KARINA
Eu estava uma pilha de nervos . Marcos me olhava sem dizer nada o que me deixava a beira de uma crise de choro. O momento de silencio durou uma eternidade .
-Eu também peço perdão. Perdi a cabeça.- Ele falou finalmente quebrando o silencio.
Eu suspirei de alivio. Um garçon aproximou-se e pedi uma água. Ele regressou em menos de um minuto e dei um gole aliviando minha garganta que estava seca.
- Tudo bem. Acho que nenhum dos dois estava no perfeito juízo. - Falei evitando olhar para ele.
- Concordo. E acho que podias evitar a companhia do Lucas. Ambos sabemos que ele quer mais do que amizade de ti.A conversa ia tão bem até ele começar a fazer exigências no
ARINAEu estava em choque, confusa e tentando regular minha respiração. Num minuto ele estava me enlouquecendo com seu beijo e no outro deixava-me pendurada sem conseguir entender nada.-O que acabou de acontecer??- Murmurei levantando-me da cama.Quando cheguei a porta só consegui ver as luzes traseiras do carro do Marcos que desapareceu rua acima. Fechei a porta e caminhei de volta para o meu quarto.Deitei-me na cama olhando para o tecto. O dia clareou e eu não consegui pregar o olho. O despertador tocou e levantei em piloto automático. Em menos de uma hora eu e Kayla estávamos prontas e saíamos de casa. Deixei Kayla no jardim de infância e fui para o trabalho.Com muito esforço sobrevivi a primeir
MARCOSAcordei com os gritos de Kayla. Ouvi Karina murmurar do meu lado algo imperceptível. Kayla estava em pé do meu lado e me abanava para acordar-me.-Pai, paaaiiiiiii...- Ela gritava sem parar.- Kayla pelo amor de Deus , são seis da manhã. - Falei, sonolento.- Mas já amanheceu pai. Vamos.Olhei para o lado procurando uma tábua de salvação. Karina estava de costas para mim e havia coberto até a cabeça. Respirei fundo e saí da cama.Karina e Kayla haviam se mudado para viver comigo ha quase um ano e tem sido uma experiência de outro mundo. Excepto quando sou acordado as 6 da manhã num fim de semana.Chegamos a sala e Kayla estava aos pulos. Estiquei a mão para trás do sofá e tirei de lá um embrulho e entreguei a Kayla. Ela sentou-se no chão e concentrou-se em abrir-lo.Senti os braços de Karina envolverem-me em um abraço por trás enquanto assistia Kayla abrir o embrulho com entusiasmo.- Bom dia.- sussurrei- Bom dia.-Ela respondeu com a voz ainda rouca de sono.Kayla havia conse
KARINAEu estava uma pilha de nervos. Tinha feito quilómetros andando de um lado para o outro.- Karina acalma-te. Vais cavar um buraco ai onde estás.- Diana gritava sem paciência nenhuma.Estava a horas a espera do Marcos e a demora só deixava-me mais nervosa. Apesar de ter insistido em vir sozinha Diana não cedeu e veio comigo. Deve ser por isso que éramos amigas até hoje. Ela conseguia perceber quando eu precisava mais dela, e este era um desses momentos.Finalmente vi Marcos aproximar-se de onde estávamos e sentei num dos bancos que havia no jardim. Diana olhou-me e respirou fundo caminhando até onde eu estava.-Não irei para longe. Boa sorte.Deu-me um beijo na testa e afastou-se indo na direcçao oposta a que Marcos vinha.Ele sentou-se do meu lado e deu-me um beijo ignorando Diana que não esperou nem para dizer olá. Bom, não era segredo que minha família e amigos não viam esta relação com bons olhos.- Não estás com boa cara. Passa-se algo?- Ele questiona, franzindo sua testa.
