Capítulo 02

Adan

Ela falava com tanta segurança e firmeza, ao mesmo tempo que esbanjava sensualidade. Se naquele momento eu pudesse escolher uma mulher com quem passar uma noite, sem dúvidas, seria com a srta. Heller.

— Quando estiver pronto, senhor presidente. — Colocou o celular sobre a mesinha entre nós.

— Podemos começar — disse certo de que já estava pronto.

Ela apertou um botão na tela e o tempo da gravação começou a correr. A cada pergunta feita, mais me sentia bem diante dela. Os assuntos foram surgindo e ela sabia perfeitamente como formular as interrogações para cada novo tópico. Em vários momentos, ela sorriu e até riu. Como era suave a sua risada. Se fosse palpável seria macia como algodão.

Dianne Heller era uma mulher jovem. Talvez jovem demais para mim, um homem que já havia passado dos quarenta. Ela não parecia ter mais do que vinte e seis ou vinte e sete anos. Perguntava-me como alguém de tão pouca idade havia conseguido estar de frente para o mais novo presidente do país, guiando a entrevista com tanta astúcia e maturidade. Bom... talvez fosse exatamente por isso. Estava impressionado. Ela só podia ser uma menina prodígio. Aqueles talentos que se descobre cedo e não se pode desperdiçar. Na minha carreira política, eu já havia dado inúmeras entrevistas, mas muitos dos jornalistas com uma carreira tendo o dobro da sua idade, não possuíam metade da sua postura tão impecável.

Quando a entrevista acabou, ela estava contente, os seus olhos chegavam a brilhar.

Dianne guardou o caderno e o seu celular dentro da bolsa antes de se colocar de pé.

— Muito obrigada, senhor presidente. Foi uma entrevista excelente. Não sabe o quanto é importante para Washington Times ter sido escolhida para a sua primeira entrevista pessoal neste cargo.

— Eu que agradeço o convite. São uma revista política de muito prestígio.

— Assim que eu redigir o conteúdo, enviarei para a sua secretária e a assessoria de imprensa. Quando tudo for aprovado, irei informar quando será a publicação em primeira capa. — Estendeu a sua mão na minha direção. — Mais uma vez, muito obrigada pela oportunidade.

Apertei-a.

— Acompanho você até a porta.

Quando George a abriu, depositei a mão na base da sua coluna e a conduzi para fora. Senti um leve arrepio no braço.

— Boa noite — disse antes de se afastar a passos firmes, estalando o salto no mármore.

Os meus olhos desceram para a sua bunda que rebolava de um lado para o outro, a cada passo. Senti uma fisgada nas minhas bolas guardadas na calça. Aquilo era tesão, sem dúvidas. Respirei fundo.

— Então... como foi? — perguntou Alex.

— Que horas são?

— São pouco mais de sete e meia.

— Seria possível conseguir uma reserva em um bom restaurante a essa hora? — perguntei sem tirar os olhos da mulher que se distanciava.

— Claro que sim. É só ligar para o restaurante da sua escolha.

— Escolha o restaurante. Mesa para dois.

Em um impulso louco, caminhei apressado até Dianne.

— Senhorita Heller? — chamei-a ao me aproximar. Ela apanhava as suas coisas para ir embora. O casaco já estava no seu corpo.

— Senhor presidente... — Olhou-me confusa.

— Me ocorreu que, assim como eu, a senhorita ainda não jantou. Gostaria de jantar comigo? Estou indo agora mesmo.

Ela me encarou com espanto. Para ela, com certeza, aquele convite devia ser inusitado.

— Jantar com o senhor e a primeira-dama?

Com um sorriso sem graça, desviei o meu olhar dela por alguns segundos.

— Na verdade, a primeira-dama está em outro compromisso. — Aquilo era mentira, óbvio. Estela estava em casa e provavelmente nem sequer pensou em me esperar para jantar. — Será apenas eu e você.

Ela ficou visivelmente tensa.

— Senhor... — começou a dizer baixinho e se aproximou. — Não pertenço a sua assessoria ou sou sua secretária, mas sou jornalista. Não é nada agradável para sua imagem ser visto jantando sozinho com uma mulher que não seja sua mãe ou a primeira-dama.

Tinha toda razão. Mas naquele momento queria tanto um tempo a mais com ela, que não estava ligando para isso.

— Você está certa. Mas iremos comer em um lugar reservado e chegaremos pelos fundos. Não seremos vistos.

— Isso não me parece certo.

— Só quero companhia para comer esta noite. Pense nisso como uma extensão da nossa entrevista.

Percebi que a peguei pelo ponto fraco. Ela havia gostado da minha última frase. Um pequeno sorriso brotou nos seus lábios.

— Sendo assim... Eu aceito.

— Ótimo.

Ao olhar para o lado, vi nos olhos de Alex e Karl o quanto eles reprovavam o que eu acabara de fazer.

— A reserva já está feita, senhor — informou Alex um tanto rude.

— Vamos? — perguntei para Dianne.

— Sim.

Segurando levemente a sua cintura, conduzi-a até o carro parado na saída sul. Ao me aproximar, um dos seguranças abriu a porta para nós.

— Vamos no mesmo carro? — perguntou.

Deixei uma risada baixa escapar e olhei para ela.

— Sim. Venha.

Ela entrou e Alex se aproximou para entrar logo depois, mas a impedi.

— Você não precisa ir. Vá descansar. Amanhã será um dia agitado no Capitólio.

— Está indo jantar com uma jornalista. Você pode falar demais após duas taças de vinho. É melhor que eu esteja presente. — Demonstrou a sua impaciência e desgosto na voz.

— Confie em mim — pedi baixo, olhando nos seus olhos.

Ela soltou forte pela boca o ar que prendia nos pulmões e uniu as sobrancelhas com destreza.

— Cuidado com o que vai falar. Não estamos em um tribunal, mas tudo o que disser pode e será usado contra você! E não precisamos de um escândalo no seu primeiro semestre de mandato.

— Eu sei.

Ela cedeu e se afastou. Entrei no carro e me acomodei ao lado da linda mulher ali dentro. Assim que o veículo blindado tomou velocidade pela rua, troquei de banco e me sentei à sua frente.

— Dianne... Estou certo?

— Sim. — Sorriu envergonhada, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Me pergunto como uma moça tão jovem foi nomeada para realizar uma entrevista tão importante, presumo.

— Sou boa no que faço e eles sabem disso. O senhor não é o primeiro presidente que entrevisto. Já estive frente a frente com o presidente da França e com o Príncipe Harry, da Inglaterra.

— Estou impressionado. — Realmente estava.

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