Sete

— Entreeeeeem! — Henry nos recepciona com um copo na mão e visivelmente embriagado. — Cat você está uma gata!

— Controle a bebida, Stockler! — Zion diz e eu sorrio. — Venha, Cat.

Dou a mão a Zion e entramos na mansão de Henry. Logan e Leon estão jogados no chão da sala, na frente da enorme TV de plasma, jogando uma partida de futebol. Nate sentado no sofá, cruza as pernas quando nossos olhares se encontram. Ele torna a olhar pra TV e eu abaixo o olhar.

— Quer beber algo, Cat? — Henry joga o braço em volta do meu pescoço, e fala próximo do meu ouvido.

— Afasta, Henry!

— Qual foi, Zion? Eu só estou sendo gentil! — eu faço careta, quando o cheiro de álcool puro entra no meu nariz.

— Vodca, Henry. Vodca!

— Já trago! — ele dá um beijo no meu rosto e se afasta, me permitindo respirar de novo.

Olho para Nate que desvia o olhar de mim mais uma vez, me fazendo suspirar.

— Vai falar com ele. — Zion diz, me dando um leve empurrão.

Eu reviro os olhos e ando bem devagar até o sofá.

— Olá meninos. — digo.

— Oi, Cats. — Leon diz e Logan me olha de lado.

— Logan pode me olhar nos olhos. Não vou te enfeitiçar nem nada!

Ele começa a tossir e Leon ri.

— Oi, Nate. — digo. — Posso sentar?

— Claro!

Ele descruza a perna e eu me sento do seu lado. Penso em uma forma de começar a pedir desculpas a ele, mas Leon e Logan começam a gritar.

— Nós podemos conversar? — pergunto. — Em um lugar silencioso.

— Sim, claro. Vem comigo.

Ele levanta depois de suspirar pesadamente e eu o acompanho. Olho de relance para Zion, que apenas balança a cabeça afirmativamente para mim. Nate entra em uma outra sala, aonde há um enorme piano e fecha as portas assim que entro.

Olho maravilhada para o instrumento, e luto contra a minha vontade de me sentar, e tocar.

— O que queria falar? — a voz de Nate faz me acordar do meu pequeno devaneio e o encarar.

Ele estava encostado perto da porta, com seu copo ainda em mãos.

— Aquele cara do hospital faz... parte do meu passado. Não muito, mas faz.

— Porque está me falando isso?

— Não quero que fique irritado comigo. — eu abaixo a cabeça e suspiro. — Não por conta daquilo.

— Não estou irritado. Talvez chateado, mas eu só quis te ajudar.

— Eu entendo. Mas na hora eu ainda estava muito atordoada por revê-lo e te tratei com grosseria.

— Não sei porque, mas acho que algo de muito grave aconteceu e... — eu me viro, não querendo olhar em seus olhos e ficar tentada a contar a ele.

— Sim. Aconteceu. Mas, Nate...

— Eu não vou perguntar o que aconteceu. — sua voz é suave. — Quem sabe um dia? Quando se sentir à vontade?

Sorrio de lado e me viro novamente. Vou até ele e o abraço.

— Obrigada. — sussurro o apertando. — Obrigada mesmo.

— Não precisa agradecer.

Ele nos separa do abraço e fixa seu olhar no meu. Sua mão está na minha cintura e a minha em cima de seus braços. A boca de Nate estava a centímetros da minha, meu coração pulsava tão rápido, que eu fiquei com receio dele poder ouvir. O que eu queria naquele momento, era que Nate me beijasse. Só isso. Não queria que Henry entrasse e me fizesse pular para longe do loiro.

— Hm... eu estava te procurando, Cats. — ele diz vindo na minha direção com um copo. — Atrapalho?

— Não. Estávamos apenas conversando, longe dos gritos de Logan.

Olho para Nate e ele sorri de lado.

— Obrigada. — digo à Henry, pegando o copo de sua mão. — Vamos voltar para lá?

Eles concordam e nós voltamos para a sala. Zion me lança um olhar curioso e eu sorrio para ele, sussurrando um tudo certo.

— O que vamos fazer o dia todo? — pergunto.

— Daqui a pouco vamos para os fundos almoçar. Estão preparando um churrasco para nós. — Henry diz. — E depois podemos ver filmes.

— No teu cinema?

— Henry tem um cinema? — pergunto, confusa.

— Sim. — Nate diz. — Tem uma sala, que parece uma sala de cinema. Grande telão, cadeiras de cinema.

— Tem até cadeiras para casais! — Henry diz sorrindo para mim e eu arqueio a sobrancelha.

— Algum de vocês tem namorada e ela virá aqui? Porque se não, não vejo motivos para usar a cadeira de casais!

Zion, Leon, Logan e Nate começam a gritar e eu apenas sorrio de lado. Eu bocejo e Nate sussurra:

— Geralmente os filmes do Henry são entediantes. Se você sentir sono, podemos usar a cadeira de casais para você dormir no meu ombro.

— É uma ótima ideia! — digo apoiando minha mão em seu joelho.

