Capítulo 06

Adan

Quem era ele? Os dois pareciam íntimos. Seria seu namorado? Isso me causava um sentimento estranho. O modo como ele abraçou o seu corpo... senti inveja! Por que não poderia ser eu?

O homem à minha frente não parava de falar nem por um segundo. Eu já nem sabia mais qual era o assunto daquela conversa.

— Me fale sobre Dianne — interrompi-o, assim que a vi sair.

O cara parecia um astro da NBA, tinha pinta de estrela. Será que era por homens assim que ela se atraía, jovens e cheios de glamour?

— Bom... Ela é um prodígio. Foi indicada pela faculdade para o estágio. Em poucos anos evoluiu e conquistou o seu espaço com muito respeito nesta revista.

— Gosto dela.

O homem riu.

— Sim, todos aqui adoram Dianne. Ela é uma pessoa incomum, mas de um jeito...

— Extraordinário — completei a sua frase.

Enquanto sentia graça por sua inteligência e profissionalismo, eu achava aquele lugar pequeno demais para ela, embora a Washington Times fosse uma grande revista. E pensar nisso me fez lembrar que atualmente não havia um jornalista da WT na Associação de Correspondentes na Casa Branca.

— Me diga, Ezra... O que pensa sobre uma jornalista dentro da Casa Branca?

— Está falando de tempo integral?

Assenti.

— Isso é sério, sr. Bremner? Há tempo não temos ninguém lá dentro. — Pareceu estar empolgado.

— Então, chegou a hora. — Sorri.

Ele gargalhou e estreitou os olhos em seguida, pensativo.

— E suponho que estejamos falando de uma certa jornalista extraordinária.

— Talvez.

Avaliei o seu rosto para tentar desvendar o que ele achava disso. Havia um misto de dúvida e grande interesse.

— Será divertido estar lá dentro outra vez. — Sorriu. — Mas existe alguém além de mim que deve aceitar o convite.

— Gostaria de fazer a proposta pessoalmente. Poderia me passar o contato de Dianne?

Ezra pareceu hesitar, mas logo assentiu e me passou o número do celular dela. Quando peguei aquele cartão com rabiscos feitos no seu verso, as minhas mãos coçaram.

* * *

À noite, Alex entrou na minha sala, pegando-me desprevenido. Eu estava investigando por conta própria a vida de Dianne. Ela tinha redes sociais, mas não postava muita coisa pessoal. Tinha mais fotos de paisagens pela cidade, livros que lera, doces e cafés. Nenhuma marcação de local por onde esteve. No entanto, havia descoberto três coisas sobre ela: Dianne tinha dois gatos adotados, Sirius e Remo. O que me levou à segunda descoberta: ela era fã de Harry Potter. E quem não era?! A terceira descoberta, era que ela amava muito atividades físicas. Já havia corrido uma maratona de vinte e cinco quilômetros em Manhattan.

Entre as mil setecentas e três postagens no seu I*******m, havia várias fotos dela ao lado do homem com quem saiu do trabalho ao meio-dia. Nada ali mostrava que os dois eram namorados, ou que não eram. Nenhuma das fotos havia marcação para saber quem era o homem e poder invadir a sua vida social na internet. A curiosidade já se tornava angústia.

— Aqui está! — Alex colocou uma pasta aberta sobre a minha mesa. — São as licitações que pediu para ver sobre as reformas dos gabinetes dos senadores.

— Certo.

— Temos que conversar, Adan. — A sua feição era séria e o seu tom de voz hostil.

— O que houve?

— Você não pode ficar andando por aí sem mim, saindo para qualquer lugar. Sou sua secretária e assistente pessoal. É meu trabalho cuidar de você e da sua imagem. Não sabe os riscos que corre saindo tarde da noite para jantar com um rabo de saia ou indo até a sede de uma revista sem menores condições de segurança para você. Está deixando o seu departamento de segurança louco e sendo irresponsável, Adan! Você é o presidente deste país. Precisa se comportar como um!

Ela não havia gostado nem um pouco quando dispensei a sua presença ao ir jantar com Dianne e muito menos quando fui até a sede da Times realizar a sessão de fotos, sem ela! O seu comportamento estava estranho e começava a me irritar. Éramos amigos e sempre trabalhamos bem juntos, não queria que isso estragasse. Mas ela não estava contribuindo.

Eu sabia das consequências que poderia ter cada ato feito por mim, mas estava com os meus homens. Se em algum momento chegasse a ficar em perigo aonde quer que fosse, não seria ela quem empunharia uma arma para me proteger.

— Alex... — chamei-a em um tom sério e firme, corrigindo a minha postura na cadeira. — Não preciso de você o tempo todo atrás de mim. Você é mais útil aqui dentro, do que seguindo os meus passos. Era só uma sessão de fotos e a porra de um jantar. Somos amigos, mas não use isso para tentar me controlar! — fui firme.

— Foi até lá para vê-la, não é?

Recostei na minha cadeira e respirei fundo. Sim! Eu havia ido até lá só para vê-la novamente. E se pudesse, nesse momento, estaria na porta da sua casa convidando-a para um encontro, mas eu não podia.

— Adan... Eu entendo que não exista mais casamento dentro da sua casa há anos. E eu sinto muito. Você é um homem bom e merece ser feliz. Mas você precisa entender que, enquanto estiver por aí apresentando Estela como a sua primeira-dama, não pode flertar ou sair para jantar com outra mulher. Isso não seria bom para a sua carreira antes e não é agora, que se tornou o presidente. E depois... Não acha a garota muito nova para você? Quantos anos ela tem? Vinte? — Senti desprezo nas suas palavras.

— Vinte e sete. Completará vinte e oito em três semanas. — Havia descoberto isso mais cedo no seu F******k. Na verdade, dei-me conta de que sabia quatro coisas sobre ela.

Alex encarou-me com um olhar de desaprovação total.

— Um rostinho bonito pode destruir a sua carreira. Cuidado. Pense com a cabeça de cima, Adan.

— Boa noite, Alex. — Expulsei-a com um tom de voz grosso e olhar estreito.

Ela se virou indo em direção da porta.

— Ah, mais uma coisa. — Parou e olhou para mim. — Em breve, a Washington Times fará parte da Associação de Correspondentes. O contrato será em nome de Dianne Heller.

— Eu não acredito nisso! Você escutou alguma coisa do que disse segundos atrás?

— É somente isso. Boa noite, Alex. — Fui um tanto rude.

— Como queira, senhor presidente. — Deixou o Salão Oval.

Alex parecia estar surtando. Ela não era assim. Não havia nada que explicasse o seu comportamento. Eu não estava fazendo nada de errado. Ou estava?

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