Marcus Straus
6:15hs! Nossa que noite agitada.Até quando esses flagelos da minha infância irão me assombrar.Passo as mãos por meus cabelos tentando recompor os pensamentos e percebo estou todo molhado pelo suor, preciso de um banho, a água quente no ponto certo irá me refazer desta noite mal dormida.Desligo o chuveiro e me secando caminho até o closet.Isso aqui está bom: um terno preto e camisa branca, essa gravata deve servir. Dou uma olhada geral no cabelo e me deparo com meu café da manhã, ovos mexidos, bacon, suco especial. Me farto e termino de arrumar as coisas, já são quase sete horas, Ben já está a postos e partimos para a garagem onde entramos no meu Q5 preto e logo ele dá a partida rumo ao escritório.Passo os olhos no meu tablet, começo a verificar minha agenda, puxa como as coisas mudaram, é bem verdade que até aqui tive muito trabalho, as Indústrias Straus são o que são, devido a minha dedicação, principalmente nos últimos cinco anos, quando literalmente meu pai me passou o gerenciamento de toda a corporação.Quando estávamos apenas dividindo as coisas, era um pouco mais fácil, no entanto, quando tive que agregar a direção total ao meu patrimônio, as coisas se multiplicaram.Haja vista, que não corro do trabalho.É gratificante lembrar como comecei todo esse império e se cheguei até aqui, foi por mérito próprio; poderia ter ficado levando uma vida normal até ter a idade para assumir tudo o que me esperava.Mas meu dinamismo e caráter, jamais me deixariam seguir tal caminho.Sei o quanto foi duro gerenciar todo esse negócio até aqui, mesmo porque, meu pai se viu forçado a agregá–lo a seus próprios negócios, enfim, vamos lá Straus, seja feliz e multiplique, afinal, você faz isso como ninguém...Jessica Green“Meu Deus já são essas horas, preciso correr, afinal estou no período de muito trabalho e se faz necessário manter o horário, pois cada minuto do dia conta.Corro para a porta e só consegui engolir um pouco de café da cafeteira, preciso acelerar.Não posso me esquecer de ligar para Sam, ficamos de nos encontrar para almoçar na sexta feira.Parto rumo ao metrô, ainda bem que só são quatro estações até o escritório e o tênis de caminhada vem a calhar, pois com saltos já estaria sem as pernas (risos).Ainda bem que ontem consegui separar as coisas, meu modelito casual: camisa rosa bebê bem clarinha e saia risca de giz, perfeito! Depois solto o cabelo, coloco os saltos e estou muito bem apanhada.A matriz da Trully estava bem localizada, era um edifício enorme com diversos andares. Logo já estou adentrando ao prédio, passo pelo hall de entrada e vou em direção às catracas.Um edifício maravilhoso, muito bem construído.Em meio ao vai e vem das pessoas, entro no elevador e sigo até o andar onde trabalho.Sempre fui muito ligada a informações, desde pequena minha mãe achava que eu seria uma repórter, jornalista, por ter tanta facilidade com as palavras, mas meu mundo foi se moldando, quando estava no último período da faculdade precisei realizar um estágio que me trouxe a Trully Corporation, uma empresa das mais conceituadas no ramo de marketing. Durante meu estágio na empresa, fui ganhando espaço, agregando conhecimento e aproveitando as oportunidades que foram surgindo. Fui mostrando resultados excelentes a cada desafio e com isso, a confiança foi aumentando, e agora estou aqui, como assistente da gerente de contas Jey Trully.Acho que meu dinamismo foi o culpado por meu desempenho e também um pouco de sorte em estar sempre com as pessoas certas.Por fim, estou aqui, braço direto da Jey Trully, filha e herdeira do império, porém muito competente no que faz, uma profissional como poucas.Estou aprendendo muito ao seu lado e por ser tão generosa, não teme dividir comigo seus conhecimentos.Jey logo passa por mim, abrindo aquele seu sorriso abundante e desejando um “Bom dia” como apenas ela sabe dizer.– Vamos Jesse, temos muita coisa para finalizar. Aqueles prospectos dos novos lançamentos, você deu uma olhada?– Sim Jey, e algumas coisas são boas, mas também acabei tendo algumas idéias a acrescentar.– Ótimo, depois vamos ver então quais mudanças promover e já fazemos a finalização com o pessoal da criação.E assim inicia–se mais um dia…Marcus Straus– Helena preciso que providencie para amanhã, prospectos das FDR Corporation, preciso encaminhá–los. Ben já chegou?– Sim, senhor.– Ótimo, avise que sairemos em quinze minutos… vou terminar de assinar esses documentos… você também Helena, já pode ir e bom descanso.