DianneNa quinta, cheguei as oito e meia no trabalho. Ao sair do elevador, os meus colegas me aplaudiram de pé. Aquela com certeza seria a reportagem do ano. A Washington Times, apesar de ser uma revista grande e conceituada, nunca na sua história de trinta e oito anos havia conseguido uma exclusiva com um presidente recém-eleito. Ainda mais sendo ele um homem que havia marcado a nação com a sua campanha, trajetória política e uma porcentagem de votos tão alta.Adan Bremner era tão querido pelos americanos, quanto Obama foi. E por isso eu esperava que a minha matéria fizesse dele um governante ainda mais amado pelo seu povo. Todos acreditavam nele. Eu acreditava.— Obrigada, pessoal — agradeci emocionada. Sentiria falta de estar no meio daquela equipe formada por mais de vinte pessoas.— Você recebeu flores, coloquei na sua mesa — disse Sarah, acompanhando-me.Quando entrei na sala, a mesa estava repleta de flores e o ambiente cheirava a jardim. Um buquê de tulipas amarelas havia sido
DianneNa segunda-feira, eu cheguei bem cedo no trabalho. Não conseguia me acalmar, mesmo após duas xícaras de chá de camomila e limão. Esperava há vinte minutos pelo assistente da secretária do presidente, no saguão da grande Casa Branca.— Senhorita Heller...— Sim.— Desculpe a demora. Sou Karl Gardin.— É um prazer, Karl.Apertamos as mãos.— Seja bem-vinda à Casa Branca. Venha comigo. Eu mesmo irei lhe levar até o local onde irá trabalhar. O presidente gostaria de estar aqui para lhe dar as boas-vindas, mas ele tinha os seus compromissos no Capitólio esta manhã.— Tudo bem.— Ele realmente gostou de você. Todos aqui estão falando sobre a sua chegada. Eu li a sua matéria. Ficou ótima. — Sorriu para mim.Karl era um homem bonito. Devia ter a minha idade, talvez um ou dois anos a mais. Magro, bem alto, loiro e olhos azuis. Alguém com quem eu, com certeza, sairia para tomar alguns drinques, mas não para sexo. Sem chance!— Me sinto lisonjeada. Obrigada.— Esta é a sala da associação.
DianneDianne— Senhor presidente... Como foi a manhã? — perguntou Karl tentando ser gentil, ou puxar o saco do homem. Ainda estava na dúvida.— Olá, Karl. Foi produtiva. Obrigado por apresentar o lugar para Dianne, mas eu assumo a partir daqui. Pode ir.Karl olhou para mim e depois assentiu para Adan com um sorriso sem graça, seguindo para fora.— Olá, querida.A minha calcinha umedeceu ao ouvi-lo me chamar assim novamente.— Boa tarde, senhor presidente. — As palavras saíram baixas.Ele se aproximou.— Como foi a manhã do seu primeiro dia?— As coisas aqui são um pouco loucas e tudo acontece muito rápido, mas gostei do agito. — Sorri.— Queria eu poder ter te levado para esse tour, mas o menino chegou na frente.— Ele só quis ser gentil.— Ele é um bom rapaz. Mas tenho certeza de que o tour não foi completo. Os funcionários têm acesso restrito, mas o meu acesso é ilimitado — gabou-se de forma humorada.— Claro, eu acredito. Afinal, você é o presidente.Ele riu.— Posso fazer isso ag
DianneAo chegar na sala, aquele lugar já estava abarrotado de gente.“Como essas pessoas chegaram aqui tão rápido?”Alguns minutos depois, o meu celular vibrou nas minhas mãos. Era uma mensagem da Sarah com o link da publicação feito há três minutos no site da Washington Times. Havia ficado ótimo. Ela revelou a novidade e fez um rápido e específico resumo sobre a instituição escolhida.— Oi, Dianne.Olhei para o lado e lá estava um ex-colega de faculdade, que também fazia parte da associação. Eu havia imaginado que ele não tinha me reconhecido, já que em momento algum veio falar comigo. Na verdade, ninguém ainda havia vindo cumprimentar ou só apenas ser curioso. Todos naquela sala se comportavam como concorrência. Era quase zero o nível de socialização entre as pessoas ali.— Travis... — disse em cumprimento.— Gostando do trabalho novo?— Sim, obrigada por perguntar.— Foi mal não ter ido falar com você ainda, eu ando muito ocupado.“Sério? Você está sentado três mesas à minha esquer
