Se alguém me dissesse há dois meses que eu estaria aqui, nesse exato lugar, ao lado de Thomas Montserrat, eu provavelmente teria rido. Com desprezo, cansaço... e uma dose generosa de incredulidade. Mas ali estava eu, de pés descalços em uma varanda de pedra antiga, o vento da Toscana dançando entre os fios do meu cabelo, o cheiro de lavanda e uva se misturando no ar quente do fim da tarde… e o som de Thomas rindo na cozinha atrás de mim, tentando — e falhando miseravelmente — preparar bruschettas como um local.Ele disse que queria cozinhar para mim. Cavalheiro italiano de ocasião. Eu disse que se ele não fosse um CEO, provavelmente seria um desastre no MasterChef. Ele respondeu que não se importava em queimar o pão, desde que eu o comesse com aquele meu sorriso condescendente que me fazia parecer uma deusa romana julgando os mortais.E eu sorri mesmo.Fechei os olhos por um segundo, deixando o calor tocar meu rosto. A casa que ficamos hospedados era isolada, cercada por colinas e vin
A coletiva da Savannah ainda ecoava na minha cabeça como um trovão elegante. Ela tinha incendiado o mundo com palavras frias e afiadas, e ninguém, absolutamente ninguém, saiu ileso. Damon desapareceu — covarde como sempre — e os investidores voltaram a nos ver com olhos de ouro.Mas não era só isso que latejava em mim. Era ela. Ela, de pé naquela maldita sala, olhando o mundo nos olhos e dizendo: "Não sou escudo. Sou espada."Porra.Eu estava apaixonado por uma mulher que podia me destruir — e ao mesmo tempo, era a única que podia me salvar de mim mesmo.O problema? Meu pai também sabia disso. E quando Harry Montserrat sabe de algo, ele age.— Entre, Thomas — a voz dele cortou o silêncio da sala do conselho. Estava de pé, à janela, segurando uma taça de vinho como se estivesse num leilão de arte, prestes a revirar meu mundo de cabeça pra baixo.— Recebi um telefonema da imprensa hoje — ele continuou, sem me olhar. — Um deles perguntou se você e Savannah têm um relacionamento. Se o en
O que ela não entende — ainda — é que esse jogo eu não estou jogando por diversão. Não se trata mais de ego, poder ou controle. Agora é pessoal. É por ela. E eu não sei fazer isso pela metade.Savannah deixou aquela sala como se tivesse vencido a discussão, com aquele andar altivo, os saltos ecoando como tiros de aviso nos corredores da Montserrat Enterprises, e a nuca erguida do jeito que só ela sabe fazer quando está tentando esconder o caos interior.Mas eu a conheço, ela está tão bagunçada quanto eu por dentro. Só que ainda não admite.Volto para minha sala e encaro a cidade através da parede de vidro. Meus punhos estão fechados ao lado do corpo. Eu a deixei respirar, deixei ela tomar o controle. Mostrei que posso ser o homem que ela merece. Mas... ela quer mais provas, mais garantias, sendo tão exigente. Eu não posso prometer perfeição, mas posso prometer guerra por ela.Meu celular vibra. É uma mensagem de Harry."Thomas. Na minha sala. Agora."Engulo a frustração. Ótimo.Harr
A tensão pairava no ar como uma tempestade prestes a desabar. Eu sentia, desde o momento em que pisei na calçada de mármore da entrada da empresa, que havia algo errado. Uma eletricidade amarga, como se o dia já começasse com veneno nas veias.Já era fim do expediente, o cansaço tomando conta do meu corpo e mente, e então o vi. Damon Montserrat, o homem que carregava o mesmo sobrenome que Thomas, mas não o mesmo sangue — ao menos não que alguém quisesse admitir. Ele estava lá, à minha espera, com o mesmo olhar cínico de sempre, escorado no corrimão como quem se acha dono do lugar.Meu corpo inteiro ficou em alerta. Eu podia sentir o instinto de Thomas se acender também, atrás de mim. Ele deu um passo à frente, mas eu levantei a mão, bloqueando-o sem dizer uma palavra.— Esse é meu momento, Thomas. — disse sem me virar, minha voz firme como aço. — Eu cuido disso.Ele hesitou. Eu o conhecia o suficiente para saber que isso era tortura para ele, mas Thomas confiava em mim. Ao menos o suf
