Oito

Volto a olhar para a tela no exato momento em que Sophie beija Charlie, caído no chão e o filme acaba. Eu respiro fundo e ajeito meu corpo, quando as luzes se acendem.

— ADOREI! — Logan grita se levantando.

— QUE FOI? — Zion grita.

— O filme acabou seu idiota! — Leon diz, dando um tapinha na cabeça do meu primo. — Dormiu o filme todo.

— Mentira. Eu a vi achando a carta dentro da pedra.

— Não acredito que você dormiu, Zion! — reclamo. — Cadê Henry?

— Aqui! — olho para trás e o vejo na sentado na última fileira com as pernas em cima da outra. — Gostei do filme. Boa escolha.

— Eu disse. Veremos outro?

— Eu não quero! — Zion diz se levantando.

— É. Mais tarde vemos outro! — Henry diz.

Eles se encaminham para voltar à sala e eu vou atrás de Leon, com Nate atrás de mim. Eles decidem fazer uma competição de vídeo game e Zion reclama por não poder jogar. Então eu também fico de fora, para que as duplas fiquem certas. Nate joga com Leon e Logan com Henry.

Zion deita no sofá e coloca a cabeça em cima das minhas pernas. Faço carinho em sua cabeça, enquanto observo os meninos jogarem.

Depois de uma hora, Zion já havia dormido novamente e eu estava entediada. Puxo uma almofada e coloco embaixo da cabeça de Zion e me levanto devagar, sem chamar atenção dos meninos. Pego no meu livro que estava dentro da minha bolsa e vou para a sala do piano. Me sento no grande sofá, pronta para começar a leitura. Mas meus olhos vão direto para o piano, e minha vontade de tocar naquelas teclas, volta.

Olhar para um piano, faz com que eu lembre da forma com que Jake tocava as teclas com suavidade e olhava nos meus olhos. E automaticamente lembro do beijo, de Zack, da volta para Bradford e quando percebo, estou chorando.

Olho para cima e começo a respirar fundo para que pare logo de chorar. A porta é aberta e Nate entra.

— Cat, o que foi? — pergunta se sentando na minha frente, visivelmente preocupado.

Eu passo a mão pelo rosto e tento sorrir.

— Está tudo bem. Não se preocupe.

— Eu já estou preocupado. — ele pousa a mão na minha bochecha e passa o polegar perto do meu olho.

— Apenas o livro. — levanto o mesmo e sorrio de lado. — Parte emocionante.

— Só isso?

— Sim.

— Tudo bem! Quer que eu te deixe sozinha para ler?

— Não. — eu me levanto, rápido até demais. — Vamos voltar pra lá.

Ele sorri pra mim e nós voltamos para a sala. Zion não havia mexido um fio de cabelo. Continuava dormindo pesadamente. Leon observava, Logan e Henry jogar um contra o outro e ficou feliz ao ver Nate voltar para a partida.

Me sento do lado de Zion e leio meu livro, embora os gritos dos meninos me façam perder a concentração algumas vezes.

[...]

— Estou com fome! — Nate diz e Zion já acordado concorda.

— Vamos jantar o que? — Logan pergunta.

— Que tal pizza?

— Fechou!

Henry liga para a pizzaria e pede três pizzas. Uma de presunto, uma mozzarella e uma moda da casa. Em meia hora elas chegam e nós comemos de frente para a lareira acesa. Corto a pizza de Zion em vários pedaços, para que ele possa comer bem.

— Para de graça. — digo tirando a faca da mão dele novamente. — Eu só estou te ajudando.

— Me sinto um bebê!

— Quem mandou cair, bebezinho? — Logan diz rindo e eu lanço um olhar furioso pra ele, o que faz ele arregalar os olhos e olhar para o outro lado.

Reviro os olhos.

Termino de cortar a pizza de Zion e lhe entrego seu garfo para que ele coma. Me encosto novamente no sofá e corto um pedaço da pizza de mozzarella e levo—a à boca. Nate sentado do meu lado direito, conversa com Leon sobre algo que eu não me esforço para saber.

Depois de terminar de comer, Zion diz que quer tomar um banho para dormir e eu me ofereço para ajuda-lo, mas Nate não deixa.

— Eu o ajudo! — Nate diz se levantando.

Ele e Zion trocam um olhar que me deixa curiosa, mas eu acabo deixando pra lá.

— Quer conhecer seu quarto agora, Cat? — Henry pergunta e eu concordo. — Vem!

Eu pego na minha bolsa e acompanho Henry escada acima. Ele entra em um dos vários quartos que tinha naquele corredor e faz sinal para que eu entre.

— Precisa de algo?

— Não. Eu estou bem! Obrigada.

— Eu vi. — ele diz se encostando à porta.

— O filme?

— O beijo.

Eu gelo, como se tivesse revendo aquela cena do acampamento.

— Henry...

— Calma. — ele anda até mim e segura a minha mão. — Você está tremendo. Não há razões pra isso.

— Não?

— Você não tem nenhum relacionamento com algum de nós. Pelo que sei é solteira e não deve nada a ninguém. Não fica nervosa. Se está assim por causa de Zion, eu não vou falar nada!

— Ahhh. — eu me sento na cama e respiro fundo. — É... é por causa do... do Zion.

— Eu não conto. Prometo! Só se acalma.

Henry faz movimentos circulares nas minhas costas e eu respiro cada vez mais fundo.

— Obrigada. — digo baixo. — Agora eu vou tomar banho.

— Quer que eu fique aqui?

