KARINA
Depois de ter conversado com Kayla e ter explicado da melhor maneira que pude as mudanças que iriam ocorrer na nossa vida , liguei para Lucas para informar que Marcos terias os domingos para ver a filha. Ele falaria com o outro advogado para que fizesse chegar ao Marcos.
Quando o domingo chegou , eu estava nervosa. Diana ofereceu-se para vir mas eu recusei. Ela não gosta do Marcos e eu precisava que este dia fosse o mais tranquilo possivel.
Mas passei o dia todo a ver minha filha ansiosa a espreitar pela janela, atenta a todos sons , esperando o pai chegar. E ele não veio. Tive que inventar uma desculpa para conseguir convencer Kayla a ir para cama. Outra semana passou e no domingo seguinte Marcos não deu as caras. Eu estava a segurar-me para não ir atras dele e estrangula-lo. Porque essa era a minha vontade. O terceiro domingo foi a gota d’água. Kayla durmiu a chorar porque não entendia porquê o pai não queria conhece-la.Acordamos no dia seguinte e ela não quis ir ao jardim de infancia. Não tive outra hipotese senão pedir ajuda a Diana.
Em meia hora ela estava a minha porta e entrou directo para o quarto da Kayla e conversou com ela. Conseguiu ao menos tira-la da cama. Enquanto Kayla estava no banho Diana foi ao meu encontro na cozinha onde eu preparava o pequeno almoço.- Agora sim, eu quero matar o filho da mãe.- Ela falou sentando a minha frente.
-Não mais do que eu. -O que vais fazer? Não podes deixar isto continuar. - Eu sei. Podes ficar com ela hoje? Preciso resolver isto de uma vez por todas. - Claro. Mas não faças nada que eu faria.As duas rimos , porque sinceramente, Diana era bem capaz de estrangula-lo. Não era má ideia, mas eu tenho uma filha que depende de mim. E ir presa por homicidio não estava nos meus planos.
Kayla juntou-se a nós e tomamos o pequeno almoço ouvindo Diana contar-lhe os planos que tinha para o dia delas. O sorriso estava de volta ao rosto da minha princesa.Elas sairam primeiro e uns minutos depois saí também.
Quando cheguei ao local de trabalho do Marcos estava uma pilha de nervos. Caminhei até a recepção e a senhora que lá estava exibia um sorriso de orelha a orelha. Pedi para falar com o Marcos e ela pediu-me que aguardasse uns minutos. Sentei e esperei. Passaram trinta minutos e nada acontecia. Voltei para recepção e logo que a senhora viu-me aproximar sorriu.- Desculpe, mas ainda vai demorar ?
-Ele esta reunido, mas a secretária disse que iria informar assim que ele estivesse livre.Ou ele esta a deixar-me aqui a cozinhar os nervos.Mas daqui não saio sem falar com ele.
- Desculpe , pode indicar-me onde fica o W.C.?
- Ao fundo do corredor á direita. - Obrigada.Comecei a caminhar e passei por dois corredores até chegar a porta que ela indicou. Entrei e olhei-me ao espelho. Meu rosto mostrava sinais de cansaço. Passei água no rosto e rotequei o batom. Saí de seguida e caminhava devagar quando, reparei que as salas tinham placas dos nomes nas portas. Olhei para os lados e entrei no primeiro corredor lendo as placas e nenhuma delas tinha o nome dele.
Entrei no segundo corredor e fiz o mesmo. Finalmente encontrei a sala que queria mas antes de chegar a porta dele uma mulher vinha atrás de mim.- Senhora, visitantes não são permitidos nesta área. Peço que regresse a recepção.
Eu não estava disposta a esperar mais. Nem que ele esteja reunido com o Papa, vai ter que interromper e falar comigo. Ignorei a mulher que gritava , dei mais dois passos e abri a porta entrando na sala dele.
Olhei para frente e Marcos estava sentado, ele levantou a cabeça para olhar para porta apenas por um instante e voltou sua atenção ao ecrã a sua frente. Se ele estava chocado com a minha entrada súbita , desfarçou lindamente.-Esta tudo bem Luisa. Feche a porta ao sair.
