Regras do Prazer
Regras do Prazer
Por: EllenRoza
Capítulo 1

O ar dentro da sala de reuniões era pesado, como se até as paredes estivessem cientes da tensão. Meus passos soavam altos sobre o chão de mármore enquanto eu caminhava, mantendo a postura impecável, como uma mulher que não se intimida facilmente.

Savannah Harper, consultora de grandes empresas. Uma mulher que sabia exatamente como fazer negócios e, mais importante, como lidar com homens como ele. Homens que acreditavam que o mundo se curvava diante do seu poder.

Thomas Montserrat, CEO da Montserrat Enterprises, herdeiro de um império bilionário. Ele não era apenas um homem de negócios. Ele era um ícone. E por mais que eu tivesse ouvido falar dele, nada me preparou para encontrá-lo frente a frente.

Ele estava parado ao lado da janela panorâmica, observando a cidade com a frieza de alguém que a possui.

Quando ele se virou e nossos olhares se encontraram, o impacto foi imediato. Aquele olhar penetrante, desnudava tudo sem dizer uma palavra. Ele me analisava como se fosse uma equação que precisasse ser resolvida.

— Então, você é a famosa consultora que vai salvar a empresa? — A voz dele era baixa, quase desdenhosa. Uma mistura de curiosidade e desafio.

Eu estive em muitas reuniões, enfrentei muitos homens arrogantes, mas algo em Thomas Montserrat mexia comigo de uma maneira única. Eu sabia que ele queria me testar, e o prazer que ele parecia ter ao fazer isso só me motivava a não ceder.

— Isso depende. Você é o CEO que vai aceitar minhas recomendações? — respondi, mantendo a calma e a confiança que me definiam.

Eu podia ouvir a respiração dele, controlada, mas tensa. Ele me estudava com o olhar calculista de um homem acostumado a estar no comando de tudo. Um homem que, aparentemente, nunca ouvia um “não”.

— Eu não sigo regras, senhorita Harper. Eu as crio.

Aquelas palavras me atingiram em cheio. Eu sabia o que isso significava. Ele estava avisando que jogava com as suas próprias regras. Mas, o problema era que eu também jogava. 

Eu o encarei, não movi um músculo. Mantive a postura, desafiante. Sabia que não poderia permitir que ele se sentisse no controle total. Pelo menos, não tão rápido.

— Então, estamos quites, Sr. Montserrat. Porque eu não sou uma mulher que se curva a poderosos, por mais que eles gostem de pensar que todos à sua volta fazem isso.

Eu vi uma leve tensão nos lábios dele, como se um sorriso estivesse prestes a aparecer, mas ele o escondeu imediatamente. Não foi o que eu esperava, mas, de alguma forma, eu gostei. Ele estava mais interessado do que queria admitir.

Ele se afastou da janela e foi até a mesa, arrastando uma cadeira com a confiança de alguém que controla tudo ao seu redor. Quando se sentou, sua presença parecia dominar o ambiente, como se fosse o único ser ali.

— Vamos ver quanto tempo você consegue manter essa postura, senhorita Harper. — disse ele, seu olhar fixo no meu.

Fiquei ali, de pé, sem baixar a guarda, sentindo a pressão de sua presença como uma força invisível. Mas eu sabia que estava jogando o jogo dele agora, e, embora ele não soubesse disso, eu não era fácil de vencer. As regras eram dele. Mas o jogo... o jogo era meu.

Eu não me movi. O silêncio se estendeu pela sala como uma corda tensa prestes a arrebentar. Thomas Montserrat observava-me com uma intensidade que parecia arrancar cada pensamento da minha mente. Mas eu não iria ceder. Não agora.

Ele ajeitou a gravata com um movimento lento, quase teatral, enquanto o clima na sala se tornava cada vez mais carregado, como se os segundos estivessem contados para alguma explosão. Não sabia o que ele queria de mim – talvez apenas me intimidar, ou então me testar. Mas eu não estava ali para me submeter.

— Eu espero que tenha mais a oferecer do que esse sarcasmo. — Sua voz era baixa, controlada, mas havia algo ali, um fogo que mal conseguia esconder.

