Condado de Tulare, Califórnia
Craig dormia tranquilo, um sono pesado, um descanso merecido, que ao menos ele julgava merecer. O sono profundo não permitiu que ouvisse os latidos insistentes dos cães, uma agitação anormal que o fazendeiro demoraria para perceber.
Embora Craig tenha nascido rico, filho de pais abastados, e tenha recebido em abundância tudo que suas grandes porções de terra tinham a oferecer, a vida do fazendeiro nem sempre foi fácil e feliz, onde até mesmo sua infância fora regada por trabalhos árduos, já que a ele o pai incumbira a missão de ser "macho".
Craig buscava o colo da mãe sempre que precisava lidar com o temperamento difícil do pai, e embora ela vez ou outra intercedesse em seu favor, acabava por concordar com o marido, aceitando que aquele era o destino do menino, afinal, era o único entre as cinco
Tóquio, JapãoCara Valentine, espero que essa minha carta a encontre em melhores condições do que as em que estou.Sim, eu sei, Valentine, péssima maneira de começar uma carta, desculpe meus modos, mas francamente, já perdi as contas de quantas outras tentei escrever... Espero que desta vez eu seja capaz de prosseguir!A verdade é que estou frustrado, Valentine! Frustrado de um jeito que nunca antes estive! Nunca me foi tão difícil discorrer por tão poucas linhas... Você sabe, Valentine, você me conhece há tantos anos... Sim, minha amiga, mesmo nunca tendo nos encontrado pessoalmente, creio que não há no mundo alguém que me conheça melhor do que você!Agora estou aqui, sem conseguir me expressar justamente com você!É, minha amiga, é ela a razão da minha maldita
Condado de Tulare, CalifórniaAquela era com certeza uma das piores lembranças de Craig.— Cadê Nicolas? — gritou Heloisa puxando o cobertor de Craig com violência. — O que você fez com ele? — perguntou exigindo uma resposta, enquanto ele sentava na cama sem demonstrar qualquer emoção.— Ele está bem, não precisa se preocupar! — informou tranquilo, se mostrando indiferente à histeria e desespero da esposa.— O que você fez? — insistiu. — Cadê meu filho? — gritou se lançando contra o marido sentado na cama.Craig segurou seus pulsos assim que recebeu os primeiros tapas.— Quero o meu filho! — declarou sem conter as lágrimas, receando não obter respostas do marido.— Nosso filho, Heloisa! Ou se esqueceu de que ele também
Quando os Pássaros Pousam surgiu da necessidade de, movida por tamanha ansiedade em compartilhar minhas histórias, apresentá-las mesmo que em partes. Vem daí cada uma destas páginas, que são apenas uma palhinha do que irão encontrar na trilogia já finalizada O Ceifador de Anjos e daqueles que estão, em tese, em andamento: a série Danna.Para quem já conhece O Ceifador de Anjos perceberá aí, no título da série, uma forte referência à trilogia. Isso porque em Danna, embora não haja uma continuidade da trilogia que se encerrou em A Última Ceifa, a personagem principal nasceu aí, em meio às atrocidades cometidas por Vincent quando impunemente atacava mulheres em Los Angeles.Inicialmente, os títulos em andamento de Danna são: Os Bastardos do Lote 502; Publicidade Sangrenta; Quando os Pássaros Pousam e Dente d
Aventurando-me por essas páginas sangrentas, percebo o quanto a maldade humana não possui limites. Juliete nos faz lembrar disso a cada conto, seja na Califórnia, no Japão, ou em qualquer lugar.Cada um de seus psicopatas, com suas razões difusas, apresenta uma forma peculiar de lidar com suas vítimas. Ser enterrado vivo. Ser violentada. Ter um filho extraído do seu ventre. Você consegue imaginar? Consegue se imaginar?Espero de verdade que não, porque a possibilidade é aterrorizante. Mas, ao nos atentarmos às notícias que pipocam nas mídias, vemos que as atrocidades relatadas a cada página, mera ficção, é um simples esboço da realidade. Afinal, a arte copia a vida, não é verdade?Não é novidade alguma a minha admiração pela Ju. Há tempos conheço sua escrita
Condado de Tulare, CalifórniaA pobre mulher já estava cansada de tanto correr, ao menos acreditava ter corrido muito, mas o cansaço, a fome e o medo que sentia começava a pregar peças em sua mente nitidamente abalada.Há dois dias não comia nada a não ser a metade de um pão pela manhã e outro ao entardecer, a água que lhe fora dada nesse período também era escassa, insuficiente para matar a sua sede. Ela fora avisada que estava sendo castigada, que não importava se tal castigo a levaria à morte, por isso, na primeira brecha que teve, reuniu toda a força que tinha, e fugiu.O milharal parecia não ter fim, embora acreditasse já ter percorrido muitos quilômetros a pé, sabia não ter chegado ainda na metade. Seu corpo, que sempre fora mais cheinho, agora dava sinais de magreza.Sua pele co&cce
Los Angeles, Califórnia— Que merda, Alex! Atende essa porcaria de celular! — dizia Hanna pra si mesma em pé ao canto da sala, enquanto ouvia impaciente a secretária eletrônica instrui-la mais uma vez a deixar sua mensagem na caixa postal. — Alex, cadê você? Estou te ligando há horas, você nem respondeu minhas mensagens... O que tá acontecendo? Tô aqui na casa do seus pais como combinamos... Alex, não me deixa sozinha aqui com eles ou juro que te mato! — concluiu irritada.— Querida, ele ainda não deu notícias? — perguntou Annette, que ajoelhada ao pé da árvore de Natal ajeitava as caixas de presentes. — Se te deixa mais tranquila, vou pedir ao Peter que ligue para a casa do Mike — declarou ao constatar o olhar decepcionado da jovem nora.Annette se levantou exibindo seu vestido de cor vinho co
Condado de Tulare, CalifórniaAs pálpebras do jovem Jacob estavam pesadas demais, o seu corpo também, nunca sentira tanto a gravidade como agora, sentia como se estivesse sendo puxado para baixo com força, enquanto os seus braços jaziam abertos e bem amarrados, assim como as suas pernas, que jaziam estendidas lado a lado, também amarradas.Seu corpo estava hasteado há mais de dois metros de altura, sua vestimenta consistia apenas em trapos feitos de saco de estopa já usado para o carregamento de espigas de milho. Parecia usar um longo vestido que cobria parte dos seus pés.Jacob não perdera de todo a noção do tempo, sabia que estava ali há exatos cinco dias, cinco longos dias.As fezes secas que atraíra insetos para suas pernas e pés era um pequeno lembrete das primeiras vinte e quatro horas que fora deixado ali, sozinho, n&atild
Los Angeles, CalifórniaVincent realmente acreditou que seria fácil, afinal, Ryan Owens havia falado abertamente o nome da boate em que a ex-amante trabalhava, mas um mês se passou desde a demissão do seu funcionário, chegou a concluir que ela se mudou de cidade, já que a procurou insistentemente em todos os prostíbulos da cidade.Ryan também era biomédico e fora contratado por Vincent para trabalhar no Hospital Bom Samaritano de Los Angeles, mas além de se mostrar constantemente distraído no trabalho, cometendo faltas graves, chegou ao cúmulo de discutir publicamente dentro do hospital com uma paciente, que segundo ele, fora até lá exatamente para confrontá-lo, já que alegava estar grávida do biomédico e o chantageava, dizendo que contaria para a esposa dele sobre o caso que mantiveram por quase três anos. Dias depoi