Nas semanas entre 17 e 31 de maio, Anya e Martin continuaram mantendo contato, falando-se ao telefone quando ela estava em sua casa, dormiram juntos, nem que fosse tarde da noite, quando Anya dirigia para a casa dele. Os dois não estavam namorando, mas estavam jogando um jogo perigoso de ficar juntos sem compromisso. Quando se há sentimentos envolvidos, não há como dizer ao coração o que ele deve fazer ou sentir. Mesmo que alguém leia mil frases de resiliência no Instagram, Facebook, Google, YouTube, nem que esse alguém leia mil livros de autoajuda, ainda assim irá sentir. A verdade é que perto ou longe dele Anya iria sofrer o fim desse interlúdio.
Desde a última despedida deles em Lagos, Anya ainda não tinha saído do modus “sofrer”. Ela jurava que se ele fosse embora da vida dela no meio do almoço, assim de repente, sem dizer nada, acabou, ainda assim o sentimento de perda seria o mesmo. Ela estava vivendo anestesiada.
A rotina dos dois continuou a mesma. Ela estagi
15 de maio de 2016.Oi!Resolvi começar a escrever essa história com um “oi”. Sou a visão de fora da trama. Tipo assim, a fofoqueira ocular e imaginária do lado de dentro dos cenários onde tudo acontece. Eu me imagino mais como um espírito bisbilhoteiro que vê, sente e ouve tudo sem que ninguém o perceba. É mais ou menos assim que consigo contar com detalhes o que se passou na vida desses personagens. Sim, e sou cheio de opiniões, como todas as pessoas… e não vou guardá-las para mim, fique sabendo…Pois bem, vamos ao que interessa. Tudo começou quando uma mulher muito sábia, vivendo no reino da Noruega, no ano de 2016, onde as princesas são independentes e engajadas na luta contra a desigualdade entre gêneros, ligou o foda-se, e viveu feliz para sempre!Bem, ela estava numa igreja… A igreja de Nyppedalen, na cidade
25 de junho de 2016, 3:30 da madrugada, Bergen, Noruega. Quatro crianças seguravam Stian para não empurrar Anya escada abaixo. Havia uma luta corporal entre ambos, e quando ela finalmente estava segura, o homem correu escadas abaixo e dizendo que não ia embora, ela também desceu, com os 4 adolescentes e a discussão continuou:— Vai embora da minha casa! Eu não quero você aqui! Sai daqui! Eu vou chamar a polícia.Cacos de vidros espalhados por toda a casa, espelhos e enfeites quebrados pelo chão! Os quatro adolescentes eram Zaya, Viliam, Sebastian e um sobrinho de Stian, primo de Sebastian. Então Stian se rendeu, com as mãos para cima, falou para todos se acalmarem, que ele iria embora; as crianças ficaram distraídas, sentadas ao pé da escada. Enquant
No dia seguinte os dois trocaram algumas mensagens para combinar de se encontrar no Vestkanten Storsenter. Um dos shoppings mais conhecidos da cidade, onde era possível patinar no gelo, jogar boliche, minigolfe, ou só aproveitar o dia e ir à sauna ou escorregar nos toboganstobogãs de água. Eles combinaram de ir para a piscina, mais uma vez Anya veio direto do trabalho, e teve que comprar uma roupa de banho para poderem aproveitar o restinho do dia lá. Anya não sabia nadar, o máximo que conseguia era boiar, com ajuda de umas boias nos braços, ou nado cachorrinho, não mais que alguns minutos, pois ficava cansada muito rápido, por isso sempre ficava nas bordas das piscinas. Os dois se encontraram no shopping na entrada do Vannkanten, em frente à piscina, ele pagou a entrada dos dois, mas fez uma expressão de quem não estava gostando daquilo. Anya afirmou que poderia pagar seu ingresso, mas Martin disse que estava tudo bem, mesmo que não fosse isso que estivesse estampad
A semana passou, Anya trabalhava, estudava, recusava outros encontros, as amigas sempre a chamando para fazer algo, um almoço na casa de uma aqui, um jantar na casa de outra ali, um encontro no centro com uma turma de amigas, e ela tentava esquecer aquele momento de prazer na piscina de um shopping. Martin estava com a família, primos, irmão mais novo e amigos em um festival muito . Anya já havia recebido convite para ir ao mesmo festival, afinal tinha amigas na ilha, e várias outras pessoas que conhecia estavam indo para lá em seus barcos, mas tinha que trabalhar e organizar muitas coisas em sua vida e em sua mente.Martin mandava mensagens, ela respondia da mesma maneira e assim se falavam, menos que antes e o mais formal possível. Ela era mãe de três filhos, 4 anos mais velha que ele, Martin tinha 30 anos e ela 34, mas, na verdade, ele parecia mais velho, tanto na aparência, quanto nas atitudes e no comportamento.Anya era um pouco infantil, às vezes, talvez o jeito b
