Capítulo 3 – Um motivo risível
Depois de se certificar de que Charlene estava bem, Brendan voltou para a sala de estar, mas ela estava vazia. Então, com uma careta, perguntou a Steven:

― Onde está Deirdre? ―

A pergunta deixou Steven mudo. Antes que ele conseguisse pensar em uma resposta, o celular de Brendan tocou. Ele conferiu quem ligava e viu que era o número da antiga mansão da família.

A risada de sua mãe foi ouvida, assim que ele atendeu:

― Brendan, seu garoto bobo! Como você pode esconder essas boas notícias de mim? Deus, nossa Lena está grávida! Você tem que voltar para casa, neste instante, filho! ―

No momento em que Brendan chegou, Deirdre estava acomodada no sofá e mordiscava alguns lanches. Sua mãe segurava sua mão, em pura alegria. Entretanto, a paz da mulher foi arruinada assim que viu que ele tinha chegado. Deirdre congelou, abaixando a cabeça para evitar que seus olhares se encontrassem.

Brendan fervia de raiva. No entanto, ele abriu um sorriso e disse:

― Oh, mas isso não é simplesmente perfeito? ―

Então... Sua presa covarde tinha uma carta na manga, afinal.

Deirdre tremeu e Madame Brighthall sentiu que havia algo incomodando sua nora grávida. Franzindo as sobrancelhas, ela olhou para Brendan e resmungou:

― O que isso quer dizer? Meu Deus! Era de se esperar que o marido tivesse uma atitude melhor, já que a esposa está grávida! Você não está feliz com a gravidez dela? ―

Brendan cerrou os dentes e lançou um olhar fulminante em Deirdre:

― Por que não estaria? Claro que estou feliz! ―

Madame Brighthall sorriu e declarou:

― Agora, sim uma resposta decente para uma notícia tão maravilhosa! Vocês dois estão casados há dois anos, não é? Foi uma espera longa! Não me importa se será menino ou menina, esta é uma notícia maravilhosa para a família. É melhor cuidar da Lena, querido. Ela é fraca, lembra? Se algo acontecer com o filho dela, eu irei atrás de você! ―

Ela parecia ter pensado em algo, quando disse:

― Opa! Quase me esqueci! Estou preparando um caldo e preciso dar uma olhada. ―

Deirdre ficou com medo de estar sozinha no mesmo ambiente que Brendan, então se levantou e disse, instantaneamente:

― Deixe-me ajudá-la! ―

― Nunquinha! Você vai ficar de pernas para o alto, como uma boa grávida! ―

Sem conseguir se conter, Brendan explodiu. Ele lançou um olhar mortal para Deirdre e disse:

― Precisamos conversar. ―

Madame Brighthall não prestou atenção em seu olhar e, inocentemente, pensou que o casal apenas tentava resolver uma pequena briga:

― Lena, você não precisa ficar tão nervosa, sabe? ― A madame sorriu, de forma tranquilizadora, e deu um tapinha nas costas da mão de Deirdre ― Bren pode parecer frio e insensível, mas sei que, no fundo, ele está muito feliz com o bebê. Ele te ama, Lena. É por isso que tudo vai ficar bem! Então, converse com ele, está bem? ―

"Ele me ama? Oh, ele a ama, certo... só se eu chamasse Charlene!" pensou Deirdre, com pesar e apertou os lábios, com força, enquanto observava Madame Brighthall entrar na cozinha.

Um segundo depois, ela sentiu uma força esmagando seu pulso. A mulher uivou de dor e o agressor puxou seu pulso, alto o suficiente para fazer Deirdre encontrar seus olhos desdenhosos.

― Eu realmente subestimei você, não foi? Não pensei que uma covarde como você me desafiaria assim, mas você me surpreendeu! ―

Sua fúria era palpável e a voz de Deirdre tremeu quando respondia:

― P-P-Por favor, Brendan, eu… não estou pedindo muito! Eu só quero que meu filho viva… ―

― Você honestamente acha que eu sou estúpido o suficiente para acreditar em você! ― Brendan zombou. Desprezo e desgosto se acumularam em seus olhos ― não se atreva a pensar que sou estúpido demais para não perceber o que você está tentando fazer, sua vadia. Você prefere fingir ser Charlene, para sempre, do que voltar a ser seu eu patético, mesmo que isso signifique apagar a existência de Deirdre McQueeny. Você realmente sumiria sem reclamar, depois de levar essa coisa indesejada até o fim, hein? Não, eu não penso assim. Afinal, você já teve coragem de me desafiar! O que vai acontecer depois que a criança nascer? Você vai atrair um circo da mídia para anunciar a existência do garoto? Não seria a primeira vez que uma cadela como você se rebaixaria, inventando uma trama tão nojenta. ―

Os olhos de Deirdre ficaram vermelhos. As palavras cáusticas esfaqueavam seu coração, insensivelmente, como se sua dor não significasse nada.

Ela o amava. Indigno e insignificante como seu amor era, mas o amava. E ainda assim, tudo o que Brendan imaginava é que ela montava uma conspiração risível.

