Cinco

CATSSYN? CATSSYN SOCORRO!

Escuto Zion me gritar e corro até seu quarto, mas o encontro vazio.

— Zion?

AQUI NO BANHEIRO.

Ando rapidamente até a porta do banheiro e paro.

— Está vestido?

Ahhhh, claro. Eu tomo banho com roupa agora. É CLARO QUE NÃO.

Fecho os olhos e abro a porta do banheiro.

— Zion eu posso mesmo abrir os olhos? — pergunto e escuto uma risadinha. — É sério, Zion. Eu não quero ver nada demais.

— O que está a mostra você já viu. O mundo já viu.

Abro um olho e vejo Zion dentro da banheira, segurando o braço.

— O que houve? — pergunto indo até a banheira.

— Eu escorreguei. E acho que desloquei o ombro.

— Meu Deus! Temos que ir para um hospital. — digo nervosa.

— Primeiro se acalma e me ajuda a sair daqui.

— Eu não quero te ver pelado.

— Cat, amorzinho, você vai precisar me ajudar a vestir uma roupa.

— EU?

— Você está vendo outra Catssyn que seja meu amorzinho aqui?

— Que droga, Zion!

— Cat... se acalma. Ok? — balanço a cabeça ainda mais nervosa. — Me ajuda aqui.

Ele levanta o braço que não está machucado e passa em volta do meu pescoço. Assim que ele se levanta, sua toalha cai.

— AI MEU DEUS, ZION! — grito fechando os olhos.

— Cat, fica calma. Vamos para o quarto e lá eu me cubro.

— Isso. De uma refrescada nas suas coisas.

— Cat, para! — ele fica rindo, enquanto eu caminho com todo aquele peso, pendurado no meu pescoço.

Sem nada enxergar — pois eu não me atrevi a abrir os olhos em momento nenhum — ajudo Zion a sentar em sua cama.

— Eu estou coberto, Cat. Já pode abrir os olhos.

Eu abro os olhos e os reviro, pois o idiota está rindo da minha cara.

— E agora? — pergunto.

— Vai ali no closet e pega uma cueca e uma bermuda pra mim.

— Eu vou ter que tocar nas suas cuecas? — faço careta e ele ri.

— Estão limpas, garota. Agora vai rápido. Isso aqui tá doendo.

Eu corro para o seu closet e fico olhando em volta. Zion tem roupas demais. Abro uma gaveta e dou a sorte dela ser a das cuecas. Agarro em uma vermelha e pego em uma das calças jeans, voltando logo para o quarto.

— Eu vou ter que te vestir? — pergunto, me abaixando para que ele passe as pernas pela cueca.

— Sim. É só ter cuidado pra não tocar em nada.

— Credo, Zion. — ele ri, enquanto eu puxo sua cueca pela sua perna. — Agora eu vou fechar os olhos e você termina de puxar. Está bem?

— Puxa de um lado que eu puxo do outro.

Eu seguro na barra da cueca pelo lado direito e ele na esquerda. Zion se levanta e eu fecho os olhos, puxando sua cueca para cima, com o maior cuidado para não tocar em nada.

— Pode abrir, Cat.

Abro os olhos e coro ao ver Zion de cueca. Admito que meu primo é um deus grego e muito perfeito. Balanço a cabeça e o ajudo a colocar a calça jeans. Foi mais fácil que a cueca. Depois que eu o ajudo a colocar o sapato, corro até o meu quarto e coloco uma bota e um sobretudo em cima do meu pijama. Estava muito cedo.

— Zion você vai congelar sem um casaco. — digo. Nem de camisa ele estava. — Espere.

Eu corro até seu quarto e pego um lençol e o enrolo nele.

— Ai, Cat.

— Desculpe.

Ele pede a sua carteira e eu a pego. Logo em seguida nós descemos e eu peço um táxi. Como eu não conheço Londres, Zion diz o endereço do hospital mais próximo. Ele geme algumas vezes de dor e eu fico apreensiva, apenas pedindo pra ele se acalmar.

Todo o caminho para o hospital, eu fico pensativa. Penso no dia anterior. Em como Nate foi fofo e atencioso comigo.

Logo chegamos ao hospital e eu pago ao motorista o valor da corrida. Saio do carro e dou a volta, para ajudar Zion a sair. Entramos no hospital e eu vou direto ao balcão.

— Por favor, meu primo precisa de um ortopedista.

— Filhinha preenche isso aqui e espera! — ela joga um papel em cima do balcão, sem ao menos me olhar e eu arqueio a sobrancelha.

— Acho que você não me escutou direito. Eu disse que meu primo, Zion Miler, o cantor da boyband Fivers, a número um do mundo, está precisando de um ortopedista!

Ela arregala os olhos e eu aponto para trás, onde Zion está sentado com o lençol em volta de seu corpo.

— UMA CADEIRA DE RODAS AQUI! — ela grita e eu reviro os olhos. — Desculpe, eu...

— Não me interessa!

Ando para o lado de Zion e logo surge um homem com a cadeira de rodas.

Ele leva meu primo para dentro de uma sala e eu decido ficar do lado de fora esperando. Zion deixa celular e carteira comigo, para que não esqueça nada lá dentro.

