MARCOS
O momento que Lia entrou na sala eu me senti como se estivesse sentado em uma bomba prestes a explodir. As duas se encaravam e o silencio era de cortar o coração
-Karina, podemos continuar esta conversa outro dia?
- Não. - Ela respondeu sem desviar o olhar da Lia. -Olha querida, alguns de nós tem assuntos mais importantes a tratar. Portanto, se nos desses licença... - Eu só preciso que o seu queridinho se comprometa a sair da minha vida e me ponho a milhas.Isto precisa parar antes que aconteça o pior.
-Lia, eu trato disto. De-me cinco minutos e ja conversamos
Para meu alivio, Lia e Karina são completamente diferentes. Enquanto Karina teria discutido e desafiado a minha ordem, Lia não precisou que eu dissesse duas vezes. Saiu da sala sem dizer nem uma palavra.
- Eu não abrirei mão do meu direito de ver a miuda uma vez por semana.
-Porquê não? Não estas a usa-lo. -Prometo que este fim de semana não faltarei. Agora podes deixar- me trabalhar?Aparentemente ela estava satisfeita com a minha resposta. Mas antes de sair deixou ficar um aviso.
-Esta é a tua última chance.
Logo que Karina saiu , Lia entrou com a cara séria e sentou-se na cadeira en frente a minha.
-Então aquela é a Karina. Não é de se jogar fora. Percebo porquê esteja dificil resistir.
-Hum, não se passa nada entre nós. - Sim, esse resto de batom no canto da tua boca foi la parar por magia.Por reflexo levei a mão para boca tentando limpar.
-Não te preocupes querido. Nós dois sabemos o que queremos desta relação. So peço que sejas discreto.
Esta é a razão pela qual eu escolhi Lia. Ela tem foco no objectivo, fria, calculista e não se deixa levar no calor do momento.
Mas , decidi não confirmar ou negar as suspeitas dela. Dei a volta e sentei-me.- A que devo a visita?- Falei mudando de assunto.
-Tua mãe diz estar a tentar falar contigo e tu tens ignorado suas chamadas. Ela quer que lhe dês a lista final de convidados ao jantar de noivado. - Ok. Assim que terminar aqui. -E ainda não falamos sobre o que se segue, após o noivado. Vamos morar juntos? Casamos logo a seguir?Confesso que hoje não estava com paciencia ou humor para esta conversa. Minha cabeça tinha tendência a fazer-me voltar ao momento antes da Lia entrar. E estava ser dificil me manter focado nas suas palavras.
-Podemos fazer isto em outra altura?
- Claro. Não esqueças da tua mãe.- Ela falou ja em pé.Com Lia, as demonstrações de afecto só acontecem quando temos público. Entre quatro paredes, se não for sexo, ela nem sequer faz questão de chegar perto.
Por isso , foi perfeitamente normal vê- la caminhar para fora da minha sala sem sequer um bejijo de despedida. De repente começava a questionar este nosso arranjo.A voz de karina me avisando que era minha última chance, assombrou-me a semana toda. Bem como a lembrança do beijo e dos sons que ela que consegui arrancar dela enquanto minha lingua passeava em sua boca.
No domingo, a hora marcada, eu estava a porta dela. Fiquei parado um par de minutos antes de bater.
A porta abriu, me surpreendendo, e uma pequena figura apareceu por trás. Eu tenho zero experiência com crianças. As vezes me sinto até intimidado por elas. Por isso estava sem saber como agir.- Olá. Eu sou Kayla.- Ela falou esticando a mão para me cumprimentar.
-Olá Kayla.- Fiz o mesmo.Entrei e ela fechou a porta. So ai reparei na Karina em pé a uns metros, nos observando.
Sentamos no sofá e a pequena me olhava sem pestanejar. Me sentia em uma montra. Parecia que havia durado uma eternidade aquele silencio , foi um alivio quando ela falou.-Fiz biscoitos. Queres ?
- Sim. Obrigado.Ela levantou-se e desapareceu da sala. Karina continuava em pé no canto da sala sem dizer nada.
-Oi Karina.