A mulher fechou a porta e ficamos sozinhos.
- Voltamos a falar daqui a uma hora. Tenha um bom dia.
E ouvi uma voz que respondia do outro lado do ecrã. Bom , seja la quem for terá que esperar.
-Espero que tenhas uma boa razão para invadires a minha sala ,Karina.
- E eu espero que tenhas uma excelente desculpa para teres deixado Kayla a espera por três vezes e nem sequer te dignaste a ligar a informar que não irias aparecer.Ele baixou a cabeça e olhou para os papeis na mesa dele. Eu me aproximei e bati com a mão na mesa.
- Estive ocupado- Ele murmurou.
- Claro que estavas . O que não entendo é porquê esse circo todo se não ha espaço para uma criança na tua vida. Eu é que tive que lidar com a decepção dela por três domingos consecutivos. Tive que consolar e curar o coração partido de uma criança de 4 anos por se sentir rejeitada pelo pai. Se não tinhas intenção de cumprir com as visitas devias ter informado no dia da decisão da juiza e terias nos poupado tempo e desgostos.Quando terminei de falar minhas mãos tremiam e Marcos continuava com a cabeça baixa e concentrado nos seus papeis. Minha vontade era empurrar tudo para o chão só para obriga-lo a me encarar.
- Vejo que tens coisas mais interessantes para fazer que ouvir-me. Enquanto terminas , vou conversar com a recepcionista e talves ela se interesse em saber que tipo de homem tu és.
Dei-lhe costas e não dei nem três passos e a mão dele segurava firmimente meu braço.
-Nem te atrevas!- O tom grave da sua voz ecoou pelas paredes.
- Tira as tuas mãos de mim , Marcos- Eu respondi sem me deixar intimidar. - Ou o quê, Karina? Vais tentar bater-me novamente? Não teras tanta sorte desta vez- Ele falou segurando meu outro braço obrigando-me a ficar frente a frente com ele. - Eu grito e quero ver explicares quem sou e o que se passa aqui? -E eu quero ver conseguires gritar com a boca ocupada.Antes que eu pudesse entender suas últimas palavras ele havia eliminado a pequena distancia que havia entre nós. Presa por seu abraço eu não conseguia mover um musculo e sua boca , colada a minha, Impedia-me de gritar por socorro.Aquele beijo era uma mistura perigosa de desejo e raiva. Por mais insano que possa parecer, eu retribuia. Ele era imprevisível, e me deixava tonta. Mas o beijo era, wow, intenso, faminto e com raiva a mistura.
Quando nos afastamos, ambos estavamos ofegantes .- Tens que parar com isso. - Eu falei tentando paracer calma.
- E tu tens que parar de tentar desafiar-me. -É assim que reages quando uma mulher te desafia? Uau.. - Nenhuma mulher o faz. São inteligentes o suficiente para saber que não é uma boa ideia.A porta abriu e foi como um choque eléctrico , porque ambos fomos para cantos opostos um do outro. Uma mulher entrou e era diferente das que havia encontrado pelos corredores. Estava vestida formalmente e o rosto dela cuidadosamente maquiado. Ela olhou para mim da cabeça aos pés e em seguida caminhou até onde Marcos estava.
-Lia, não esperava ver-te aqui hoje.
-Pensei que não precisasse marcar uma hora para ver o meu futuro esposo.- Ela falou enquanto encostava seus lábios na boca do Marcos.Na boca que ha poucos segundos devorava a minha, de forma insana.
Eu continuava parada assistindo a cena desenrolar-se a minha frente. Felizmente o beijo não durou nem um segundo, pois Marcos afastou-se e falou de imediato.
- Lia, esta é a Karina, mãe da kayla. Karina ela é a Lia minha noiva.
Como era de esperar não houve aperto de mão, abraços ou beijinhos. Apenas olhares e um silencio assustador.
Isto vai ser interessante...
