Adan
Quem era ele? Os dois pareciam íntimos. Seria seu namorado? Isso me causava um sentimento estranho. O modo como ele abraçou o seu corpo... senti inveja! Por que não poderia ser eu?
O homem à minha frente não parava de falar nem por um segundo. Eu já nem sabia mais qual era o assunto daquela conversa.
— Me fale sobre Dianne — interrompi-o, assim que a vi sair.
O cara parecia um astro da NBA, tinha pinta de estrela. Será que era por homens assim que ela se atraía, jovens e cheios de glamour?
— Bom... Ela é um prodígio. Foi indicada pela faculdade para o estágio. Em poucos anos evoluiu e conquistou o seu espaço com muito respeito nesta revista.
— Gosto dela.
O homem riu.
— Sim, todos aqui adoram Dianne. Ela é uma pessoa incomum, mas de um jeito...
— Extraordinário — completei a sua frase.
Enquanto sentia graça por sua inteligência e profissionalismo, eu achava aquele lugar pequeno demais para ela, embora a Washington Times fosse uma grande revista. E pensar nisso me fez lembrar que atualmente não havia um jornalista da WT na Associação de Correspondentes na Casa Branca.
— Me diga, Ezra... O que pensa sobre uma jornalista dentro da Casa Branca?
— Está falando de tempo integral?
Assenti.
— Isso é sério, sr. Bremner? Há tempo não temos ninguém lá dentro. — Pareceu estar empolgado.
— Então, chegou a hora. — Sorri.
Ele gargalhou e estreitou os olhos em seguida, pensativo.
— E suponho que estejamos falando de uma certa jornalista extraordinária.
— Talvez.
Avaliei o seu rosto para tentar desvendar o que ele achava disso. Havia um misto de dúvida e grande interesse.
— Será divertido estar lá dentro outra vez. — Sorriu. — Mas existe alguém além de mim que deve aceitar o convite.
— Gostaria de fazer a proposta pessoalmente. Poderia me passar o contato de Dianne?
Ezra pareceu hesitar, mas logo assentiu e me passou o número do celular dela. Quando peguei aquele cartão com rabiscos feitos no seu verso, as minhas mãos coçaram.
* * *
À noite, Alex entrou na minha sala, pegando-me desprevenido. Eu estava investigando por conta própria a vida de Dianne. Ela tinha redes sociais, mas não postava muita coisa pessoal. Tinha mais fotos de paisagens pela cidade, livros que lera, doces e cafés. Nenhuma marcação de local por onde esteve. No entanto, havia descoberto três coisas sobre ela: Dianne tinha dois gatos adotados, Sirius e Remo. O que me levou à segunda descoberta: ela era fã de Harry Potter. E quem não era?! A terceira descoberta, era que ela amava muito atividades físicas. Já havia corrido uma maratona de vinte e cinco quilômetros em Manhattan.
Entre as mil setecentas e três postagens no seu I*******m, havia várias fotos dela ao lado do homem com quem saiu do trabalho ao meio-dia. Nada ali mostrava que os dois eram namorados, ou que não eram. Nenhuma das fotos havia marcação para saber quem era o homem e poder invadir a sua vida social na internet. A curiosidade já se tornava angústia.
— Aqui está! — Alex colocou uma pasta aberta sobre a minha mesa. — São as licitações que pediu para ver sobre as reformas dos gabinetes dos senadores.
— Certo.
— Temos que conversar, Adan. — A sua feição era séria e o seu tom de voz hostil.
— O que houve?
— Você não pode ficar andando por aí sem mim, saindo para qualquer lugar. Sou sua secretária e assistente pessoal. É meu trabalho cuidar de você e da sua imagem. Não sabe os riscos que corre saindo tarde da noite para jantar com um rabo de saia ou indo até a sede de uma revista sem menores condições de segurança para você. Está deixando o seu departamento de segurança louco e sendo irresponsável, Adan! Você é o presidente deste país. Precisa se comportar como um!
