AdanPresidente dos Estados Unidos da América, aos quarenta e dois anos.Esse é o sonho de carreira de muitos políticos, mas apenas um poderá alcançar a cada quatro anos. Eu era o presidente mais jovem a possuir este título.Sentado no Salão Oval, às dez da noite, encarava um quadro na parede com a minha figura pintada na sua tela. A última reunião havia sido encerrada duas horas atrás, mas eu continuava ali. Não porque ainda havia algo para ser feito, mas porque estava prolongando ao máximo o momento de atravessar os corredores até o lado, onde residia dentro da Casa Branca.Há seis meses, eu ocupava aquele espaço, morava naquela casa de paredes tão brancas onde eu governava uma nação. Há malditos seis meses continuava a sustentar uma mentira na minha vida. Uma infeliz mentira, devo dizer.Suspirando fundo, apanhei o copo sobre a mesa e derramei na minha boca o último gole de um bom e caro uísque, sentindo descer por minha garganta o calor tão brevemente aconchegante que desaparecia
AdanApós o banho e um desjejum digno para sustentar mais um dia no cenário político americano, caminhei para a minha sala com os homens sempre a um metro atrás de mim. George era um homem alto, forte. Apresentava ter uma idade próxima à minha. A sua feição era sempre séria. Já Seth, era um jovem bonito. Não devia ter mais que trinta anos, mas executava o seu trabalho tão bem quanto qualquer outro ali dentro. Ele tinha um bom treinamento na CIA.Ao entrar no Salão Oval, Alex já estava esperando por mim. A mulher baixinha com cabelos pretos em uma trança, de trinta e cinco anos e olhos claros, era alguém que, com o passar dos anos, havia se tornado uma grande amiga.— Bom dia, Alex.— Bom dia, senhor presidente. — Ela sempre sorria ao dizer isso.Parecia ter sido ontem que ela me chamava de louco por comunicá-la o meu desejo de concorrer à presidência.Ainda escutava em alto e bom som a rolha do champanhe estourar quando fui eleito para governador. Havia sido presente dela quando anunc
AdanEla falava com tanta segurança e firmeza, ao mesmo tempo que esbanjava sensualidade. Se naquele momento eu pudesse escolher uma mulher com quem passar uma noite, sem dúvidas, seria com a srta. Heller.— Quando estiver pronto, senhor presidente. — Colocou o celular sobre a mesinha entre nós.— Podemos começar — disse certo de que já estava pronto.Ela apertou um botão na tela e o tempo da gravação começou a correr. A cada pergunta feita, mais me sentia bem diante dela. Os assuntos foram surgindo e ela sabia perfeitamente como formular as interrogações para cada novo tópico. Em vários momentos, ela sorriu e até riu. Como era suave a sua risada. Se fosse palpável seria macia como algodão.Dianne Heller era uma mulher jovem. Talvez jovem demais para mim, um homem que já havia passado dos quarenta. Ela não parecia ter mais do que vinte e seis ou vinte e sete anos. Perguntava-me como alguém de tão pouca idade havia conseguido estar de frente para o mais novo presidente do país, guiando
AdanDurante o trajeto matei o tempo com perguntas banais sobre o seu trabalho, como: o processo de publicação de uma matéria e como era decidido o que iria estampar primeira capa, ou não.Quando chegamos, os carros entraram na garagem subterrânea do prédio de três andares. Aguardamos alguns minutos. Quando os meus seguranças liberaram a nossa saída, descemos tomando um elevador direto para o último andar, o qual abrigava uma sala feita para recepcionar pequenos eventos.Quando as portas douradas se abriram, saímos para a área que comportava tranquilamente cem pessoas. Eu já havia estado ali semanas atrás, quando recebi alguns amigos políticos.— Uau... — murmurou observando o lugar bem decorado e iluminado. Apesar de pequeno, tudo ali inspirava luxo.Apenas uma mesa ao centro estava posta com dois lugares. Pedi que George intermediasse a entrega da comida e os pedidos. Não queria que ninguém, nem mesmo o chef de cozinha daquele lugar incrível, fosse até ali. Primeiramente, não queria
