A semana passou, Anya trabalhava, estudava, recusava outros encontros, as amigas sempre a chamando para fazer algo, um almoço na casa de uma aqui, um jantar na casa de outra ali, um encontro no centro com uma turma de amigas, e ela tentava esquecer aquele momento de prazer na piscina de um shopping. Martin estava com a família, primos, irmão mais novo e amigos em um festival muito . Anya já havia recebido convite para ir ao mesmo festival, afinal tinha amigas na ilha, e várias outras pessoas que conhecia estavam indo para lá em seus barcos, mas tinha que trabalhar e organizar muitas coisas em sua vida e em sua mente.
Martin mandava mensagens, ela respondia da mesma maneira e assim se falavam, menos que antes e o mais formal possível. Ela era mãe de três filhos, 4 anos mais velha que ele, Martin tinha 30 anos e ela 34, mas, na verdade, ele parecia mais velho, tanto na aparência, quanto nas atitudes e no comportamento.
Anya era um pouco infantil, às vezes, talvez o jeito brasileira de ser, levava tudo na brincadeira, sempre. Mesmo tendo casado cedo e em seu país natal, mesmo tendo tido seu primeiro filho com 18 anos, a mulher não parecia ser tão séria e adulta no seu dia a dia. O mundo se acabando em sua volta e ela estava mais preocupada em rir, fazer piada, ocupar seu tempo com o que lhe proporcionava energias positivas. Por isso também era tão seleta com as amizades e relacionamentos.
Por outro lado, a seriedade de Martin talvez viesse do fato de ter presenciado tantas decepções. O homem não tinha filhos, não tinha ex-namorada, ex alguma para atrapalhar, não tinha vínculos com nada e nem ninguém. Nem um gato tinha, uma planta se quer. Vivia em seu próprio apartamento desde os 19 anos, um imóvel há 10 minutos do centro da cidade, em um bairro antigo muito conhecido chamado Laksevåg. Morava com um amigo de infância chamado Magnus e acima de tudo amava a vida de solteiro que tinha.
O casal continuou trocando poucas mensagens de ‘bom dia’ e ‘boa noite’ até que Martin finalmente voltou do festival.
Quando resolveram se encontrar noutro bar conhecido no centro de Bergen, chamado Bocca. O local onde o bar estava localizado era composto por lojas paralelas, uma de frente a outra, tinha ainda uma praça larga, no meio, separando os dois lados. Uma área bem servida de shoppings, contava com cinco centros comerciais, o Kløverhuset, Exibithion, Sundt, Galleri e Bystasjon. Os restaurantes ficavam entre uma loja e outra, o que facilitava muito o acesso. Não era um centro muito grande, mas era muito bonito e aconchegante.
Martin apareceu vestindo uma blusa xadrez azul, um estilo bem largado, com calças jeans rasgada; Anya achou a roupa horrorosa e pensou: “Eu mudo o guarda-roupa dele depois”. Ela estava bem arrumada dessa vez em um de seus looks Barbie norueguesa. Vestidos colados, com algum detalhe sútil de sexualidade, mas nunca vulgar. Seus saltos ou botas sempre com algum toque feminino.
Eles se sentaram, ainda era cedo durante o dia, e conversaram, meio que sem jeito, depois de algum tempo lá estava de novo aquele olhar, que indicava febre que invadia a pele como se fosse explodir, uma inquietação, a respiração forte e cada toque de mão, cada cheiro no pescoço, cada encostado de rosto um no outro os deixavam ainda mais loucos e fora de si. Os dois tinham uma atração mútua e mesmo que fosse considerado normal que mulheres independentes fizessem sexo quando quisessem e apenas porque queriam, sem mágoas ou amarras, Anya ainda não havia conseguido deixar de lado muitas das ideias machistas que foram implantadas dentro dela durante todo o seu crescimento e adolescência.
Ainda por cima estava magoada com seu ex, um relacionamento que acabou em violência e muito trauma psicológico, tanto para ela, quanto para os filhos, ao mesmo tempo estava querendo se agarrar em algo, alguém, qualquer coisa que levasse os pensamentos dela para bem longe de seu ex. Chegou até a pensar que era melhor se apaixonar e se jogar de cabeça em qualquer outro relacionamento, nem que fosse para sofrer novamente, só para cortar o laço de vez com o ex. “Só queria que a fila andasse”, como costumava dizer.