Ela não havia gostado nem um pouco quando dispensei a sua presença ao ir jantar com Dianne e muito menos quando fui até a sede da Times realizar a sessão de fotos, sem ela! O seu comportamento estava estranho e começava a me irritar. Éramos amigos e sempre trabalhamos bem juntos, não queria que isso estragasse. Mas ela não estava contribuindo.
Eu sabia das consequências que poderia ter cada ato feito por mim, mas estava com os meus homens. Se em algum momento chegasse a ficar em perigo aonde quer que fosse, não seria ela quem empunharia uma arma para me proteger.
— Alex... — chamei-a em um tom sério e firme, corrigindo a minha postura na cadeira. — Não preciso de você o tempo todo atrás de mim. Você é mais útil aqui dentro, do que seguindo os meus passos. Era só uma sessão de fotos e a porra de um jantar. Somos amigos, mas não use isso para tentar me controlar! — fui firme.
— Foi até lá para vê-la, não é?
Recostei na minha cadeira e respirei fundo. Sim! Eu havia ido até lá só para vê-la novamente. E se pudesse, nesse momento, estaria na porta da sua casa convidando-a para um encontro, mas eu não podia.
— Adan... Eu entendo que não exista mais casamento dentro da sua casa há anos. E eu sinto muito. Você é um homem bom e merece ser feliz. Mas você precisa entender que, enquanto estiver por aí apresentando Estela como a sua primeira-dama, não pode flertar ou sair para jantar com outra mulher. Isso não seria bom para a sua carreira antes e não é agora, que se tornou o presidente. E depois... Não acha a garota muito nova para você? Quantos anos ela tem? Vinte? — Senti desprezo nas suas palavras.
— Vinte e sete. Completará vinte e oito em três semanas. — Havia descoberto isso mais cedo no seu F******k. Na verdade, dei-me conta de que sabia quatro coisas sobre ela.
Alex encarou-me com um olhar de desaprovação total.
— Um rostinho bonito pode destruir a sua carreira. Cuidado. Pense com a cabeça de cima, Adan.
— Boa noite, Alex. — Expulsei-a com um tom de voz grosso e olhar estreito.
Ela se virou indo em direção da porta.
— Ah, mais uma coisa. — Parou e olhou para mim. — Em breve, a Washington Times fará parte da Associação de Correspondentes. O contrato será em nome de Dianne Heller.
— Eu não acredito nisso! Você escutou alguma coisa do que disse segundos atrás?
— É somente isso. Boa noite, Alex. — Fui um tanto rude.
— Como queira, senhor presidente. — Deixou o Salão Oval.
Alex parecia estar surtando. Ela não era assim. Não havia nada que explicasse o seu comportamento. Eu não estava fazendo nada de errado. Ou estava?
