Seis

Eu me aproximo do balcão e estalo as mãos no mesmo, aproximando nossos rostos.

— Nada do que eu estou pensando? Você sumiu depois que Zack postou aquilo, depois que prometeu enfrentar qualquer coisa comigo. — eu passo a mão pelo rosto, secando irritada, a lágrima que insistia em cair. — Eu banquei a criancinha se apaixonando pela primeira vez, acreditando em um cara que eu nunca havia visto na minha vida.

— Catssyn, você não sabe de nada. Não sabe a verdade...

— Sei o suficiente!

— Cat? — sinto o toque de Nate no meu ombro e eu fecho os olhos respirando fundo. — Tudo bem?

— Vamos embora!

Eu me viro e sinto a minha cabeça rodar. Nate me segura, antes que eu atinja o chão. Estava há muito tempo sem comer e ainda encontro com Jake. Eu não estava bem.

— Cat?

— Eu estou bem. — minto e umedeço meus lábios. — Só me tira daqui. — olho dentro de seus olhos azuis e deixo escorrer mais uma lágrima. — Por favor, Nate.

Ele assente e me ajuda a levantar, passando o braço em volta da minha cintura. Olho para Zion e abaixo a cabeça. Quando estamos saindo da cantina, Jake segura mais uma vez na minha mão.

— Cat, por favor.

— SAI! — grito. — VOCÊ JÁ ESTRAGOU A MINHA VIDA O SUFICIENTE! SOME!

— Catssyn...

— Você não a ouviu? — Nate entra na minha frente e encara Jake. — Eu não sei o que você fez, mas ver Cat nesse estado me dá vontade de te socar. E olha que sou calmo.

— Não se mete onde não foi chamado, loirinho.

Nate dá um passo à frente, mas eu agarro sua mão, entrelaçando nossos dedos.

— Não.

— Nate, vamos! — Zion diz.

— Vem, Nate. Zion precisa descansar.

Eu puxo Nate e vamos com os dedos entrelaçados até o carro, que ele estacionou na parte de trás hospital, onde não havia fãs. Ele me manda entrar atrás e ajuda a Zion a se sentar no banco da frente.

Minha mente começa a se encher de lembranças. Lembranças daquela semana, daquele beijo, de Zack nos flagrando.

— Cat, se acalma. — Nate diz, mas eu só consigo chorar mais. — Afinal quem...

— Não pergunte, Nate. Por favor.

— Mas, Zion...

— Não.

Eu encosto a minha cabeça na janela e meu choro se intensifica cada vez mais. Eu me sinto egoísta, por estar nesse estado, com Zion machucado. Mas é algo que eu não consigo controlar. Eu não estava preparada para encontrar com Jake hoje e nem nunca. E seu toque... a forma como me olhava, me fez relembrar da forma como ele me tocou no acampamento. De como ele me beijou suavemente e prometeu estar comigo. E depois eu me lembrei das tantas vezes que eu o liguei chorando, implorando para que me atendesse, que eu precisava do seu apoio, do seu abraço. E ele nunca me atendeu.

Quando finalmente Nate estaciona na garagem do prédio de Zion, eu peço para que ele ajude Zion a subir e corro. Corro para longe deles, para longe do prédio. Corro procurando um lugar onde eu possa me esconder e chorar sozinha.

Eu me sento em um banco e afundo meu rosto nas minhas mãos. A neve caia e me deixava com mais frio. Mas eu permaneço do jeito que eu estava. Sentada, chorando e com frio.

Com vontade de poder sumir.

Isso tudo é culpa minha. Culpa da minha traição.

— Cat? Cat, saia dessa neve! — levanto o olhar e vejo o carro de Nate com a porta do passageiro aberta. — Vem!

— Me deixa, Nate.

— Eu não vou te deixar aí! Zion está preocupado! E eu também. Entra por favor.

Eu suspiro pesadamente antes de entrar no carro de Nate e encher o banco de neve.

— Eu estou molhando o seu banco.

— E tremendo! — ele diz dando a volta. — Você quer conversar comigo?

— Não.

— Ok, Cat. Só não precisa ser grosseira.

— Eu não fui grosseira. Eu só... não quero falar sobre isso com você! E nem com ninguém.

— Desculpe.

— Para de pedir desculpas. — digo e ele para na frente do prédio de Zion. — Não vai subir?

— Não posso.

— Ah... obrigada por tudo. E desculpe.

Eu pulo de seu carro e corro para dentro do prédio, aproveitando o elevador aberto. Encosto-me no espelho e tento inutilmente parar de chorar.

Eu e essa maldita coisa de fazer as pessoas se afastarem de mim.

Assim que o elevador para e as portas se abrem, o meu primo vem ao meu encontro.

— Cat...

— Desculpe, Zion! — eu digo passando a mão pelo rosto.

— Cadê o Nate?

— Saiu correndo de perto de mim! — exclamo, entrando no apartamento — Assim como Logan. Você pode escrever. Só faltam dois amigos, para eu ser ignorada completamente e voltar para o inferno de Bradford!

— Catssyn, para! Da pra me contar agora quem é aquele cara?

— Não... Eu não consigo!

— Cat...

— Zion, não! — digo firme. — Eu não quero ser odiada por mais uma pessoa da família.