O salão de reuniões da Montserrat Enterprises parecia maior do que eu lembrava, embora eu já o conhecesse tão bem quanto conhecia o caminho da minha própria casa. Mas hoje… havia uma tensão diferente no ar. Cada centímetro daquela sala carregava a pressão do momento. Sentei-me à mesa com as mãos apoiadas no tampo envernizado, o olhar firme, apesar da tensão por dentro.Harry Montserrat entrou com a presença de sempre — imponente, um homem forjado entre cifras e decisões que moldavam destinos. Seus olhos, sempre frios, hoje pareciam cansados. Não de fraqueza, mas de exaustão de um império que estava ameaçado pelas palavras venenosas de um bastardo ressentido.Ele se sentou em silêncio à minha frente, ajeitou os punhos da camisa com precisão cirúrgica e me encarou. Por um instante, não disse nada. Apenas me observou, como se quisesse medir o quanto eu aguentaria — e o quanto ele podia confiar em mim agora.— Savannah — começou, com a voz baixa, mas firme — não vou fingir que não estou p
O salão Montserrat estava lotado. Câmeras posicionadas em todos os ângulos, jornalistas sussurrando teorias entre si, e as luzes quentes dos refletores aquecendo a sala tanto quanto a tensão do momento.Eu sentia Savannah ao meu lado, impecável como sempre — forte, serena, determinada. Mas antes que ela pudesse dar o primeiro passo à frente, segurei sua mão com firmeza.Ela me olhou, confusa. Eu me aproximei, falando apenas para ela:— Confia em mim. Deixe comigo desta vez, você já fez muito. Ela hesitou. Por um segundo, a mulher que sempre controlou o jogo avaliou se cederia a jogada. E então, com um pequeno aceno, permitiu. Seus olhos diziam tudo. Vai, Thomas. Mostra a eles quem você é.Antes que Savannah me impedisse, subi ao púlpito. Os flashes começaram imediatamente. Respirei fundo, ajustei o microfone, e comecei.— Boa tarde a todos. Sou Thomas Montserrat, CEO da Montserrat Enterprises. E hoje estou aqui para restabelecer o que há de mais valioso para qualquer empresa sólida:
O ar dentro da sala de reuniões era pesado, como se até as paredes estivessem cientes da tensão. Meus passos soavam altos sobre o chão de mármore enquanto eu caminhava, mantendo a postura impecável, como uma mulher que não se intimida facilmente.Savannah Harper, consultora de grandes empresas. Uma mulher que sabia exatamente como fazer negócios e, mais importante, como lidar com homens como ele. Homens que acreditavam que o mundo se curvava diante do seu poder.Thomas Montserrat, CEO da Montserrat Enterprises, herdeiro de um império bilionário. Ele não era apenas um homem de negócios. Ele era um ícone. E por mais que eu tivesse ouvido falar dele, nada me preparou para encontrá-lo frente a frente.Ele estava parado ao lado da janela panorâmica, observando a cidade com a frieza de alguém que a possui.Quando ele se virou e nossos olhares se encontraram, o impacto foi imediato. Aquele olhar penetrante, desnudava tudo sem dizer uma palavra. Ele me analisava como se fosse uma equação que
A porta do escritório se fechou com um leve estalo, mas a sensação de estar presa naquele lugar, sob a mesma cobertura que Thomas Montserrat, me seguiu até o corredor. Eu poderia sentir o peso do seu olhar, mesmo quando ele não estava mais tão perto. Naquele momento, ele já era uma presença que eu não conseguiria ignorar.Respirei fundo, tentando afastar a sensação de estar completamente absorvida pela sua aura, pela maneira como ele me desafiava a cada vez que fala, com cada gesto. Não era apenas o poder dele que me afetava. Era algo mais profundo. Quando passei pela porta do prédio e saí para a rua, as ruas movimentadas da cidade pareciam mais tranquilas, como se o mundo tivesse recuado por um momento, me dando espaço para respirar. Mas minha mente estava longe da calma da cidade. Eu nunca tinha odiado alguém da maneira como odiava Thomas. Não era um ódio visceral, mas algo mais sutil, uma amargura que crescia a cada momento que ele estava ao meu redor. Algo que eu cultivava há te