Depois de meia hora, o médico me chama e eu entro na sala, encontrando Zion com o braço direito engessado.

— Ai meu Deus... quebrou? — pergunto indo até ele.

— Apenas uma deslocada devido à queda. — o médico diz. — Vai precisar ficar com o gesso por umas duas semanas. Em repouso.

— Repouso é mole para ele.

— Cat! — ele me repreende e eu solto um risinho.

— Eu receio que vocês não saibam... — ele olha para Zion. — Suas fãs estão lá fora.

— Ah, não. Como será que elas souberam?

— Quando querem descobrem tudo, Zion. — digo. — Como a gente vai sair daqui?

— Liga para um dos meninos.

— Qualquer um? — mordo o lábio e ele sorri.

— Para Nate.

Sorrio baixando a cabeça e procuro o número de Nate na agenda. Eu me afasto um pouco, quando escuto o barulho de chamada.

— Fala, Miler! — ele atende e eu escuto uma gargalhada feminina no fundo.

— Sou uma Miler, mas não quem você achou que fosse!

— Catssyn? — escuto aqueles "hmmmm" irritante de fundo e sorrio.

— Atrapalho, Nate? Porque se tiver eu ligo pro Henry e...

— Henry está aqui. Com a Lucy. Irmã dele.

— Ah. — eu me sinto aliviada. Estranhamente aliviada.

— Então...?

— MANDA UM BEIJO PARA ELA NATE! — Henry grita e eu escuto a risada de novo.

Cala a boca, Henry. Deixa ele falar com a namorada em paz.

— Ela não é namorada dele, Lucy!

— Mas está querendo. Viu a carinha dele quando disse o nome dela?

— CALA A BOCA VOCÊS DOIS! — Nate grita e eu acabo rindo. — Está rindo, Cat?

— Não.

— Então?

— Ah... não estão sabendo?

— De que?

— Zion se machucou. Estamos no hospital.

— MACHUCOU? ELE ESTÁ BEM? COMO FOI ISSO?

— Quem se machucou? — Henry pergunta.

— Diz para Henry que ele está bem. Mas de alguma forma as fãs souberam e estão lá na porta. Não vou conseguir tirar Zion daqui sozinha. Ele está com o braço engessado. Vem nos buscar?

— Claro, Cat. Eu estou indo agora mesmo. É no hospital do centro?

— Sim. Obrigada Nate.

— Nada. Estou a caminho.

Desligo a ligação e vou para perto de Zion.

— Ele já está vindo. — digo.

— Foi bom falar com ele? — ele sorriu maroto.

— Para, Zion! Ainda dói?

— Não. Ele me deu uma injeção.

— Na bunda?

— É! — ele revira os olhos. — Doeu!

— Imagino. Ai. Estou com calor aqui.

— Tira esse sobretudo.

— Zion eu estou de pijama. — digo e abro o sobretudo.

— Isso é muito curto, Catssyn. Não gosto.

—  Que fofo priminho. — aperto suas bochechas e dou um beijo nele. — Mas eu não tive outra opção.

— Eu te compro um pijama maior, sem problemas.

— Engraçadinho. — me sento na maca do seu lado e apoio minha cabeça no seu ombro esquerdo. — Estou com fome.

— Eu também.

— Me dê dinheiro! Vou lá fora comprar café para gente. Naquelas maquinas.

— Pega dois para mim. — ele disse abrindo a carteira. — Mas talvez seja melhor ir direto na cantina. Aí comprava um sanduíche também.

— Será que você pode ir também? Não quero ficar andando por aí sozinha.

— Eu acho que posso. Só estamos esperando, Nate.

— Então vamos. Vou te ajudar a descer.

Eu desço da maca e peço para Zion se apoiar no meu ombro. Ele desce e nós saímos da sala com o lençol em seus ombros. Vamos até a cantina do hospital e eu peço para que ele espere sentado, enquanto eu vou fazer os nossos pedidos.

Me sento na bancada, olhando o cardápio e decido o que vou pedir.

— Dois cappuccinos e dois sanduíches natural.

— Catssyn?

Levanto a cabeça assustada e atordoada por ouvir aquela voz que não ouço há mais de três meses e encontro os seus lindos olhos verdes.

— Jake? 

Eu paraliso diante daquele que achei nunca mais ver na vida.

— Cat? Cat você está bem?

Jake estalava os dedos na minha frente e eu sentia tudo rodar. Minha cabeça e a minha vida. Ele toca na minha mão e eu dou um pulo para trás.

— Não me toca!

— Cat...

— NÃO ME CHAMA ASSIM! — grito, chamando toda atenção para mim. — Não fala comigo!

— Cat? Está tudo bem aqui? — Zion para do meu lado e eu não consigo desviar o meu olhar de Jake. — Quem é ele?

— Ninguém que realmente faça diferença você saber. Vamos embora.

— Mas e Nate?

— Eu quero ir embora agora, Zion. — digo, com a minha voz já me entregando. — Agora.

— Eu vou ligar pro Nate e...

— Cats, vamos conversar? — Jake pergunta e eu sinto meus olhos queimarem. — Não é nada do que você está pensando.

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