Deirdre congelou. Ela mal havia se recuperado do choque, quando alguém deu um passo à frente, agarrou seu tornozelo e começou a arrastá-la pelo chão.― O que você está fazendo?! Pare! Nããão! ― seus gritos caíram em ouvidos surdos. A líder respondeu com seu próprio grito irado:― Essa cria de demônio, dentro de você, com certeza não sabe quando desistir! Ele sabe que já se passaram dois meses? Já deveria ter descido pelo ralo, há muito tempo. Verme teimoso. Nesse ritmo, teremos que fazer seu aborto, nós mesmas, e isso é uma merda! ―Os olhos de Deirdre se arregalaram. Ela se desvencilhou do aperto da mulher e caiu de joelhos, com as mãos entrelaçadas:― Eu imploro, por favor, poupe meu filho! Ele é inocente! ― ― Mas, você não é, né? ― veio a resposta arrepiante ― seu pecado, vadia, foi ter desagradado o Brighthall. É isso! Que pecado mais horrível... honestamente, estamos apenas entregando sua punição! Deus, você não tem ideia do quanto ele a quer morta e deseja, mais do que tudo
Os olhos de Deirdre não focaram e não reagiram à luz.A médica apertou os lábios, com uma pontada de pena. Diante de uma mulher cujo rosto estava em uma ruína irreversível, a doutora teve dificuldade em encontrar palavras.― Olá? ― Deirdre perguntou ― você ainda está aí? ― ela estendeu a mão, procurando contato, mas recuou, como se um pensamento terrível passasse em sua mente. Sua voz tremia, quando disse ― onde estão as luzes? Está tão escuro aqui! Eu não consigo ver nada! Acenda as luzes! ― Em desespero, Deirdre jogou o cobertor para longe e pulou da cama, derrubando o carrinho do hospital. Com um barulho alto metálico e vidro se espatifando, a mulher foi ao chão.― Calma! ― a médica alertou, enquanto ela se adiantava para ajudar ― tem cacos de vidro pelo chão e carrinhos de procedimento. É um grande perigo andar sem ver nada, certo? ―― Carrinhos? Onde? ― Deirdre perguntou, segurando o choro ― por que não posso vê-los? Está escuro como breu aqui, certo? Houve um corte de en
O guarda levou Deirdre para preencher seus papéis de liberação. Mas, antes de terminar, ela perguntou:― Com licença, você pode me ajudar a fazer uma ligação? ― ― Claro. ― Ela recitou uma série de números e esperou, mas ninguém atendeu. Intrigado, o guarda que a ajudava pensou em voz alta:― Parece que este número não pertence a ninguém, senhora. Com quem você estava tentando entrar em contato?― Ophelia McQuenny. Ela é minha... mãe adotiva. ―― Mãe adotiva? ― algo naquele nome soava familiar. Ele examinou os relatórios de morte ao lado dele e encontrou esse mesmo nome em um dos papéis.Deirdre cerrou os punhos nervosamente:― Então? Ela está bem? Ela mudou de número, certo? Você pode me dar o endereço da casa dela? ―O guarda trocou um olhar com o colega.― Por favor, me diga o endereço dela. Eu vou visitá-la ― a mulher acrescentou.Deirdre pediu aos guardas para ajudá-la a entrar em um ônibus que a levaria para a zona leste de Neve. Foi uma jornada repleta de murmúrios e
Brendan mantinha uma das mãos no bolso e suas sobrancelhas estavam bem franzidas. No entanto, ele disse em voz baixa, ao ouvir as queixas da mulher:― Seu corpo é frágil e mesmo depois de um ano de tratamento, você não consegue se recuperar de suas crises de tontura. É evidente que ainda existe algo de errado. Embora este lugar seja minúsculo, o médico que o administra é altamente respeitável. Ele certamente será capaz de curá-la. ― ― Um médico competente, nesta pequena clínica? ― Charlene estava cheia de descrença, mas viu a expressão descontente de Brendan, com o canto do olho. Ela mordeu o lábio inferior se preparando para assumir uma expressão diferente, enquanto envolvia o braço forte do homem ― só me preocupo com a possibilidade de ser um vigarista e que você acabe desperdiçando seu tempo e dinheiro com isso. Sabe como eu me sinto culpada de dar tanto trabalho, especialmente sabendo que você é um homem tão ocupado. ―― Não está desperdiçando nada ― o olhar de Brendan pousou
