Dianne
Acordei com o despertador às seis. Depois daquele jantar, demorei horas para dormir. Era surreal. Eu havia jantado com o presidente dos Estados Unidos. Parecia cena de um livro clichê de romance.
Ainda podia sentir o seu perfume tão bom e o toque dos seus lábios na minha bochecha. Seria insano dizer que senti atração por aquele homem? Adan era um pouco mais alto do que imaginava, devia ter um pouco menos de um metro e oitenta. Noventa quilos, eu diria. Os seus cabelos pretos eram marcados nas têmporas por alguns fios brancos que começavam a surgir e por uma mecha grisalha acima da testa, no lado esquerdo. Aquilo era um charme imenso que o marcava desde jovem. Os seus fios pareciam tão sedosos, senti vontade de tocar. Os seus olhos castanhos com um leve toque acobreado me cativaram assim que os nossos olhares de encontraram.
Percebi a minha calcinha umedecer. Levei a minha mão entre as minhas pernas e senti o quanto estava excitada só de pensar nele. Sem dúvida, aquele homem havia me provocado tesão. Quando atrevi tocar o meu clitóris, gemi arrepiada. Ele implorava para ser acariciado.
Abrindo a gaveta ao lado da cama, apanhei a minha caixa de veludo roxo. Dentro havia um vibrador, gel lubrificante e algumas coisas a mais. Peguei o vibrador e coloquei a caixa sobre o aparador. Estava tão excitada, que não precisaria de lubrificante algum.
Tirando a coberta de cima de mim, arranquei a calcinha e abri as minhas pernas, apoiando os pés no colchão. Liguei o vibrador dois em um e o introduzi na minha vagina, indo e voltando, enquanto a outra ponta massageava o meu clitóris.
Fechando os olhos, me permiti pensar nele. Permiti lembrar da sensação das poucas vezes que a sua grande mão tocou a minha cintura e a base da coluna. Apertei o meu mamilo esquerdo, aumentei a velocidade do vibrador e gemi alto sentindo o orgasmo aproximar rapidamente. Queria muito que fosse o Homem Inalcançável a me saciar naquela manhã. Gozei gemendo manhosa, sentindo as pernas esquentarem.
Quando removi o vibrador, observei o quanto ele estava molhado. Sorrindo, e não totalmente satisfeita, levantei-me e fui ao banheiro. Tinha uma rotina para cumprir antes do trabalho.
* * *
Corri três quilômetros naquela manhã. Após me arrumar para o trabalho, comi uma torrada com geleia de framboesa e tomei uma caneca de café. Atrasada em cinco minutos, dirigi tentando evitar sinais fechados e as vias de fluxo intenso pela cidade.
Na sede da Washington Times, sentada à minha mesa, trabalhei o dia todo na matéria de Adan. Muitas vezes foi inevitável não sorrir ao me lembrar dele ou da masturbação daquela manhã feita pensando nele.
O meu celular vibrou sobre a mesa. Na tela estava o nome do meu padrinho.
— Boa noite, tio Tommy.
— Boa noite, querida. Estou ligando para saber como foi a entrevista ontem à noite.
— Foi incrível! — Sorri mordendo o lábio inferior.
— Que bom. Parece feliz.
— Estou. — Inexplicavelmente, eu me sentia mais feliz naquele dia. Talvez fosse a masturbação matinal. Ou, talvez, fosse a recordação do jantar na noite anterior.
— Karen está programando um jantar para o aniversário do nosso casamento amanhã. Esperamos que você venha. Será algumas poucas pessoas, algo íntimo.
— Tudo bem. Diga a ela que estarei aí.
— Estamos com saudade.
— Também estou com muita saudade.
— Será a partir das sete.
— Certo, tio Tommy.
— Boa noite, querida. Eu te amo.
— Também te amo. Boa noite.
Encerrei a chamada e só então me atentei as horas. Já passava das seis. Faltava pouco para rever a matéria e, então, enviá-la para a secretária de Adan.
Quando deixei o escritório já eram oito horas. Ao chegar em casa, Sirius e Remo vieram me recepcionar na porta, ronronando e esfregando-se nas minhas pernas. Os dois gatos adotados em um abrigo, era quem dividiam a enorme casa de dois andares comigo.
