Capítulo 5

KARINA

Não sei dizer em que momento é que deixamos de lançar facas um para o outro e ficamos entrelaçados num beijo . Mas a verdade é que eu não sabia se o empurrava ou se o puxava mais para mim.

Devia estar a correr para o lado oposto ao dele mas me vi a enrolar meus braços no seu pescoço e me render ao beijo e caricias. A raiva deu lugar a todo aquele fogo que me consumia enquanto ele me devorada sem piedade. E foi quase doloroso quando ele interrompeu o beijo do nada. Levei uns segundos para entender o que aconteceu e quando finalmente olhei para ele e vi o olhar de deboche e satisfação no rosto dele eu queria desaparecer.

- Agora que começamos a entender-nos, queres reavaliar os termos da guerra que queres travar contra mim?

Afastei-me horrorizada. Como fui capaz de me deixar levar, como fui deixar isto acontecer? Marcos não é alguém que eu deva baixar a guarda. Tudo é calculado ao detalhe para atingir seus objectivos. Não sei se eu estava com mais raiva de mim ou dele , mas não iria suportar nem mais um segundo a presença dele.

-Saia imediatamente da minha casa ,Marcos.

-Eu saio. Mas tenha certeza que voltarei. Isto é apenas o inicio, minha querida.- Ele falou triunfante.

Abriu a  porta todo arrogante e cheio de si e saiu sem olhar para trás.

Fechei a porta com tanta força que parecia que a coitada iria partir-se em mil pedaços. Me atirei no sofá irritada comigo mesma. Eu preciso me concentrar, não posso deixar ele perceber minhas fraquezas ou será o meu fim.

Passei o resto da semana uma pilha de nervos e quando o dia da audiência chegou o meu humor era igual a de um dragão cuspindo fogo.

Foram necessários litros e litros de água para manter a calma enquanto o advogado dele me acusava de ter desaparecido com o bebé sem deixar rastos. É preciso muita cara de pau mesmo. Mas , do que eu estava a espera??

Lucas foi brilhante e ,no fim,  consegui ver a irritação no rosto do Marcos quando a Juíza fez o discurso final dando a sentença.

-Arrependimento só em palavras não significa nada. Eu estou aqui para garantir que as partes estejam a velar pelos interesses da menor. Não estou convencida do seu arrependimento sr. Marcos. Mas  a criança merece crescer tendo o pai por perto. Sendo assim , terá 6 meses para provar que quer realmente fazer parte da vida da sua filha e poderá ter direito a visitas sob supervisão da mãe e no local que a mãe escolher. Se daqui a seis meses ainda estiver por perto , voltaremos a falar de guarda compartilhada.

Não é o que eu queria, mas é melhor do que entregar minha filha a ele sem saber os reais motivos desta súbita aproximação. E a cara do Marcos me dizia que o seu tiro passou ao lado.

Eu e Lucas saímos da sala logo que a sessão terminou. Quando atravessamos a porta para fora do tribunal ouvi Marcos chamar por mim. Ignorei e segurei a mão do Lucas para que continuássemos a andar.

Entramos no carro dele e vi Marcos sair apressado tentando nos alcançar.

- Vamos embora Lucas. Não temos mais nada que fazer aqui.

Ele sorriu e acelerou dali para fora . Não deu para ver a cara do Marcos vendo o carro desaparecer mas aposto que ele estava a soltar fogo. Tenho pena do seu advogado.

Chegamos a minha casa e Diana nos esperava. Ainda saíamos do carro quando a porta abriu e Diana saiu que nem um foguete , vindo ao nosso encontro.

-Como foi? Ganhamos?

-Pode dizer-se que sim. Ele terá direito a visitas uma vez por semana . No local que eu escolher e sob minha supervisão.

Ela não ficou muito satisfeita com a resposta , tal como eu ,mas vendo bem é o melhor cenário que podíamos conseguir.

-Bom, se te serve de consolo Marcos estava prestes a entrar em combustão de tanta raiva. Precisavas ver a cara dele quando a juíza deu a sentença.

-Me sinto consolada, obrigada. - Ela falou , satisfação estampada no rosto dela.

Dentro de casa , sentamos no sofá e Lucas contou os detalhes todos a Diana que ouvia atentamente.  Quando terminou ele despediu-se e foi embora .