- Oi Marcos. Fico feliz que tenhas conseguido tempo na tua agenda super ocupada para vir cá hoje. -Não tinha como faltar. Tinha uma arma apontada a cabeça.- Falo mas a minha piada não consegui desmanchar a cara fechada de Karina.A pequena voltou, carregando cuidadosamente um prato com as duas mãos. Colocou-o na mesa de centro e tirou um biscoito. Fiz o mesmo . Ela observava atentamente esperando alguma reação no meu rosto.
- São muito saborosos os biscoitos.E parece que eu havia dito as palavras mágicas, pois seu rosto acendeu num lindo sorriso. E a sensação de receber um sorriso tão genuino ,tão inocente fez me questionar toda minha existência.
Apesar da nossa interação ter começado estranha, horas depois conversavamos mais relaxados. Ela liderava a conversa, claro, com muitas perguntas e comentários que me deixavam perplexo. Quando dei por mim , havia estado ali por mais de quatro horas e não tinha vontade nenhuma de ir embora. Kayla era uma lufada de ar fresco em minha vida, e até aquele momento da minha vida eu achava que tinha tudo que precisava. Eu estava enganado.Karina foi obrigada a intervir, mandando a miuda para o banho. Ela foi, mas sem antes me fazer prometer que ficava para jantar.
E assim foi. Sentamos os três a mesa e Kayla dominava a conversa. Após o jantar ela ficou mais trinta minutos e contrariada despediu-se. Karina a levou para o quarto e eu fiquei sem saber se a esperava ou ia embora.Durante todo dia, ela fez questão de se manter invisivel. Dando espaço para que eu e Kayla tivessemos o nosso momento. A principio odiei porque eu não sabia o que fazer,mas depois percebi que foi com a melhor das intenções.
Ela estava de volta e eu havia perdido a oportunidade de sair a francesa.-Foi uma tarde....interessante. - Foi o que consegui dizer, tentando aliviar a tensão que havia no lugar.
-Bom, correu melhor do que esperava. -Wow, obrigado pelo voto de confiança. - Não sei os reais motivos para te aproximares de Kayla, então não tenho grandes expectativas em relação a ti. Estou a ser honesta.Na verdade nem eu tinha ideia de como seria. Estava assustado quando a miuda abriu a porta e olhou-me como se me analisasse. E honestamente, karina tem toda a razão de ter um pé atras. Não sou propriamente um exemplo de pai. Nem sei se sou digno sequer de ter esse título.
Seguiu-se um silencio constrangedor e minha mente estava no lugar errado. Só conseguia pensar nas minhas mãos nas curvas do seu corpo enquanto saciava minha sede naqueles lábios carnudos que atentavam contra minha sanidade mental.
Mas pensei melhor e decidi não provocar a fera hoje que parecia que haviamos dado um passo em frente.
- Eu vou indo. Tenha uma boa noite Karina. - Falei estendendo minha mão.
Ela olhou-me por alguns instantes mas acabou estendendo a dela.
-Boa noite Marcos.
O toque suave da sua mão na minha , a voz dela dizendo meu nome não ajudavam em nada a minha decisão de me manter a distancia. Me vi a aproximar e colocar o outro braço a volta da sua cintura e puxa-la para perto. Ela não resistiu e eu me senti confiante para encostar mais e quase ter meu rosto colado ao dele.
- Não sei que diabos tu fizeste comigo Karina, mas não consigo manter minhas mãos longe de ti.
Ela abriu a boca em choque e foi como se alguma força do universo estivesse do meu lado. Aproveitei a oportunidade para fazer o que tinha vontade desde que nossos olhares se cruzaram quando cheguei.
Minha intenção era ser gentil, suave mas era impossivel conter o desejo, a sede e o fogo que ardia toda vez que nossos corpos se tocavam. Tentei manter o conttole das minhas emoções, mas como consigo isso quando ela retribuia tão feroz e intensamente a loucura que era aquele beijo.Me esqueci que tinha uma criança naquela casa, e minhas mãos circulavam pelo seu corpo, acariciando, mapeando cada centimetro. Eu queria mais...muito mais.
