“Oh os olhos dela, os olhos dela fazem as estrelas parecerem que não têm brilho… O cabelo dela, o cabelo dela, recai perfeitamente sem ela precisar fazer nada... (Just the way you are – Bruno Mars)”
Marcus StrausAinda bem que estou indo para casa. Dia exaustivo, achei que nunca fosse terminar.Três reuniões, vários e-mails, mais e mais telefonemas e nem tive tempo para comer direito, acabei me virando com um lanche rápido, que pedi para que Helena providenciasse.Quase ia me esquecendo.Cadê meu telefone, ah, aí está você; preciso ver com a Helena, como está minha agenda de amanhã.– Helena, conseguiu falar com Oscar sobre o ancoradouro… não, não preciso desse relatório antes das onze em minhas mãos… Ok, o que temos para amanhã?... Sim, às dez… não remarque, não vou correr o risco de me encontrar com ele, antes de falar com Charles… Ok, vou almoçar no escritório… verdade… vou precisar sair mais cedo e passar em casa, já havia me esquecido dessa exposição… Por enquanto é só.Olho para o relógio já se passa das 23h15min que dia! – Senhor Straus, vamos direto para casa ou deseja ir a outro lugar? Ben (Benjamim Tarley Junior) é meu segurança pessoal, nos conhecemos meio que por acaso, num bar em São Francisco, estávamos no balcão, afogando nossas mágoas, quando em meio à conversa alheia, descobrimos que éramos amigos do mesmo colega de quarto na faculdade que estudei, me lembrei do cara na hora, quando em meio a algumas estórias ali compartilhadas, o nome dele surgiu.Servimos no mesmo batalhão e há pouco tempo, Ben havia recebido baixa honrosa por seus trabalhos prestados e assim começou nossa história. Daquele dia em diante, onde eu estava, ali estava Ben, com o passar do tempo, houve a necessidade de criar uma empresa de segurança onde se utilizasse de todos os meios tecnológicos para proteção, encarreguei Ben de administrar a operação toda e hoje o tenho ao meu lado, cuidando da minha segurança entre outras coisas relacionadas a mim. – Não Ben, vamos para casa, por hoje já estou farto. – Certo Senhor, em dez minutos já chegaremos. Passo minhas mãos por meus cabelos, sentindo em meu corpo o cansaço do dia. Por mais que eu goste do que faço, por mais competente que sou, este cansaço é até bem vindo, não existe cansaço melhor, do que este, de um dia onde você fez o que faz de melhor, no meu caso, ganhar dinheiro.Por um momento olho as luzes lá fora que começam a surgir, são poucas, mas sempre acabo me perdendo nelas. Seu brilho, muitas vezes, me leva a viajar em lembranças, do quanto foi árduo meu trabalho até aqui. Do quanto batalhei e lutei, para ser quem sou hoje. Poderia ter me acomodado, como tantos caras que conheço, mas não, quis escrever minha própria história, ser alguém por meu próprio mérito.Foi muita dedicação para chegar onde estou; aos trinta e dois anos, posso dizer que estou onde sempre desejei. Sei o quanto tenho a fazer para manter o que possuo a cada dia.Meus pais haviam planejado para eu continuar no ramo da família, não querendo que eu perdesse o vínculo familiar, no entanto, sempre desejei criar meu próprio espaço no mundo, realizar algo que me valesse à pena e foi assim que conclui a faculdade de Direito dando início a minha saga.Muito embora os negócios da nossa família fossem lucrativos e prósperos a cada dia, meu pai, Robert Straus, administrava tudo bem de perto e se caso fosse necessário, tinha meus irmãos (Ted (Teobaldo Straus / Lucy Straus) para cuidar de tudo, ainda que Ted (um ano mais novo que eu ) já desses indícios de trabalhar na construção civil, terminando seu último ano de engenharia. Lucy estava estudando ainda, fazendo um curso de especialização, iria seguir meus pais na área médica e claro, seu futuro seria o de assumir a administração do hospital.Coube apenas dar até breve e segui meus passos.Sabia que com o passar dos anos, mais dia menos dia, chegaria a hora de presidir o conglomerado Straus Corporation, sendo eu o irmão mais velho, por hora, precisava criar asas sozinho, para poder estar forte o suficiente para administrar tudo.Lembro–me bem quando me formei e meu pai chegou todo