A porta do escritório se fechou com um leve estalo, mas a sensação de estar presa naquele lugar, sob a mesma cobertura que Thomas Montserrat, me seguiu até o corredor. Eu poderia sentir o peso do seu olhar, mesmo quando ele não estava mais tão perto. Naquele momento, ele já era uma presença que eu não conseguiria ignorar.
Respirei fundo, tentando afastar a sensação de estar completamente absorvida pela sua aura, pela maneira como ele me desafiava a cada vez que fala, com cada gesto. Não era apenas o poder dele que me afetava. Era algo mais profundo.
Quando passei pela porta do prédio e saí para a rua, as ruas movimentadas da cidade pareciam mais tranquilas, como se o mundo tivesse recuado por um momento, me dando espaço para respirar. Mas minha mente estava longe da calma da cidade.
Eu nunca tinha odiado alguém da maneira como odiava Thomas. Não era um ódio visceral, mas algo mais sutil, uma amargura que crescia a cada momento que ele estava ao meu redor. Algo que eu cultivava há tempos.
Era tudo culpa dele.
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A primeira vez que ouvi falar de Thomas Montserrat, ele não estava sendo falado com respeito. Thomas, o bilionário herdeiro, o homem que aparentemente podia ter qualquer mulher que quisesse e que gostava de brincar com seus corações como se fossem brinquedos descartáveis. Isso foi o que ouvi de uma amiga, Isabelle, a única pessoa que um dia me falou sobre ele com tanta intensidade. E foi o que me fez decidir que Thomas Montserrat era uma criatura a ser evitada a todo custo.
Isabelle tinha 24 anos, era bem mais jovem que eu, mas sempre fora cheia de vida, cheia de sonhos. Ela conheceu Thomas durante um evento de caridade, um daqueles encontros de gala que ele aparecia com frequência. Ela estava deslumbrante, cheia de confiança, encantada pela atenção que ele lhe dava. Ele a olhou como se fosse a única mulher na sala, falou com ela de forma encantadora, com aquele sorriso que faria qualquer uma se derreter. Isabelle estava encantada, e por semanas não parou de falar sobre ele.
Mas então, depois de alguns meses, a história dela mudou. Thomas simplesmente sumiu. Não atendia às ligações dela, não respondia às mensagens. Foi isso que aconteceu com Isabelle: ela se apaixonou, e Thomas a deixou no vazio. Ele a usou e depois a descartou, sem mais nem menos.
Eu lembro de ver o olhar perdido dela, como se ela tivesse sido esmagada por uma verdade cruel. Como se o próprio amor tivesse sido arrancado dela sem qualquer consideração. Isabelle não conseguia entender o que acontecera. Eu podia ver na maneira como ela falava sobre ele que, para ela, Thomas Montserrat representava algo mais do que apenas um homem bonito e rico. Ele representava a ideia de algo verdadeiro, e ele destruiu essa ideia, sem esforço, sem remorso.
Isso ficou na minha cabeça. Não apenas a dor que ela sentia, mas o modo como ele parecia se divertir com a dor que causava nos outros. Como se as pessoas ao seu redor fossem joguetes para o seu prazer, e não importasse quem elas fossem.
Eu nunca disse nada para Isabelle, mas ali, no fundo, em algum lugar dentro de mim, eu criei um ressentimento profundo por ele. Não porque ele tivesse me machucado diretamente, mas porque ele machucou alguém que eu amava. Isso me fez vê-lo não apenas como um homem arrogante e poderoso, mas como alguém que era incapaz de empatia, que tratava os outros como objetos. E a ideia de que ele fosse agora o meu chefe… não era algo que eu sabia como engolir. Eu tinha que salvar a empresa dele. A Montserrat Enterprises estava em ruínas e meu trabalho era consertar o que ele, com toda a sua frieza, destruiu, o que seu pai levou uma vida toda para construir.