— Não é sarcasmo, Sr. Montserrat. — Eu me adiantei, deslizando uma cadeira para me sentar à sua frente, com calma, mas com a postura firme de quem não tem medo. — Eu só espero que você tenha mais a oferecer do que esse ego que mal cabe em uma sala tão grande.

Aqueles olhos escuros brilharam com um interesse quase visceral. Eu sabia o que ele estava fazendo: me desafiava, me testava. Ele queria que eu me quebrasse, que eu me entregasse ao poder que emanava de cada gesto seu. Mas, em vez disso, encontrei uma oportunidade para devolver o golpe. Porque, se havia algo que eu sabia, era que ele não estava preparado para alguém como eu.

Thomas inclinou-se ligeiramente para frente, suas mãos firmemente sobre a mesa, como se estivesse prestes a fechar o jogo. Sua presença era esmagadora, quase palpável. Eu podia sentir o calor da tensão entre nós.

— Então, me diga, Savannah Harper, o que você acha que pode fazer por mim? Por minha empresa? — O tom dele se tornou mais suave, quase provocador, como se quisesse me atrair para o seu território, como um predador que estuda sua presa.

Eu poderia ver a tentativa de manipulação ali, mas não deixei que me afetasse. Meu olhar não vacilou. A verdade é que, ao contrário do que ele pensava, eu não estava ali para impressioná-lo. Eu estava ali porque sabia o que queria e sabia o que ele precisava.

— O que posso fazer por você? — Repeti, não desviando o olhar. — Eu posso salvar sua empresa. Isso, se você tiver coragem para seguir minhas recomendações e me deixar trabalhar sem interferências.

Ele riu baixo, um som que vibrava nas paredes da sala, quase como um aviso. Havia uma arrogância nisso, mas também um toque de desafio. Algo em mim sabia que aquele riso era mais uma provocação do que uma resposta genuína.

— Coragem. — Ele repetiu, quase pensando em voz alta. — Acho que você está equivocada, senhorita Harper. Eu sou o homem que faz os outros terem coragem.

Havia algo de feroz em suas palavras. Thomas Montserrat era um homem que não conhecia limites, que não se submetia a ninguém. E de alguma forma, eu podia ver que ele estava se divertindo com essa tensão que estava crescendo entre nós. Como se estivesse gostando do fato de que alguém o estivesse desafiando de volta.

Minha respiração ficou mais curta, o sangue fervendo nas veias. Ele não me impressionava, mas, por algum motivo, isso só aumentava a excitação. Como se eu estivesse diante de uma prova de fogo, e o que fosse acontecer a seguir dependesse inteiramente de nós dois.

Eu me recusei a ser intimidada. Mantive os olhos firmes em seu rosto, ignorando a maneira como ele se aproximou da mesa, com um movimento tão lento e deliberado que eu podia sentir sua presença invadir cada centímetro do meu espaço pessoal.

— Você vai precisar de mais do que coragem, Savannah. Vai precisar de algo que você ainda não tem. Algo que você não vai encontrar em nenhum contrato ou número.

Havia uma intensidade naquelas palavras que fazia o ar ao nosso redor parecer mais denso. Uma tensão que ia além do profissional, que tocava algo mais primal, mais visceral.

Eu estava prestes a responder, mas então ele se levantou de repente, interrompendo qualquer pensamento que eu tinha formado. Ele fez um movimento para pegar o copo de whisky sobre a mesa e me olhou, com um leve sorriso de canto, como se estivesse no controle, como se soubesse que me havia deixado sem palavras.

— Se você quiser sobreviver, Harper, precisa aprender uma coisa importante.

— E qual seria essa coisa? — Perguntei, agora sem esconder o desafio em minha voz.

Ele se aproximou, ficando ainda mais próximo, quase a ponto de me tocar. A proximidade era esmagadora. O cheiro do seu perfume, a força da sua presença, tudo parecia me envolver de maneira inebriante.

— As regras são minhas. E você aprende a jogá-las… ou será engolida por elas.

Quando ele se afastou e voltou a se sentar, o silêncio que se seguiu foi mais pesado do que antes. Mas algo havia mudado. A provocação no ar se tornava mais densa, mais palpável. O desejo estava ali, como uma chama que ainda não havia sido acesa, mas que certamente estava prestes a consumir tudo ao seu redor.

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