Adan
Ela falava com tanta segurança e firmeza, ao mesmo tempo que esbanjava sensualidade. Se naquele momento eu pudesse escolher uma mulher com quem passar uma noite, sem dúvidas, seria com a srta. Heller.
— Quando estiver pronto, senhor presidente. — Colocou o celular sobre a mesinha entre nós.
— Podemos começar — disse certo de que já estava pronto.
Ela apertou um botão na tela e o tempo da gravação começou a correr. A cada pergunta feita, mais me sentia bem diante dela. Os assuntos foram surgindo e ela sabia perfeitamente como formular as interrogações para cada novo tópico. Em vários momentos, ela sorriu e até riu. Como era suave a sua risada. Se fosse palpável seria macia como algodão.
Dianne Heller era uma mulher jovem. Talvez jovem demais para mim, um homem que já havia passado dos quarenta. Ela não parecia ter mais do que vinte e seis ou vinte e sete anos. Perguntava-me como alguém de tão pouca idade havia conseguido estar de frente para o mais novo presidente do país, guiando a entrevista com tanta astúcia e maturidade. Bom... talvez fosse exatamente por isso. Estava impressionado. Ela só podia ser uma menina prodígio. Aqueles talentos que se descobre cedo e não se pode desperdiçar. Na minha carreira política, eu já havia dado inúmeras entrevistas, mas muitos dos jornalistas com uma carreira tendo o dobro da sua idade, não possuíam metade da sua postura tão impecável.
Quando a entrevista acabou, ela estava contente, os seus olhos chegavam a brilhar.
Dianne guardou o caderno e o seu celular dentro da bolsa antes de se colocar de pé.
— Muito obrigada, senhor presidente. Foi uma entrevista excelente. Não sabe o quanto é importante para Washington Times ter sido escolhida para a sua primeira entrevista pessoal neste cargo.
— Eu que agradeço o convite. São uma revista política de muito prestígio.
— Assim que eu redigir o conteúdo, enviarei para a sua secretária e a assessoria de imprensa. Quando tudo for aprovado, irei informar quando será a publicação em primeira capa. — Estendeu a sua mão na minha direção. — Mais uma vez, muito obrigada pela oportunidade.
Apertei-a.
— Acompanho você até a porta.
Quando George a abriu, depositei a mão na base da sua coluna e a conduzi para fora. Senti um leve arrepio no braço.
— Boa noite — disse antes de se afastar a passos firmes, estalando o salto no mármore.
Os meus olhos desceram para a sua bunda que rebolava de um lado para o outro, a cada passo. Senti uma fisgada nas minhas bolas guardadas na calça. Aquilo era tesão, sem dúvidas. Respirei fundo.
— Então... como foi? — perguntou Alex.
— Que horas são?
— São pouco mais de sete e meia.
— Seria possível conseguir uma reserva em um bom restaurante a essa hora? — perguntei sem tirar os olhos da mulher que se distanciava.
— Claro que sim. É só ligar para o restaurante da sua escolha.
— Escolha o restaurante. Mesa para dois.
Em um impulso louco, caminhei apressado até Dianne.
— Senhorita Heller? — chamei-a ao me aproximar. Ela apanhava as suas coisas para ir embora. O casaco já estava no seu corpo.
— Senhor presidente... — Olhou-me confusa.
— Me ocorreu que, assim como eu, a senhorita ainda não jantou. Gostaria de jantar comigo? Estou indo agora mesmo.
Ela me encarou com espanto. Para ela, com certeza, aquele convite devia ser inusitado.
— Jantar com o senhor e a primeira-dama?
Com um sorriso sem graça, desviei o meu olhar dela por alguns segundos.
— Na verdade, a primeira-dama está em outro compromisso. — Aquilo era mentira, óbvio. Estela estava em casa e provavelmente nem sequer pensou em me esperar para jantar. — Será apenas eu e você.
Ela ficou visivelmente tensa.
— Senhor... — começou a dizer baixinho e se aproximou. — Não pertenço a sua assessoria ou sou sua secretária, mas sou jornalista. Não é nada agradável para sua imagem ser visto jantando sozinho com uma mulher que não seja sua mãe ou a primeira-dama.
Tinha toda razão. Mas naquele momento queria tanto um tempo a mais com ela, que não estava ligando para isso.
— Você está certa. Mas iremos comer em um lugar reservado e chegaremos pelos fundos. Não seremos vistos.
— Isso não me parece certo.
— Só quero companhia para comer esta noite. Pense nisso como uma extensão da nossa entrevista.
Percebi que a peguei pelo ponto fraco. Ela havia gostado da minha última frase. Um pequeno sorriso brotou nos seus lábios.
— Sendo assim... Eu aceito.
— Ótimo.
Ao olhar para o lado, vi nos olhos de Alex e Karl o quanto eles reprovavam o que eu acabara de fazer.
— A reserva já está feita, senhor — informou Alex um tanto rude.
— Vamos? — perguntei para Dianne.
— Sim.
Segurando levemente a sua cintura, conduzi-a até o carro parado na saída sul. Ao me aproximar, um dos seguranças abriu a porta para nós.