KARINAO dia da audiência chegou mais rápido do que eu precisava. Felizmente , o irmão da Diana esteve sempre do meu lado e acabou não sendo o monstro de sete cabeças que eu temia.Mas não foi possível contornar o teste de paternidade. Marcos havia ganho essa batalha.-Muito obrigada Lucas. Não sei o que teria sido esta audiência sem ti. - Não tens que te preocupar com nada. Tudo vai terminar bem.Ele tentava me por calma, mas eu continuava uma pilha de nervos. Cinco anos sem noticias do Marcos e ele me atira com uma intimação na cara.Logo que atravessamos a porta de saída, demos de caras com Marcos que estava parado no estacionamento falando com seu advogado. Eu consegui manter minha calma em frente ao juiz mas agora nada me impedia de lhe dizer umas poucas e boas.Antes que Lucas pudesse me impedir eu caminhava furiosa em direcção ao local onde ele estava. O momento em que ele me viu aproximar , o rosto dele fechou dando lugar a feições duras e impenetráveis que eu conhecia muito
KARINANão tinha dúvidas sobre qual seria o resultado do teste de paternidade. Mas Lucas explicou que era necessário para adicionar a evidencia ao processo. A audiência seguinte já havia sido marcada para daqui a cinco dias. Dizer que estava nervosa era pouco. Por cinco anos ele ignorou a existência desta criança e porquê agora este circo todo?? Essas questões estavam a dar comigo em doida.Sentada no banco do parque onde eu levava Kayla para brincar, eu olhava ela divertir-se com os amigos que fez ali. Tenho de começar a prepara-la caso o juiz decida a favor de Marcos. Eu sabia que este dia chegaria, mas pensei que ainda houvesse tempo.-Olá Karina.A voz do Lucas interrompeu o meu monologo interior.- Oohh. Olá Lucas. Tudo bem?-Tudo óptimo. Tenho algumas novidades , mas nem todas boas.Soltei um longo suspiro e fiz sinal com a mão para ele continuar a falar.-Tens que te preparar para o que vem a seguir. Tenho certeza que o advogado dele deve estar a procurar todas as coisas que
MARCOSEu sabia que havia sido uma péssima jogada ter deixado isto para depois. Eu estava em vantagem, tinha o elemento surpresa a meu favor, e teria tido pouco trabalho a convence-la a dar-me a guarda. Contava encontra-la sozinha, a presença da Diana não teria ajudado e foi isso que atrapalhou meus planos.Agora, estou aqui a olhar para porta dela e não ha sinal de uma alma viva naquela casa. Não me resta mais nada senão tentar novamente, em outra ocasião. Mas preciso dar tempo, amanhã ela estará com as armas carregadas para me receber.O meu humor já estava péssimo quando cheguei ao trabalho. Piorou drasticamente quando fui informado que havia uma reunião marcada e que haviam se esquecido de informar-me com antencedencia e que seria com a gestáo de topo da empresa. Não estava com paciência para aturar os lambe botas de plantão a fazerem figura de idiotas por uma promoção a partner. Eu queria o lugar, estava a trabalhar para isso. E esse é um dos motivos pelo qual fui atrás da minha
KARINANão sei dizer em que momento é que deixamos de lançar facas um para o outro e ficamos entrelaçados num beijo . Mas a verdade é que eu não sabia se o empurrava ou se o puxava mais para mim.Devia estar a correr para o lado oposto ao dele mas me vi a enrolar meus braços no seu pescoço e me render ao beijo e caricias. A raiva deu lugar a todo aquele fogo que me consumia enquanto ele me devorada sem piedade. E foi quase doloroso quando ele interrompeu o beijo do nada. Levei uns segundos para entender o que aconteceu e quando finalmente olhei para ele e vi o olhar de deboche e satisfação no rosto dele eu queria desaparecer.- Agora que começamos a entender-nos, queres reavaliar os termos da guerra que queres travar contra mim?Afastei-me horrorizada. Como fui capaz de me deixar levar, como fui deixar isto acontecer? Marcos não é alguém que eu deva baixar a guarda. Tudo é calculado ao detalhe para atingir seus objectivos. Não sei se eu estava com mais raiva de mim ou dele , mas não i
KARINADepois de ter conversado com Kayla e ter explicado da melhor maneira que pude as mudanças que iriam ocorrer na nossa vida , liguei para Lucas para informar que Marcos terias os domingos para ver a filha. Ele falaria com o outro advogado para que fizesse chegar ao Marcos.Quando o domingo chegou , eu estava nervosa. Diana ofereceu-se para vir mas eu recusei. Ela não gosta do Marcos e eu precisava que este dia fosse o mais tranquilo possivel.Mas passei o dia todo a ver minha filha ansiosa a espreitar pela janela, atenta a todos sons , esperando o pai chegar. E ele não veio. Tive que inventar uma desculpa para conseguir convencer Kayla a ir para cama.Outra semana passou e no domingo seguinte Marcos não deu as caras. Eu estava a segurar-me para não ir atras dele e estrangula-lo. Porque essa era a minha vontade.O terceiro domingo foi a gota d’água. Kayla durmiu a chorar porque não entendia porquê o pai não queria conhece-la.Acordamos no dia seguinte e ela não quis ir ao jardim