Depois de se certificar de que Charlene estava bem, Brendan voltou para a sala de estar, mas ela estava vazia. Então, com uma careta, perguntou a Steven:― Onde está Deirdre? ― A pergunta deixou Steven mudo. Antes que ele conseguisse pensar em uma resposta, o celular de Brendan tocou. Ele conferiu quem ligava e viu que era o número da antiga mansão da família.A risada de sua mãe foi ouvida, assim que ele atendeu:― Brendan, seu garoto bobo! Como você pode esconder essas boas notícias de mim? Deus, nossa Lena está grávida! Você tem que voltar para casa, neste instante, filho! ―No momento em que Brendan chegou, Deirdre estava acomodada no sofá e mordiscava alguns lanches. Sua mãe segurava sua mão, em pura alegria. Entretanto, a paz da mulher foi arruinada assim que viu que ele tinha chegado. Deirdre congelou, abaixando a cabeça para evitar que seus olhares se encontrassem.Brendan fervia de raiva. No entanto, ele abriu um sorriso e disse:― Oh, mas isso não é simplesmente perfe
― Não, Brendan! Por favor! Estou te implorando, por favor, não! ― Brendan sorriu e disse:― Não? Não o quê? Ahh, Deirdre, Deirdre, Deirdre. Você está apostando tudo, não é? Quão baixo você pode afundar? ― Ele não poderia se importar menos, sobre como ela se sentia. Na verdade, ouvi-la fungar e chorar só o frustrava ainda mais.― B-B-Bren... Por favor, pense em nosso filho! ― Ela implorou, com lágrimas rolando pelo canto de seus olhos ― nossa criança... ― ― ‘Nossa’ o quê?! Essa coisa dentro de você é somente o filho de uma puta. Eu não tenho nenhuma relação com isso! ― A frieza em seus olhos gelaria o sangue de qualquer um. Ele queria puni-la e humilhá-la, para despertá-la de sua ilusão. E, mais importante ainda, fazer a criança perecer na brutalidade desse ato.― Brendan! ― ela gritou novamente, enquanto lutava.De repente, o celular do homem tocou em seu bolso, forçando-o a parar. Ele atendeu a ligação e colocou no viva-voz, atendendo, grosseiramente:― O que foi?! ― El
Para Deirdre, a dor de sua pele queimada não era nada comparada à que sentia em seu coração. Charlene começou a chorar, mas em vez de ficar chateado, como acontecia quando era Deirdre que chorava, Brendan estremeceu, em solidariedade. Assim, a mulher percebeu que ele não odiava ver as mulheres chorando, em geral. Ele simplesmente odiava vê-la chorar.Deirdre levantou-se, com grande dificuldade:― Não fui ... não fui eu ― afirmou ela, fracamente, mostrando a Brendan sua mão cheia de bolhas ― a água derramada... Vê? Caiu tudo em mim... ― ― Foda-se! ― Brendan berrou e deu um tapa na mão ferida.A mulher engasgou e quase desmaiou de dor. Pensando que ela estava encenando, o homem ainda disse:― Você não tem do que reclamar sua puta. Você deveria estar feliz por ter sido escaldada. Se Lena tivesse se machucado, eu não teria apenas matado você, teria feito com que você sofresse, por dias, antes de finalmente morrer! Agora, dê o fora daqui! ―Deirdre foi até a porta. Com o canto do
Deirdre ficou tão feliz com a descoberta que quase chorou. Cerrando os dentes, para suprimir a dor, ela cambaleou em direção à porta da frente. No mesmo instante, a porta se escancarou. Assim que os olhos da mulher encontraram Brendan, faiscaram de felicidade:― Bren! ― Ela deu um passo à frente, com entusiasmo ― Bren, escute! Há algo que você deve saber... ― ― Cale a boca e me siga! ― Deirdre notou como o homem parecia terrivelmente frio e, com medo, perguntou: ― O que está acontecendo? ― O olhar do homem era frio, quando disse:― Lena estava dirigindo. Ela atingiu alguém por acidente e fugiu, deixando o corpo para trás.A mente de Deirdre ficou em branco e disse:― Ela matou alguém em um atropelamento? Então, ela deveria se apresentar às autoridades! O que isso tem a ver com... ― ela sentiu um nó na garganta e sua voz sumiu, enquanto a descrença tomava conta dela. Deirdre já sabia o que aconteceria, mas, mesmo assim, as palavras vieram cruéis:― Você irá assumir a culpa. ―