AdanFrustrado, segui para a minha habitação naquele grande labirinto branco. Na cozinha, após um banho, preparava um sanduíche.— Ainda acordado. Algum problema? — perguntou Estela.— Não. Só estava com fome. Tratar de negócios durante o jantar não nos deixa comer direito. E você? O que faz acordada?— Estava lendo um livro. Quer que eu faça um suco?Olhei-a surpreso. Há muito tempo não se oferecia para fazer algo para mim.— Sim, por favor.Enquanto ela espremia as laranjas, terminei o meu sanduíche e sentei-me do outro lado da ilha.— O Baile Beneficente é em algumas semanas. Já escolheu qual instituição irá beneficiar? — Colocou gelo dentro do copo à minha frente.— Ainda não. — Mordi o sanduíche.— Estou sentindo algo diferente em você. Os seus ombros não estão mais caídos.“Diferente? O que estaria diferente em mim?”— E o que seria?— Não sei dizer. — Sorriu. — Vou me deitar. Boa noite, Adan.— Boa noite, Estela.Ela se foi e eu me perguntei novamente o que estaria diferente em
AdanEla me encarava com um olhar surpreso e a boca entreaberta, incrédula. Levantei e me sentei ao seu lado, bem perto. O seu perfume era tão intenso e suave ao mesmo tempo.— Está mesmo me fazendo este convite? — Assenti. — Isso é... É incrível, Adan — disse quase sem ar, sorrindo. Os seus olhos brilhavam, ela estava feliz. Senti vontade de abraçá-la. — Espero ser capaz deste trabalho.— Estive lendo os seus trabalhos. Você é plenamente capaz, querida.Gosto da ideia de ter você por perto desenvolvendo de forma sensata as notícias que sairão daqui.— Estou surpresa, mas contente. É uma mudança que não esperava.— Precisa de tempo para pensar?Ela pareceu pensar por alguns segundos, mas negou em um gesto com a cabeça.— Ótimo. — Ri aliviado. Por míseros segundos tive medo dela dizer que sim, que precisaria pensar melhor. — Quando pode começar?— Preciso terminar alguns trabalhos, mas posso estar aqui na próxima semana.— Gostaria de poder ter uma sala somente para seu uso, mas como n
DianneNa quinta, cheguei as oito e meia no trabalho. Ao sair do elevador, os meus colegas me aplaudiram de pé. Aquela com certeza seria a reportagem do ano. A Washington Times, apesar de ser uma revista grande e conceituada, nunca na sua história de trinta e oito anos havia conseguido uma exclusiva com um presidente recém-eleito. Ainda mais sendo ele um homem que havia marcado a nação com a sua campanha, trajetória política e uma porcentagem de votos tão alta.Adan Bremner era tão querido pelos americanos, quanto Obama foi. E por isso eu esperava que a minha matéria fizesse dele um governante ainda mais amado pelo seu povo. Todos acreditavam nele. Eu acreditava.— Obrigada, pessoal — agradeci emocionada. Sentiria falta de estar no meio daquela equipe formada por mais de vinte pessoas.— Você recebeu flores, coloquei na sua mesa — disse Sarah, acompanhando-me.Quando entrei na sala, a mesa estava repleta de flores e o ambiente cheirava a jardim. Um buquê de tulipas amarelas havia sido
DianneNa segunda-feira, eu cheguei bem cedo no trabalho. Não conseguia me acalmar, mesmo após duas xícaras de chá de camomila e limão. Esperava há vinte minutos pelo assistente da secretária do presidente, no saguão da grande Casa Branca.— Senhorita Heller...— Sim.— Desculpe a demora. Sou Karl Gardin.— É um prazer, Karl.Apertamos as mãos.— Seja bem-vinda à Casa Branca. Venha comigo. Eu mesmo irei lhe levar até o local onde irá trabalhar. O presidente gostaria de estar aqui para lhe dar as boas-vindas, mas ele tinha os seus compromissos no Capitólio esta manhã.— Tudo bem.— Ele realmente gostou de você. Todos aqui estão falando sobre a sua chegada. Eu li a sua matéria. Ficou ótima. — Sorriu para mim.Karl era um homem bonito. Devia ter a minha idade, talvez um ou dois anos a mais. Magro, bem alto, loiro e olhos azuis. Alguém com quem eu, com certeza, sairia para tomar alguns drinques, mas não para sexo. Sem chance!— Me sinto lisonjeada. Obrigada.— Esta é a sala da associação.