– Obrigado senhor Straus, só lembrando que amanhã, sexta feira, o senhor tem um almoço no Arnold Bistrô, como o senhor Phelipe Escovith das Indústrias P & E – Nossa, achei que conseguiria passar a sexta–feira na empresa, sem ter que sair, mas fazer o quê… obrigado Helena, preciso de toda documentação para esse negócio ser fechado amanhã, essa compra deve ser consolidada, quero ver alguns pontos antes da reunião. Envia para meu email tudo, quero dar uma olhada antes de dormir… Mais alguma coisa?– Não senhor.E Helena sai, me deixando com esses documentos.Quando olhei para o relógio, já estava na hora de sair para aquela exposição. Na verdade, queria extravasar de outra forma, mas ossos do ofício. Então, bora encarar!Passei no meu banheiro e dei uma geral no exterior, que estava até que suportável, mesmo porque, depois de um longo dia de trabalho não poderia estar melhor. Não vou esquentar a cabeça com essas frivolidades, não tenho a menor paciência para essas preocupações idiotas.Até porque, não quero perder tempo nessa exposição, tenho algumas coisas para ler antes de dormir e preciso descansar, na verdade só estou indo por minha corporação estar patrocinando, Werner insistiu tanto, mesmo sabendo da minha pouca paciência para esses tipos de eventos.– Vamos, Marcus, é só mais um de tantos outros que já participou… falo a mim mesmo, tentando vencer o mal humor, por ter que participar de momentos assim.Mesmo porque, é apenas mais um dos compromissos do dia, no entanto, preferia ir ao treino com Jean Cloud, uma horinha de MMA e eu estaria mais disposto, extravasar um pouco o stress me renovaria.Porém, o compromisso me aguarda e nem sempre dá para escapar... como hoje.Jessica Green Nossa o dia voou. Acabei de sair da sala da Jey, preciso ir ao toalete dar uma olhada em mim. Chegando vejo que preciso apenas retocar a maquiagem, ainda bem! Deixei o táxi reservado, não quero correr o risco e ficar na calçada lutando por um. Não me acostumei com essa guerra travada nas calçadas, quer seja por um táxi, quer seja por um sanduíche ou apenas para entrar no metrô. Mas sei que ainda vou me acostumar; termino de me arrumar e o táxi já está à minha espera. Esse pintor que estou indo prestigiar, dizem os experts, que é uma grande revelação, Emanuel Sanches é seu nome, foi descoberto por acaso e agora está realizando sua primeira exposição. Havia até um certo frisson, por parte da imprensa, porque o artista parece que já caiu no gosto de algumas celebridades. Dei uma olhada na internet e não sou tão entendida em arte, mas gostei do que vi. Se bem que arte é algo tão pessoal, lembrei do trabalho que tivemos que realizar eu e a Sam, para a feira de arte no
“... Às vezes sentada no escuro desejando que você estivesse aqui começo a ficar louca... Mas é você que me faz perder a cabeça... – (Crazy for you – Adele)” Jessica Green Onde eu estava com a cabeça tropeçando assim em um homem! Tudo bem, não foi assim tão caótico, nem traumático, mas meu olhar embasbacado, literalmente babando, contemplando ele em toda a sua vivacidade, isso foi de mais!!! E o que falar sobre ser traída por meu próprio corpo, tudo bem, não sou nenhuma “senhora tive vários romances”, no entanto, ficar por aí parada nos braços de um estranho, totalmente de quatro pelo cara e mais, o que foi aquilo minha senhora??? Que energia estranha foi aquela, senti como se estivesse recebendo uma descarga elétrica contínua, e o desejo de sentir aquelas mãos me tocando, me acariciando, sentir aquela boca em mim. Nossaaaa, perdi o decoro completamente! E aquele aroma, uma coisa máscula, não era colônia, nem perfume, loção corporal talvez, xampu, hidratante, não sei, seja o que
Jessica Green Nada como dias comuns para receber o bálsamo merecido.O que aconteceu na quarta feira na exposição, já estava sendo digerido, o restante da semana seguia tranquilo e sem grandes novidades.Ali estava eu, esperando a Sam para almoçarmos juntas. Momentos depois, ela já estava ao meu lado no Cloud Bistrô onde eu havia feito nossa reserva. Nos acomodamos e realizamos nosso pedido. Desde que concluímos nossos estudos, ao menos uma vez por semana nos encontramos para almoçar, ou para jantar ou apenas para farrear. Sempre damos um jeitinho de ganharmos um tempinho juntas, para que o papo sempre esteja em dia ou até mesmo usamos esse tempo para relaxar e dar boas risadas. Sam é minha amiga desde a pré–escola, a partir daí, não conseguimos nos desligar, nos conhecemos muito bem e sabemos reconhecer quando algo não vai bem com a outra. Ao me ver sentada a mesa já foi logo perguntando:– E aí, como está sendo seus dias, quase não nos vemos mais, mesmo morando na mesma casa… d
