Ser enterrado vivo. Ser violentada. Ter um filho extraído do seu ventre. E muito mais. Histórias de/com psicopatas e serial killers cruéis, cujos crimes você está prestes a testemunhar. O vento sopra as folhas do milharal levando para longe o fedor da carne pútrida, enquanto alguns pássaros sobrevoam baixo a triste figura hasteada em meio à plantação. O corpo cadavérico encoberto por sacos de estopa, cuja face deformada é escondida pelo velho chapéu de palha, logo precisará ser removido. Um espantalho inútil que precisará ser substituído por outro... vivo. Quando os Pássaros Pousam e Outros Contos Psicopáticos é um apanhado de vinte e um contos inspirados na trilogia policial O Ceifador de Anjos (A Coleção de Fetos; Antes da Coleção; A Última Ceifa), na série Danna (Os Bastardos do Lote 502; Dente de Leão; Publicidade Sangrenta; Quando os Pássaros Pousam) e no romance epistolar Segredos de Origami Guardados em Porcelana que conta com a coautoria de Adriano Léo Araújo, autor da série Psicopatas.
Ler maisCondado de Tulare, CalifórniaAquela era com certeza uma das piores lembranças de Craig.— Cadê Nicolas? — gritou Heloisa puxando o cobertor de Craig com violência. — O que você fez com ele? — perguntou exigindo uma resposta, enquanto ele sentava na cama sem demonstrar qualquer emoção.— Ele está bem, não precisa se preocupar! — informou tranquilo, se mostrando indiferente à histeria e desespero da esposa.— O que você fez? — insistiu. — Cadê meu filho? — gritou se lançando contra o marido sentado na cama.Craig segurou seus pulsos assim que recebeu os primeiros tapas.— Quero o meu filho! — declarou sem conter as lágrimas, receando não obter respostas do marido.— Nosso filho, Heloisa! Ou se esqueceu de que ele também
Tóquio, JapãoCara Valentine, espero que essa minha carta a encontre em melhores condições do que as em que estou.Sim, eu sei, Valentine, péssima maneira de começar uma carta, desculpe meus modos, mas francamente, já perdi as contas de quantas outras tentei escrever... Espero que desta vez eu seja capaz de prosseguir!A verdade é que estou frustrado, Valentine! Frustrado de um jeito que nunca antes estive! Nunca me foi tão difícil discorrer por tão poucas linhas... Você sabe, Valentine, você me conhece há tantos anos... Sim, minha amiga, mesmo nunca tendo nos encontrado pessoalmente, creio que não há no mundo alguém que me conheça melhor do que você!Agora estou aqui, sem conseguir me expressar justamente com você!É, minha amiga, é ela a razão da minha maldita
Condado de Tulare, CalifórniaCraig dormia tranquilo, um sono pesado, um descanso merecido, que ao menos ele julgava merecer. O sono profundo não permitiu que ouvisse os latidos insistentes dos cães, uma agitação anormal que o fazendeiro demoraria para perceber.Embora Craig tenha nascido rico, filho de pais abastados, e tenha recebido em abundância tudo que suas grandes porções de terra tinham a oferecer, a vida do fazendeiro nem sempre foi fácil e feliz, onde até mesmo sua infância fora regada por trabalhos árduos, já que a ele o pai incumbira a missão de ser "macho".Craig buscava o colo da mãe sempre que precisava lidar com o temperamento difícil do pai, e embora ela vez ou outra intercedesse em seu favor, acabava por concordar com o marido, aceitando que aquele era o destino do menino, afinal, era o único entre as cinco
Los Angeles, Califórnia— Ele é um babaca, Alicia! — falou Henry descendo os degraus da escada seguido pela irmã.— Não fala assim dele, Henry! — retrucou a adolescente irritada.— Falo a verdade, você tá cega e não vê quem ele é — declarou o rapaz já na sala, seguindo para a cozinha com Alicia.— Só porque ele não é do seu clubinho de populares não te dá o direito de falar assim dele! — dissea garota empurrando o irmão pelas costas. — Idiota!— Bom dia, queridos! — cumprimentou Ellen com um sorriso ao ver os filhos entrarem na cozinha, ao que Alicia se aproximou dando-lhe um beijo na bochecha e se sentando à mesa. Henry fez o mesmo. — Estão brigando logo cedo? — indagou com reprovação, ao mesmo tempo
Condado de Tulare, Califórnia"Eu a encontrei... Estava tão... tão faminta e... suja! Nem parecia ser minha patroinha, dona Heloisa!” — A voz de Charles soava nítida, apesar da embriaguez.“Quem não lembra de dona Heloisa? Ela era tão linda e... tão viva! Mas de repente a encontrei maltrapilha... Eu peguei dona Heloisa no colo e levei a coitada para a casa grande, deixei ela na cama do patrão... Ele chorava tanto naquele dia, estava tão triste e envergonhado... Até já tinha ouvido boatos sobre a fuga de dona Heloisa com o... Desculpe, o senhor sabe!”“Naquele dia fui pra minha casa contente, com a certeza de que tinha salvado a vida de dona Heloisa... Mas eu não sabia ao certo... A salvei de quê? Há um tempo me pego pensando no que a deixou naquele estado... O que deu errado ao tentar fugir?
