Capítulo 03

Adan

Durante o trajeto matei o tempo com perguntas banais sobre o seu trabalho, como: o processo de publicação de uma matéria e como era decidido o que iria estampar primeira capa, ou não.

Quando chegamos, os carros entraram na garagem subterrânea do prédio de três andares. Aguardamos alguns minutos. Quando os meus seguranças liberaram a nossa saída, descemos tomando um elevador direto para o último andar, o qual abrigava uma sala feita para recepcionar pequenos eventos.

Quando as portas douradas se abriram, saímos para a área que comportava tranquilamente cem pessoas. Eu já havia estado ali semanas atrás, quando recebi alguns amigos políticos.

— Uau... — murmurou observando o lugar bem decorado e iluminado. Apesar de pequeno, tudo ali inspirava luxo.

Apenas uma mesa ao centro estava posta com dois lugares. Pedi que George intermediasse a entrega da comida e os pedidos. Não queria que ninguém, nem mesmo o chef de cozinha daquele lugar incrível, fosse até ali. Primeiramente, não queria olhares curiosos e cheios de julgamentos por estar comendo com uma mulher que não era a primeira-dama. E depois, não gostaria de ser interrompido.

— Venha. — Atrevi-me completamente ao apanhar a sua mão para entrelaçar os nossos braços.

Após nos acomodar à mesa, peguei a garrafa de vinho que nos aguardava e servi duas taças. Com a permissão de Dianne, fiz os nossos pedidos.

— Então... Disse que eu não era o primeiro presidente que entrevistou, mas posso afirmar que sou o primeiro que lhe traz para jantar.

— Com toda certeza, sim! — Riu baixo. — Mas me diga, senhor presidente...

— Por favor... — interrompi-a sutilmente. — Não estamos na Casa Branca e muito menos em uma entrevista formal. Me chame pelo meu primeiro nome. Adan! — fui incisivo.

— Certo... Adan. — Sorriu. — Por que me convidou para jantar? Não havia muito mais para estender na nossa entrevista. Ser visto comigo traria ruínas para sua imagem. O que a primeira-dama pode achar disso? — Senti preocupação na sua última pergunta.

— Quantas perguntas. — Ri. — Você é uma pessoa agradável. E há muito tempo não janto em boa companhia.

Dianne levou a taça até a sua boca e tomou um generoso gole do vinho.

— E quanto a minha esposa... Já disse, ela está em outro compromisso.

— Acredito que existam companhias mais importantes que a minha.

— Mas não mais agradável e tão bela.

— Okay. — A palavra foi quase sussurrada.

— Me fale sobre você.

— Não tem muito o que ser dito sobre mim.

— Mas é claro que tem. Todos temos uma história.

— Tenho vinte e sete anos. Moro sozinha. Trabalho na Washington Times desde que me formei aos vinte e um.

— Onde se formou?

— Georgetown.

— Também me formei lá.

— Eu sei. — Sorriu.

— Os seus pais devem ter orgulho de você.

O seu sorriso desapareceu.

— Tenho certeza de que sim, onde quer que eles estejam. — Tomou mais um gole do vinho.

A sua expressão era triste. Então, entendi que eles já não estavam mais vivos neste plano.

— Sinto muito.

— Não, tudo bem. Já faz muito tempo. Eu tinha oito anos quando aconteceu. Mas, por sorte, tenho uma pessoa incrível na minha vida. O meu padrinho foi quem me criou. É ele quem ostenta todo esse orgulho por aí. — Riu. — Ele se tornou a minha família. E os seus filhos são os irmãos que nunca tive.

Os seus olhos brilharam ao falar deles. Uma coisa eu já sabia termos em comum: a dor do luto.

Dali em diante o jantar fluiu de maneira esplêndida. Estava leve como não me sentia há anos. Depois da terceira taça de vinho, já ríamos bastante. Ela fez algumas perguntas sobre como havia sido minha passagem de governador para presidente.

O resto da noite foi preenchido com assuntos tolos, mas reconfortantes, como: filmes, documentários, teatro e livros, me levando a descobrir que ela escrevia ficção no tempo livre.

— Então estou diante de uma linda escritora.

— Eu não sou escritora. Para ser um escritor, você precisa ter a sua história lida por alguém, e os meus livros não passam de arquivos no computador e rabiscos em folhas velhas pelas gavetas da casa.

— O que você escreve?

— Mistério, drama policial... Essas coisas.

— Gostaria de ler algo seu.

Ela riu.

— Não. Não gostaria.

— Do que tem medo, Dianne? Tenho certeza de que, se expusesse o seu trabalho para o mundo, muitas pessoas o comprariam.

Encarou-me.

— Não sei do que tenho medo — foi sincera. — Mas é aterrorizante imaginar alguém lendo algo meu.

Após mais uma taça, pedimos a sobremesa. Satisfeitos, nos levantamos e seguimos de volta até o elevador. No subsolo, o carro já estava a postos esperando por nós.

O caminho até a sua casa foi feito em um silêncio confortável, enquanto ela digitava no celular. Dez minutos depois estacionamos próximo ao meio-fio. Seth abriu a porta e desci mesmo sob o seu olhar de protesto. Estendi a minha mão para Dianne e ajudei-a sair.

— Nos dê mais espaço, Seth. — O homem estava a trinta centímetros de distância. Ele se afastou em dois passos e assim me senti um pouco confortável.

— Obrigada pelo jantar. Foi uma noite muito agradável. Vou criar uma introdução na reportagem falando um pouco sobre quem é Adan Bremner. As pessoas gostam disso. Sentir simpatia pelo presidente é algo bom.

— Isso parece ótimo. — Dei um passo para mais perto do seu corpo. Como queria terminar a noite com um beijo seu. Agora sem batom, os seus lábios eram extremamente convidativos. — Boa noite, Dianne.

Com a mão esquerda na sua cintura, me inclinei e beijei o seu rosto. Um beijo suave, apreciando o toque da sua pele na minha boca. Ela prendeu a respiração, surpresa. Quando me distanciei, sorri e caminhei de volta para o carro. Antes que eu me acomodasse no banco, ela destrancou a porta e entrou na sua casa.

Ao sentar-me, senti uma pequena pressão dentro da calça. Olhei para baixo observando a minha excitação.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo