Capítulo 14 - O filho deles
Brendan cerrou os dentes e disse:

― Preciso ir. Deirdre, volto amanhã. ―

Sem dizer mais nada, o homem simplesmente saiu do pátio, entrou no carro e foi embora, cantando pneus. Sentindo a tensão se dissipar, os joelhos de Deirdre cederam e ela caiu no gramado, aliviada.

Sterling a segurou, enquanto a jovem soluçava, dizendo, desesperada:

― Sinto muito, Sterling. Não me pergunte nada. Só quero ir para casa e me acalmar um pouco. Contarei toda a verdade quando estiver pronta. ―

― Está bem ― Sterling passou os braços ao redor dela, com olhos cheios de empatia. Ele sabia que Deirdre guardava segredos terríveis e respeitava isso, por isso, concluiu, com voz gentil ― o que aconteceu entre vocês no passado não é importante para mim. Está tudo bem para mim, desde que você seja a Deirdre que sempre conheci. ―

-

No dia seguinte, Deirdre não foi à clínica, entretanto, Brendan estava lá, conforme prometido. Ele parou na porta e olhou para as crianças barulhentas no corredor, seu olhar duro era manchado com um toque de ternura. Se seu filho estivesse entre eles, ele acreditava que a criança também seria travessa.

Ao pensar nisso, Brendan não pôde deixar de olhar para dentro, mas não conseguiu ver a figura que procurava. Ele franziu as sobrancelhas e tomou a liberdade de entrar no consultório de Sterling.

O médico atendia um paciente e sua expressão ficou dura, com a nova invasão de Brendan. Ele reprimiu sua raiva e explicou ao paciente o tratamento, antes de rabiscar uma receita médica.

Depois que o paciente saiu, Brendan perguntou:

― Onde está Deirdre? Onde ela está? ―

― Como você ousa perguntar isso! ― Sterling cerrou o punho, com força ― Como ela poderia ter coragem de vir à clínica, sabendo que você estaria aqui? Senhor Brighthall, eu investiguei você e sei que é o único sucessor do Grupo Brighthall. Você pode ter o que quiser, certo? Seu relacionamento com Deirdre já está no passado, então por que você ainda a está incomodando? ―

― Eu? Incomodando Deirdre? ― A expressão de Brendan ficou gelada abruptamente. Ele ficou extremamente descontente com o comentário porque o fez soar como se fosse ele quem estivesse atrás de Deirdre, por isso zombou e disse ― você está pensando demais. Eu não me interessaria por uma mulher cega e desfigurada, por mais desesperado que estivesse! Estou aqui para levar meu filho! ―

― Do que você está falando? ― Sterling franziu as sobrancelhas ― Filho? Que filho? ―

Brendan pegou Sterling desprevenido, quando riu:

― Você e Deirdre fizeram alguma armação para me enganar, hein? Deirdre estava grávida do meu filho e se recusou a fazer um aborto, não importa o quanto eu insistisse. A criança já deve ter pouco mais de um ano, segundo meus cálculos. ―

― Dois anos atrás? ― Sterling ficou atordoado por um momento. Ele franziu as sobrancelhas e disse ― que tipo de bobagem você está falando? Encontrei Deirdre há um ano, no outono. Seu corpo estava tão fraco que ela não conseguia nem viver uma vida normal, muito menos ter um filho. Passei quase um ano curando-a. Se ela estivesse grávida, como eu, sendo médico, não saberia? ―

"O que?" As pupilas de Brendan se contraíram e ele sentiu como se tivesse levado uma facada no peito.

― Ela não foi libertada da prisão no outono passado? Se Sterling está dizendo a verdade, Deirdre... ― “Não! Isso é absolutamente impossível!" Brendan negou a ideia, recusando a reconhecer que Deirdre havia perdido a criança na prisão. Afinal, se alguma coisa tivesse acontecido com ela, como ele poderia não ter sabido? ― Não havia criança há um ano? Deirdre ainda estava sob meu controle, um ano atrás. Você é tão mentiroso que realmente merece estar com Deirdre! ―

Quando Brendan terminou de zombar do médico, ele se virou e saiu do consultório. No entanto, não pôde deixar de se sentir chocado e em pânico. Ele cerrou os dentes e procurou o endereço de Deirdre. Antes de ir pessoalmente até sua casa e tentar arrancar a verdade dela, Brendan precisava saber se o que o idiota do médico dizia era verdade. Ele precisava descobrir se a gravidez tinha sido interrompida.

Era um dia ensolarado, mas as cortinas estavam bem fechadas, deixando o quarto escuro como breu. Como era outono, o tempo não estava nem quente nem frio, mas, enrolada no cobertor, com uma expressão cheia de agonia no rosto vermelho e o corpo tremendo descontroladamente, Deirdre ardia em febre.

Parecia que Brendan a havia amaldiçoado. Ela se sentia assim desde que tinha voltado para casa, no dia anterior. Sua cabeça não parava de girar e seu corpo estava quente. Ela já havia perdido a noção de quanto tempo estava enrolada sob o cobertor.

Alucinando de febre, sonhou com seu filho não nascido. Era uma criança pequena olhando para ela com os olhos brilhando de tristeza. Parecia que a criança a culpava por não ter conseguido protegê-la.

― Sinto muito... É tudo minha culpa... É minha culpa por não ter cuidado de você... Por favor, me desculpe... ―

Deirdre sentiu vontade de chorar. Seus olhos estavam bem fechados, mas as lágrimas escorriam por seu rosto. Em seu delírio, ela esticou o braço, na tentativa de tocar o rosto da criança, mas não conseguia sentir nada. Seu filho tinha morrido, ele não tinha conseguido nascer.

Dominada pela tristeza, Deirdre soluçou mais forte, com os ombros tremendo.

Do outro lado da porta, Brendan ouvia os soluços tristes da mulher e sentiu como se tivesse levado uma facada no peito. Sua mão, que empurrava a porta, tinha começado a tremer.
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