Dois

ANDRÉ

Passei meu olhar pelo cômodo, abrindo a porta devagar, no canto da mesa estava meu pai, ele cheirava um dos seus pinos, quando seu olhar bateu no meu, senti seu olhar furioso, ele deu uma olhada pro cachorro. Pedi mentalmente pra Deus me livrar pelo menos esse dia.

Luiz: Tira logo esse nojento daqui!– Bob então saiu pela porta.

Suspirei fundo, olhando baixo.

Luiz: me dá logo o dinheiro – entreguei o que sobrou dos lanches – Cadê o resto?

– Consegui apenas...– ele segurou em meu cabelo me dando um tapa no rosto.

Luiz: Seu infeliz! – meu nariz ardeu, indicando choro, porém me segurei naquele momento, apenas uma lágrima solitária desceu em meu rosto.

Quando ele deu brecha, eu fui rápido em direção do outro cômodo, afinal, não queria apanhar mais. Encarei minha mãe, sentada no canto do cômodo enquanto encarava tudo a sua volta. Ela tem um depressão profunda, já tentou se suicidar várias vezes, porém nunca conseguiu.

Sua depressão é tão forte que ela não consegue fazer nada no dia a dia... Seu corpo magro e desnutrido, assim como o meu indica como sofremos.

– Mãe... eu trouxe pra senhora – me abaixei, entregando um salgado a ela. Ela pegou rápido, comendo.

Ana: Deus irá te dar muita felicidade, meu filho... Ele irá..

– Deus existe, mãe?

Ana: Claro que sim...– sorriu passando a mão em meu rosto – Ore... independente da sua situação futuramente, apenas ore... Ele irá honrar teu nome, mas por favor meu filho, não seja com teu pai, ou tú irá pagar da pior forma possível.

– Mãe, eu não vou ser como ele– eu disse firme.

Ana: Jamais seja, quando pensar em fazer algo como ele, lembre de como doeu aqui dentro, é o mesmo sentimento que tú fará outra pessoa sentir...

– Eu ainda tenho esperanças, mãe...– disse baixo– Deus vai tirar nós dois daqui, não irá? Nós dois ainda iremos passar juntos vários anos, não é mesmo, mãe?

A mente de uma criança jamais irá desejar uma maldade enorme ao mundo, não quando ela ainda tem esperanças em seu peito. Eu jamais queria passar por aquilo que passava, um sentimento de solidão e medo.

Assim, que levantei meu rosto, encarei meu pai...Suspirei fundo, ele foi até minha mãe, a segurando.

Luiz: Vamos fuder, vadia.

– Deixa a minha mãe.

Luiz: Aproveita que hoje eu estou bonzinho.

Ele tirou a roupa da minha mãe, como ela não tinha forças alguma, a segurou em seu braço. Analisar aquela cena da minha mãe sendo preenchida e gemendo de dor me fazia chorar, eu não aguentava mais viver ao lado desse Desgraçado, cada dia que passa eu sinto um ódio maior crescendo dentro do meu peito...

.....

Acordei com chutes no rosto, levantei o meu olhar, encarando meu pai. Sei sorriso debochado logo apareceu em seu rosto.

Luiz: Vamos, saia logo! O dia já está amanhecendo.

De manhã e eu desci logo pro farol, dessa vez vim sozinho, Lipe não desceu, afinal, sua mãe estava doente. Fiquei no farol o resto do dia, bob nenhum momento deixou de participar do meu dia.

Fiquei um tempo ali, olhei para os lados onde estava uma família, era o pai, mãe e dois filho, sorri de lado me imaginando ali. Colfoi? Eu invejava mesmo, papo reto. Tinha maior inveja em ser feliz um dia, poder sentir paz e felicidade...

Assim que cheguei no barraco, senti uma angústia enorme, o choro da minha mãe e seus gritos, fui até seu encontro.

– Para...

Luiz: Vem aqui, moleque – ele me puxou, desferindo soco e tapa no meu rosto.

Eu não merecia aquilo, eu sou uma criança, um menino inocente, não tinha ideia do motivo que isso acontecia... não conseguia mais sobreviver no mesmo local que esse desgraçado.

Eu me senti uma pessoa frágil, humilhado...

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