Em pânico, sem se conformar com o que via, Charlene cerrou os dentes, enquanto pensava “Droga! Por que essa cadela persistente apareceria aqui?” E, pegando a receita escrita por Sterling, deixou o pagamento sobre a mesa e saiu às pressas, sem se despedir. Ela tentava, utilizando o melhor de suas habilidades, esconder seus sentimentos, mas sabia que, em breve deixaria tudo evidente. O pânico e a ansiedade que cresciam em seu peito, a deixavam com a sensação de que algo de muito ruim aconteceria em breve, mas ela tentava se acalmar, fazendo um grande esforço.Então, ela encontrou um pensamento capaz de acalmá-la "As presidiárias fizeram um bom trabalho. Deirdre está horrível, além do reconhecimento. Mesmo que Brendan a tenha reconhecido, está tudo bem. Como uma mulher com uma aparência tão repugnante conseguiria atrair a atenção de Brendan?" Tranquilizada, Charlene saiu em busca do marido.Deirdre estava congelada, no centro do consultório. "Por que eu senti uma presença familiar no ho
Satisfeito por ter agradado a jovem, Sterling voltou para a clínica e retomou o trabalho. Brendan cerrou os punhos com força, se afastou do carro e abriu a cerca, invadindo o quintal e caminhando na direção de Deirdre, furioso.Sozinha, no balanço, Deirdre desfrutava da guloseima quando percebeu uma comoção e imaginou que Sterling se aproximava, por isso, sorriu e começou a falar:― Oh! Você já voltou? Esse bolo é muito bom mesmo! E é ainda melhor do que o anterior. Você experimentou? Quer provar também? ―Ela estendeu o pedaço de bolo na direção do invasor. Observando os lábios manchados de creme, Brendan não pôde deixar de conjecturar e se perguntar se Deirdre gentilmente convidava Sterling para provar o doce diretamente de seus lábios."Qual será o grau de intimidade do relacionamento deles?”Sem controlar a fúria que o pensamento lhe trouxe, Brendan levantou a mão abruptamente e deu um tapa na sobremesa, arrancando-a das mãos de Deirdre.A jovem ficou atordoada com a inespera
Brendan cerrou os dentes e disse:― Preciso ir. Deirdre, volto amanhã. ―Sem dizer mais nada, o homem simplesmente saiu do pátio, entrou no carro e foi embora, cantando pneus. Sentindo a tensão se dissipar, os joelhos de Deirdre cederam e ela caiu no gramado, aliviada.Sterling a segurou, enquanto a jovem soluçava, dizendo, desesperada:― Sinto muito, Sterling. Não me pergunte nada. Só quero ir para casa e me acalmar um pouco. Contarei toda a verdade quando estiver pronta. ―― Está bem ― Sterling passou os braços ao redor dela, com olhos cheios de empatia. Ele sabia que Deirdre guardava segredos terríveis e respeitava isso, por isso, concluiu, com voz gentil ― o que aconteceu entre vocês no passado não é importante para mim. Está tudo bem para mim, desde que você seja a Deirdre que sempre conheci. ―-No dia seguinte, Deirdre não foi à clínica, entretanto, Brendan estava lá, conforme prometido. Ele parou na porta e olhou para as crianças barulhentas no corredor, seu olhar duro e
O quarto era pouco ventilado e muito úmido. Era um sótão da pior qualidade e sem mobília decente. Enrolada sob o cobertor, as pálpebras de Deirdre batiam trêmulas, de uma maneira triste. Brendan tinha entrado no cômodo, mas sentia o coração ficar mais pesado a cada passo que dava, em direção a ela.De repente, Deirdre abriu os olhos. A sala estava escura como breu, mas ela podia ouvir que alguém se aproximava. Então, perguntou, confusa:― É você, Sterling? ― Porque estava doente sua voz soou em um tom ainda mais gentil que o habitual, especialmente ao pronunciar o nome de Sterling. No entanto, cada sílaba parecia uma agulha nas orelhas de Brendan.― Você fala com ele, como se fosse uma vadia. Parece que você tem um relacionamento bastante próximo com ele, não é? ― Brendan cerrou o punho, com força, e riu, de repente, sua simpatia anterior tinha desaparecido instantaneamente.O rosto de Deirdre ficou terrivelmente pálido, de uma vez, e ela agarrou seu cobertor, com força:― Brend