— Vamos no mesmo carro? — perguntou.
Deixei uma risada baixa escapar e olhei para ela.
— Sim. Venha.
Ela entrou e Alex se aproximou para entrar logo depois, mas a impedi.
— Você não precisa ir. Vá descansar. Amanhã será um dia agitado no Capitólio.
— Está indo jantar com uma jornalista. Você pode falar demais após duas taças de vinho. É melhor que eu esteja presente. — Demonstrou a sua impaciência e desgosto na voz.
— Confie em mim — pedi baixo, olhando nos seus olhos.
Ela soltou forte pela boca o ar que prendia nos pulmões e uniu as sobrancelhas com destreza.
— Cuidado com o que vai falar. Não estamos em um tribunal, mas tudo o que disser pode e será usado contra você! E não precisamos de um escândalo no seu primeiro semestre de mandato.
— Eu sei.
Ela cedeu e se afastou. Entrei no carro e me acomodei ao lado da linda mulher ali dentro. Assim que o veículo blindado tomou velocidade pela rua, troquei de banco e me sentei à sua frente.
— Dianne... Estou certo?
— Sim. — Sorriu envergonhada, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Me pergunto como uma moça tão jovem foi nomeada para realizar uma entrevista tão importante, presumo.
— Sou boa no que faço e eles sabem disso. O senhor não é o primeiro presidente que entrevisto. Já estive frente a frente com o presidente da França e com o Príncipe Harry, da Inglaterra.
— Estou impressionado. — Realmente estava.
AdanDurante o trajeto matei o tempo com perguntas banais sobre o seu trabalho, como: o processo de publicação de uma matéria e como era decidido o que iria estampar primeira capa, ou não.Quando chegamos, os carros entraram na garagem subterrânea do prédio de três andares. Aguardamos alguns minutos. Quando os meus seguranças liberaram a nossa saída, descemos tomando um elevador direto para o último andar, o qual abrigava uma sala feita para recepcionar pequenos eventos.Quando as portas douradas se abriram, saímos para a área que comportava tranquilamente cem pessoas. Eu já havia estado ali semanas atrás, quando recebi alguns amigos políticos.— Uau... — murmurou observando o lugar bem decorado e iluminado. Apesar de pequeno, tudo ali inspirava luxo.Apenas uma mesa ao centro estava posta com dois lugares. Pedi que George intermediasse a entrega da comida e os pedidos. Não queria que ninguém, nem mesmo o chef de cozinha daquele lugar incrível, fosse até ali. Primeiramente, não queria
DianneAcordei com o despertador às seis. Depois daquele jantar, demorei horas para dormir. Era surreal. Eu havia jantado com o presidente dos Estados Unidos. Parecia cena de um livro clichê de romance.Ainda podia sentir o seu perfume tão bom e o toque dos seus lábios na minha bochecha. Seria insano dizer que senti atração por aquele homem? Adan era um pouco mais alto do que imaginava, devia ter um pouco menos de um metro e oitenta. Noventa quilos, eu diria. Os seus cabelos pretos eram marcados nas têmporas por alguns fios brancos que começavam a surgir e por uma mecha grisalha acima da testa, no lado esquerdo. Aquilo era um charme imenso que o marcava desde jovem. Os seus fios pareciam tão sedosos, senti vontade de tocar. Os seus olhos castanhos com um leve toque acobreado me cativaram assim que os nossos olhares de encontraram.Percebi a minha calcinha umedecer. Levei a minha mão entre as minhas pernas e senti o quanto estava excitada só de pensar nele. Sem dúvida, aquele homem hav
DiannePassei toda a manhã seguinte com borboletas no estômago. Havia demorado mais que o normal para escolher a roupa para o trabalho. Nos lábios, um raro batom vermelho. No corpo, um vestido preto de mangas cavadas, justo e de comprimento até os joelhos. Um pequeno decote nos seios chamava a atenção discretamente.Os cabelos, que normalmente ficavam presos, estavam soltos e lisos. Eu estava muito ansiosa para vê-lo de novo. Olhando o meu reflexo no espelho, sorri aceitando que estava caprichando tanto no visual somente para atrair o olhar tão intenso do presidente.Alguns minutos depois das onze, uma movimentação do lado de fora da minha sala chamou a minha atenção. As pessoas estavam todas paralisadas e de pé. Ele havia chegado, sem dúvidas.Ao sair, logo o vi cercado por seus seguranças. Ele cumprimentava o meu editor-chefe, apertando a sua mão com firmeza. Os olhos de Adan saíram do homem à sua frente, vindo diretamente até os meus. Era como se ele soubesse exatamente para onde o