― Eu... eu... ―

― Você o quê? Você quer manter essa criança, não importa o que aconteça? Poupe-me da besteira de manter a criança, como uma lembrança do seu 'amor' por mim, quando terminarmos. Sua imaginação é nojenta! ― Brendan zombou, quase alegre demais ― eu não sou estúpido e sei o que você está fazendo. Então, que tal você fazer o que eu digo, ir para o hospital e interromper sua gravidez, como uma boa menina? É isso ou você sentirá minha ira! ―

Deirdre já conhecia muito bem as profundezas da crueldade de Brendan e seus lábios tremeram. Felizmente, Madame Brighthall finalmente saiu da cozinha. Mas, a estranha atmosfera pesou sobre ela, que franziu a testa e se colocou entre eles, protegendo Deirdre:

― O que está acontecendo aqui? ―

― Nada, mãe. A verdade é que ela só está aqui porque está irritada comigo, hoje. ― explicou Brendan ― mas, não se preocupe. Terminamos de acertar as coisas e ela vai para casa comigo. ―

― Perdoe-me, Brendan, mas por que Lena correria até minha casa, se você realmente fosse um bom marido, hein? Admita. Você simplesmente não é tão bom quanto pensa que é! ― Madame Brighthall declarou. Ela não iria ficar do lado do filho, só porque era sua criação.

Ainda protegendo Deirdre, atrás dela, murmurou:

― Pronto, pronto. Ignore-o, Lena. Fique aqui comigo se ainda estiver com raiva dele, está bem? Terei prazer em ir às compras com você, todos os dias! ―

Brendan franziu a testa:

― Não faça isso, mãe. ―

Deirdre se encolheu atrás da mulher mais velha. Olhos assustados percorreram o rosto do homem, antes que ela cerrasse a mandíbula e respondesse:

― Você está certa. Eu não quero voltar. Quero ficar aqui, pelo menos por alguns dias. ―

Todo o inferno pareceu explodir na cabeça de Brendan. Uma rajada de pura ferocidade brilhou por trás de seus olhos negros e, se olhar pudesse matar, Deirdre morreria ali mesmo.

Mas, ela ficou defensivamente quieta.

Então, Brendan cerrou os punhos. O ar da sala parecia ter congelado, em resposta à sua lividez silenciosa, por ter sido desafiado. Mas, de repente, ele riu.

― Entendo. Você está brava porque tenho me enterrado no trabalho, às suas custas. Tudo bem, é compreensível. Eu vou ficar com você aqui. Assim que se sentir melhor, iremos para casa, juntos. ―

Brendan exibiu um de seus sorrisos mais cativantes. Para Deirdre, parecia que seu pior pesadelo sorria para ela. Sua respiração engatou em sua garganta e seu rosto empalideceu. Ela precisou de força para reunir uma resposta apressada:

― Mas, você não trouxe roupas... ―

― Ah, tudo bem. Ficarei apenas algumas noites e tem coisas minhas por aqui.

Brendan tinha o costume de subir para o segundo andar, onde o corpo em coma de Charlene descansava, e conversar com ela, todas as noites. Mas, agora, sua obsessão em colocar Deirdre sob vigilância havia crescido tanto que ele estava bem em deixar sua amada em casa.

A ansiedade tomou conta de Deirdre. Ele nunca iria deixá-la ir, não é? Foi esse tipo de percepção que a fez sentir desespero. Ela sabia que, mesmo que estivesse a salvo do homem durante o dia, ainda teria que dormir com ele, na mesma cama, à noite.

Naquela mesma noite, Brendan entrou no quarto primeiro e Deirdre hesitou, por cerca de meia hora, antes de se preparar o suficiente para receber o que o destino a tinha reservado.

Brendan estava sentado na varanda, com seu pijama de seda. O vento varreu seu cabelo e levantou fios no ar. Seus olhos pareciam ter derretido, na noite ao seu redor e, de repente, ele era menos homem e mais uma besta noturna, esperando para atacar sua presa.

Deirdre tremia de medo quando o homem abriu a boca:

― Venha aqui. ―

Ela o obedeceu e, cada passo que dava, fazia novas camadas de suor frio brotarem em sua espinha. Ela mal havia se aproximado do homem quando, de repente, uma mão poderosa surgiu da escuridão.

Ele segurou seu pescoço, e ela viu a raiva queimando em seus olhos.

― Como você ousa, Deirdre! ―

Ela estremeceu.

Enquanto isso, ele também tremia incontrolavelmente e espumava pela boca.

― Então é isso que você queria, não é? Você não saberá como é a dor, a menos que eu ensine! ―

Com um puxão, ele rasgou as roupas de Deirdre e o frio da noite picou sua pele, enviando uma sacudida por todo seu sistema nervoso. Ela gritou em pânico:

― Não, Brendan! O que você está f-fazendo? ―

O aperto em torno de sua garganta não suavizou. Ele a jogou contra a mesa da sacada e a mulher avistou o reflexo do rosto do homem. Tão lindo, mas contorcido por uma fúria insensível e horripilante, enquanto rugia:

― O que eu estou fazendo? O que você acha que eu estou fazendo, porra?! ―

Ele segurou a parte de trás de seus ombros rudemente e a imobilizou.

― Não é isso que você queria, sua vadia maldita? Você queria meu filho, então fez de tudo para me foder, não é? De que outra forma uma cadela da favela como você poderia atrair a atenção de um homem como eu? Você acha que eu não sei o como está feliz por ser fodida? Você praticamente abriu as pernas para mim, implorando para eu foder você, todas as vezes! ― Ele vociferou, concluindo ― É isso que você quer? Vou realizar a porra do seu desejo! ―

Os olhos de Deirdre se arregalaram, em pânico. Seu filho! Algo ruim estava para acontecer com seu filho!
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