DianneAcordei com o despertador às seis. Depois daquele jantar, demorei horas para dormir. Era surreal. Eu havia jantado com o presidente dos Estados Unidos. Parecia cena de um livro clichê de romance.Ainda podia sentir o seu perfume tão bom e o toque dos seus lábios na minha bochecha. Seria insano dizer que senti atração por aquele homem? Adan era um pouco mais alto do que imaginava, devia ter um pouco menos de um metro e oitenta. Noventa quilos, eu diria. Os seus cabelos pretos eram marcados nas têmporas por alguns fios brancos que começavam a surgir e por uma mecha grisalha acima da testa, no lado esquerdo. Aquilo era um charme imenso que o marcava desde jovem. Os seus fios pareciam tão sedosos, senti vontade de tocar. Os seus olhos castanhos com um leve toque acobreado me cativaram assim que os nossos olhares de encontraram.Percebi a minha calcinha umedecer. Levei a minha mão entre as minhas pernas e senti o quanto estava excitada só de pensar nele. Sem dúvida, aquele homem hav
DiannePassei toda a manhã seguinte com borboletas no estômago. Havia demorado mais que o normal para escolher a roupa para o trabalho. Nos lábios, um raro batom vermelho. No corpo, um vestido preto de mangas cavadas, justo e de comprimento até os joelhos. Um pequeno decote nos seios chamava a atenção discretamente.Os cabelos, que normalmente ficavam presos, estavam soltos e lisos. Eu estava muito ansiosa para vê-lo de novo. Olhando o meu reflexo no espelho, sorri aceitando que estava caprichando tanto no visual somente para atrair o olhar tão intenso do presidente.Alguns minutos depois das onze, uma movimentação do lado de fora da minha sala chamou a minha atenção. As pessoas estavam todas paralisadas e de pé. Ele havia chegado, sem dúvidas.Ao sair, logo o vi cercado por seus seguranças. Ele cumprimentava o meu editor-chefe, apertando a sua mão com firmeza. Os olhos de Adan saíram do homem à sua frente, vindo diretamente até os meus. Era como se ele soubesse exatamente para onde o
AdanQuem era ele? Os dois pareciam íntimos. Seria seu namorado? Isso me causava um sentimento estranho. O modo como ele abraçou o seu corpo... senti inveja! Por que não poderia ser eu?O homem à minha frente não parava de falar nem por um segundo. Eu já nem sabia mais qual era o assunto daquela conversa.— Me fale sobre Dianne — interrompi-o, assim que a vi sair.O cara parecia um astro da NBA, tinha pinta de estrela. Será que era por homens assim que ela se atraía, jovens e cheios de glamour?— Bom... Ela é um prodígio. Foi indicada pela faculdade para o estágio. Em poucos anos evoluiu e conquistou o seu espaço com muito respeito nesta revista.— Gosto dela.O homem riu.— Sim, todos aqui adoram Dianne. Ela é uma pessoa incomum, mas de um jeito...— Extraordinário — completei a sua frase.Enquanto sentia graça por sua inteligência e profissionalismo, eu achava aquele lugar pequeno demais para ela, embora a Washington Times fosse uma grande revista. E pensar nisso me fez lembrar que
AdanFrustrado, segui para a minha habitação naquele grande labirinto branco. Na cozinha, após um banho, preparava um sanduíche.— Ainda acordado. Algum problema? — perguntou Estela.— Não. Só estava com fome. Tratar de negócios durante o jantar não nos deixa comer direito. E você? O que faz acordada?— Estava lendo um livro. Quer que eu faça um suco?Olhei-a surpreso. Há muito tempo não se oferecia para fazer algo para mim.— Sim, por favor.Enquanto ela espremia as laranjas, terminei o meu sanduíche e sentei-me do outro lado da ilha.— O Baile Beneficente é em algumas semanas. Já escolheu qual instituição irá beneficiar? — Colocou gelo dentro do copo à minha frente.— Ainda não. — Mordi o sanduíche.— Estou sentindo algo diferente em você. Os seus ombros não estão mais caídos.“Diferente? O que estaria diferente em mim?”— E o que seria?— Não sei dizer. — Sorriu. — Vou me deitar. Boa noite, Adan.— Boa noite, Estela.Ela se foi e eu me perguntei novamente o que estaria diferente em