Eu estava ali para fazer o que deveria fazer, mas o problema era que eu tinha uma missão pessoal: vencê-lo, e vingar toda a dor de Isabelle.
As coisas não seriam fáceis. Ele não era um homem que se deixava influenciar. Ele era o tipo de cara que controlava tudo e todos à sua volta, e não aceitaria que uma mulher, qualquer mulher, fosse mais inteligente ou mais eficiente do que ele. Mas ele não sabia quem eu era. Não sabia do ódio silencioso que eu carregava em meu coração.
Ele não sabia que, mesmo antes de chegar lá para salvar a sua empresa, já tinha algo muito maior para conquistar: o meu próprio orgulho.
Agora, com ele tão próximo, tudo o que eu sentia por dentro parecia mais quente, mais feroz. Uma coisa era manter meu ódio à distância, mas estar em seu campo de ação, ser tão próxima a ele, só tornava tudo mais difícil. Ele tinha essa maneira de fazer você questionar tudo o que pensava sobre si mesma, de desestabilizar sua segurança, como se ele estivesse sempre no controle. Ele gostava disso. Ele gostava de ter poder sobre os outros.
E eu… Eu não podia permitir que ele tivesse o poder sobre mim. Não de novo.
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A grande sala de conferências era fria e impessoal, o tipo de lugar onde negócios sérios aconteciam. Um longo mesa de vidro dominava o centro do ambiente, com cadeiras de couro preto ao redor, ocupadas pelos principais acionistas e diretores da Montserrat Enterprises. Estavam todos ali para discutir o futuro da empresa que estava, lentamente, sendo levada à falência. O peso das decisões era palpável, e eu estava ali para dar a última esperança de salvação.
As luzes acima eram fortes, quase cruéis, lançando sombras sobre os rostos sérios das pessoas à mesa. Eu estava sentada na extremidade, uma cadeira entre mim e Thomas Montserrat. Ele estava em sua cadeira de CEO, como sempre, com a postura impecável e a expressão impassível, como se fosse o único capaz de manter o controle da situação.
E, de certa forma, ele ainda era. Mas hoje, ele não teria o luxo de ser o único com a palavra final. Eu estava ali para mudar o rumo das coisas, e ele saberia disso em breve.
A reunião começou com as apresentações e as discussões sobre a situação financeira da empresa. Todos ao redor da mesa estavam preocupados, ansiosos para encontrar uma solução, mas nenhum deles parecia ter as respostas necessárias. Era como se todos estivessem esperando por um milagre, e foi isso que trouxe a mim para aquele espaço.
Thomas não tirava os olhos dos documentos à sua frente, mas eu sentia o peso de seu olhar, como se ele estivesse ciente de que, embora fosse o líder ali, ele não estava no comando. Pelo menos, não de mim.
Eu estava começando a explicar as estratégias que eu havia traçado para salvar a empresa, os cortes necessários, a reestruturação, o foco no que realmente trazia retorno. Minha voz era clara, calma, mas cheia de autoridade. Eu sabia que esse momento era crucial. Cada palavra minha poderia determinar se Thomas aceitaria minha abordagem ou se tentaria tomar o controle.
— Como você pretende lidar com a dívida da empresa? — A pergunta de Daniel Harris, um dos principais acionistas, fez com que eu desviasse o olhar para ele por um instante.
Eu já sabia que ele estava no limite de sua paciência com o rumo da empresa e que todos ali aguardavam ansiosamente por um plano. A sala estava cheia de expectativas, e eu era o ponto focal.
— O primeiro passo é cortar custos e realocar os recursos de forma estratégica. A reestruturação será focada em áreas de maior rentabilidade e, se necessário, venda de algumas divisões não essenciais. Isso, claro, não é um processo fácil, mas é a única forma de manter a integridade da empresa a longo prazo.