MARCOSO momento que Lia entrou na sala eu me senti como se estivesse sentado em uma bomba prestes a explodir. As duas se encaravam e o silencio era de cortar o coração-Karina, podemos continuar esta conversa outro dia?- Não. - Ela respondeu sem desviar o olhar da Lia.-Olha querida, alguns de nós tem assuntos mais importantes a tratar. Portanto, se nos desses licença...- Eu só preciso que o seu queridinho se comprometa a sair da minha vida e me ponho a milhas.Isto precisa parar antes que aconteça o pior.-Lia, eu trato disto. De-me cinco minutos e ja conversamosPara meu alivio, Lia e Karina são completamente diferentes. Enquanto Karina teria discutido e desafiado a minha ordem, Lia não precisou que eu dissesse duas vezes. Saiu da sala sem dizer nem uma palavra.- Eu não abrirei mão do meu direito de ver a miuda uma vez por semana.-Porquê não? Não estas a usa-lo.-Prometo que este fim de semana não faltarei. Agora podes deixar- me trabalhar?Aparentemente ela estava satisfeita c
KARINATive meu momento de lucidez instantes após ter sido consumida pela loucura que era estar a escassos centímetros de Marcos. Afastei-me lentamente porque , honestamente estava ser dificil manter meu equilibrio.-Isto é uma péssima ideia, - MurmurreiEle , tal como eu, lutava para sair do transe.-Concordo. Acho que está mais do que na hora de ir embora. Boa noite Karina.Desta vez não houve formalidades ele apenas deu meia volta e saiu o mais rápido que pôde. Depois que a porta fechou , relaxei e sentei no sofá por alguns minutos.O que estou a fazer com a minha vida? Eu estava bem , feliz até, antes de ele voltar e acabar com minha paz. Daqui em diante irei pôr a Diana a supervisionar as visitas. Fora de questão ficar num espaço confinado com aquele homem. Fui para cama com ele na cabeça , o que só resultou em sonhos molhados a noite toda.Dia seguinte estava de péssimo humor e atrasada. Até a hora que cheguei a loja ja havia proferido uma dúzia de obscenidades a vários conduto
MARCOSEu cheguei ao escritório questionando minha sanidade mental. Entrei na minha sala sorrindo feito um idiota. Bom, não vou mentir que algumas coisas mudaram nos últimos dias. Não pensei que fosse querer passar tempo com minha filha. Mas , a miúda deve ter saído a mãe porque estou viciado.Quase tive um acidente quando travei bruscamente em frente a loja de brinquedos depois de ter visto aquela monstrousidade de boneco de peluche. Mas valeu a pena cada centavo depois de ver o sorriso dela.Yep, estou a ficar louco. E apesar de estar completamente fascinado pela Kayla, foi impossivel ignorar Karina . Aquela saia que abraçava suas coxas na perfeição, a racha frontal que deixava ver parte da sua perna e me convidada a querer ver mais, a blusa de uma transparencia que atiçava minha curiosidade e aqueles sapatos vermelhos que deixavam minha imaginação correr solta. Se ela fosse minha eu não a deixava ir trabalhar assim vestida. E como um adolescente usei uma desculpa parva para vê-
KARINAFiquei mais de 15 minutos a olhar para o ecrã tentando entender o que estava a acontecer. Não sabia como lidar com o novo comportamento do Marcos. Deixei o celular de lado e voltei minha atenção a quantidade de caixas a minha frente. Era dia de inventário e havia recebido nova mercadoria. Diana iria ficar com Kayla esta noite porque eu não tinha hora para sair do trabalho. Estava imersa no trabalho quando meu celular toca. Vi o nome do Marcos no ecrã e ignorei. As duas meninas que haviam ficado para ajudar estavam num canto exaustas. Olhei para hora e lhes dei razão. Já passava das oito da noite.-Acho que por hoje chega. Podem ir .Elas levantaram-se imediatamente e foram levar as bolsas. Eu levei algumas caixas para dentro do pequeno armazém nos fundos da loja. Precisava de um banho e algo para comer. Meu estômago fez um barulho como se estivesse a concordar comigo.Sai do armazém já com um plano para quando chegasse a casa. Caminhava despreocupada para minha sala quando a
