas serás a última.

  -Marcos...-  Tento chama-lo a razão mas ele corta-me.

-Tu escolhes Karina , eu ou esse teu bebé.

Meu coração partiu em mil pedaços quando aquelas palavras deixaram a boca dele. Por um momento pensei que ele fosse ignorar as regras estúpidas que regem a vida dele. Mas acho que me enganei.

-Não me peças isso Marcos. Por favor.

- Tu decides.

Levantei do banco olhei para ele uma última vez e caminhei na direcção em que a Diana desapareceu minutos antes. Foi burrice minha pensar que no último segundo ele me seguiria , imploraria perdão e seriamos felizes para sempre. Mas ele nunca veio...

5 ANOS DEPOIS...

A minha rotina pelas manhãs era uma loucura. Estava sempre atrasada e Kayla não facilitava minha vida.

- Mãe, eu não quero ir a escola com estes sapatos. São feios e todas meninas gozam comigo.

-Eu juro que as vezes penso em sair e te deixar para trás. Esses sapatos foi o que deu para comprar e não quero ouvir  nem  mais um pio. Pega na mochila e vamos embora.

Eu ainda estava no meu modo  mãe furiosa  quando oiço batidas na porta. Abri com tanta violência que quase fiquei com a maçaneta na mão. O homem parado a minha frente olhou-me surpreso.

-Bom dia! Procuro a sra. Karina.

-Bom dia . Sou eu, em que lhe posso ajudar?

O homem entregou-me uns papeis e pediu-me para assinar num caderno que trazia consigo. Apenas cumpri e olhei novamente para os papeis.

-O que é isto?-  Perguntei olhando para o homem que já havia virado para ir-se embora.

- É uma intimação senhora. Devera se fazer presente no tribunal na data que esta na intimação.

E sem mais detalhes o homem continuou a andar. Fechei a porta me sentido um pouco tonta. Li os papeis e quase tive um ataque cardíaco quando vi do que se tratava.

Marcos havia entrado com um pedido no tribunal pela guarda compartilhada da minha filha. Sim, MINHA FILHA, porque por 5 anos ela foi somente minha e ele nunca deu as caras apesar de saber da sua existência. O que ele quer agora??

Atirei os papeis para mesa e peguei minha bolsa e chaves do carro.

- Kayla, para de birra pega tua mochila e vamos embora.- O grito deve ter se ouvido em toda vizinhança.

Mas surtiu o efeito desejado. Em segundos ela estava do meu lado e saímos de casa em silêncio. Deixei-lhe no jardim de infância e fui tentar trabalhar.

Logo que entrei na loja , as meninas que trabalhavam para mim desapareceram pressentindo que não era um bom dia para estar no meu caminho. 

Entrei na minha sala e fechei a porta descarregando minha raiva nela. Peguei no celular e liguei para Diana.

- Alô !

-Oi estas livre para falar?- Questiono sem perder tempo.

- Hum...depende. De quanto tempo precisas?

-Meia hora.

-Te ligo em 5 minutos.

-Ok.

Desliguei a chamada e encostei no assento da cadeira.  Eu vou matar Marcos. Não importa se ele é o pai da minha filha. Eu vou mata-lo, cortar em pedaços e dar a carne para um crocodilo comer e depois mato o crocodilo e mando fazer carteiras e cintos para vender  no mercado negro.

Meu celular tocou e me tirou do meu momento de montar um plano diabólico para dar um sumiço no Marcos.

-O que aconteceu? Deixaste-me preocupada.- Consigo sentir a aflição nas palavras de Diana.

- Marcos entrou com uma acção judicial para reconhecimento de paternidade e guarda compartilhada.

Fez-se silêncio por alguns minutos. Olhei para o celular para ter certeza que a chamada não havia caído.

- Só podes estar a gozar neh? Diz-me que hoje é dia da mentira e eu não havia me apercebido.- Diana falou indignada.

-Não. Recebi a intimação esta manhã. Estaremos frente a frente na quarta feira. Ele pediu um teste para confirmar a paternidade.

- Já tens advogado?

-Não. És a primeira pessoa com quem falo. Não pensei em nada ainda.

- Vou pedir ao meu irmão para acompanhar-te.

- Eu não tenho dinheiro para pagar-lhe Diana. Pensei em ir a um desses centros que dão assistência jurídica gratuita. 

- Relaxa, para ti é de graça. 

Conseguia ouvir os risos que ela tentava abafar do outro lado da linha.  Hoje não vou discutir com ela. Preciso mesmo de ajuda .

-Ok. Vou aceitar só desta vez porque não posso perder esta batalha por nada. Obrigada amiga. O que seria de mim sem ti?

-Não é?? Mereço um agrado. Sou modesta, só quero que pagues a conta na nossa próxima saída.

Ela conseguiu me por a rir. E foi como um bálsamo. Despedi-me dela e relaxei . No resto do dia foquei-me no trabalho e empurrei a má noticia para um canto escuro no meu cérebro. Vou pensar nisso quando chegar a hora.

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