KARINATive meu momento de lucidez instantes após ter sido consumida pela loucura que era estar a escassos centímetros de Marcos. Afastei-me lentamente porque , honestamente estava ser dificil manter meu equilibrio.-Isto é uma péssima ideia, - MurmurreiEle , tal como eu, lutava para sair do transe.-Concordo. Acho que está mais do que na hora de ir embora. Boa noite Karina.Desta vez não houve formalidades ele apenas deu meia volta e saiu o mais rápido que pôde. Depois que a porta fechou , relaxei e sentei no sofá por alguns minutos.O que estou a fazer com a minha vida? Eu estava bem , feliz até, antes de ele voltar e acabar com minha paz. Daqui em diante irei pôr a Diana a supervisionar as visitas. Fora de questão ficar num espaço confinado com aquele homem. Fui para cama com ele na cabeça , o que só resultou em sonhos molhados a noite toda.Dia seguinte estava de péssimo humor e atrasada. Até a hora que cheguei a loja ja havia proferido uma dúzia de obscenidades a vários conduto
MARCOSEu cheguei ao escritório questionando minha sanidade mental. Entrei na minha sala sorrindo feito um idiota. Bom, não vou mentir que algumas coisas mudaram nos últimos dias. Não pensei que fosse querer passar tempo com minha filha. Mas , a miúda deve ter saído a mãe porque estou viciado.Quase tive um acidente quando travei bruscamente em frente a loja de brinquedos depois de ter visto aquela monstrousidade de boneco de peluche. Mas valeu a pena cada centavo depois de ver o sorriso dela.Yep, estou a ficar louco. E apesar de estar completamente fascinado pela Kayla, foi impossivel ignorar Karina . Aquela saia que abraçava suas coxas na perfeição, a racha frontal que deixava ver parte da sua perna e me convidada a querer ver mais, a blusa de uma transparencia que atiçava minha curiosidade e aqueles sapatos vermelhos que deixavam minha imaginação correr solta. Se ela fosse minha eu não a deixava ir trabalhar assim vestida. E como um adolescente usei uma desculpa parva para vê-
KARINAFiquei mais de 15 minutos a olhar para o ecrã tentando entender o que estava a acontecer. Não sabia como lidar com o novo comportamento do Marcos. Deixei o celular de lado e voltei minha atenção a quantidade de caixas a minha frente. Era dia de inventário e havia recebido nova mercadoria. Diana iria ficar com Kayla esta noite porque eu não tinha hora para sair do trabalho. Estava imersa no trabalho quando meu celular toca. Vi o nome do Marcos no ecrã e ignorei. As duas meninas que haviam ficado para ajudar estavam num canto exaustas. Olhei para hora e lhes dei razão. Já passava das oito da noite.-Acho que por hoje chega. Podem ir .Elas levantaram-se imediatamente e foram levar as bolsas. Eu levei algumas caixas para dentro do pequeno armazém nos fundos da loja. Precisava de um banho e algo para comer. Meu estômago fez um barulho como se estivesse a concordar comigo.Sai do armazém já com um plano para quando chegasse a casa. Caminhava despreocupada para minha sala quando a
MARCOSO que estava eu a pensar quando fui la. É óbvio que ela me odeia. Eu preciso me concentrar no que realmente interessa e parar de fantasiar com a família perfeita.Parei no primeiro bar que vi. Só me dei conta do quanto o lugar era sinistro quando já estava no balcão. Pedi um duplo de whisky e bebi tudo num único gole. Paguei e saí imediatamente.Logo que entrei no carro o celular tocou. Atendi com o sistema de bluetoth do carro para ter as mãos livres e conduzir. Queria sair dali o quanto antes.-Alô.-Marcos, onde estás? Estou a horas a tua espera. Tínhamos um jantar hoje ou esqueceste?- Lia gritava irritada.Droga. Eu me esqueci totalmente. Como iria ao tal jantar com meu corpo com cheiro a sexo, meu humor destruido por aquela mulher que acabava de dar-me um momento de prazer e depois atirou-me a rua como se não se importasse. -Inventa uma desculpa. Não estou com cabeça para isso hoje.- Marco, tu sabes que tua mãe não me vai deixar em paz se não vieres. - Lia faz questão d