AdanAquela mensagem doeu. Eu sentia coisas mais fortes do que atração sexual por ela. Sentia que era Dianne quem podia me fazer feliz outra vez. E estava a perdendo antes mesmo de tê-la. Isso era trágico. Por mais difícil que fosse, eu precisava respeitá-la. Iria tentar ao máximo manter-me longe, mas suspeitava que não teria forças para isso. Era péssimo!Quando a vi conversar com Estela, percebi no seu olhar o desconforto. Dianne precisava saber que os nossos sentimentos não estavam destruindo nenhum lar ou quebrando corações. O peso que carregava devia ser horrivelmente sufocante.À noite, quando quase todos haviam ido embora, resolvi ir até a sala da associação. Se eu tivesse muita sorte, ela ainda estaria lá, e sozinha. E se não estivesse, eu conseguia ir até a sua casa.Ao me aproximar da porta, Dianne estava de pé ao lado da mesa. Ela preparava-se para ir embora. Entrei e cuidadosamente olhei para todos os lados. Não havia ninguém além de nós ali.— Me esperem aqui fora — disse
AdanA semana havia sido turbulenta. Trabalhando até tarde e acordando muito cedo. Quase todos os compromissos estavam sendo fora da Casa Branca. Foi preciso que eu fizesse uma rápida viagem para Nova Iorque.Ver Dianne estava sendo quase impossível. Estávamos tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Chamei-a na minha sala com desculpas esfarrapadas, somente para abraçar e poder beijá-la. Ah, aquela boca... Já me permitia imaginar ela tocando outras partes do meu corpo que não fosse meus lábios, rosto e pescoço. Quase gozei na calça quando ela mordiscou o lóbulo da minha orelha. Não teve como me conter, gemi o seu nome.Perguntava-me quando eu teria um tempo com ela. Um tempo longo e só nosso, fosse na sua casa ou em um hotel. Estava começando a ficar quase impossível não me incendiar perto dela. Precisávamos de mais. Mas antes precisávamos achar um jeito.— Oi — disse ao me aproximar dela, assustando-a. Dianne estava de pé em frente à máquina de café. Mais uma vez, já era bem tarde e el
DianneO dia estava se arrastando. Era terrível saber que eu ficaria seis dias sem ver o Adan. Questionava-me quando essa situação toda iria mudar. Estava muito apaixonada e isso era ruim, em partes.Ele havia pedido a minha ajuda para conseguir encerrar a sua história com Estela. Eu o entendia. Era difícil. Eles estiveram um ao lado do outro por anos. Na cabeça de Adan, ele tinha uma dívida eterna com ela, disse sentir que lhe devia tudo por estar ali com o seu apoio. Talvez achasse injusto colocá-la para fora da sua vida, logo agora que vivia o ápice da sua carreira política.Adan havia saído da pobreza extrema. Ele e os seus outros três irmãos foram criados somente por sua mãe. O pai nunca foi presente. A sua história era admirável. Ele trabalhava desde os treze anos. Cursou a faculdade graças a uma bolsa de estudos. Formou-se com honras. Desde a sua formatura entrou para a política e começou a fazer a sua história, deixar a sua marca no mundo.Ficou conhecido como o bom candidato,
DianneO despertador tocou as seis da manhã. Espreguicei-me e virei para o lado. Era sábado, mas eu precisava ir trabalhar. Sentia falta de estar na sede nesses momentos. Eu não trabalhava aos sábados, domingos ou feriados.Ao meu lado, na cama, havia um porta-retratos com o qual dormi abraçada. Nele, continha uma foto dos meus pais. Aquela foto era tão linda. Havia sido tirada em uma viagem de férias na Rússia, meses antes de falecerem em um acidente de carro.Levantei-me com a foto na mão e caminhei até a mesinha onde ele ficava, ao lado da janela. Antes de colocá-lo lá, beijei a imagem.Após tomar um suco verde, caminhei para a lavanderia e calcei os meus tênis de corrida. Precisava sair para me exercitar. Ao pisar na calçada, fui recebida pela luz do sol e a brisa de verão. Eu amava muito essa época do ano, mesmo que, à noite, as temperaturas caíssem um pouco.Coloquei os fones nos ouvidos, selecionei a playlist que eu mesma havia criado para corridas matinais, deixei no volume máx