O guarda levou Deirdre para preencher seus papéis de liberação. Mas, antes de terminar, ela perguntou:― Com licença, você pode me ajudar a fazer uma ligação? ― ― Claro. ― Ela recitou uma série de números e esperou, mas ninguém atendeu. Intrigado, o guarda que a ajudava pensou em voz alta:― Parece que este número não pertence a ninguém, senhora. Com quem você estava tentando entrar em contato?― Ophelia McQuenny. Ela é minha... mãe adotiva. ―― Mãe adotiva? ― algo naquele nome soava familiar. Ele examinou os relatórios de morte ao lado dele e encontrou esse mesmo nome em um dos papéis.Deirdre cerrou os punhos nervosamente:― Então? Ela está bem? Ela mudou de número, certo? Você pode me dar o endereço da casa dela? ―O guarda trocou um olhar com o colega.― Por favor, me diga o endereço dela. Eu vou visitá-la ― a mulher acrescentou.Deirdre pediu aos guardas para ajudá-la a entrar em um ônibus que a levaria para a zona leste de Neve. Foi uma jornada repleta de murmúrios e
Brendan mantinha uma das mãos no bolso e suas sobrancelhas estavam bem franzidas. No entanto, ele disse em voz baixa, ao ouvir as queixas da mulher:― Seu corpo é frágil e mesmo depois de um ano de tratamento, você não consegue se recuperar de suas crises de tontura. É evidente que ainda existe algo de errado. Embora este lugar seja minúsculo, o médico que o administra é altamente respeitável. Ele certamente será capaz de curá-la. ― ― Um médico competente, nesta pequena clínica? ― Charlene estava cheia de descrença, mas viu a expressão descontente de Brendan, com o canto do olho. Ela mordeu o lábio inferior se preparando para assumir uma expressão diferente, enquanto envolvia o braço forte do homem ― só me preocupo com a possibilidade de ser um vigarista e que você acabe desperdiçando seu tempo e dinheiro com isso. Sabe como eu me sinto culpada de dar tanto trabalho, especialmente sabendo que você é um homem tão ocupado. ―― Não está desperdiçando nada ― o olhar de Brendan pousou
Em pânico, sem se conformar com o que via, Charlene cerrou os dentes, enquanto pensava “Droga! Por que essa cadela persistente apareceria aqui?” E, pegando a receita escrita por Sterling, deixou o pagamento sobre a mesa e saiu às pressas, sem se despedir. Ela tentava, utilizando o melhor de suas habilidades, esconder seus sentimentos, mas sabia que, em breve deixaria tudo evidente. O pânico e a ansiedade que cresciam em seu peito, a deixavam com a sensação de que algo de muito ruim aconteceria em breve, mas ela tentava se acalmar, fazendo um grande esforço.Então, ela encontrou um pensamento capaz de acalmá-la "As presidiárias fizeram um bom trabalho. Deirdre está horrível, além do reconhecimento. Mesmo que Brendan a tenha reconhecido, está tudo bem. Como uma mulher com uma aparência tão repugnante conseguiria atrair a atenção de Brendan?" Tranquilizada, Charlene saiu em busca do marido.Deirdre estava congelada, no centro do consultório. "Por que eu senti uma presença familiar no ho
Satisfeito por ter agradado a jovem, Sterling voltou para a clínica e retomou o trabalho. Brendan cerrou os punhos com força, se afastou do carro e abriu a cerca, invadindo o quintal e caminhando na direção de Deirdre, furioso.Sozinha, no balanço, Deirdre desfrutava da guloseima quando percebeu uma comoção e imaginou que Sterling se aproximava, por isso, sorriu e começou a falar:― Oh! Você já voltou? Esse bolo é muito bom mesmo! E é ainda melhor do que o anterior. Você experimentou? Quer provar também? ―Ela estendeu o pedaço de bolo na direção do invasor. Observando os lábios manchados de creme, Brendan não pôde deixar de conjecturar e se perguntar se Deirdre gentilmente convidava Sterling para provar o doce diretamente de seus lábios."Qual será o grau de intimidade do relacionamento deles?”Sem controlar a fúria que o pensamento lhe trouxe, Brendan levantou a mão abruptamente e deu um tapa na sobremesa, arrancando-a das mãos de Deirdre.A jovem ficou atordoada com a inespera