Brendan percebeu, que Deirdre falava sobre o pedido de assumir o crime de Charlene. Mas, nem assim, ele acreditava que a mulher tinha a intenção de sair de sua vida. Como ele poderia acreditar nisso, quando ela tinha a tenacidade e a devoção de um cachorro apaixonado por seu dono? Ela não iria embora, não importa o quão mal ele a tratasse e a criança que ela carregava apenas a encorajaria a assombrá-lo ainda mais.Seu tom era visivelmente mais suave do que o normal, no entanto. Afinal, ele ainda precisava que ela assumisse um crime:― Olha, acalme-se. Agora que você concordou, vou cumprir minha parte no trato e garantir que a pena seja curta. Você vai cumprir pena, por uns cinco meses, enquanto encontro uma maneira de libertá-la. Quanto à sua mãe? Eu garanto a você, vou cuidar dela, da melhor maneira possível. ―Por muito tempo, houve apenas silêncio do outro lado. Brendan não era conhecido por sua paciência, então, ter falado tanto com Deirdre, provavelmente, tinha sido o limite má
Deirdre congelou. Ela mal havia se recuperado do choque, quando alguém deu um passo à frente, agarrou seu tornozelo e começou a arrastá-la pelo chão.― O que você está fazendo?! Pare! Nããão! ― seus gritos caíram em ouvidos surdos. A líder respondeu com seu próprio grito irado:― Essa cria de demônio, dentro de você, com certeza não sabe quando desistir! Ele sabe que já se passaram dois meses? Já deveria ter descido pelo ralo, há muito tempo. Verme teimoso. Nesse ritmo, teremos que fazer seu aborto, nós mesmas, e isso é uma merda! ―Os olhos de Deirdre se arregalaram. Ela se desvencilhou do aperto da mulher e caiu de joelhos, com as mãos entrelaçadas:― Eu imploro, por favor, poupe meu filho! Ele é inocente! ― ― Mas, você não é, né? ― veio a resposta arrepiante ― seu pecado, vadia, foi ter desagradado o Brighthall. É isso! Que pecado mais horrível... honestamente, estamos apenas entregando sua punição! Deus, você não tem ideia do quanto ele a quer morta e deseja, mais do que tudo
Os olhos de Deirdre não focaram e não reagiram à luz.A médica apertou os lábios, com uma pontada de pena. Diante de uma mulher cujo rosto estava em uma ruína irreversível, a doutora teve dificuldade em encontrar palavras.― Olá? ― Deirdre perguntou ― você ainda está aí? ― ela estendeu a mão, procurando contato, mas recuou, como se um pensamento terrível passasse em sua mente. Sua voz tremia, quando disse ― onde estão as luzes? Está tão escuro aqui! Eu não consigo ver nada! Acenda as luzes! ― Em desespero, Deirdre jogou o cobertor para longe e pulou da cama, derrubando o carrinho do hospital. Com um barulho alto metálico e vidro se espatifando, a mulher foi ao chão.― Calma! ― a médica alertou, enquanto ela se adiantava para ajudar ― tem cacos de vidro pelo chão e carrinhos de procedimento. É um grande perigo andar sem ver nada, certo? ―― Carrinhos? Onde? ― Deirdre perguntou, segurando o choro ― por que não posso vê-los? Está escuro como breu aqui, certo? Houve um corte de en
O guarda levou Deirdre para preencher seus papéis de liberação. Mas, antes de terminar, ela perguntou:― Com licença, você pode me ajudar a fazer uma ligação? ― ― Claro. ― Ela recitou uma série de números e esperou, mas ninguém atendeu. Intrigado, o guarda que a ajudava pensou em voz alta:― Parece que este número não pertence a ninguém, senhora. Com quem você estava tentando entrar em contato?― Ophelia McQuenny. Ela é minha... mãe adotiva. ―― Mãe adotiva? ― algo naquele nome soava familiar. Ele examinou os relatórios de morte ao lado dele e encontrou esse mesmo nome em um dos papéis.Deirdre cerrou os punhos nervosamente:― Então? Ela está bem? Ela mudou de número, certo? Você pode me dar o endereço da casa dela? ―O guarda trocou um olhar com o colega.― Por favor, me diga o endereço dela. Eu vou visitá-la ― a mulher acrescentou.Deirdre pediu aos guardas para ajudá-la a entrar em um ônibus que a levaria para a zona leste de Neve. Foi uma jornada repleta de murmúrios e