A casa havia sido presente do tio Tommy. Tudo aquilo que ele fazia por seus filhos, fazia igualmente para mim. Eu era extremamente grata por isso. Não poderia ter sido criada e zelada por pessoa melhor.
Abri a geladeira e pensei no que poderia cozinhar, mas estava com preguiça e cansada demais. Peguei o telefone sobre a bancada da cozinha e liguei para um restaurante italiano no centro. Pedi uma salada com peixe grelhado e abri uma garrafa de vinho tinto que estava escondida no fundo da geladeira.
Na cama, após comer e tomar banho, não conseguia dormir mesmo tão exausta. Peguei o laptop dentro da bolsa sobre a poltrona ao canto, e sentei-me em cima do cobertor. Abrindo a tela, pesquisei no G****e por Adan Bremner. Inúmeras fotos e matérias apareceram ali. Muitas delas eu já havia lido.
Observando as imagens mais recentes, foi impossível não notar a mudança no seu sorriso e a forma que se comportava próximo da esposa. Parecia que a química e o romance visível já não existia há algum tempo. Os dois, que antes posavam abraçados ou de mãos dadas, agora mantinham uma distância mínima de uns trinta centímetros um do outro. Isso era estranho e curioso.
Entre quase um milhão de fotos, uma chamou a minha atenção, fazendo-me sorrir. Aquela havia sido registrada no dia em que ele tomou posse do seu cargo. O seu sorriso era grande e contagiante. Os olhos brilhavam emocionados. Adan era tão bonito. Aquela, sem dúvida, seria uma das imagens que eu mandaria para ser usada na montagem das páginas da entrevista.
* * *
Os dias passaram e uma semana havia ido embora. Em meio à correria do dia, abri o correio eletrônico para tentar responder ao máximo deles. No topo, recebido há sete minutos, estava o e-mail tão aguardado.
Cara srta. Heller,
Comunicamos que o seu texto foi aprovado pela assessoria de imprensa da Casa Branca. Parabenizamos pelo trabalho. Através deste e-mail, autorizamos a publicação da exclusiva.
Favor nos manter informados sobre a data da publicação.
O presidente informa que fará uma visita amanhã, às dez horas, à sede da revista para a sessão de fotos para a capa da edição.
Atenciosamente,
Secretária do presidente,
Alex Bokker.
O meu coração batia acelerado. Eu havia acabado de ser elogiada pela secretária do presidente! E o veria amanhã! Dentro do meu peito, sentia algo pegar fogo, chegando a aquecer a minha pele.
Sorri muito feliz. Tudo havia dado certo com a entrevista. Aquilo era digno de comemoração.
Peguei o meu celular sobre a mesa e mandei mensagem para Theo. Havíamos sido criados juntos após a morte dos meus pais. Ele era alguns meses mais velho, mas sempre nos demos muito bem. Éramos grandes amigos um do outro e nada mais justo do que comemorar com ele este momento histórico na minha carreira, até o momento!
Disponível para uns
drinques mais tarde?
Dianne
04:23 P.M.
Bem que eu gostaria.
Jantar de negócios.
Theo
04:24 P.M.
— Droga! — murmurei.
Tudo bem. Almoço amanhã?
Precisamos comemorar.
A minha entrevista foi aprovada!
Dianne
04:25 P.M.
Feliz por você!
Almoço amanhã, então.
Te busco ao meio-dia.
Theo
04:27 P.M.