Chegando à casa dele, um apartamento pequeno num bloco no bairro de Laksevåg, Martin a ajudou a tirar o casaco e o pendurou, depois a ajudou a retirar o salto, pegou a bolsa de mão dela, eram essas pequenas atitudes que a fascinavam em um homem. Ele mostrou seu pequeno apartamento a ela, da entrada era possível ver o banheiro, um corredor curto levava a um quarto, o de Magnus, a cozinha ficava de frente a esse quarto, e de frente ao corredor se via a porta da sala.Os dois ficaram na sala conversando em um sofá pequeno, de couro e que tinha apenas três assentos. Ele sempre muito educado, pedindo desculpas pela bagunça, que estava fora, no mar, que não esperava trazer ninguém em sua casa. Os dois seguiram conversando e após algumas horas estavam cozinhando juntos e arrumando um pouco a casa. Rindo e falando bobagens o tempo todo. Toda vez que passavam um pelo outro na sala se abraçavam um instante. Colocaram um filme e foi ficando tarde, ambos cansados do dia, com so
mês de julho passou rápido. Do dia 20 até o dia 29, Anya visitava as amigas, e aproveitava para passearem no centro de Bergen, festavam, faziam piquenique, passavam tardes ensolaradas fazendo churrasco, foram para algumas casas de montanha, as tais famosas hytta. Ela estudava onde quer que fosse, escrevia, trabalhava até às 15 horas, ia para a casa dela ou das amigas depois do trabalho. Martin foi para a casa da família, uns dias com o pai em Austevoll e uns dias com a mãe em Tysnes. Ele fazia massagem nos pés dela quando ela chegava cansada, faziam comida juntos, limpavam a casa, ouviam as músicas preferidas. Estavam começando a construir uma bolha só deles. Ela até tentava não gostar dele, tinha sempre em mente que ela não gostava do sexo com ele, e que a relação era só uma chuva passageira, uma distração, e que brevemente em agosto os dois iriam cada qual para o seu lado.O telefone dela tocou e ela falou para que ele atendesse informando que estava ocupada, no
4 de setembro de 2016. Os dois foram passear numa das montanhas mais conhecidas de Bergen, a Stoltzen. Uma escadaria sem fim até o topo, mas que paga cada passo dado, cada fôlego perdido ao longo da subida, a paisagem lá de cima deveria ser vendida como colírio para os olhos.— Ah, se meus olhos pudessem bater fotos! — falou Anya quando teve o prazer de contemplar as paisagens nórdicas da Noruega. Ela se deslumbrava com tamanha beleza! Saltitava de alegria com as paisagens que via, namorava com a natureza. Às vezes parava o carro só para ficar dois minutinhos conversando com o silêncio, contemplando aquelas imagens que mais pareciam ter sido pintados a óleo. — Deus, como és maravilhoso! — Martin sempre a ouvia dizer isso. E já sabia a tradução. O sol estava todo empolgado com seus raios reluzentes, todo amostrado com seu brilho resplandecente! — Que maravilha! Não há lugar tão belo quanto a Noruega nos seus dias ensolarados de verão! — Você diz
8 de outubro de 2016, sábado. Finalmente chegou o grande dia da apresentação de cancã e samba que as cinco amigas tinham se dedicado tanto a ensaiar. Palco montado, convidados a postos, tudo pronto. Elas tinham camarim, frutas e champagne. Luzes, espelhos, cabides para as fantasias. Sua amiga Clara havia feito tudo nos mínimos detalhes, e acima de tudo com muito amor por seu marido. Essa seria não só uma homenagem de brasileiras para os demais convidados, mas uma declaração de amor de Clara para seu marido Ola. Ao chegar no local Anya usava com um vestido de época, em tecido marfim, cheio de babados brancos e uma calda. O traje tinha um corset embutido e usava também um chapéu de cowboy e uma pistola. Suas botas faziam parte do traje, convertido com véu e veludo da mesma cor do vestido. A decoração da festa estava deslumbrante, um dos detalhes eram sacolas de dinheiro, estilo velho oeste, espalhados pelo chão, próximo ao mural de fotos. Os convidados