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Capítulo 4 Que situação  é essa,  afinal???

Jessica Green

Nossa o dia voou.

Acabei de sair da sala da Jey, preciso ir ao toalete dar uma olhada em mim.

Chegando vejo que preciso apenas retocar a maquiagem, ainda bem! Deixei o táxi reservado, não quero correr o risco e ficar na calçada lutando por um.

Não me acostumei com essa guerra travada nas calçadas, quer seja por um táxi, quer seja por um sanduíche ou apenas para entrar no metrô.

Mas sei que ainda vou me acostumar; termino de me arrumar e o táxi já está à minha espera.

Esse pintor que estou indo prestigiar, dizem os experts, que é uma grande revelação, Emanuel Sanches é seu nome, foi descoberto por acaso e agora está realizando sua primeira exposição. Havia até um certo frisson, por parte da imprensa, porque o artista parece que já caiu no gosto de algumas celebridades.

Dei uma olhada na internet e não sou tão entendida em arte, mas gostei do que vi.

Se bem que arte é algo tão pessoal, lembrei do trabalho que tivemos que realizar eu e a Sam, para a feira de arte no segundo grau. Queríamos de toda maneira realizar uma escultura com argila e partimos para tentar fazer. Ao finalizar a “obra”, não conseguimos distinguir se era um vaso, uma árvore ou o que era. O mais incrível foi o comentário da nossa professora de arte.

– Meninas, vocês captaram o abstrato com a inovação do modernismo. Adorei! Ficou lindo!

Naquele dia ficou claro pra mim e para Sam que “arte” é tudo aquilo que não se entende. (risos)

– Senhora, chegamos – diz o taxista, me tirando do meu devaneio, paguei a corrida e fui em direção onde estava acontecendo a exposição.

Me deparei com um bom público, aproveitei que o artista estava um pouco tranquilo e conversei com ele sobre sua obra.

Claro que se mostrou muito satisfeito com o nosso trabalho na divulgação da exposição, fez menção de trabalharmos novamente, pois como ele mesmo disse: O surpreendemos da melhor maneira possível!

Mostrou–se uma pessoa muito tranquila, falou do seu entusiasmo com a exposição, da sua inspiração e vinte minutos depois, já estava tudo certo, para o próximo contato, ficamos de nos falar depois, para formalizarmos o que for necessário.

Conversamos mais um pouco, tiramos algumas fotos e sai, apanhando no caminho uma taça de um espumante que nos era servido.

Quadros de todos os formatos e tamanhos, paisagens do campo contrastando com o nosso dia a dia, crianças sorrindo, enquanto bombeiros ao fundo apagavam um incêndio. E assim, sai passeando pela galeria conhecendo um pouco mais sobre as obras.

Inesperadamente um singelo quadro chama minha atenção, algo não muito grande, porém retrata o cotidiano de uma mulher em seus detalhes, parei diante daquela imagem e comecei a contemplar um pouco de mim mesma.

Havia nele uma estrada rodeada por árvores e aquela paisagem me conduziu a lembranças outrora engavetadas em algum lugar do meu ser.

Não sei quanto tempo fiquei ali, parada, imóvel, totalmente alheia ao que se passava ao meu redor.

Aquele quadro me prendeu de uma maneira acidental, não conseguia compreender tudo aquilo ao qual fui levada a relembrar. Não fazia ideia de que uma simples imagem pudesse me provocar tanto.

Precisava de algo para beber, para digerir e quando fui me virar para sair em busca da bebida, pumba!...

Lá estava eu, nos braços de uma pessoa, ao me virar, perdi o equilíbrio e fui amparada por aquelas mãos fortes e firmes, perceptivelmente pertencentes a alguém que ganha muito tempo se exercitando.

Em poucos segundos, me vi nos braços de um estranho e quando meus olhos conseguiram sair do chão, foram ao encontro daquele que me segurou para que eu não me esparramasse.

Minha cabeça parou, uma sensação esquisita começou a se espalhar pelo meu corpo, um tremor, comecei a sentir minhas mãos suarem.

Meu coração acelerou, num ritmo que parecia que iria escapar pela boca. Não consegui sentir meu corpo, envolvido num magnetismo tão grande e absurdamente forte.

Nossos olhos se apanham de uma forma que jamais tinha vivido até aquele momento, percebi minha boca se abrindo um pouco, como se buscasse uma forma de absorver aquele momento.

Comecei a sentir um tremor interno, por estar sendo segurada por aquele homem.

Mas o que estava acontecendo comigo?!?

Não compreendia o que estava se passando, era como se nossos corpos estivessem em tamanha sintonia que chegaram a entrar em erupção, igual a um vulcão.

O que era aquilo?

Nunca me vi passando por uma situação semelhante.

Quem era esse homem que estava provocando essa sensação?!?

Mal conseguia sentir o ar, meu cérebro congelou, não conseguia me mexer, tamanha era a profundidade daquele toque, meu cérebro queria sair dali, porém meu corpo estava começando a ceder, a se entregar aquilo que estava nos acometendo.