MARCOS Pior que a ressaca no dia seguinte, foi ler a mensagem que enviei para Karina. A próxima vez que eu quiser embebedar-me preciso desligar o celular. Como vou rectificar isto? O que se passa comigo? Eu não ajo por emoção. Eu tenho meus planos traçados e revejo cada passo que dou. Cheguei ao trabalho e liguei imediatamente para Isaac. Preciso de uma saída e rápido .Como bom amigo e advogado leal, ele não levou nem meia hora e, logo, entrava pela porta. - Onde é o incendio? E bom dia.- Ele falou enquanto sentava-se a minha frente.- Desta vez o incendio já consumiu tudo meu amigo.Preciso de um milagre.-Sabes que eu de milagres não entendo nada. Mas é assim tão mau? Entreguei-lhe o celular com a mensagem que enviei para Karina no ecrã. - Oh merda! Não ha milagre que te salve.- Ele falava em meio a gargalhadas.- Como se eu não soubesse disso.- Murmurei irritado.-O que te deu para enviar essa mensagem?-Karina consegue tirar-me do sério. E ontem ela pisou nos meus calos e eu s
KARINAPassava uma semana que não via Marcos. Ele até tentou , mas consegui antecipar todos movimentos dele. Sentia-me invencível , mas acima de tudo em paz.Minha vida estava de volta a normalidade. O domingo chegou e repetimos a rotina. Fui deixar Kayla com Diana e sai de lá bem antes da hora marcada. Decidi caminhar pela praia enquanto esperava Diana avisar-me do fim da visita. Segurei minhas sandálias nas mãos e me aproximei da margem. Soube tão bem as ondas a baterem em meus pés que por uns instantes esqueci todo drama em que se tinha transformada a minha vida.-Karina.Uma voz me fez sair do meu momento. Olhei em direcção da voz e vi um homem aproximar-se. A principio não o reconheci. Quando ele chegou perto foi quando vi que o rosto me era familiar.- Oi . Isaac, advogado do Marcos.- Ele falou estendendo a mão para mim.Eu recuei um passo . Não acredito que ele mandou seguir-me! Ainda olhei a volta para ver se Marcos estava algures a espreita.- Calma, não estou aqui a mand
MARCOSOs últimos dias tem sido um teste a minha paciência. Karina continua a bloquear todas minhas tentativas de falar com ela. Estou a um passo de fazer uma estupidez.A festa de noivado é este fim de semana e não terei como levar Kayla. Resumindo: deu tudo errado.A porta da minha sala abriu e Isaac entrava com um sorriso de deboche estampado no rosto dele. Ele sabia que eu estava uma pilha por conta dos últimos acontecimentos.-Então, tudo a postos pro grande dia?- Ele falou sentando-se na cadeira a minha frente.-Claro que não. Eu queria ter Kayla comigo mas com Karina a bloquear-me não vejo isso a acontecer.- Lamento. Encontrei Karina no outro dia enquanto corria na praia. Admito, aquela mulher sabe como bloquear um homem.- Isaac , karina esta fora dos limites. - Meu tom de voz havia mudado e
KARINACheguei a casa e depois de pôr a Kayla no banho e comer algo liguei para Diana.- Alô!- Ela atendeu logo no primeiro toque.-Oi. Como estas?-Optima. E tu?-Preciso de um conselho- Falei sem perder tempo.- Hum...Marcos ainda?- Diana questiona, ligeiramente indignada.- Sim, mas tem haver com Kayla. Ele quer Kayla no seu jantar de noivado.-Ok. E tu ?-Não sei o que pensar. Não confio nele.- Seria uma boa maneira de testar se as intenções dele são genuínas. Em ambiente fechado ele pode fingir bem. No meio dele , entre várias pessoas pode ser que a verdade se revele. E também poderias ver a interacção de Kayla com a futura esposa do pai.- Tens razão. Mas eu não gostaria de ir. Queria pedir-te para acompanhares Katla.
Último capítulo