DiannePassei toda a manhã seguinte com borboletas no estômago. Havia demorado mais que o normal para escolher a roupa para o trabalho. Nos lábios, um raro batom vermelho. No corpo, um vestido preto de mangas cavadas, justo e de comprimento até os joelhos. Um pequeno decote nos seios chamava a atenção discretamente.Os cabelos, que normalmente ficavam presos, estavam soltos e lisos. Eu estava muito ansiosa para vê-lo de novo. Olhando o meu reflexo no espelho, sorri aceitando que estava caprichando tanto no visual somente para atrair o olhar tão intenso do presidente.Alguns minutos depois das onze, uma movimentação do lado de fora da minha sala chamou a minha atenção. As pessoas estavam todas paralisadas e de pé. Ele havia chegado, sem dúvidas.Ao sair, logo o vi cercado por seus seguranças. Ele cumprimentava o meu editor-chefe, apertando a sua mão com firmeza. Os olhos de Adan saíram do homem à sua frente, vindo diretamente até os meus. Era como se ele soubesse exatamente para onde o
AdanQuem era ele? Os dois pareciam íntimos. Seria seu namorado? Isso me causava um sentimento estranho. O modo como ele abraçou o seu corpo... senti inveja! Por que não poderia ser eu?O homem à minha frente não parava de falar nem por um segundo. Eu já nem sabia mais qual era o assunto daquela conversa.— Me fale sobre Dianne — interrompi-o, assim que a vi sair.O cara parecia um astro da NBA, tinha pinta de estrela. Será que era por homens assim que ela se atraía, jovens e cheios de glamour?— Bom... Ela é um prodígio. Foi indicada pela faculdade para o estágio. Em poucos anos evoluiu e conquistou o seu espaço com muito respeito nesta revista.— Gosto dela.O homem riu.— Sim, todos aqui adoram Dianne. Ela é uma pessoa incomum, mas de um jeito...— Extraordinário — completei a sua frase.Enquanto sentia graça por sua inteligência e profissionalismo, eu achava aquele lugar pequeno demais para ela, embora a Washington Times fosse uma grande revista. E pensar nisso me fez lembrar que
AdanFrustrado, segui para a minha habitação naquele grande labirinto branco. Na cozinha, após um banho, preparava um sanduíche.— Ainda acordado. Algum problema? — perguntou Estela.— Não. Só estava com fome. Tratar de negócios durante o jantar não nos deixa comer direito. E você? O que faz acordada?— Estava lendo um livro. Quer que eu faça um suco?Olhei-a surpreso. Há muito tempo não se oferecia para fazer algo para mim.— Sim, por favor.Enquanto ela espremia as laranjas, terminei o meu sanduíche e sentei-me do outro lado da ilha.— O Baile Beneficente é em algumas semanas. Já escolheu qual instituição irá beneficiar? — Colocou gelo dentro do copo à minha frente.— Ainda não. — Mordi o sanduíche.— Estou sentindo algo diferente em você. Os seus ombros não estão mais caídos.“Diferente? O que estaria diferente em mim?”— E o que seria?— Não sei dizer. — Sorriu. — Vou me deitar. Boa noite, Adan.— Boa noite, Estela.Ela se foi e eu me perguntei novamente o que estaria diferente em
AdanEla me encarava com um olhar surpreso e a boca entreaberta, incrédula. Levantei e me sentei ao seu lado, bem perto. O seu perfume era tão intenso e suave ao mesmo tempo.— Está mesmo me fazendo este convite? — Assenti. — Isso é... É incrível, Adan — disse quase sem ar, sorrindo. Os seus olhos brilhavam, ela estava feliz. Senti vontade de abraçá-la. — Espero ser capaz deste trabalho.— Estive lendo os seus trabalhos. Você é plenamente capaz, querida.Gosto da ideia de ter você por perto desenvolvendo de forma sensata as notícias que sairão daqui.— Estou surpresa, mas contente. É uma mudança que não esperava.— Precisa de tempo para pensar?Ela pareceu pensar por alguns segundos, mas negou em um gesto com a cabeça.— Ótimo. — Ri aliviado. Por míseros segundos tive medo dela dizer que sim, que precisaria pensar melhor. — Quando pode começar?— Preciso terminar alguns trabalhos, mas posso estar aqui na próxima semana.— Gostaria de poder ter uma sala somente para seu uso, mas como n
