Capítulo 7

MARCOS

O momento que Lia entrou na sala eu me senti como se estivesse sentado em uma bomba prestes a explodir. As duas se encaravam e o silencio era de cortar o coração

-Karina, podemos continuar esta conversa outro dia?

- Não. - Ela respondeu sem desviar o olhar da Lia.

-Olha querida, alguns de nós tem assuntos mais importantes a tratar. Portanto, se nos desses licença...

- Eu só preciso que o seu queridinho se comprometa a sair da minha vida e me ponho a milhas.

Isto precisa parar antes que aconteça o pior.

-Lia, eu trato disto. De-me cinco minutos e ja conversamos

Para meu alivio, Lia e Karina são completamente diferentes. Enquanto Karina teria discutido e desafiado a minha ordem, Lia não precisou que eu dissesse duas vezes. Saiu da sala sem dizer nem uma palavra.

- Eu não abrirei mão do meu direito de ver a miuda uma vez por semana.

-Porquê não? Não estas a usa-lo.

-Prometo que este fim de semana não faltarei. Agora podes deixar- me trabalhar?

Aparentemente ela estava satisfeita com a minha resposta. Mas antes de sair deixou ficar um aviso.

-Esta é a tua última chance.

Logo que Karina saiu , Lia entrou com a cara séria e sentou-se na cadeira en frente a minha.

-Então aquela é a Karina. Não é de se jogar fora. Percebo porquê esteja dificil resistir.

-Hum, não se passa nada entre nós.

- Sim, esse resto de batom no canto da tua boca foi la parar por magia.

Por reflexo levei a mão para boca tentando limpar.

-Não te preocupes querido. Nós dois sabemos o que queremos desta relação. So peço que sejas discreto.

Esta é a razão pela qual eu escolhi Lia. Ela tem foco no objectivo, fria, calculista e não se deixa levar no calor do momento.

Mas , decidi não confirmar ou negar as suspeitas dela. Dei a volta e sentei-me.

- A que devo a visita?- Falei mudando de assunto.

-Tua mãe diz estar a tentar falar contigo e tu tens ignorado suas chamadas. Ela quer que lhe dês a lista final de convidados ao jantar de noivado.

- Ok. Assim que terminar aqui.

-E ainda não falamos sobre o que se segue, após o noivado. Vamos morar juntos? Casamos logo a seguir?

Confesso que hoje não estava com paciencia ou humor para esta conversa. Minha cabeça tinha tendência a fazer-me voltar ao momento antes da Lia entrar. E estava ser dificil me manter focado nas suas palavras.

-Podemos fazer isto em outra altura?

- Claro. Não esqueças da tua mãe.- Ela falou ja em pé.

Com Lia, as demonstrações de afecto só acontecem quando temos público. Entre quatro paredes, se não for sexo, ela nem sequer faz questão de chegar perto.

Por isso , foi perfeitamente normal vê- la caminhar para fora da minha sala sem sequer um bejijo de despedida. De repente começava a questionar este nosso arranjo.

A voz de karina me avisando que era minha última chance, assombrou-me a semana toda. Bem como a lembrança do beijo e dos sons que ela que consegui arrancar dela enquanto minha lingua passeava em sua boca.

No domingo, a hora marcada, eu estava a porta dela. Fiquei parado um par de minutos antes de bater.

A porta abriu, me surpreendendo, e uma pequena figura apareceu por trás.

Eu tenho zero experiência com crianças. As vezes me sinto até intimidado por elas. Por isso estava sem saber como agir.

- Olá. Eu sou Kayla.- Ela falou esticando a mão para me cumprimentar.

-Olá Kayla.- Fiz o mesmo.

Entrei e ela fechou a porta. So ai reparei na Karina em pé a uns metros, nos observando.

Sentamos no sofá e a pequena me olhava sem pestanejar. Me sentia em uma montra. Parecia que havia durado uma eternidade aquele silencio , foi um alivio quando ela falou.

-Fiz biscoitos. Queres ?

- Sim. Obrigado.

Ela levantou-se e desapareceu da sala. Karina continuava em pé no canto da sala sem dizer nada.

-Oi Karina.