Minha resposta foi técnica, precisa, mas, para Thomas, parecia não ser suficiente. Ele se inclinou para frente na cadeira, com uma expressão fechada, ainda mais concentrado do que antes. Os olhos dele estavam fixos em mim, como se me estudasse de uma maneira que eu não gostava. Como se estivesse tentando encontrar algum ponto fraco em meu discurso.
— Srta. Harper, — ele começou, interrompendo minha explicação, — a proposta parece razoável, mas como você pretende garantir que essa reestruturação não prejudique ainda mais os nossos principais clientes? Estamos falando de contratos de longo prazo que, se desfeitos, podem nos custar milhões.
Eu sabia que ele não estava preocupado com os clientes. Ele estava preocupado com o impacto que minha estratégia poderia ter no controle dele sobre a empresa. Ele nunca gostou de se sentir vulnerável, e eu estava ali para forçá-lo a se tornar vulnerável.
Olhei para ele, com o rosto impassível, enquanto todos ao redor da mesa aguardavam minha resposta. Eu sabia o que ele estava fazendo. Ele queria me provocar, me testar.
— Sr. Montserrat, — respondi com calma, — a reestruturação inclui a negociação estratégica com nossos maiores clientes. A ideia não é desestabilizar, mas estabelecer parcerias mais sólidas e vantajosas para ambas as partes. E, por mais que eu entenda suas preocupações com a manutenção da imagem da empresa, precisamos agir rápido. A falência não espera pelo seu bom senso.
Ele permaneceu em silêncio por um instante, estudando-me, como se estivesse considerando minhas palavras. Mas havia algo mais ali. Algo além do simples interesse empresarial.
A tensão na sala aumentava, e eu sabia que todos estavam observando não apenas os meus planos, mas também o jogo entre Thomas e eu. O ambiente estava carregado de eletricidade, uma linha tênue entre o profissional e o pessoal, e, com cada troca de palavras, parecia que a tensão aumentava ainda mais.
Thomas se recostou na cadeira, entrelaçando as mãos à sua frente, e seu olhar se suavizou por um breve segundo. Como se a tensão que ele havia criado tivesse se dissipado momentaneamente.
— Deixe-me ser claro, srta. Harper. — Ele usou aquele tom autoritário novamente, que fazia com que todos na sala se calassem e prestassem atenção. — Não há espaço para falhas. Se você estiver aqui para salvar a empresa, terá que entender as minhas regras.
Eu quase sorri, mas me contive. Ele ainda não sabia que, no jogo entre nós dois, quem estava sendo desafiado era ele. Porque, no fim das contas, Thomas Montserrat gostava de pensar que controlava tudo. Mas não controlava o que eu sentia. Não controlava o quanto eu o desprezava. E, pior, não controlava o fato de que eu estava disposta a vencê-lo, de qualquer maneira.
— As mesmas regras que levou essa empresa à beira do colapso, Sr. Montserrat. — Eu disse, mantendo a firmeza na voz, sabendo que todos os olhos estavam agora em nós dois. — Estou aqui por isso, lembre-se.
O olhar dele se escureceu com um lampejo de algo que eu não sabia identificar. Um brilho intenso que parecia mesclar raiva com algum outro sentimento que eu não conseguia identificar. Mas ele não disse mais nada. Apenas se recostou na cadeira, olhando-me com uma expressão que, por um momento, pareceu mais pessoal do que profissional.