feliz por eu ter seguido no ramo de Direito, assim como ele, pois meu pai cursou duas faculdades ao mesmo tempo, não me peça para explicar como ele fez isso, porque até hoje não conseguimos entender, ele se formou em direito e em medicina com especialização em cardiologia. Coisa que apenas Robert Straus poderia fazer. Meu pai é uma figura, não poderia ter um homem melhor como referência.Fiquei ali, parado, ouvindo toda sua alegria transformada em palavras, meu relacionamento com meu pai sempre foi o melhor possível, quando terminou seu discurso todo orgulhoso, apresentei a ele meu sonho e expectativas quanto ao futuro. Tinha consciência de toda estabilidade financeira que possuía graças a ele, porém, estive debaixo de suas fraternas asas por todo aquele período e chegava a hora de voar.Ele me observou resoluto, sem expressar nada nem me dar idéia do que se passava em sua cabeça, não me interrompeu um segundo sequer, absorvendo cada sílaba que ali falava. Aquilo me deu força para continuar, falei sobre a gratidão dos anos dedicados a minha criação, do quanto ele e minha mãe Ester, são importantes em minha vida, pois jamais me esquecerei de como foram bondosos para comigo, num período de tanta dor, pude contar com os dois. Sempre me deram o melhor em amor e afeto, em valores e cuidados, sempre zelando por mim, como parte importante da família. Quando terminei, meu pai olhou em meus olhos e disse:– De quanto você precisa?Não entendi!Como assim, não vai brigar, me obrigar a ficar, não irá argumentar como algumas vezes aconteciam?!?! Simplesmente isso!...Não vai trazer mamãe, e meus irmãos e realizar uma reunião para discutirmos o assunto?!?!Não estava compreendendo, o que se seguia à minha frente.Meu pai vendo em meu rosto, a dúvida pairando, inquietação, pôs a mão em meu ombro, olhou bem dentro dos meus olhos e me falou:– Marcus, sei o quanto isso o pegou de surpresa, a mim também filho, dizer que não tinha planos para você, de estar conosco e permanecer ao nosso lado, é mentira... Filho, acompanhei sua jornada até aqui, o conheço o suficiente para saber que esse projeto, já tem dia, hora e lugar para começar… A nós, sua família, compete apenas apoiá–lo e ajudá–lo no que nos for possível... Até aqui, você teve que se superar dia após dia, passar o que você passou e continuar mantendo a alegria em viver.Abracei meu pai na mesma hora, sempre o teria ali como um porto seguro, como aquele a quem posso correr e haverá sempre no mínimo um abraço demonstrando que tudo irá ficar bem.Sou interrompido por Ben, me avisando que havíamos chegado.Ele abre minha porta e entrego a ele minha bolsa, saio rumo ao elevador. Como é bom chegar em casa, adentro ao meu apartamento, minha segunda moradia em oito anos; tenho tudo o que preciso aqui mesmo.Foi muito bom Lucy me orientar na reforma, assim que adquiri esse imóvel, minha irmãzinha me surpreendeu, quando me deparei com todo o seu talento.Ela soube ler tudo o que precisava e queria.Pedi que mantivesse meu estilo em tudo e que o conforto fosse a principal preocupação quanto ao projeto.Não sou dado, há um batalhão de empregados, mantenho comigo apenas Rose e Ben, que são suficientes para manter em ordem minha vida. Rose trabalha comigo há mais de cinco anos e administra minha casa muito bem. Não tenho que me preocupar com nada, o que facilita e muito as coisas para mim.– Senhor Straus, boa noite! Vai jantar, ponho a mesa ou prefere alguma outra coisa?– Não Rose, só prepara para mim o suco de sempre com aquele sanduíche fantástico que você faz, coloca uma porção generosa daquele presunto que você colocou para mim nesta manhã e pode deixar em meu quarto, depois pode se recolher.Subo as escadas, indo direto para o banho, preciso aliviar todo o estresse do dia.Começo a refazer a agenda do dia seguinte, ali mesmo no banho e para minha “alegria” mais uma exposição. Que coisa mais tediosa é exposição, até agora não entendo como as pessoas se divertem tanto nesses ambientes, para mim é mais um compromisso do que diversão, se bem que, o que chamo de diversão poderia deixá–los atônitos, dou uma