MARCOSO que estava eu a pensar quando fui la. É óbvio que ela me odeia. Eu preciso me concentrar no que realmente interessa e parar de fantasiar com a família perfeita.Parei no primeiro bar que vi. Só me dei conta do quanto o lugar era sinistro quando já estava no balcão. Pedi um duplo de whisky e bebi tudo num único gole. Paguei e saí imediatamente.Logo que entrei no carro o celular tocou. Atendi com o sistema de bluetoth do carro para ter as mãos livres e conduzir. Queria sair dali o quanto antes.-Alô.-Marcos, onde estás? Estou a horas a tua espera. Tínhamos um jantar hoje ou esqueceste?- Lia gritava irritada.Droga. Eu me esqueci totalmente. Como iria ao tal jantar com meu corpo com cheiro a sexo, meu humor destruido por aquela mulher que acabava de dar-me um momento de prazer e depois atirou-me a rua como se não se importasse. -Inventa uma desculpa. Não estou com cabeça para isso hoje.- Marco, tu sabes que tua mãe não me vai deixar em paz se não vieres. - Lia faz questão d
MARCOS Pior que a ressaca no dia seguinte, foi ler a mensagem que enviei para Karina. A próxima vez que eu quiser embebedar-me preciso desligar o celular. Como vou rectificar isto? O que se passa comigo? Eu não ajo por emoção. Eu tenho meus planos traçados e revejo cada passo que dou. Cheguei ao trabalho e liguei imediatamente para Isaac. Preciso de uma saída e rápido .Como bom amigo e advogado leal, ele não levou nem meia hora e, logo, entrava pela porta. - Onde é o incendio? E bom dia.- Ele falou enquanto sentava-se a minha frente.- Desta vez o incendio já consumiu tudo meu amigo.Preciso de um milagre.-Sabes que eu de milagres não entendo nada. Mas é assim tão mau? Entreguei-lhe o celular com a mensagem que enviei para Karina no ecrã. - Oh merda! Não ha milagre que te salve.- Ele falava em meio a gargalhadas.- Como se eu não soubesse disso.- Murmurei irritado.-O que te deu para enviar essa mensagem?-Karina consegue tirar-me do sério. E ontem ela pisou nos meus calos e eu s
KARINAPassava uma semana que não via Marcos. Ele até tentou , mas consegui antecipar todos movimentos dele. Sentia-me invencível , mas acima de tudo em paz.Minha vida estava de volta a normalidade. O domingo chegou e repetimos a rotina. Fui deixar Kayla com Diana e sai de lá bem antes da hora marcada. Decidi caminhar pela praia enquanto esperava Diana avisar-me do fim da visita. Segurei minhas sandálias nas mãos e me aproximei da margem. Soube tão bem as ondas a baterem em meus pés que por uns instantes esqueci todo drama em que se tinha transformada a minha vida.-Karina.Uma voz me fez sair do meu momento. Olhei em direcção da voz e vi um homem aproximar-se. A principio não o reconheci. Quando ele chegou perto foi quando vi que o rosto me era familiar.- Oi . Isaac, advogado do Marcos.- Ele falou estendendo a mão para mim.Eu recuei um passo . Não acredito que ele mandou seguir-me! Ainda olhei a volta para ver se Marcos estava algures a espreita.- Calma, não estou aqui a mand
MARCOSOs últimos dias tem sido um teste a minha paciência. Karina continua a bloquear todas minhas tentativas de falar com ela. Estou a um passo de fazer uma estupidez.A festa de noivado é este fim de semana e não terei como levar Kayla. Resumindo: deu tudo errado.A porta da minha sala abriu e Isaac entrava com um sorriso de deboche estampado no rosto dele. Ele sabia que eu estava uma pilha por conta dos últimos acontecimentos.-Então, tudo a postos pro grande dia?- Ele falou sentando-se na cadeira a minha frente.-Claro que não. Eu queria ter Kayla comigo mas com Karina a bloquear-me não vejo isso a acontecer.- Lamento. Encontrei Karina no outro dia enquanto corria na praia. Admito, aquela mulher sabe como bloquear um homem.- Isaac , karina esta fora dos limites. - Meu tom de voz havia mudado e