Três

Jake passava entre as árvores e olhava para mim de vez em quando, sorrindo. Aquele sorriso lindo, que só Jake tinha, me deixava estranhamente feliz.

— Venha, Cat. Estamos chegando.

— Pra onde está me levando, Jake?

— Você vai amar.

O brilho nos seus olhos, o tornava ainda mais perfeito. Escuto um barulho de água caindo, e começo a me dar conta de para onde estávamos indo. Jake para, e se encosta a uma árvore, esperando-me aproximar. Quando eu chego do seu lado, ele desencosta da árvore e se aproxima mais de mim, fazendo a minha respiração praticamente parar. Jake coloca uma mecha do meu rebelde cabelo para trás, e umedece os lábios, olhando para a minha boca.

— Eu achei isso aqui dois dias atrás. — ele fala baixo, e puxa um galho daquela árvore para o lado mostrando uma bela cachoeira. — E desde então, eu fico aqui pensando em você!

Torno a olhar para Jake, e ele sorria. Mais uma vez.

— Pensando em mim?

— Você sabe que sim. — ele solta um pequeno riso e pega na minha mão, deixando—me arrepiada da cabeça aos pés. — Vem, Catssyn!

Deixo Jake me puxar para a cachoeira, onde eu vejo em uma pedra, uma toalha esticada.

— Já tinha planos de me trazer aqui? — pergunto.

— Esse pano fica aí desde que eu descobri esse lugar. Eu só queria uma forma de te convencer a vir aqui comigo. Seu namorado estava sempre no seu pé.

— Zack realmente é pegajoso.

Ele me ajuda a sentar na toalha e se senta de frente para mim. Jake fazia um carinho na minha mão com o seu polegar, e olhava nos meus olhos.

— Eu nunca me apaixonei tão rápido. — ele diz.

— Apaixonou?

— Sim, Cat. — ele chega um pouco mais perto. — Eu... gosto muito de você.

— Jake, eu...

— Deixa o Zack. Fica comigo.

— Eu nem te conheço direito, Jake. O que sei sobre você? Que é de Bradford, que tem dezoito anos, que...

— Que me apaixonei pela menina mais linda do acampamento à primeira vista. Não é um bom argumento?

Ele ri.

— Jake...

— Cat, não diz nada. Ok? — ele coloca sua mão vazia no meu rosto e acarinha a minha bochecha. — Eu esperei muito por isso.

Eu fecho os meus olhos e me esforço para escutar apenas a água caindo, o vento batendo nas folhas das árvores e a respiração de Jake, que estava cada vez mais perto. Tento, inutilmente, fazer a minha cabeça entender o quão errado aquilo era, mas eu sinto que se eu não fizer isso, não beijar Jake, eu vou me arrepender todos os dias da minha vida.

Então quando eu sinto seu hálito quente inalar nas minhas narinas e seus lábios rasparem nos meus, eu coloco minha mão em sua nuca, agarro em seu cabelo e o puxo para mim. Apesar da minha brutalidade nosso beijo é lento. Nossas línguas se entrelaçam com carinho.

Mas de repente, palmas faz a gente se separar.

— PARABÉNS, CATSSYN!

A figura do meu namorado, encostado à árvore batendo palmas freneticamente, me assusta e eu não consigo me mover. Fico sentada naquele pano, enquanto Jake se levanta e Zack se aproxima.

— Eu fiquei de olho em você desde que eu peguei vocês de papinho no café da manhã. — Zack diz de braços cruzados e olhando para Jake.

— Então notou que eu a queria?

Vejo Zack fechar os olhos e respirar fundo, antes de dar um risinho. O risinho que eu sabia, que ele só dava quando estava nervoso.

— Na fogueira eu notei. — ele responde. — Quando Catssyn começou a cantar uma música da banda do primo dela. Você ficava olhando como um idiota pra ela, que sorria e abaixava a cabeça.