gargalhada relembrando algumas coisas que dias atrás aconteceram. Como negócios são negócios, vamos descansar, pois afinal, amanhã basta uma meia horinha nesse local e pronto, missão cumprida, se tudo acabar bem, vou dar uma esticada até meu voyeur.Jessica Green Até que enfim em casa, puxa como o metrô estava lotado, ainda de quebra precisei passar no mercado, vida de quem trabalha e pouco para em casa. Nada como um banho para relaxar e revigorar, agora sim, (Just the way you are – Bruno Mars) tocando no mp3, fogão ligado e uma taça de vinho Cabernet Sauvignon, não poderia ter escolha melhor. Volto para a minha cozinha, que é pequena, mais muito funcional e vamos que vamos preparar algo para comer. Quando meu pai me falou, para eu não me preocupar, que o imóvel que ele havia adquirido era muito bom. Óbvio, o que ele levou mais em conta, foi minha segurança, porém, com o conforto que precisava, minha casa é do tamanho perfeito, nem muito grande nem pequena demais! Meu Deus como é difícil, sempre deixei que meus pais me ajudassem, acho que para compensar um pouco minha ausência, o fato de não estar com eles, sempre fora de casa, estudando e correndo, para ser a melhor em tudo o que fazia ou tentando ser. Mas depois de tantos a
Marcus Straus 6:15hs! Nossa que noite agitada. Até quando esses flagelos da minha infância irão me assombrar. Passo as mãos por meus cabelos tentando recompor os pensamentos e percebo estou todo molhado pelo suor, preciso de um banho, a água quente no ponto certo irá me refazer desta noite mal dormida. Desligo o chuveiro e me secando caminho até o closet. Isso aqui está bom: um terno preto e camisa branca, essa gravata deve servir. Dou uma olhada geral no cabelo e me deparo com meu café da manhã, ovos mexidos, bacon, suco especial. Me farto e termino de arrumar as coisas, já são quase sete horas, Ben já está a postos e partimos para a garagem onde entramos no meu Q5 preto e logo ele dá a partida rumo ao escritório. Passo os olhos no meu tablet, começo a verificar minha agenda, puxa como as coisas mudaram, é bem verdade que até aqui tive muito trabalho, as Indústrias Straus são o que são, devido a minha dedicação, principalmente nos últimos cinco anos, quando literalmente meu pai
Jessica Green Nossa o dia voou. Acabei de sair da sala da Jey, preciso ir ao toalete dar uma olhada em mim. Chegando vejo que preciso apenas retocar a maquiagem, ainda bem! Deixei o táxi reservado, não quero correr o risco e ficar na calçada lutando por um. Não me acostumei com essa guerra travada nas calçadas, quer seja por um táxi, quer seja por um sanduíche ou apenas para entrar no metrô. Mas sei que ainda vou me acostumar; termino de me arrumar e o táxi já está à minha espera. Esse pintor que estou indo prestigiar, dizem os experts, que é uma grande revelação, Emanuel Sanches é seu nome, foi descoberto por acaso e agora está realizando sua primeira exposição. Havia até um certo frisson, por parte da imprensa, porque o artista parece que já caiu no gosto de algumas celebridades. Dei uma olhada na internet e não sou tão entendida em arte, mas gostei do que vi. Se bem que arte é algo tão pessoal, lembrei do trabalho que tivemos que realizar eu e a Sam, para a feira de arte no
“... Às vezes sentada no escuro desejando que você estivesse aqui começo a ficar louca... Mas é você que me faz perder a cabeça... – (Crazy for you – Adele)” Jessica Green Onde eu estava com a cabeça tropeçando assim em um homem! Tudo bem, não foi assim tão caótico, nem traumático, mas meu olhar embasbacado, literalmente babando, contemplando ele em toda a sua vivacidade, isso foi de mais!!! E o que falar sobre ser traída por meu próprio corpo, tudo bem, não sou nenhuma “senhora tive vários romances”, no entanto, ficar por aí parada nos braços de um estranho, totalmente de quatro pelo cara e mais, o que foi aquilo minha senhora??? Que energia estranha foi aquela, senti como se estivesse recebendo uma descarga elétrica contínua, e o desejo de sentir aquelas mãos me tocando, me acariciando, sentir aquela boca em mim. Nossaaaa, perdi o decoro completamente! E aquele aroma, uma coisa máscula, não era colônia, nem perfume, loção corporal talvez, xampu, hidratante, não sei, seja o que