Brendan cerrou os dentes e disse:― Preciso ir. Deirdre, volto amanhã. ―Sem dizer mais nada, o homem simplesmente saiu do pátio, entrou no carro e foi embora, cantando pneus. Sentindo a tensão se dissipar, os joelhos de Deirdre cederam e ela caiu no gramado, aliviada.Sterling a segurou, enquanto a jovem soluçava, dizendo, desesperada:― Sinto muito, Sterling. Não me pergunte nada. Só quero ir para casa e me acalmar um pouco. Contarei toda a verdade quando estiver pronta. ―― Está bem ― Sterling passou os braços ao redor dela, com olhos cheios de empatia. Ele sabia que Deirdre guardava segredos terríveis e respeitava isso, por isso, concluiu, com voz gentil ― o que aconteceu entre vocês no passado não é importante para mim. Está tudo bem para mim, desde que você seja a Deirdre que sempre conheci. ―-No dia seguinte, Deirdre não foi à clínica, entretanto, Brendan estava lá, conforme prometido. Ele parou na porta e olhou para as crianças barulhentas no corredor, seu olhar duro e
O quarto era pouco ventilado e muito úmido. Era um sótão da pior qualidade e sem mobília decente. Enrolada sob o cobertor, as pálpebras de Deirdre batiam trêmulas, de uma maneira triste. Brendan tinha entrado no cômodo, mas sentia o coração ficar mais pesado a cada passo que dava, em direção a ela.De repente, Deirdre abriu os olhos. A sala estava escura como breu, mas ela podia ouvir que alguém se aproximava. Então, perguntou, confusa:― É você, Sterling? ― Porque estava doente sua voz soou em um tom ainda mais gentil que o habitual, especialmente ao pronunciar o nome de Sterling. No entanto, cada sílaba parecia uma agulha nas orelhas de Brendan.― Você fala com ele, como se fosse uma vadia. Parece que você tem um relacionamento bastante próximo com ele, não é? ― Brendan cerrou o punho, com força, e riu, de repente, sua simpatia anterior tinha desaparecido instantaneamente.O rosto de Deirdre ficou terrivelmente pálido, de uma vez, e ela agarrou seu cobertor, com força:― Brend
Frustrado, Brendan deu um soco na parede, quando Deirdre foi enviada para o hospital. A pancada foi tão forte que sangue escorreu por entre os nós de seus dedos, mas, nem assim, a raiva em seu coração foi extravasada. “Fugir? Por que ela ainda está tentando fugir? Pouco tempo atrás, ela queria usar a criança para me prender. Ela era tão amorosa e relutante em se separar de mim, então o que mudou? O que diabos aconteceu?”― Brendan! Você está bem? ― Charlene veio correndo e segurou a mão dele, quando viu o sangue em suas mãos. Imediatamente, ela instruiu uma enfermeira a trazer um curativo ― você nem está preocupado que sua mão esteja sangrando. Qual é o problema? ― ― Estou bem. ― Brendan puxou a mão para trás ― por que você está aqui? ― Charlene nunca revelaria que Steven havia ligado para notificá-la, é claro. Por isso, inventou uma desculpa: ― um amigo, que fazia um check-up no hospital, viu você e me avisou. ―Ela deu uma olhada em Deirdre, que recebia soro, na enfermaria, e
― Não se mexa! Você quer que toda a parte de trás da sua mão fique inchada? ― Brendan franziu as sobrancelhas, deu um passo à frente e agarrou o pulso dela.Deirdre queria se libertar, mas Brendan disse:― Não me culpe por fazer algo com você se você insiste em se mexer! ― Ao ouvir isso, Deirdre não se atreveu a mover um centímetro. Seus olhos estavam nublados, com medo e perplexidade, quando ela pronunciou, com voz rouca:― Mas, que diabos você quer de mim? ― A jovem realmente não entendia as intenções de seu agressor e perseguidor. Ela já havia perdido tudo o que amava. "O que mais ele quer de mim quando tirou até meu rosto, só porque se parecia com o de Charlene?” ― Pensou Deirdre.Brendan cerrou os punhos, com força, e disse em um tom frio e zombeteiro:― Deirdre, você deveria verificar seu reflexo no espelho. Você realmente achou que eu ainda iria querer te ver? Só estou fazendo isso para encontrar meu filho. Gostaria de conhecê-lo e apresentá-lo à minha família. Eu pro