DianneNa quinta, cheguei as oito e meia no trabalho. Ao sair do elevador, os meus colegas me aplaudiram de pé. Aquela com certeza seria a reportagem do ano. A Washington Times, apesar de ser uma revista grande e conceituada, nunca na sua história de trinta e oito anos havia conseguido uma exclusiva com um presidente recém-eleito. Ainda mais sendo ele um homem que havia marcado a nação com a sua campanha, trajetória política e uma porcentagem de votos tão alta.Adan Bremner era tão querido pelos americanos, quanto Obama foi. E por isso eu esperava que a minha matéria fizesse dele um governante ainda mais amado pelo seu povo. Todos acreditavam nele. Eu acreditava.— Obrigada, pessoal — agradeci emocionada. Sentiria falta de estar no meio daquela equipe formada por mais de vinte pessoas.— Você recebeu flores, coloquei na sua mesa — disse Sarah, acompanhando-me.Quando entrei na sala, a mesa estava repleta de flores e o ambiente cheirava a jardim. Um buquê de tulipas amarelas havia sido
DianneNa segunda-feira, eu cheguei bem cedo no trabalho. Não conseguia me acalmar, mesmo após duas xícaras de chá de camomila e limão. Esperava há vinte minutos pelo assistente da secretária do presidente, no saguão da grande Casa Branca.— Senhorita Heller...— Sim.— Desculpe a demora. Sou Karl Gardin.— É um prazer, Karl.Apertamos as mãos.— Seja bem-vinda à Casa Branca. Venha comigo. Eu mesmo irei lhe levar até o local onde irá trabalhar. O presidente gostaria de estar aqui para lhe dar as boas-vindas, mas ele tinha os seus compromissos no Capitólio esta manhã.— Tudo bem.— Ele realmente gostou de você. Todos aqui estão falando sobre a sua chegada. Eu li a sua matéria. Ficou ótima. — Sorriu para mim.Karl era um homem bonito. Devia ter a minha idade, talvez um ou dois anos a mais. Magro, bem alto, loiro e olhos azuis. Alguém com quem eu, com certeza, sairia para tomar alguns drinques, mas não para sexo. Sem chance!— Me sinto lisonjeada. Obrigada.— Esta é a sala da associação.
DianneDianne— Senhor presidente... Como foi a manhã? — perguntou Karl tentando ser gentil, ou puxar o saco do homem. Ainda estava na dúvida.— Olá, Karl. Foi produtiva. Obrigado por apresentar o lugar para Dianne, mas eu assumo a partir daqui. Pode ir.Karl olhou para mim e depois assentiu para Adan com um sorriso sem graça, seguindo para fora.— Olá, querida.A minha calcinha umedeceu ao ouvi-lo me chamar assim novamente.— Boa tarde, senhor presidente. — As palavras saíram baixas.Ele se aproximou.— Como foi a manhã do seu primeiro dia?— As coisas aqui são um pouco loucas e tudo acontece muito rápido, mas gostei do agito. — Sorri.— Queria eu poder ter te levado para esse tour, mas o menino chegou na frente.— Ele só quis ser gentil.— Ele é um bom rapaz. Mas tenho certeza de que o tour não foi completo. Os funcionários têm acesso restrito, mas o meu acesso é ilimitado — gabou-se de forma humorada.— Claro, eu acredito. Afinal, você é o presidente.Ele riu.— Posso fazer isso ag
DianneAo chegar na sala, aquele lugar já estava abarrotado de gente.“Como essas pessoas chegaram aqui tão rápido?”Alguns minutos depois, o meu celular vibrou nas minhas mãos. Era uma mensagem da Sarah com o link da publicação feito há três minutos no site da Washington Times. Havia ficado ótimo. Ela revelou a novidade e fez um rápido e específico resumo sobre a instituição escolhida.— Oi, Dianne.Olhei para o lado e lá estava um ex-colega de faculdade, que também fazia parte da associação. Eu havia imaginado que ele não tinha me reconhecido, já que em momento algum veio falar comigo. Na verdade, ninguém ainda havia vindo cumprimentar ou só apenas ser curioso. Todos naquela sala se comportavam como concorrência. Era quase zero o nível de socialização entre as pessoas ali.— Travis... — disse em cumprimento.— Gostando do trabalho novo?— Sim, obrigada por perguntar.— Foi mal não ter ido falar com você ainda, eu ando muito ocupado.“Sério? Você está sentado três mesas à minha esquer