Capítulo 07

Adan

Frustrado, segui para a minha habitação naquele grande labirinto branco. Na cozinha, após um banho, preparava um sanduíche.

— Ainda acordado. Algum problema? — perguntou Estela.

— Não. Só estava com fome. Tratar de negócios durante o jantar não nos deixa comer direito. E você? O que faz acordada?

— Estava lendo um livro. Quer que eu faça um suco?

Olhei-a surpreso. Há muito tempo não se oferecia para fazer algo para mim.

— Sim, por favor.

Enquanto ela espremia as laranjas, terminei o meu sanduíche e sentei-me do outro lado da ilha.

— O Baile Beneficente é em algumas semanas. Já escolheu qual instituição irá beneficiar? — Colocou gelo dentro do copo à minha frente.

— Ainda não. — Mordi o sanduíche.

— Estou sentindo algo diferente em você. Os seus ombros não estão mais caídos.

“Diferente? O que estaria diferente em mim?”

— E o que seria?

— Não sei dizer. — Sorriu. — Vou me deitar. Boa noite, Adan.

— Boa noite, Estela.

Ela se foi e eu me perguntei novamente o que estaria diferente em mim.

Sentado na minha cama, lendo a licitação, pensei em Dianne. Peguei o meu celular e busquei por seu número na minha agenda. Será que ela ainda estaria acordada? Já era tarde. Decidi arriscar e ligar.

Alô — atendeu no terceiro toque.

— Boa noite, Dianne.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

Adan? — A sua voz soou incrédula.

Ri baixo.

— Espero não estar atrapalhando. É tarde para nos falarmos?

Não, não. Tudo bem? Em que posso ajudá-lo?

— O que estava fazendo?

Ah... Bom... Assistindo TV e bebendo uma taça de vinho.

Como queria estar com ela assistindo TV e dividindo uma taça de vinho.

— O que está assistindo?

Um seriado no canal dez.

— Qual? — Eu queria saber o seu gosto para seriados. Seria o mesmo que o meu?

O Mentalista.

Sorri pegando o controle da TV jogado nos pés da cama. Liguei-a e coloquei no canal dez. Em seguida, mutei a TV.

— Eu adoro o Patrick Jane.

Ela riu.

Ele é fascinante.

— Assim como você... — Aquilo saiu mais alto do que eu queria.

Ela fez silêncio.

Por que ligou? — perguntou baixinho.

— Venha me ver amanhã. Tenho um convite para você.

Que tipo de convite?

— Venha me ver, Dianne. Ao meio-dia. Okay? Não vai se arrepender.

Ela hesitou por um instante.

Certo, eu irei.

— Ótimo! Boa noite. Durma bem, querida.

Até amanhã, Adan. — A sua voz soou sexy.

Encerrei a chamada com um enorme sorriso.

* * *

A manhã seguinte demorou séculos para passar. O tempo parecia ter parado. Cheguei a checar o relógio que carregava no punho e me levantar para verificar as horas no outro que estava pendurado na parede. Eles pareciam não estar funcionando. As reuniões pareciam mais longas. Em meio a assuntos importantes, me pegava pensando nela e logo me repreendia. Eu precisava estar atento e cem por cento dentro daqueles assuntos debatidos à mesa.

Quando a segunda reunião daquela manhã finalmente acabou, segui para a minha sala. O horário marcado com Dianne havia sido proposital. Almoçaríamos juntos, enquanto eu a convidaria para vir trabalhar na Casa Branca, perto de mim. Tinha certeza de que ela não rejeitaria. Isso era um grande passo na sua carreira como jornalista política.

— Senhor presidente... — Karl se aproximou, enquanto eu caminhava pelo corredor movimentado. — O almoço já está servido no Salão Oval. E a srta. Heller acabou de chegar.

— Onde ela está? — perguntei ansioso.

— No saguão principal, senhor.

— Obrigado. Eu mesmo vou até ela.

Mudei o meu trajeto dando meia-volta e fui para o saguão.

— Dianne... — chamei a sua atenção ao me aproximar.

Lentamente, ela se virou. Estava linda usando um vestido cinturado de linho branco com botões pretos. A saia drapeada descia cobrindo os seus joelhos. Nos pés, sapatos vermelhos de bico fino e salto bem alto a deixavam sexy. Gostaria de vê-la com aqueles sapatos e nada mais.

— Senhor presidente... — disse sorridente.

Apanhei a sua mão e apertei de leve, puxando-a sutilmente na minha direção. Dei um beijo no rosto dela. Os cantos dos meus lábios tocaram os seus de propósito. Senti ela ficar tensa. A minha outra mão, que repousava na sua cintura, apertou-a de leve.

— Venha. Vamos até a minha sala.

Ao entrar no Salão Oval, ela sorriu.

— É muito maior do que parece ser nas fotografias.

— É sim.

Ela olhava tudo com muita curiosidade.

— Pedi que preparassem o nosso almoço. — Só então ela olhou para a comprida mesa de centro entre os dois sofás de três lugares.

— Não era necessário se incomodar.

— Sente-se, Dianne. Vamos comer.

Ela se acomodou em um dos sofás e eu fiz o mesmo, à sua frente.

— Então... Qual é o convite que tem para me fazer? Estou curiosa.

Sorri.

— Pedi ao chef de cozinha que preparasse dois sanduíches de frango defumado com nozes — desconversei-a. — É o meu favorito, espero que você goste. — Destampei a bandeja.

— Eu adoro. — Sorriu.

Começamos a comer enquanto contava a ela a primeira impressão que tive daquela sala quando entrei, ainda governador. Depois falamos sobre as fotos para a entrevista. Dianne disse estar difícil escolher. Todas estavam ótimas. Quando terminamos, destampei a outra bandeja. Ali havia duas sobremesas.

— Tartelete de frutas vermelhas com raspas de chocolate amargo.

Dianne riu baixinho.

— É uma das minhas sobremesas favoritas.

Eu não tinha certeza, mas suspeitava. Ela havia postado três fotos daquela sobremesa, somente no último mês.

— Bom... Que sorte a minha por aceitar a sugestão da cozinha. — Sorri, dissimulado.

— O nosso almoço está acabando e você não disse nada sobre o convite.

— Ah, sim. Eu conversei mais do que cinco minutos com o seu chefe ontem. Ele te elogiou bastante. Gostei de conhecer você, Dianne. — O seu sorriso singelo se curvou mais ao elogio. — Gostaria de saber se você quer trabalhar aqui como uma correspondente da Washington Times.

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