Jessica Green Como voltar a minha rotina sem pensar naquele homem, chego a achar que estou precisando esfriar os sentimentos, as emoções. Esse homem não me sai da cabeça, que coisa! Nunca me vi vivendo algo assim, grudento demais, inoportuno demais, chato para caramba! – Relaxa Jesse, você precisa se concentrar (falo para mim mesma).– Aff, mas está difícil. Que sonho foi esse que tive noite passada... De repente me vejo numa sala, rodeada por lindos e aconchegantes móveis, uma mistura do colonial com moderno, à minha direita um lindo sofá branco em forma de C, tenho a impressão dele poder aconchegar umas dez pessoas muito à vontade e inesperadamente, sou despeça por uma linda melodia (1). Saio em busca de onde poderia vir aquele som e me deparo com um piano negro de cauda. Aquela melodia começa a me envolver, sou atraída por aqueles acordes magníficos que saem do piano, meus pés começam a percorrer o caminho até me aproximar dele. A cada passo, meu corpo começa a se render aque
Marcus StrausPronto, terminei por hoje, afinal, tenho algo muito importante a fazer. Estou bem esquisito, já tive tantas mulheres, me relacionei com algumas, me mantive sempre distante o suficiente, para não me envolver com tantas outras e não criar relacionamentos duradouros.Não que isso irá mudar, acredito que depois dessa conversa, iremos seguir nossas vidas. Sempre estive longe dessas chorumelas e melodramas, sem saco ou paciência para essas esquisitices. Mas agora estou eu, enfeitiçado por uma mulher! Como pode um homem feito como eu, estar assim, embasbacado por uma simples mulher. Não estou em busca de me envolver com ninguém, nem nada parecido, o que dizer sobre me relacionar, quero continuar assim, solteiro, livre e dono do meu destino.Porém, tenho que admitir que a senhorita Green mexe com minha cabeça, meus sentimentos ficam estranhos e o que dizer do meu corpo, ele fica de um jeito que não me reconheço. Ela não é só linda, mas ao que me parece, inteligente também, a
Jessica GreenUma moça se aproxima, cumprimenta com um largo sorriso e nos serve. O lugar é aconchegante. Passei pela pista de dança que fica no meio do salão, este lugar me faz lembrar de alguns pubs londrinos.Eu e Sam, fomos para Londres, na viagem de formatura. Mas este lugar aqui tem um pouco mais de requinte do que os lugares que conhecemos na viagem. Nossa mesa fica numa área privativa, muito embora bem localizada, temos visão da pista e do bar onde algumas pessoas se divertem. Hoje é sexta–feira, muita gente sai para se distrair. Sam irá gostar desse lugar, vou mencionar a ela, quem sabe não possamos vir aqui jantar.Não vou deixar me intimidar, afinal, de tímida não tenho nada se bem me lembro, e antes de tudo sou profissional e esse é um jantar de negócios. – Então, Senhor Straus, trouxe alguns prospectos que gostaria que visse, afinal, fomos sondados por sua corporação e apenas agora ganhamos a confiança de demonstrar nossa ideia, em como realizar o lançamento da nova
Jessica GreenNossa, caramba, nem consigo abrir os olhos, parece que alguém aqui deu uma boa extrapolada.É isso que dá, nem percebi, mas bebi sozinha tudo isso! Sobre a mesa de centro estava uma garrafa de Cabernet Sauvignon e no balcão da pia, mais duas. Nossa, dei uma boa exagerada, quero ver a conta dessa estrapolia. Agora entendo como consegui dormir.Saio, rumo a tomar um banho, hoje é sábado e nem sei o que fazer. Não planejei nada para o meu final de semana.Antes, passo pela cozinha, preciso de um bom café, afinal, essa ressaca, meu Deus, como consegui beber tanto?!?Me empurro rumo ao banheiro, abro a ducha e me deixo envolver pela água quente. Preciso dessa renovada que um bom banho pode causar a alguém que rompe com seus limites. E que limites rompi noite passada, gente, fui me deixando levar pelo vinho e agora estou eu aqui, tentando me refazer para não perder meu sábado. Vou dar uma caminhada, depois passo na rotisseria e vejo algo pra comprar para trazer para casa,
Como ele pôde se aproveitar dessa maneira???Parece que ele não está me ouvindo, parece alheio ao que estou falando, de repente, se vira e entra em seu carro que está estacionado bem a nossa frente. Mantém seu silêncio e posso ver em seus olhos, antes de entrar em seu carro, a incerteza, esperando apenas um posicionamento meu e a angústia começa a ser visível. Me rendo, baixo a guarda, mesmo porque, foi apenas um beijo, ele não me arrancou nenhum pedaço, não levou nada de mim embora. Foi apenas um beijo e nada mais!E em sua quietude, ele entra em seu carro e sai. E ali estou eu petrificada, dura, estática, sem saber o que fazer. Acho que não entendi?!?Ele vem atrás de mim, me segue, me beija e depois sai sem falar… nada! Absolutamente… nada! Respiro fundo, procurando me acalmar. Volto na loja, entrego os livros e vou embora, preciso me refazer. Não entendi nada, o que foi isso??? Preciso da Sam, mas sei que só a terei na segunda, preciso me aguentar até lá. Nossa quanto mais