- Oi Marcos. Fico feliz que tenhas conseguido tempo na tua agenda super ocupada para vir cá hoje.

-Não tinha como faltar. Tinha uma arma apontada a cabeça.- Falo mas a minha piada não consegui desmanchar a cara fechada de Karina.

A pequena voltou, carregando cuidadosamente um prato com as duas mãos. Colocou-o na mesa de centro e tirou um biscoito. Fiz o mesmo . Ela observava atentamente esperando alguma reação no meu rosto.

- São muito saborosos os biscoitos.

E parece que eu havia dito as palavras mágicas, pois seu rosto acendeu num lindo sorriso. E a sensação de receber um sorriso tão genuino ,tão inocente fez me questionar toda minha existência.

Apesar da nossa interação ter começado estranha, horas depois conversavamos mais relaxados. Ela liderava a conversa, claro, com muitas perguntas e comentários que me deixavam perplexo.

Quando dei por mim , havia estado ali por mais de quatro horas e não tinha vontade nenhuma de ir embora. Kayla era uma lufada de ar fresco em minha vida, e até aquele momento da minha vida eu achava que tinha tudo que precisava. Eu estava enganado.

Karina foi obrigada a intervir, mandando a miuda para o banho. Ela foi, mas sem antes me fazer prometer que ficava para jantar.

E assim foi. Sentamos os três a mesa e Kayla dominava a conversa. Após o jantar ela ficou mais trinta minutos e contrariada despediu-se. Karina a levou para o quarto e eu fiquei sem saber se a esperava ou ia embora.

Durante todo dia, ela fez questão de se manter invisivel. Dando espaço para que eu e Kayla tivessemos o nosso momento. A principio odiei porque eu não sabia o que fazer,mas depois percebi que foi com a melhor das intenções.

Ela estava de volta e eu havia perdido a oportunidade de sair a francesa.

-Foi uma tarde....interessante. - Foi o que consegui dizer, tentando aliviar a tensão que havia no lugar.

-Bom, correu melhor do que esperava.

-Wow, obrigado pelo voto de confiança.

- Não sei os reais motivos para te aproximares de Kayla, então não tenho grandes expectativas em relação a ti. Estou a ser honesta.

Na verdade nem eu tinha ideia de como seria. Estava assustado quando a miuda abriu a porta e olhou-me como se me analisasse. E honestamente, karina tem toda a razão de ter um pé atras. Não sou propriamente um exemplo de pai. Nem sei se sou digno sequer de ter esse título. 

Seguiu-se um silencio constrangedor e minha mente estava no lugar errado. Só conseguia pensar nas minhas mãos nas curvas do seu corpo enquanto saciava minha sede naqueles lábios carnudos que atentavam contra minha sanidade mental.

Mas pensei melhor e decidi não provocar a fera hoje que parecia que haviamos dado um passo em frente.

- Eu vou indo. Tenha uma boa noite Karina. - Falei estendendo minha mão.

Ela olhou-me por alguns instantes mas acabou estendendo a dela.

-Boa noite Marcos.

O toque suave da sua mão na minha , a voz dela dizendo meu nome não ajudavam em nada a minha decisão de me manter a distancia. Me vi a aproximar e colocar o outro braço a volta da sua cintura e puxa-la para perto. Ela não resistiu e eu me senti confiante para encostar mais e quase ter meu rosto colado ao dele. 

- Não sei que diabos tu fizeste comigo Karina, mas não consigo manter minhas mãos longe de ti.

Ela abriu a boca em choque e foi como se alguma força do universo estivesse do meu lado. Aproveitei a oportunidade para fazer o que tinha vontade desde que nossos olhares se cruzaram quando cheguei.

Minha intenção era ser gentil, suave mas era impossivel conter o desejo, a sede e o fogo que ardia toda vez que nossos corpos se tocavam. Tentei manter o conttole das minhas emoções, mas como consigo isso  quando ela retribuia tão feroz e intensamente a loucura que era aquele beijo. 

Me esqueci que tinha uma criança naquela casa, e minhas mãos circulavam pelo seu corpo, acariciando, mapeando cada centimetro. Eu queria mais...muito mais.

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