A reunião terminou com uma sensação no ar de que nada tinha sido resolvido, mas tudo tinha sido observado. Eu sentia os olhares dos diretores e acionistas fixados em mim enquanto saía da sala. Alguns pareciam satisfeitos com as explicações, outros, menos confiantes. A verdade é que todos estavam mais preocupados com o futuro da empresa do que com as minhas palavras, mas eu sabia que o único que realmente importava era Thomas Montserrat.Ele estava ali, no centro de tudo, mas agora não era mais o centro da minha atenção. Eu estava conversando com Richard Sanders, um dos diretores mais experientes da empresa, que tinha sido um dos poucos dispostos a ouvir minhas ideias com mais atenção. Ele parecia genuinamente interessado nas soluções que eu estava propondo.— Não é fácil, Savannah. Eu sei que ele tem um jeito... peculiar de lidar com as coisas, mas você parece ter a abordagem certa para salvar isso tudo. — Richard falou, com a voz baixa, como se temesse ser ouvido.Eu sorri levemente,
O dia tinha sido longo. Exaustivo. Estressante. E, ao mesmo tempo, estranhamente satisfatório. Enquanto dirigia de volta para casa, as palavras de Thomas ainda ecoavam na minha mente. Você me odeia? Ele não fazia ideia do que realmente se passava, do peso daquela pergunta.Ódio? Talvez fosse exagero. Mas desprezo? Isso, sim, eu sentia.Estacionei na garagem e soltei um suspiro pesado antes de sair do carro. Minha cabeça ainda fervilhava, tanto pelas estratégias que eu precisaria traçar para salvar a Montserrat Enterprises quanto pela promessa silenciosa que eu havia feito a mim mesma.Mas, assim que abri a porta de casa, meu foco desviou completamente ao ver uma mala largada na sala e uma silhueta familiar parada na cozinha, segurando uma taça de vinho.— Você voltou! — Falei surpresa, fechando a porta atrás de mim.Isabelle virou-se para mim com um sorriso cansado.— Voltei. — Ela ergueu a taça como se brindasse. — Surpresa?— Claro que sim! Você disse que ficaria fora mais tempo!—
O peso da conversa ainda pairava sobre nós quando Isabelle mudou de assunto. Ou, pelo menos, tentou.— E o Adam? — Ela perguntou de repente, cruzando os braços e me olhando com interesse.Franzi o cenho.— O que tem ele?— Você não falou mais nada sobre ele. Achei que as coisas estavam indo bem.Soltei uma risada curta e sem humor, girando a taça de vinho entre os dedos.— Se ‘indo bem’ significa que ele quer algo sério e eu estou fazendo de tudo para fugir disso, então sim, está ótimo.Isabelle suspirou, como se já esperasse essa resposta.— Savannah…— Não começa. — Alertei antes que ela pudesse soltar um daqueles discursos sobre como eu deveria me permitir sentir algo.— Mas por quê? — Ela insistiu. — O Adam parece ser um cara incrível. Bonito, bem-sucedido, paciente… E, pelo que você disse, gosta mesmo de você.Eu sabia disso.Adam Carter era um cara bom. Bom demais para mim. Ele estava sempre presente, sempre tentando me entender, me dando espaço quando eu parecia precisar, mas n
O salão de reuniões estava iluminado pela luz fria dos lustres de cristal. Sentada à mesa, de frente para um grupo de diretores e acionistas, eu mantinha a postura impecável, os ombros retos, as mãos cruzadas sobre os documentos que eu mesma havia preparado.À minha frente, Thomas Montserrat se reclinava em sua cadeira de couro preto, a expressão de quem estava prestes a se divertir às minhas custas.Maldito.— Então, senhorita Harper… — Ele começou, com aquela entonação casualmente arrogante que fazia meu sangue ferver. — Deixe-me ver se entendi. Acredita que pode salvar a minha empresa?Cruzei as pernas e inclinei levemente a cabeça para o lado, sustentando seu olhar com firmeza.— Se não acreditasse, não estaria aqui.A sombra de um sorriso brincou no canto de sua boca.— Interessante. Porque eu ainda não estou convencido.Revirei os olhos, recostando-me na cadeira.— E desde quando a sua opinião importa?Houve um breve silêncio na sala, enquanto os diretores e acionistas trocavam
