Capítulo 05

Dianne

Passei toda a manhã seguinte com borboletas no estômago. Havia demorado mais que o normal para escolher a roupa para o trabalho. Nos lábios, um raro batom vermelho. No corpo, um vestido preto de mangas cavadas, justo e de comprimento até os joelhos. Um pequeno decote nos seios chamava a atenção discretamente.

Os cabelos, que normalmente ficavam presos, estavam soltos e lisos. Eu estava muito ansiosa para vê-lo de novo. Olhando o meu reflexo no espelho, sorri aceitando que estava caprichando tanto no visual somente para atrair o olhar tão intenso do presidente.

Alguns minutos depois das onze, uma movimentação do lado de fora da minha sala chamou a minha atenção. As pessoas estavam todas paralisadas e de pé. Ele havia chegado, sem dúvidas.

Ao sair, logo o vi cercado por seus seguranças. Ele cumprimentava o meu editor-chefe, apertando a sua mão com firmeza. Os olhos de Adan saíram do homem à sua frente, vindo diretamente até os meus. Era como se ele soubesse exatamente para onde olhar. As minhas mãos estavam frias. Sentia-me nervosa e ainda mais ansiosa. Ele sorriu e andou na minha direção.

— Seja bem-vindo à Washington Times, senhor presidente. — Estendi a minha mão.

Ele a pegou com cuidado e acariciou o dorso com o seu polegar, causando um arrepio no meu braço.

— Obrigado, srta. Heller.

— É a primeira vez que o presidente deixa a Casa Branca para vir até aqui ser fotografado.

— Já devia saber que gosto do arriscado — falou baixo.

Sorri recordando do nosso jantar.

— Venha. Vou levá-lo até o andar de cima, onde temos uma sala preparada para a sessão fotográfica. Por aqui.

Tomei à frente e o guiei até o elevador. Os seus homens nos colocaram no fundo, e se posicionaram à frente.

— Como foi sua semana? — perguntou.

— Transcorreu tudo muito bem. E pelo que li em alguns lugares, a sua também foi produtiva.

Ele sorriu abertamente.

— Tem lido sobre mim, srta. Heller?

— Faz parte do meu trabalho me manter informada sobre a política do meu país.

Ele riu.

As portas do elevador se abriram e os seus seguranças nos deram passagem. Andamos pelas baias e ele acenou e cumprimentou algumas pessoas pelo caminho. Entramos na última sala aos fundos.

— Lucca? — chamei pelo fotógrafo que estava de costas para nós. Assim que ele se virou, os seus olhos se arregalaram e a sua boca se abriu em surpresa.

— Senhor p-presidente... — gaguejou.

— Este é Lucca Fernandes. Nosso fotógrafo.

— Muito prazer, rapaz. — Adan apertou a mão de Lucca, que sorria como bobo.

— Não sabe o enorme prazer que é fotografá-lo, senhor. Será algo rápido, prometo. Não vamos tomar muito do seu tempo. Eu gostaria que soubesse que votei no senhor.

Adan riu.

— Obrigado.

— Podemos começar, Lucca? — perguntei.

— Claro. Por favor, venham.

O fundo sóbrio dava destaque ao belo homem de pé à sua frente. Ao canto, atrás dele, a bandeira da nação americana estava estiada junto a do estado de Washington. Adan tinha um olhar penetrante que transmitia total confiança e seriedade. Eu apenas o admirava de pé, no cantinho. Não poderia haver hora mais errada, mas eu estava excitada.

A sessão de fotos não durou muito. Foi tudo muito rápido. Trinta e cinco minutos depois havia acabado. Após um ligeiro b**e-papo com Lucca e o agradecer pelo serviço, Adan caminhou até mim com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

— Então... como me saí?

— Foi ótimo, senhor presidente. Venha. Vamos voltar para o andar de baixo. O meu editor quer trocar algumas palavras com o senhor.

— A minha secretária disse que a entrevista está incrível. Estou ansioso para ler.