— PARA CATSSYN! PARA! EU NÃO SEI O QUE ESTÁ HAVENDO, MAS EU NUNCA ODIARIA VOCÊ! NUNCA!

— SIM ODIARIA. PORQUE NINGUÉM QUER TER EM SUA FAMÍLIA, UMA GAROTA QUE É TACHADA DE PUTA POR TODA CIDADE, SÓ PORQUE O IDIOTA DO EX COLOCOU UM VIDEO DELES TRANSANDO NA INERNET!

A boca de Zion se abre e eu me jogo no chão derrotada.

— Zack fez isso? — ele pergunta baixo e eu assinto. — Me deixa ver.

— O QUE? VER? FICOU LOUCO?

— Cat...

— Não, Zion. — me levanto do chão, vou até o sofá e me sento ao lado dele. — Eu não acredito que você não tenha visto até hoje, mas o meu maior medo, é que os meninos e suas fãs vejam. E que isso acabe com sua carreira.

— Cat, fica calma por favor. — ele passa a mão no meu rosto e eu respiro fundo. — Me conta tudo.

Eu assinto e começo a contar, cada minuto daquele acampamento. Pulando — claro — a parte da minha primeira vez com Zack. Quando digo sobre Jake, sobre a forma com que me apaixonei, meu choro se intensifica e Zion fica fazendo movimentos circulares nas minhas costas, com a intenção de me deixar calma.

Termino de contar a ele, falando sobre o que a minha mãe disse para mim.

— Você é a vergonha da família, Catssyn! Zion é o orgulho, você a vergonha!

— Ela não podia ter falado isso. — ele me abraça — Você não teve culpa nenhuma do que aconteceu!

— Mas acho que para ela, eu que deixei Zack colocar aquela câmera lá e me filmar. Mas espera... você não está com raiva de mim?

— Porque eu teria? Cat, você é a vítima aqui! Você apenas achou que seria a primeira vez mais perfeita do mundo para você.

— E seria, se eu não tivesse me apaixonado pelo Jake.

— Você ainda não teve culpa, Catssyn! Ninguém manda no coração. Poderia ter acontecido com qualquer um.

— Mas eu traí o Zack! E como consequência, ele me expôs na internet.

— Eu espero que nunca veja esse cara na minha frente. Sou capaz de mata-lo.

Eu abaixo a cabeça e Zion suspira.

— Foi ruim demais ver aquele cara hoje né!?

— Péssimo. — digo. — Foi como se todo aquele sofrimento voltasse. Eu não estava preparada.

— Eu te entendo.

— Agora sabe o que me fez sair de Bradford! — digo o olhando. — Sabe porque minha mãe tem vergonha de mim.

— Desculpe, mas ela é uma idiota por falar isso. Você não teve culpa.

— Deve ser.

— Esquece isso. — ele aperta a minha mão. — Você não está mais em Bradford e ninguém aqui sabe disso. Relaxa.

— Não conta para os meninos. E nem tenta assistir isso!

— Eu não vou. Prometo!

— Obrigada. — sussurro.

— Cat, nada vai mudar aqui. Você vai continuar comigo, e nós não tocaremos mais nesse assunto.

— Nate nunca mais vai falar comigo.

— Eu vou conversar com ele.

— NÃO!

— Eu não vou contar nada. Apenas vou dizer que ele é um cara do seu passado e que você não estava preparada para vê-lo. O que não deixa de ser verdade.

— Você quem sabe. — digo me levantando. — Quer algo?

— Não. Estou bem.

— Vou tomar um banho. Qualquer coisa grita e não apronte!

— Ok!

Dou—lhe um beijo no rosto e vou para o meu quarto. Eu tiro o grande casaco e o deixo na cama, indo para o banheiro em seguida. Dispo o meu pijama e entro na banheira. As imagens daquele acampamento invadem a minha mente, se misturando com as de hoje e eu tenho uma crise de choro.

Mais uma vez.

Decido sair da banheira, para não entrar de novo no estado melancólico que minha vida era. Depois que me seco e me enrolo no roupão, vou até o closet e pego em um vestido vermelho soltinho.

Visto-o e volto para a sala, prendendo o cabelo. Zion estava no telefone e fez sinal para que eu não falasse.

— Eu sei, Henry. Nós vamos. — me sento do seu lado e o encaro confusa. — Claro que Cat vai!

....

— Só diz ao Logan que ela não é bruxa.

....

—HAHAHAHAHA. NÃO LOGAN! ELA NÃO VAI FAZER O TEU... — ele me olha e eu o encaro confusa — Cabelo cair.

....

— Logan para! Ela só não gosta de falar sobre seus sentimentos.

....

— É. E diz ao Nate, que eu preciso falar com ele! — eu abaixo a cabeça. — Cala a boca, Logan. E nós vamos. Tchau.

Ele desliga a ligação e solta uma risada.

— Logan acha que você faz magia negra!

— De onde ele tirou isso?

— Disse algo sobre seu olhar ser profundo e que dá medo. — ele ri.

— E aonde nós vamos?

— Casa do Henry. Ele nos chamou para um happy hour.

— E eu tenho que ir? Por quê?

— Porque eu estou dodói e você tem que cuidar de mim. — ele faz biquinho e dá um beijo no meu rosto. — E precisa falar com Nate.

Olho em seus olhos e suspiro.

— Está bem.

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