Assim que estacionei o carro em frente ao prédio onde morava, soltei um longo suspiro e fechei os olhos por um momento, tentando dissipar a tensão que ainda vibrava em meu corpo. Eu odiava essa sensação, de estar… dividida.Saí do carro e subi rapidamente até o meu apartamento, torcendo para que Isabelle já estivesse no quarto ou ocupada com outra coisa. Eu simplesmente não estava pronta para suas perguntas afiadas sobre Thomas Montserrat. Ela me conhecia bem demais. E eu… bem, eu ainda não tinha respostas para as perguntas que ela certamente faria.Fechei a porta do quarto atrás de mim e me encostei nela, soltando a respiração que nem percebi que estava prendendo. Então, aquilo aconteceu.O instante em que Thomas me ajudou a recolher os papéis. A forma como seus dedos roçaram nos meus quando me entregou os documentos. A maneira como sua presença era sufocante, intensa a ponto de fazer minha pele formigar, de uma forma irritantemente involuntária. Eu odiava isso."Ele está jogando com
O primeiro passo para salvar a Montserrat Enterprises era simples: cortar os excessos e recuperar a liquidez. A empresa estava sangrando dinheiro. Os números eram uma bagunça, e os gastos desnecessários eram tão evidentes que até uma criança de dez anos conseguiria enxergá-los.Cancelei contratos inúteis.Revisitei fornecedores.Realinhei investimentos.Em menos de duas semanas, a estrutura financeira da empresa já estava visivelmente mais sólida. E, claro, Thomas Montserrat odiava isso. Ele não gostava de ser contrariado, menos ainda de ser ignorado. E eu estava ignorando. Fazia questão de agir como se ele fosse só mais um CEO desesperado tentando provar que ainda tinha as rédeas da própria empresa.Mas a verdade era uma só: se eu não estivesse ali, ele já teria perdido tudo. E o engraçado? Mesmo com o pai dele no encalço, cobrando resultado, ele ainda tentava atrapalhar.✧ » ◇ « ✧ » ✦ « ✧ » ◇ « ✧— Você cortou o contrato com a Luxor Tech sem me consultar.A voz de Thomas soou atrás
Entro em casa exausta, mas determinada a não pensar mais em Thomas Montserrat até, pelo menos, amanhã. Só que o universo parece ter outros planos. Isabelle está na sala, sentada no sofá, pintando as unhas do pé com uma paciência que eu nunca tive para essas coisas. Ela ergue os olhos quando me vê, com um sorrisinho no canto dos lábios.— Até que enfim apareceu, né? Já estava achando que a Montserrat Enterprises tinha te sequestrado.Reviro os olhos, mas acabo soltando um meio sorriso. Faz dias que evito Isabelle, não porque não quero vê-la, mas porque sei que suas perguntas viriam como uma metralhadora e, sinceramente, eu não tenho muitas respostas. Mas hoje… hoje, depois daquela reunião infernal, me vejo precisando cavar mais a fundo a vida de Thomas.Largo minha bolsa e me sento ao lado dela, observando-a passar o pincel com perfeição sobre a unha.— Como estão as coisas? — Isabelle pergunta, sem levantar o olhar, mas sei que está atenta a cada detalhe da minha expressão.— Ocupada.
Na manhã seguinte, entro na Montserrat Enterprises pronta para colocar meu plano em prática. Thomas pode até achar que está no controle, mas eu sei exatamente o que estou fazendo. A primeira coisa que faço é reunir os diretores e líderes de equipe para implementar as medidas emergenciais. Algumas mudanças vão ser drásticas, mas necessárias. Cortes de gastos desnecessário em outros departamentos que Thomas não quis mudanças, reestruturação de setores improdutivos e uma nova estratégia de marketing para recuperar a confiança do mercado.Thomas está presente, claro, recostado em sua cadeira com os braços cruzados e aquela expressão de tédio quase ensaiado — como se tivesse algo melhor para fazer.— Isso parece ambicioso, Harper — ele comenta, com a voz carregada de ironia. — Não está com medo de morder mais do que pode mastigar?Cruzo os braços e encaro diretamente nos olhos dele.— Se eu tivesse medo, Sr. Montserrat, não estaria aqui.Um sorriso lento se forma em seus lábios. Ele gosta