-Teu irmão foi impressionante. Não teria conseguido isto sem ele. Me sinto mal por não poder pagar-lhe. 

- Relaxa. Ele fez de coração. Ele se preocupa contigo e com Kayla tanto quanto eu.

-Ok. Agora vem a parte difícil. Preparar Kayla para esta nova fase .- Desabafei, preocupada.

- Queres ajuda para conversar com ela?

- Não. Isto é algo que preciso fazer sozinha.

Almoçamos juntas  e não falamos mais em Marcos ou problemas. A conversa girou em torno de coisas banais e descontraídas . Ela fez-me companhia até a hora que devia ir ai jardim de infância buscar Kayla.

Tudo que precisava hoje era o amor e carinho da minha boneca.   Amanhã penso como introduzir o assunto sobre o pai dela.

MARCOS

Entrei na minha sala com vontade de destruir tudo a minha frente. Isaac me seguia calado, fechando a porta logo que passou por ela. Atirei o celular e as chaves para mesa e parei de costas voltadas para ele,  observando pela janela as pessoas na rua.

- Não foi tão mau assim. Conseguiste uma abertura. Só terás que  trabalhar para ganhar a confiança da mãe . - Ele disse,tentando apagar o fogo.

-Não tenho tempo. A nomeação será próximo mês. E duvido que Karina me deixe ter a miúda na festa de noivado.

-Isso é fácil, convida a mãe assim ela estará la para supervisionar e todos saem a ganhar.

-Fora de questão. - Nem hesito ao responder.

A resposta foi tão brusca que Isaac me olhou curioso.  A última coisa que preciso é aquela mulher e as suas curvas a distraírem-me em um momento tão crucial do meu plano. Nem pensar.

-Droga!! Preciso pensar num plano B.

-Ou C. Porque sinceramente não vejo outra saída. Vai la seduz a mãe da criança e ela te entregara a miúda sem contestar.

- Estas muito engraçadinho hoje. Não parece que acabaste de perder uma causa em tribunal.

-Não perdi. Consegui que reconhecesses a miúda como tua filha e ainda o direito a vê-la. Dadas as circunstâncias me sinto um vencedor. É pena que não consigas ver a coisa na minha perspectiva.

-Porque tudo isso não me ajuda em nada. 

-Bom, o meu trabalho está feito. Boa sorte.- Ele levantou-se e saiu.

E agora??!! Tenho certeza que Karina não vai facilitar as coisas para mim. Nosso último encontro não terminou como eu esperava. Talvez a ideia do Isaac não seja tão ridícula. A última vez não foi difícil fazê-la ceder a atracção que ainda sente por mim. 

Não , não , péssima ideia. Eu preciso me focar no noivado e casamento com a Lia. Me envolver com Karina não trará nada de bom.

Nesse instante meu celular toca e quando vejo o nome sinto que meu dia esta para ficar bem pior.

- Alô!

-Marcos que historia é essa de tribunal? Falei com a Lia hoje e ela disse-me que estavas no tribunal por causa da guarda da tua filha?!

-Bom dia para ti também mãe, eu estou optimo.

- Sem gracinhas. Responda a minha pergunta.

-Sim é verdade. E a juíza concedeu-me o direito de vê-la uma vez por semana.- Eu devia tentar abafar os ânimos da minha mãe mas a vontade de pica-la vem ao de cima.

-Pensei que esse assunto estivesse enterrado. Se tu querias a criança devias ter dito ha 5 anos, teríamos tratado do assunto. Não precisarias te submeter a humilhação de ve-la uma vez por semana.

-Mãe, eu amo-te muito, mas ha vezes que preferia que não te metesses tanto na minha vida. Minha filha é assunto meu.

-Veja como falas comigo, piralho!!

-Hoje não estou com paciência para as nossas conversas interessantes. Falamos amanha está bem? Amo-te.

E desliguei a chamada sem lhe dar tempo de continuar a falar.  Minha mãe é daquelas pessoas que não são boas para ter como inimigas. Eu sou filho dela e as vezes até a mim ela mete medo.

Sentei e fiz o possível para manter a minha concentração no trabalho. O meu plano, esse terá que ser revisto amanha.

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