— Mas mesmo assim ficou em cima dela. Quando estávamos conversando, você chegava e arrumava um jeito de mostrar que ela era sua.

— Sim, cara. Óbvio. Catssyn era minha namorada.

— Era? — minha voz sai baixa.

— Acha mesmo que vou ficar com uma puta como você?

— Olha como fala dela. — Jake rosna e se aproxima de Zack.

Meu sensor de briga começa a apitar e eu me levanto, me metendo no meio dos dois.

— Jake, não. — peço. — Zack, me escuta. Por favor.

— O que eu tenho para ouvir? Hm? Você não está apaixonadinha por ele? Não estavam se beijando como dois adolescentes idiotas a beira de uma cachoeira? — eu não consigo responder, pois não há respostas para isso. — Você me trocou por um cara que mal conhece, Cat. Tínhamos planos de uma vida toda juntos. E você jogou tudo fora. Por ele!

— Eu sei... Me perdoa... Eu não pude me controlar... Eu me... Me apaixonei.

— AH, CATSSYN MILER! LINDO! PALMAS PARA VOCÊ!

— Para de gritar! — exclamo, ficando assustada com aqueles gritos.

— Não! Não paro. Sabe por quê? — eu não respondo, apenas olho em seus olhos. — Porque eu vou fazer você pagar. Mas pagar bem caro, Catssyn. Você vai se arrepender, de um dia ter me feito de idiota.

Ele se vira e entra na floresta.

— ZACK? ESPERA.

Eu tento ir atrás dele, mas Jake segura meu braço e me puxa para um abraço.

— Eu tenho que dar um jeito nisso, Jake. — digo, tentando me controlar para não chorar. — Eu vou ficar mal falada em Bradford.

— Não vai. Fica calma. Eu estou com você! Eu vou ficar com você!

Me afasto um pouco e pego suas mãos.

— Promete?

— Sim, Catssyn. — ele beija a minha testa e me abraça de novo. — Não importa o que ele faça, vamos enfrentar juntos.

Naquela noite eu dormi no quarto de Jake, pois ele tinha medo de que Zack pudesse fazer algo comigo. Mas nada rolou entre nós. Apenas dormimos. No dia seguinte eu fui para o quarto que dividi com Zack, com Jake me escoltando. Mas ele não estava no quarto. Tratei de arrumar logo as minhas malas e Jake me ajudou a levar para fora. Ele não iria no ônibus, pois tinha seu próprio carro. Chegou a me oferecer uma carona, mas eu não pude aceitar pois eu tinha que chegar em casa no ônibus do acampamento e com o Zack do lado. Não nos falamos toda a viagem, embora eu quisesse falar com ele e dar um jeito nessa história, mas não tinha jeito.

Eu e Jake ficamos trocando mensagens. Ele dizia que não via a hora de me ver de novo, que era pra eu me acalmar, pois não tinha como Zack provar nada. Mas eu mal sabia que o pior estava por vir. Assim que eu desci do ônibus, eu vi todos me olharem e ao mesmo tempo começarem a rir. Eu já não via mais Zack, quando uma mulher chegou em mim, perguntando se eu não tinha vergonha de expor a família Miler da forma como fiz. Quando perguntei sobre o que ela estava falando, ela me mostrou seu celular, com o vídeo rolando.

Minha cara, minha moral e minha vida foram parar no chão, chocada com o que Zack teve coragem de fazer. Eu corri para casa, procurando o carinho da minha família, mas só recebi desprezo. Todos jogaram na minha cara que isso ia chegar nos ouvidos das fãs de Zion e que iria acabar com a carreira dele.

Jake? Sumiu.

Eu mandei uma mensagem contando tudo pra ele, e nada. Nenhuma resposta. Eu ligava e só dava caixa postal.

Ele me deixou.