Senti um desejo incontrolável de me render aqueles lábios, tocar aquele rosto, me perder naquele cabelo, me perder naquele cheiro, sua pele, era como se estivéssemos num casulo e a forma de nos libertar, fosse nos entregar aquele sentimento, aquela sensação, aquela magia que estava a nos envolver.

Que loucura era essa?

Porque eu estava me sentindo dessa forma por estar sendo segurada por um estranho?

Que magia era essa?

Que sensações mais bizarras, mais esquisita, mais anormal, mais incomum.

O que era tudo isso, afinal…

Marcus Straus

Nossa quanta gente!

Mas basta alguns “oi, como vai”, uma voltinha e pronto, posso ir embora!

Acho que vou dar uma passada no bar do Bill para relaxar, jogar conversa fora e depois vou para casa.

Não consigo entender como esses lugares atraem as pessoas, mas tudo bem, mesmo que eu venha a entender, nunca vou realmente me acostumar, pois sei o quanto divertido e alegre pode ser uma partida de basquetebol, isso sim eu entendo, agora uma vernissage, não me atrai em nada.

Isso tudo é tão entediante para mim, prefiro a algazarra do jogo, a adrenalina da torcida, a gritaria, do que isso aqui, até o cheiro do hotdog, do pastel e da pizza, é mais suportável do que isso! Mas fazer o quê, faz parte, isso veio junto com o pacote ao me tornar quem sou hoje.

Ninguém mandou Marcus, se tornar um CEO, se fosse um simples mortal, poderia estar esparramado no sofá de casa, assistindo ao campeonato e bebendo uma boa cerveja.

Mas vamos lá, como sempre me lembro: Ossos do ofício!

Não consigo ser ignorado, logo vêm os fotógrafos e toda galera da mídia, e começa aquele velho alvoroço em torno de mim, todos sentem a necessidade de me fotografar e outros fazem de tudo para se fazerem ser visto por mim. Como se suas atitudes fossem mudar alguma decisão que precise tomar.

As pessoas não são criativas, querem de alguma forma se dar bem, seja em qualquer situação.

Já tive que dar um basta em algumas figuras, que querem se aproveitar da "coincidência" em me encontrar. Como se isso fosse verdade, pois há uma logomarca da minha empresa, estampada em cada material de divulgação utilizado pelo cara que está expondo.

É o maior saco, ter que aguentar mais isso, em um momento assim.

Em meio aquela confusão criada, em meio aquele agito todo, algo me chama a atenção lá no fundo.

Uma moça parada, lá no canto, não consigo prestar atenção em mais nada do que acontece ao meu redor e sou totalmente preso por aquela pessoa ali, distante, imóvel, mergulhada naquela paisagem a sua frente.

Tento me desvencilhar das pessoas, da mídia, que estão em toda volta. Termino o mais rápido possível as fotos, os sorrisos, os comprimentos e caminho na direção daquela mulher.

Quem é ela, não a conheço, não me lembro de vê-la por aí em outras exposições, em outros eventos.

Ela me prende de uma maneira diferente.

Sou tomado por uma necessidade enorme de ir até lá e caminho, sem ao menos entender o que está acontecendo.

Me aproximo, bem devagar, sem despertá–la do seu momento.

Não quero atrapalhar.

O que é isso, afinal?

Meu coração começou a acelerar o ritmo, sinto em meu corpo percorrer uma estranha força, nunca senti isso antes.

O que está acontecendo comigo???

É apenas uma garota, como tantas outras, mas percebo que algo de errado está ocorrendo, vou me aproximando, ficando cada vez mais perto, cada vez mais próximo.

Sinto um enorme desejo de tocá-la, o que está acontecendo com meus sentimentos, consigo sentir cada vez mais forte aquele perfume (uma mistura de floral com cítrico).

Aquela fragrância me invade, e sou tomado por uma sensação inexplicável, enquanto estou tentando entender o que está ocorrendo, inesperadamente estou com ela em meus braços, sinto meu corpo eletrificado, uma onda me atinge ao ponto dos cabelos de minha nuca se arrepiarem.

Sou tomado por uma vontade incontrolável de beijá–la, sinto em meu corpo o desejo de tocá–la, de acariciar sua pele de uma forma jamais sonhada, sentir minha boca se deliciando ao explorá–la por inteiro, de mergulhar em seus cabelos, afundar minha boca em sua pele, atravessar cada barreira e lhe proporcionar algo jamais imaginado. Esse desejo ardente me consome, está me levando a um nível de loucura que jamais me vi passando.

O que estou fazendo?!?

O que é isso???

Que pensamentos e sensações mais bizarras!!!

Não consigo me reconhecer!

Esse definitivamente não sou eu, o que é tudo isso, onde foi parar minha racionalidade.

Que transtorno é esse???

Que alucinação é esta???

Que merda é essa afinal???

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