Henry se levanta e some por alguns minutos. Depois ele surge dizendo que já podemos ir para os fundos que o almoço está servido. Deixo os meninos irem na frente e vou atrás com Zion.

— O que ele sussurrou para você, hein? — ele pergunta sorrindo.

— Que talvez poderíamos usar a cadeira de casais.

— Mas já?

— Deixa de bobeira, Zion. — eu o belisco e ele ri. — No caso de eu sentir sono. Pois segundo Nate, os filmes de Henry são entediantes.

— A grande parte deles são. Mas algo me diz que ele dirá pra você escolher o filme desta noite.

Eu reviro os olhos e andamos mais rápido para os fundos da grande mansão de Henry. Havia uma enorme piscina que estava coberta por causa da neve. E como ainda nevava bastante, a mesa estava posta dentro de uma espécie de cabana, que era toda de madeira, mas com as portas e teto de vidro, davam pra ver a neve cair lá fora. Para entrar nela, havia um caminho de pedras. Desde o piso da mansão, até o piso de madeira da pequena casa.

— Por que você tem uma cabana no seu quintal? — pergunto, me sentando à mesa do lado de Nate e Zion.

— Qualquer lugar que nós vamos, com alguma menina, as pessoas falam demais. Por isso que eu comprei essa casa e fiz nela, tudo o que eu gostaria. Uma cabana, uma sala de cinema... até uma adega de vinhos eu tenho aqui!

— Uau! — fico totalmente maravilhada, pela esperteza de Henry e a beleza da pequena cabana. — Muito perfeito e esperto.

— Obrigado! Se sirvam.

Coloco em meu prato, um pouco do arroz alaranjado e um pedaço da carne.

Como toda a comida com bastante gosto e a base de risadas com esses idiotas. Como Zion disse, Henry diz que eu posso escolher o filme. Lembro do lindo livro que estou lendo, e penso em um filme que acho muito parecido.

— Cartas para Julieta! — digo.

— Romance?

— E dos bons!

— Aaaaah!

— Você disse que eu poderia escolher, Henry! — protesto. — Então quero ver esse! Vocês vão gostar.

— Tudo bem!

Sorrio satisfeita e me levanto, ajudando Zion a fazer o mesmo.

— Vai ter pipoca? — Nate pergunta, no caminho para o "cinema".

— Sabe que sim! E refrigerante.

Voltamos para dentro da mansão e Henry abre uma porta do lado da sala em que eu estava conversando com Nate. Era mesmo um cinema. Acho que tinha mais ou menos umas trinta cadeiras. Uma linha verde florescente, mostrava o caminho que tínhamos de tomar para as cadeiras.

Zion solta meu braço e anda atrás de Leon e Logan para a segunda fileira. Henry havia ido até uma salinha, colocar o filme que iríamos ver.

— Cadeira dupla? — Nate pergunta atrás de mim e eu assinto.

Ele anda na minha frente, para a quinta fileira e eu vou atrás dele. Me sento do seu lado e ele sorri pra mim. A diferença da cadeira de casais, para as individuais, é que essa não tinha nada nos separando.

Estávamos colados.

A luz na grande tela começa a brilhar e logo o filme começa. Uma mulher nos oferece um balde de pipocas e dois refrigerantes. Coloco o meu copo de refrigerante no buraco do braço da cadeira e deixo que Nate segure a pipoca.

Mesmo o filme sendo incrível, lindo e perfeito, eu apoio a minha cabeça no ombro de Nate e assisto o filme dessa forma.

Acho lindo o fato desse filme retratar, a história de uma mulher que reencontrou seu verdadeiro amor, cinquenta anos depois. E o jeito com que Sophie se apaixona pelo neto dessa mulher. É lindo. Ela vê que seu verdadeiro amor, não é o noivo que nunca tem tempo para ela, e sim o cara de Londres, com quem ela não se dava bem. O beijo dele sobre as estrelas, o jeito envergonhado dela no dia seguinte. Ela vai embora sem saber que o cara ia atrás dela. Depois que sua história é publicada, que ela recebe um convite de casamento, daqueles que ela ajudou a reunir, ela se toca que a vida que ela levava com o noivo não era a que ela queria. Que ele não era o que ela queria. Então ela vai pra Verona, para o casamento e revê Charlie. Ela acha que ele está com a Patrícia que ele amou e corre, para ir embora. Até que ele vai atrás dela.

Sinto Nate ri, ao ver ela na sacada do quarto e ele embaixo, bem no estilo Romeu e Julieta. Levanto um pouco a minha cabeça para o olhar e ele me olha também. Nate toca meu rosto com carinho e eu fecho os olhos. Os lábios dele tocam os meus com suavidade e eu entreabro a minha boca para que sua língua a invada e explore cada centímetro dela. Nossas línguas se entrelaçam devagar, com um beijo lento e doce. Ele puxa meu lábio inferior e torna a me beijar. Depois de me dar um selinho, dando fim ao nosso beijo, Nate acarinha minha bochecha olhando em meus olhos. Ele coloca o braço esquerdo em volta de mim e eu me ajeito, colocando meu rosto perto de seu pescoço, podendo inalar o seu maravilhoso cheiro.

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