O clima entre os dois ficou tão quente que eles estavam construindo muros com as almofadas no sofá do pub. Era engraçado, os dois construindo barreiras entre eles e se beijando por cima da barreira, em pleno local público. Acabaram não resistindo e foram para casa dele.
Notas do autor:
[IG1]Mesmo sendo um capítulo novo não há necessidade de repetir onde é o festival.
Chegando à casa dele, um apartamento pequeno num bloco no bairro de Laksevåg, Martin a ajudou a tirar o casaco e o pendurou, depois a ajudou a retirar o salto, pegou a bolsa de mão dela, eram essas pequenas atitudes que a fascinavam em um homem. Ele mostrou seu pequeno apartamento a ela, da entrada era possível ver o banheiro, um corredor curto levava a um quarto, o de Magnus, a cozinha ficava de frente a esse quarto, e de frente ao corredor se via a porta da sala.Os dois ficaram na sala conversando em um sofá pequeno, de couro e que tinha apenas três assentos. Ele sempre muito educado, pedindo desculpas pela bagunça, que estava fora, no mar, que não esperava trazer ninguém em sua casa. Os dois seguiram conversando e após algumas horas estavam cozinhando juntos e arrumando um pouco a casa. Rindo e falando bobagens o tempo todo. Toda vez que passavam um pelo outro na sala se abraçavam um instante. Colocaram um filme e foi ficando tarde, ambos cansados do dia, com so
mês de julho passou rápido. Do dia 20 até o dia 29, Anya visitava as amigas, e aproveitava para passearem no centro de Bergen, festavam, faziam piquenique, passavam tardes ensolaradas fazendo churrasco, foram para algumas casas de montanha, as tais famosas hytta. Ela estudava onde quer que fosse, escrevia, trabalhava até às 15 horas, ia para a casa dela ou das amigas depois do trabalho. Martin foi para a casa da família, uns dias com o pai em Austevoll e uns dias com a mãe em Tysnes. Ele fazia massagem nos pés dela quando ela chegava cansada, faziam comida juntos, limpavam a casa, ouviam as músicas preferidas. Estavam começando a construir uma bolha só deles. Ela até tentava não gostar dele, tinha sempre em mente que ela não gostava do sexo com ele, e que a relação era só uma chuva passageira, uma distração, e que brevemente em agosto os dois iriam cada qual para o seu lado.O telefone dela tocou e ela falou para que ele atendesse informando que estava ocupada, no
4 de setembro de 2016. Os dois foram passear numa das montanhas mais conhecidas de Bergen, a Stoltzen. Uma escadaria sem fim até o topo, mas que paga cada passo dado, cada fôlego perdido ao longo da subida, a paisagem lá de cima deveria ser vendida como colírio para os olhos.— Ah, se meus olhos pudessem bater fotos! — falou Anya quando teve o prazer de contemplar as paisagens nórdicas da Noruega. Ela se deslumbrava com tamanha beleza! Saltitava de alegria com as paisagens que via, namorava com a natureza. Às vezes parava o carro só para ficar dois minutinhos conversando com o silêncio, contemplando aquelas imagens que mais pareciam ter sido pintados a óleo. — Deus, como és maravilhoso! — Martin sempre a ouvia dizer isso. E já sabia a tradução. O sol estava todo empolgado com seus raios reluzentes, todo amostrado com seu brilho resplandecente! — Que maravilha! Não há lugar tão belo quanto a Noruega nos seus dias ensolarados de verão! — Você diz
8 de outubro de 2016, sábado. Finalmente chegou o grande dia da apresentação de cancã e samba que as cinco amigas tinham se dedicado tanto a ensaiar. Palco montado, convidados a postos, tudo pronto. Elas tinham camarim, frutas e champagne. Luzes, espelhos, cabides para as fantasias. Sua amiga Clara havia feito tudo nos mínimos detalhes, e acima de tudo com muito amor por seu marido. Essa seria não só uma homenagem de brasileiras para os demais convidados, mas uma declaração de amor de Clara para seu marido Ola. Ao chegar no local Anya usava com um vestido de época, em tecido marfim, cheio de babados brancos e uma calda. O traje tinha um corset embutido e usava também um chapéu de cowboy e uma pistola. Suas botas faziam parte do traje, convertido com véu e veludo da mesma cor do vestido. A decoração da festa estava deslumbrante, um dos detalhes eram sacolas de dinheiro, estilo velho oeste, espalhados pelo chão, próximo ao mural de fotos. Os convidados
4 de novembro de 2016, sexta-feira. Anya estava em seu quarto, em casa, no terceiro andar. Rodeada de livros e com o minilaptopminilaptop que Martin emprestou para ela escrever seus artigos da escola. Quando de repente sem ela menos esperar ele entrou porta a dentroadentro. Ela ficou muito surpresa, jamais esperava ele ali, ele não avisou nada que estava voltando do mar. Ele estava fardado, com seu uniforme azul de marinheiro, pôs sua mochila no chão e a puxou pelo os pés de uma tal forma que ela veio parar na borda da cama. Ela estava usando um de seus vestidos de casa e ele se ajoelhou tão rapidamente e levantou a roupa dela retirando-a do seu caminho, rasgando a calcinha dela em mil pedaços em frações de segundos, que ela não sabia como reagir. Antes que ela terminasse a frase “Eu quero tomar um banho antes”, já estava sentindo aquela boca quente e molhada entre suas pernas, sugando com tanta vontade, como se nunca tivesse feito aquilo antes na vida, que ela mal c
19 de dezembro de 2016, segunda-feiraDe volta à rotina de Bergen, Anya foi comer sushi com os filhos, eles adoravam fazer programas juntos, ir ao cinema, restaurantes, viajar e passavam horas conversando sobre todos os assuntos. Martin a encontrou mais à noite para assistirem Star Wars no cinema. De longe, pareciam o casal perfeito, ela fazendo gracinhas, ele rindo das tonteiras dela, sempre tirava fotos dela e quem via de longe não poderia imaginar que havia uma sombra ameaçando os dois. Anya sentia como se ele escondesse algo em seu coração. Sabe aquele velho ditado: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço? Ele falava que estava tudo bem, às vezes aparentava estar satisfeito, mas em certos momentos parecia que a máscara iria cair. Do jeito que ela era gentil, era capaz de apanhar a máscara para ele pôr de volta. Ele parecia estar de malu humor no cinema. Ela tentava quebrara o gelo: — Ah, eu sei que nenhum outro filme vai ser como no dia que viemo
8 de janeiro de 2017, domingoDepois de uma semana de muito cansaço para organizar o ninho de amor do casal, finalmente um dia de descanso, sem móveis para montar, sem nada para fazer. Anya e Martin só queriam curtir o seu domingo de paz e silêncio jiboiando de frente à tv e achar alguma coisa interessante para assistirem, quando de repente o telefone de Anya tocou. Martin estava na cozinha terminando de preparar o almoço. Ela atendeu o telefone. Era uma menina que morava em Portugal, mas que às vezes estava em Bergen, uma amiga de uma amiga de uma amiga de outra amiga. Anya não a conhecia, e nem era sua amiga, mas já estivera com ela algumas vezes na companhia de outras pessoas. O nome dela era Fiona. Ela estava pedindo um enorme favor para Anya, contou uma história mal contada, dramática, falou que tinha vindo de Portugal encontrar alguém em Bergen, e que havia acontecido um desentendimento por conta de ciúmes, então ela tinha ficado na rua, com fome, cansada, com f
Omês de fevereiro chegou ainda mais rápido para ajudar os dois a superar as negatividades e os altos e baixos dessa relação. Em 14 de fevereiro, Dia dos Namorados na Noruega e em muitos outros países da Europa e USA – diferente do Brasil que comemora o Dia dos Namorados em 12 de junho. Anya já tinha reservado bilhetes para assistirem a à estreia do segundo filme de Christian Grey, para eles dois e um casal de amigos que moravam no centro de Bergen, perto do cinema. Martin a convidou para jantar no restaurante preferido dela, para se encher de comer sushi até não aguentar mais. Depois foram para a casa do outro casal que iam acompanhá-los ao cinema, Dalila e Kalib.Chegando na casa de Dalila, ela ainda não estava pronta e todos se sentaram na sala e esperando Kalib chegar do trabalho. O namorado dela estava sempre trabalhando. Quando Dalila saiu de seu quarto, trouxe com ela uma enorme cesta de presentes, coberta com um plástico transparente e amarrada com um laç