AdanQuem era ele? Os dois pareciam íntimos. Seria seu namorado? Isso me causava um sentimento estranho. O modo como ele abraçou o seu corpo... senti inveja! Por que não poderia ser eu?O homem à minha frente não parava de falar nem por um segundo. Eu já nem sabia mais qual era o assunto daquela conversa.— Me fale sobre Dianne — interrompi-o, assim que a vi sair.O cara parecia um astro da NBA, tinha pinta de estrela. Será que era por homens assim que ela se atraía, jovens e cheios de glamour?— Bom... Ela é um prodígio. Foi indicada pela faculdade para o estágio. Em poucos anos evoluiu e conquistou o seu espaço com muito respeito nesta revista.— Gosto dela.O homem riu.— Sim, todos aqui adoram Dianne. Ela é uma pessoa incomum, mas de um jeito...— Extraordinário — completei a sua frase.Enquanto sentia graça por sua inteligência e profissionalismo, eu achava aquele lugar pequeno demais para ela, embora a Washington Times fosse uma grande revista. E pensar nisso me fez lembrar que
AdanFrustrado, segui para a minha habitação naquele grande labirinto branco. Na cozinha, após um banho, preparava um sanduíche.— Ainda acordado. Algum problema? — perguntou Estela.— Não. Só estava com fome. Tratar de negócios durante o jantar não nos deixa comer direito. E você? O que faz acordada?— Estava lendo um livro. Quer que eu faça um suco?Olhei-a surpreso. Há muito tempo não se oferecia para fazer algo para mim.— Sim, por favor.Enquanto ela espremia as laranjas, terminei o meu sanduíche e sentei-me do outro lado da ilha.— O Baile Beneficente é em algumas semanas. Já escolheu qual instituição irá beneficiar? — Colocou gelo dentro do copo à minha frente.— Ainda não. — Mordi o sanduíche.— Estou sentindo algo diferente em você. Os seus ombros não estão mais caídos.“Diferente? O que estaria diferente em mim?”— E o que seria?— Não sei dizer. — Sorriu. — Vou me deitar. Boa noite, Adan.— Boa noite, Estela.Ela se foi e eu me perguntei novamente o que estaria diferente em
AdanEla me encarava com um olhar surpreso e a boca entreaberta, incrédula. Levantei e me sentei ao seu lado, bem perto. O seu perfume era tão intenso e suave ao mesmo tempo.— Está mesmo me fazendo este convite? — Assenti. — Isso é... É incrível, Adan — disse quase sem ar, sorrindo. Os seus olhos brilhavam, ela estava feliz. Senti vontade de abraçá-la. — Espero ser capaz deste trabalho.— Estive lendo os seus trabalhos. Você é plenamente capaz, querida.Gosto da ideia de ter você por perto desenvolvendo de forma sensata as notícias que sairão daqui.— Estou surpresa, mas contente. É uma mudança que não esperava.— Precisa de tempo para pensar?Ela pareceu pensar por alguns segundos, mas negou em um gesto com a cabeça.— Ótimo. — Ri aliviado. Por míseros segundos tive medo dela dizer que sim, que precisaria pensar melhor. — Quando pode começar?— Preciso terminar alguns trabalhos, mas posso estar aqui na próxima semana.— Gostaria de poder ter uma sala somente para seu uso, mas como n
DianneNa quinta, cheguei as oito e meia no trabalho. Ao sair do elevador, os meus colegas me aplaudiram de pé. Aquela com certeza seria a reportagem do ano. A Washington Times, apesar de ser uma revista grande e conceituada, nunca na sua história de trinta e oito anos havia conseguido uma exclusiva com um presidente recém-eleito. Ainda mais sendo ele um homem que havia marcado a nação com a sua campanha, trajetória política e uma porcentagem de votos tão alta.Adan Bremner era tão querido pelos americanos, quanto Obama foi. E por isso eu esperava que a minha matéria fizesse dele um governante ainda mais amado pelo seu povo. Todos acreditavam nele. Eu acreditava.— Obrigada, pessoal — agradeci emocionada. Sentiria falta de estar no meio daquela equipe formada por mais de vinte pessoas.— Você recebeu flores, coloquei na sua mesa — disse Sarah, acompanhando-me.Quando entrei na sala, a mesa estava repleta de flores e o ambiente cheirava a jardim. Um buquê de tulipas amarelas havia sido
DianneNa segunda-feira, eu cheguei bem cedo no trabalho. Não conseguia me acalmar, mesmo após duas xícaras de chá de camomila e limão. Esperava há vinte minutos pelo assistente da secretária do presidente, no saguão da grande Casa Branca.— Senhorita Heller...— Sim.— Desculpe a demora. Sou Karl Gardin.— É um prazer, Karl.Apertamos as mãos.— Seja bem-vinda à Casa Branca. Venha comigo. Eu mesmo irei lhe levar até o local onde irá trabalhar. O presidente gostaria de estar aqui para lhe dar as boas-vindas, mas ele tinha os seus compromissos no Capitólio esta manhã.— Tudo bem.— Ele realmente gostou de você. Todos aqui estão falando sobre a sua chegada. Eu li a sua matéria. Ficou ótima. — Sorriu para mim.Karl era um homem bonito. Devia ter a minha idade, talvez um ou dois anos a mais. Magro, bem alto, loiro e olhos azuis. Alguém com quem eu, com certeza, sairia para tomar alguns drinques, mas não para sexo. Sem chance!— Me sinto lisonjeada. Obrigada.— Esta é a sala da associação.