Los Angeles, CalifórniaLindsay levantara cedo e precisou disfarçar bastante as marcas deixadas da noite anterior, que denunciava as suas animadas horas de farra. Noite das meninas, como ela e as três amigas gostavam de chamar, era o momento reservado para muita diversão, regado à muita bebida, balada e homens sarados.A correria do dia a dia não permitia que Lindsay se envolvesse num relacionamento sério, já que dispunha de pouco tempo e não queria se comprometer com ninguém, de forma que essas saidinhas consistiam na única forma de não ficar naseca.Embora preferisse sair na sexta, comumente saíam no domingo, quando coincidia a folga de todas elas. Então ela podia beijar à vontade e transar com aquele que mais a agradasse.Lindsay sempre batalhou bastante para chegar ao cargo de executiva que ocupava numa das maio
Condado de Tulare, Califórnia— Nãoooooooooooooooooooooooooo... — O grito desesperado de Vivien foi abafado pelas trovoadas, enquanto suas lágrimas se misturavam às gotas pesadas da chuva que o corpo magro da pobre mulher parecia nem sentir.Ajoelhada no chão lamacento, Vivien encarava incrédula o corpo do homem com quem conviveu por quase trinta anos, hasteado, tal qual um mísero espantalho, cujas vestes encharcadas denunciavam os maus tratos aos quais ele fora submetido.— Você não merecia isso... — disse a mulher antes de deixar sua face se chocar com o chão, enquanto suas mãos seguravam com força a terra barrenta formada de baixo dela. — Maldito seja quem fez essa maldade com você! — praguejou entre soluços enquanto um raio riscou o céu em meio às trovoadas da chuva que estava longe de cessar
Los Angeles, CalifórniaA semana mal começou para Vincent Hughes, e apesar da tranquilidade no hospital, sua cabeça latejava como se suas incumbências o sobrecarregassem.Assim, apesar da calmaria aparente ao desempenhar junto dos seus colegas, o turbilhão de pensamentos roubava a sua paz mental, o que ele sabia se tratar de um aviso com ares de exigência de que precisava sair dali e então colocar suas ideias no lugar. Caso não fizesse isso logo, iria surtar.Após dar as ordens necessárias, Vincent se despediu dos colegas, saindo mais cedo do hospital e seguindo para sua casa. Por sorte teria algum tempo para ficar no porão antes de sua esposa chegar e requerer a sua atenção.Mentalmente, Vincent reprisava os acontecimentos do final de semana em sua casa, onde o almoço para comemorar a promoção da melhor amiga Adelle resulto
Condado de Tulare, CalifórniaLentamente Charles recobrava sua consciência. Seu corpo doía como se tivesse levado uma surra e tudo que sentia era dor.Seus olhos logo se habituaram à pouca luz do ambiente, permitindo-o reconhecer aos poucos onde estava. As dores musculares e o fato dele estar desconfortavelmente caído aos pés daquela escadaria o fez deduzir que havia rolado lá de cima.Charles sentou com dificuldade, moveu suas pernas e braços para verificar se havia algum ferimento que merecesse sua atenção. Suspirou aliviado ao perceber que não sofrera nada grave, em dois ou três dias aquela dor iria passar.Enquanto se levantava com certa dificuldade, Charles tentava se lembrar como chegara até ali, sabia que aquele era o porão da casa de seu patrão, pois conhecia-o bem, já que era ele mesmo o encarregado de empilhar os p