Foi inevitável sorrir. Eu estava orgulhosa de mim mesma.

— Também estou ansiosa pela publicação.

— Almoce comigo hoje.

O seu convite pegou-me completamente desprevenida.

— Desculpe. Não posso.

— E por que não? — perguntou desapontado.

— Já tenho compromisso. Mas agradeço, senhor.

O que esse homem tem na cabeça? Imagina o que a mídia faria com ele se fosse visto almoçando comigo. E pior era que, no fundo, eu adoraria. Porém, sabia que não devia.

Voltamos para o andar de baixo e logo o meu editor veio nos encontrar.

— Senhor presidente... Me dê cinco minutos do seu tempo? Prometo ser rápido.

— Cinco minutos são seus. — Adan sorriu, simpático.

— Bom... — chamei a sua atenção. — Foi bom revê-lo, senhor. Avisarei para a sua secretária a data da publicação, assim que ela for definida. Isso não deve demorar.

Estendi a minha mão para ele. Adan hesitou por alguns segundos. Quando a apanhou, levou até os seus lábios e beijou as primeiras falanges dos meus dedos. Aquilo estremeceu as minhas mãos.

— Até mais, srta. Heller.

Os seus olhos tão intensos que me encaravam fixamente, desceram sem pressa para os meus lábios. Adan engoliu em seco. Acho que eu não era a única afetada com a nossa proximidade.

— Com licença.

Retirei-me voltando para a minha sala. O meu corpo estava quente. Por que Adan me afetava tanto? Eu tinha vontade de tirar a roupa para aquele homem.

Antes de entrar na minha sala, olhei por cima do ombro e o observei ser conduzido por Ezra. Entrei, e Sarah veio logo atrás com um sorrisinho bobo. Ela era uma colega de trabalho legal. Meio maluca, mas uma boa pessoa e engraçada.

— O que houve?

— O presidente beijou a sua mão — disse baixo, tentando conter a sua euforia.

Fechei a porta.

— Diz aí... Entrevistá-lo não deixou você de calcinha molhada? — Sentou-se na cadeira à minha frente.

“Ah, Sarah... Você não imagina como esse homem me afeta.”

— Não. Eu sou bastante profissional no que faço — respondi séria, sentando-me à mesa.

— Dizem as más-línguas que ele e a mulher vivem um casamento de aparência. Já notou como são frios um com o outro em público? Não acho que seja apenas conservadorismo. Essa relação me cheira a conveniência.

Sim, eu já havia notado. Era bem nítido para quem quisesse ver que não havia mais paixão entre eles. Era ainda mais nítido no seu olhar quando direcionado para mim. Um homem apaixonado por sua mulher, não convidaria outra para jantar ou almoçar.

— Deve ser infeliz levar uma vida assim.

De longe avistei Theo chegar. Como sempre, ele estava muito bonito. Terno de alta costura, alto, forte e olhar faceiro. Apanhei a minha bolsa e o celular, e deixei a minha sala caminhando na sua direção. Aos cantos se ouvia sussurros e risadinhas assanhadas. O maldito poderia ser sósia do cineasta Michael B. Jordan. Meu amigo-irmão era um homem lindo!

— Olha só para você... Está muito linda! — Sorriu.

— Você também não está nada mal — disse feliz em vê-lo, e o abracei apertado. — Como você está?

— Bem. — Soltou-me e encarou algo atrás de mim. — Uau! Aquele é o presidente? — perguntou incrédulo. Olhei para trás e vi Adan nos observar de dentro da sala do Ezra. — Isso explica todo o processo cauteloso para subir até aqui. Já estava quase te ligando para me encontrar lá embaixo. — Por que ele está aqui?

— Veio fazer as fotos para a capa da revista.

— Ansiosa?

— Bastante. Mas ainda não tem data de publicação. Vamos? Estou faminta.

Ele assentiu e abraçou a minha cintura. Juntos, caminhamos em direção ao elevador.

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