— Não precisa. — me levanto. — Eu estou bem.

— Se precisar de qualquer coisa, você grita. Tudo bem?

— Sim. Pode deixar. — sorrio de lado e espero Henry sair do quarto.

Não sei o que me deu. Subiu uma onda de desespero, idêntica à que me subiu, quando Zack me pegou beijando Jake. Era como se Henry fosse Zack e Nate o Jake. Como se eu estivesse cometendo o mesmo erro.

Eu pego meu pijama comportado e necessaire de dentro da bolsa e vou para o banheiro. Troco de roupa e escovo os dentes rapidamente. Volto para o quarto e coloco a minha roupa dentro da bolsa. Coloco meias e saio do quarto para ver Zion. Desço as escadas e encontro Nate, apenas de bermuda, na sala.

— Olá! — ele diz batendo na almofada ao seu lado.

Vou até ele e me sento do seu lado, permitindo que me abrace.

— O que falou para Zion? — pergunto.

— Ele te falou algo?

— Não. Desci para ver se ele estava aqui. Agora estou mais curiosa.

— Eu meio que fui pedir permissão a ele para te levar pra sair. — ele coça a cabeça e eu me afasto um pouco.

— Permissão?

— É! Fiz mal?

— Só não entendi. — me encosto novamente nele. — Mas o que ele disse?

— Que não queria saber de ver você chorando mais. E apoiou.

— Hmm...

— Contei a ele do beijo. — ele solta uma pequena risada. — Ele me jogou água e me chamou de apressadinho.

Acabo rindo da escolha da palavra de Zion e Nate dá um beijo no meu rosto.

— Eu gostei. — digo. — Do beijo.

— Eu também. Demais.

Ficamos em silêncio. E eu fiz aquilo de propósito. Eu queria que Nate me beijasse de novo.

— Será que... eu posso pedir pra repetir? — ele pergunta e eu mordo o lábio.

— Sim.

Nate coloca uma mão na minha nuca e me faz deitar no sofá. Ele passa o polegar pelo meu lábio, enquanto corre seu olhar penetrante pelo meu rosto. Sinto minha respiração ficar falhada e anseio pelos lábios de Nate nos meus. Nate aproxima seu rosto do meu e morde meu lábio inferior, puxando-o de leve.

— EU VOU PEGAR LOGAN, ESPERA AÍ!

A voz de Leon faz com que Nate pule para longe e eu puxo minhas pernas, ficando sentada. Tento controlar a minha respiração, quando Leon se aproxima.

— Oi pessoas!

— Oi, Leon. — eu e Nate dizemos juntos.

— Tudo bem?

— Claro que sim! Por que não estaria? — digo me levantando.

— Não sei...

— Vou subir. — fico na ponta do pé e dou um beijo no seu rosto. — Boa noite. — olho para Nate e sorrio de lado. — Boa noite, Nate.

— Boa noite.

Subo as escadas rapidamente e trombo com Henry, indo de encontro com o chão.

— Ohhh, céus, desculpe! — ele se abaixa e pega na minha mão, me ajudando a levantar. — Tudo bem?

— Ai... sim. Me desculpe. Eu vim correndo e...

— Tudo bem, Cat! Relaxa. Você que acabou caindo.

Nós rimos.

— Em que quarto, Zion está? Quero dar boa noite a ele.

— No quarto do lado ao que você está! — diz apontando. — Do lado dele o de Leon, depois Nate, depois Logan e por último o meu. — ele dá uma piscadinha e eu coro. — Caso queira ir visitar alguém durante a noite!

— Para, Henry. — o empurro de leve e ando na direção do quarto de Zion. — Boa noite.

— Boa noite, Cats.

Bato na porta do quarto e estranho ouvir a voz de Zion dizendo para entrar.

— Achei que estivesse dormindo! — digo, entrando.

— Estava pensando.

— Hmm... — ando até a cama e me sento na ponta. — Posso saber no que?

— Nate veio falar comigo.

— Eu sei. — digo e me levanto. — Ele comentou comigo.

Zion lança um sorriso malicioso pra mim e eu reviro os olhos.

— Você dá sorte que não pode apanhar. — digo.

— Deita aqui!

— Você está de cueca?

— Não. — ele puxa a coberta e deixa a mostra a calça de moletom azul escuro. — Vem.

Deito de seu lado, com a cabeça em seu peito.

— Você é o irmão que nunca tive. — digo.

— Amo você, Cat! Como minha irmã! E as minhas te adoram.

— Elas são uns anjos. — sorrio de lado. — Pena que sua mãe não... quer que elas tenham contato comigo.

— O QUE?

Eu me levanto um pouco assustada e me arrependo de ter aberto a boca.

— Minha mãe não tem esse direito. Ai...

— Zion, para! Não faz movimentos bruscos. Eu falei demais.

— Falou o suficiente! — ele faz careta. — Que raiva.

— Zion, não. Por favor. Não quero que me que odeiem mais.

— Mas isso não pode ficar assim, Catssyn!

— Por favor! — imploro. — Não fala disso com sua mãe! Por favor.

— Okay. Não falo agora!

— Zion...

— Okay, Cat! Não falo nada!

— Promete?

— Sim. Prometo.

— Acho que vou...

— Dorme aqui comigo. — pede.

— Você vai ficar desconfortável.

— Não vou. Por favooooor!

— Está bem!

Ajeito seu travesseiro e ele se deita. Conversamos um pouco, até que ele dorme e eu me viro para o outro lado, fazendo o mesmo.

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