Jessica Green Nada como dias comuns para receber o bálsamo merecido.O que aconteceu na quarta feira na exposição, já estava sendo digerido, o restante da semana seguia tranquilo e sem grandes novidades.Ali estava eu, esperando a Sam para almoçarmos juntas. Momentos depois, ela já estava ao meu lado no Cloud Bistrô onde eu havia feito nossa reserva. Nos acomodamos e realizamos nosso pedido. Desde que concluímos nossos estudos, ao menos uma vez por semana nos encontramos para almoçar, ou para jantar ou apenas para farrear. Sempre damos um jeitinho de ganharmos um tempinho juntas, para que o papo sempre esteja em dia ou até mesmo usamos esse tempo para relaxar e dar boas risadas. Sam é minha amiga desde a pré–escola, a partir daí, não conseguimos nos desligar, nos conhecemos muito bem e sabemos reconhecer quando algo não vai bem com a outra. Ao me ver sentada a mesa já foi logo perguntando:– E aí, como está sendo seus dias, quase não nos vemos mais, mesmo morando na mesma casa… d
Jessica Green Como voltar a minha rotina sem pensar naquele homem, chego a achar que estou precisando esfriar os sentimentos, as emoções. Esse homem não me sai da cabeça, que coisa! Nunca me vi vivendo algo assim, grudento demais, inoportuno demais, chato para caramba! – Relaxa Jesse, você precisa se concentrar (falo para mim mesma).– Aff, mas está difícil. Que sonho foi esse que tive noite passada... De repente me vejo numa sala, rodeada por lindos e aconchegantes móveis, uma mistura do colonial com moderno, à minha direita um lindo sofá branco em forma de C, tenho a impressão dele poder aconchegar umas dez pessoas muito à vontade e inesperadamente, sou despeça por uma linda melodia (1). Saio em busca de onde poderia vir aquele som e me deparo com um piano negro de cauda. Aquela melodia começa a me envolver, sou atraída por aqueles acordes magníficos que saem do piano, meus pés começam a percorrer o caminho até me aproximar dele. A cada passo, meu corpo começa a se render aque
Marcus StrausPronto, terminei por hoje, afinal, tenho algo muito importante a fazer. Estou bem esquisito, já tive tantas mulheres, me relacionei com algumas, me mantive sempre distante o suficiente, para não me envolver com tantas outras e não criar relacionamentos duradouros.Não que isso irá mudar, acredito que depois dessa conversa, iremos seguir nossas vidas. Sempre estive longe dessas chorumelas e melodramas, sem saco ou paciência para essas esquisitices. Mas agora estou eu, enfeitiçado por uma mulher! Como pode um homem feito como eu, estar assim, embasbacado por uma simples mulher. Não estou em busca de me envolver com ninguém, nem nada parecido, o que dizer sobre me relacionar, quero continuar assim, solteiro, livre e dono do meu destino.Porém, tenho que admitir que a senhorita Green mexe com minha cabeça, meus sentimentos ficam estranhos e o que dizer do meu corpo, ele fica de um jeito que não me reconheço. Ela não é só linda, mas ao que me parece, inteligente também, a
Jessica GreenUma moça se aproxima, cumprimenta com um largo sorriso e nos serve. O lugar é aconchegante. Passei pela pista de dança que fica no meio do salão, este lugar me faz lembrar de alguns pubs londrinos.Eu e Sam, fomos para Londres, na viagem de formatura. Mas este lugar aqui tem um pouco mais de requinte do que os lugares que conhecemos na viagem. Nossa mesa fica numa área privativa, muito embora bem localizada, temos visão da pista e do bar onde algumas pessoas se divertem. Hoje é sexta–feira, muita gente sai para se distrair. Sam irá gostar desse lugar, vou mencionar a ela, quem sabe não possamos vir aqui jantar.Não vou deixar me intimidar, afinal, de tímida não tenho nada se bem me lembro, e antes de tudo sou profissional e esse é um jantar de negócios. – Então, Senhor Straus, trouxe alguns prospectos que gostaria que visse, afinal, fomos sondados por sua corporação e apenas agora ganhamos a confiança de demonstrar nossa ideia, em como realizar o lançamento da nova