DianneDianne— Senhor presidente... Como foi a manhã? — perguntou Karl tentando ser gentil, ou puxar o saco do homem. Ainda estava na dúvida.— Olá, Karl. Foi produtiva. Obrigado por apresentar o lugar para Dianne, mas eu assumo a partir daqui. Pode ir.Karl olhou para mim e depois assentiu para Adan com um sorriso sem graça, seguindo para fora.— Olá, querida.A minha calcinha umedeceu ao ouvi-lo me chamar assim novamente.— Boa tarde, senhor presidente. — As palavras saíram baixas.Ele se aproximou.— Como foi a manhã do seu primeiro dia?— As coisas aqui são um pouco loucas e tudo acontece muito rápido, mas gostei do agito. — Sorri.— Queria eu poder ter te levado para esse tour, mas o menino chegou na frente.— Ele só quis ser gentil.— Ele é um bom rapaz. Mas tenho certeza de que o tour não foi completo. Os funcionários têm acesso restrito, mas o meu acesso é ilimitado — gabou-se de forma humorada.— Claro, eu acredito. Afinal, você é o presidente.Ele riu.— Posso fazer isso ag
DianneAo chegar na sala, aquele lugar já estava abarrotado de gente.“Como essas pessoas chegaram aqui tão rápido?”Alguns minutos depois, o meu celular vibrou nas minhas mãos. Era uma mensagem da Sarah com o link da publicação feito há três minutos no site da Washington Times. Havia ficado ótimo. Ela revelou a novidade e fez um rápido e específico resumo sobre a instituição escolhida.— Oi, Dianne.Olhei para o lado e lá estava um ex-colega de faculdade, que também fazia parte da associação. Eu havia imaginado que ele não tinha me reconhecido, já que em momento algum veio falar comigo. Na verdade, ninguém ainda havia vindo cumprimentar ou só apenas ser curioso. Todos naquela sala se comportavam como concorrência. Era quase zero o nível de socialização entre as pessoas ali.— Travis... — disse em cumprimento.— Gostando do trabalho novo?— Sim, obrigada por perguntar.— Foi mal não ter ido falar com você ainda, eu ando muito ocupado.“Sério? Você está sentado três mesas à minha esquer
AdanAquela mensagem doeu. Eu sentia coisas mais fortes do que atração sexual por ela. Sentia que era Dianne quem podia me fazer feliz outra vez. E estava a perdendo antes mesmo de tê-la. Isso era trágico. Por mais difícil que fosse, eu precisava respeitá-la. Iria tentar ao máximo manter-me longe, mas suspeitava que não teria forças para isso. Era péssimo!Quando a vi conversar com Estela, percebi no seu olhar o desconforto. Dianne precisava saber que os nossos sentimentos não estavam destruindo nenhum lar ou quebrando corações. O peso que carregava devia ser horrivelmente sufocante.À noite, quando quase todos haviam ido embora, resolvi ir até a sala da associação. Se eu tivesse muita sorte, ela ainda estaria lá, e sozinha. E se não estivesse, eu conseguia ir até a sua casa.Ao me aproximar da porta, Dianne estava de pé ao lado da mesa. Ela preparava-se para ir embora. Entrei e cuidadosamente olhei para todos os lados. Não havia ninguém além de nós ali.— Me esperem aqui fora — disse
AdanA semana havia sido turbulenta. Trabalhando até tarde e acordando muito cedo. Quase todos os compromissos estavam sendo fora da Casa Branca. Foi preciso que eu fizesse uma rápida viagem para Nova Iorque.Ver Dianne estava sendo quase impossível. Estávamos tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Chamei-a na minha sala com desculpas esfarrapadas, somente para abraçar e poder beijá-la. Ah, aquela boca... Já me permitia imaginar ela tocando outras partes do meu corpo que não fosse meus lábios, rosto e pescoço. Quase gozei na calça quando ela mordiscou o lóbulo da minha orelha. Não teve como me conter, gemi o seu nome.Perguntava-me quando eu teria um tempo com ela. Um tempo longo e só nosso, fosse na sua casa ou em um hotel. Estava começando a ficar quase impossível não me incendiar perto dela. Precisávamos de mais. Mas antes precisávamos achar um jeito.— Oi — disse ao me aproximar dela, assustando-a. Dianne estava de pé em frente à máquina de café. Mais uma vez, já era bem tarde e el