Não cumpriu sua promessa de estar comigo. Eu sabia que não podia confiar em uma pessoa que eu nunca tinha visto na minha vida, mas o meu coração me deixou cega. Eu me apaixonei por Jake e ele me deixou.

Eu já estava chorando compulsivamente e não conseguia parar de jeito nenhum. Eu odiava lembrar de tudo, ainda mais de Jake.

— Cat? — Zion me chama e eu continuo olhando pela janela, tentando parar de soluçar. — Catssyn, porque está chorando?

Eu não respondo, tentando engolir o choro, mas ele só se intensifica. Zion se senta na minha frente e coloca o dedo no meu queixo, me fazendo olhá-lo.

— Você está me assustando, Catssyn! O que aconteceu?

— Me abraça, Zion. — digo, já o abraçando. — Forte, por favor.

— Cat...

Eu choro ainda mais e Zion me aperta contra seu peito despido.

— Dói demais, Zion.

— O que meu amor? — ele afaga a minha cabeça.

— Meu coração.

— Me deixa te ajudar. Cat.

— Não dá. — eu soluço e me afasto, secando o meu rosto. — Ninguém pode.

— Por quê? É algo com Zack né!? O que ele fez?

— Zion... — eu baixo a cabeça envergonhada e torno a chorar. — Eu sou uma vergonha. Para toda nossa família.

— Do que você está falando? — ele me faz levantar a cabeça e eu desvencilho olhando pela janela. — Olha pra mim!

— Eu sou uma grande vergonha, Zion! Você me odiaria.

— Cat, eu nunca te odiaria. Por nada. Fala pra mim.

Eu luto para contar tudo a Zion e ouvir seus maravilhosos conselhos. Mas eu apenas balanço a cabeça negativamente e corro para o quarto, deixando Zion me gritando. Me jogo na cama e me escondo em baixo das cobertas, deixando as lágrimas caírem ainda mais. Zion começa a bater na porta, então eu pego os meus fones e tento abafar os seus gritos desesperados com os seus agudos perfeitos.

[...]

Eu acordo com minha cabeça explodindo horrores. Tiro os fones e checo a hora. Já passava da hora do almoço. Respiro fundo, antes de sair do quarto e andar pelo corredor me apoiando nas paredes. Eu paro assim que ouço a voz de Zion.

— Mas eu estou preocupado com a Cat. Eu nunca a vi assim.

...

— É, eu já perguntei, mas ela só falou sobre ser a vergonha da família.

...

— Como? Porque está falando assim dela? Catssyn é um exemplo de filha e...

...

— Mas o que...

Ele olha pro telefone e em seguida balança a cabeça negativamente.

— Zion...

Zion se vira e me olha. Seu olhar sobre mim, me dá uma enorme vontade de chorar. Ele praticamente corre até mim e me segura antes de eu cair no chão, chorando.

— Ah, Cats! — ele me abraça contra seu peito de novo e beija a minha cabeça. — Eu quero saber o que está havendo. Tia Jos disse coisas horríveis.

— Ela me odeia, Zion. Sente vergonha, nojo de mim.

— Eu só quero entender o porquê.

— Eu não quero que tenha nojo de mim, Zion. — eu não consigo controlar mais o meu choro e Zion nos afasta, passando a mão pelo meu rosto.

— Nossa Cat... você está muito quente. — ele coloca sua mão na minha testa e arregala os olhos. — MUITO QUENTE. Você está ardendo em febre!

Ele me pega no colo e me põe sentada no sofá.

— O QUE EU VOU FAZER? — ele grita.

— Zion, calma. É só uma febre. Provavelmente pela mudança do clima. Logo passa.

Eu já estava controlando meu choro.

— Tenho que comprar algum remédio pra você.

— Zion, fica aqui comigo.

— Cat eu não sei cuidar de pessoas doentes! — ele diz e anda de um lado pro outro passando a mão em seu topete. — Eu vou em uma farmácia aqui perto. Não demoro.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo