Capítulo 4

A semana passou, Anya trabalhava, estudava, recusava outros encontros, as amigas sempre a chamando para fazer algo, um almoço na casa de uma aqui, um jantar na casa de outra ali, um encontro no centro com uma turma de amigas, e ela tentava esquecer aquele momento de prazer na piscina de um shopping. Martin estava com a família, primos, irmão mais novo e amigos em um festival muito . Anya já havia recebido convite para ir ao mesmo festival, afinal tinha amigas na ilha, e várias outras pessoas que conhecia estavam indo para lá em seus barcos, mas tinha que trabalhar e organizar muitas coisas em sua vida e em sua mente.

Martin mandava mensagens, ela respondia da mesma maneira e assim se falavam, menos que antes e o mais formal possível. Ela era mãe de três filhos, 4 anos mais velha que ele, Martin tinha 30 anos e ela 34, mas, na verdade, ele parecia mais velho, tanto na aparência, quanto nas atitudes e no comportamento.

Anya era um pouco infantil, às vezes, talvez o jeito brasileira de ser, levava tudo na brincadeira, sempre. Mesmo tendo casado cedo e em seu país natal, mesmo tendo tido seu primeiro filho com 18 anos, a mulher não parecia ser tão séria e adulta no seu dia a dia. O mundo se acabando em sua volta e ela estava mais preocupada em rir, fazer piada, ocupar seu tempo com o que lhe proporcionava energias positivas. Por isso também era tão seleta com as amizades e relacionamentos.

Por outro lado, a seriedade de Martin talvez viesse do fato de ter presenciado tantas decepções. O homem não tinha filhos, não tinha ex-namorada, ex alguma para atrapalhar, não tinha vínculos com nada e nem ninguém. Nem um gato tinha, uma planta se quer. Vivia em seu próprio apartamento desde os 19 anos, um imóvel há 10 minutos do centro da cidade, em um bairro antigo muito conhecido chamado Laksevåg. Morava com um amigo de infância chamado Magnus e acima de tudo amava a vida de solteiro que tinha.

O casal continuou trocando poucas mensagens de ‘bom dia’ e ‘boa noite’ até que Martin finalmente voltou do festival.

Quando resolveram se encontrar noutro bar conhecido no centro de Bergen, chamado Bocca. O local onde o bar estava localizado era composto por lojas paralelas, uma de frente a outra, tinha ainda uma praça larga, no meio, separando os dois lados. Uma área bem servida de shoppings, contava com cinco centros comerciais, o Kløverhuset, Exibithion, Sundt, Galleri e Bystasjon. Os restaurantes ficavam entre uma loja e outra, o que facilitava muito o acesso. Não era um centro muito grande, mas era muito bonito e aconchegante.

Martin apareceu vestindo uma blusa xadrez azul, um estilo bem largado, com calças jeans rasgada; Anya achou a roupa horrorosa e pensou: “Eu mudo o guarda-roupa dele depois”. Ela estava bem arrumada dessa vez em um de seus looks Barbie norueguesa. Vestidos colados, com algum detalhe sútil de sexualidade, mas nunca vulgar. Seus saltos ou botas sempre com algum toque feminino.

Eles se sentaram, ainda era cedo durante o dia, e conversaram, meio que sem jeito, depois de algum tempo lá estava de novo aquele olhar, que indicava febre que invadia a pele como se fosse explodir, uma inquietação, a respiração forte e cada toque de mão, cada cheiro no pescoço, cada encostado de rosto um no outro os deixavam ainda mais loucos e fora de si. Os dois tinham uma atração mútua e mesmo que fosse considerado normal que mulheres independentes fizessem sexo quando quisessem e apenas porque queriam, sem mágoas ou amarras, Anya ainda não havia conseguido deixar de lado muitas das ideias machistas que foram implantadas dentro dela durante todo o seu crescimento e adolescência.

Ainda por cima estava magoada com seu ex, um relacionamento que acabou em violência e muito trauma psicológico, tanto para ela, quanto para os filhos, ao mesmo tempo estava querendo se agarrar em algo, alguém, qualquer coisa que levasse os pensamentos dela para bem longe de seu ex. Chegou até a pensar que era melhor se apaixonar e se jogar de cabeça em qualquer outro relacionamento, nem que fosse para sofrer novamente, só para cortar o laço de vez com o ex. “Só queria que a fila andasse”, como costumava dizer.

O clima entre os dois ficou tão quente que eles estavam construindo muros com as almofadas no sofá do pub. Era engraçado, os dois construindo barreiras entre eles e se beijando por cima da barreira, em pleno local público. Acabaram não resistindo e foram para casa dele.

Notas do autor:

 [IG1]Mesmo sendo um capítulo novo não há necessidade de repetir onde é o festival.


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