No dia seguinte os dois trocaram algumas mensagens para combinar de se encontrar no Vestkanten Storsenter. Um dos shoppings mais conhecidos da cidade, onde era possível patinar no gelo, jogar boliche, minigolfe, ou só aproveitar o dia e ir à sauna ou escorregar nos toboganstobogãs de água.
Eles combinaram de ir para a piscina, mais uma vez Anya veio direto do trabalho, e teve que comprar uma roupa de banho para poderem aproveitar o restinho do dia lá. Anya não sabia nadar, o máximo que conseguia era boiar, com ajuda de umas boias nos braços, ou nado cachorrinho, não mais que alguns minutos, pois ficava cansada muito rápido, por isso sempre ficava nas bordas das piscinas.
Os dois se encontraram no shopping na entrada do Vannkanten, em frente à piscina, ele pagou a entrada dos dois, mas fez uma expressão de quem não estava gostando daquilo. Anya afirmou que poderia pagar seu ingresso, mas Martin disse que estava tudo bem, mesmo que não fosse isso que estivesse estampado em seu rosto.
As duas entradas deram 400 coroas, muito caro para ficar pouco mais de duas horas, na verdade, em quase tudo na Noruega, havia a possibilidade de pagar mensalmente por uma sociedade, como membro o valor cairia para 500 kr por mês, sendo permitido, então usufruir de tudo no local, sem limites. Ou seja, havia a possibilidade de frequentar todos os dias, pelo tempo que desejasse, mas se a pessoa não era sócia, aí fica caro mesmo. Anya explicou tudo isso para Martin, falou ainda que foi sócia, tempos atrás, mas que nunca frequentava, por falta de tempo, por isso desistiu. Martin não estava interessado em ouvir aquilo, e ela entendeu, então os dois foram se trocar e se encontraram novamente do lado de fora do vestiário.
Martin a olhou dos pés à cabeça naquele biquíni azul. Anya tinha o corpo muito bonito, 1,63 de altura, cintura fina, bunda grande, seios médios, típica brasileira cheia de curvas, como as amigas costumavam dizer. Ela era loira, dos cabelos longos e pintados, mas eram quase brancos. Sempre arrumada. Sobrancelhas bem-feitas e com micro pigmentaçãomicropigmentação, cílios postiços e levemente maquiada. Ela também não conseguia parar de olhar o corpo bem definido dele. Ela o achava baixo, 1,74, mas um corpo muito bonito, atlético, muito treinamento militar desde os 18 anos de idade. Ele, naquele shorts de banho, barriga super definida, costas largas, musculoso, foi inevitável para ela não começar a notar ele um pouco mais. Os dois riram, brincaram de mergulhar, Martin passando por entre as pernas de Anya por debaixo d’água, ele ensinando-a a mergulhar e a nadar melhor. Segurando-a pela cintura, supostamente a ensinando como boiar (sem boias), os dois rindo, molhados, muito contato corporal, muita aproximação, os olhos azuis dele nos olhos castanhos penetrantes dela, os dois até chegaram a ficar ofegantes. Então começaram a perceber as mudanças físicas entre si, tímidos um com o outro, mas mesmo assimmesmo assim quase não conseguiam disfarçar o calor do momento. Quando seguravam suas mãos debaixo d’água e as apertavam involuntariamente, era impossível não ouvir os sussurros de cada um. Ele a pôs em sua cintura e ela sentiu o quanto desperto ele estava dentro de seu calção de banho e gostou de saber que havia provocado esse efeito nele, depois deapós tantos anos numa relação conturbada, finalmente conseguia se sentir livre, uma mulher dona de sua própria vontade.
Os dois resolveram ir para a hidromassagem que ficava em frente à piscina, também do lado de fora do segundo andar. Lá, em meio a espumas e bolhas provocadas pelo o chacoalhar da água quente na banheira, era inevitável o clima não esquentar. Ambos sentiam um calor anormal em suas peles, com a aproximação corporal, àas vezes eles quase se beijavam, mas as câmeras e outras pessoas ao redor acabaram por inibi-los. Pensando em se aproximar mais, com menos pessoas em volta, foram para a sauna. Havia duas, um quarto de madeira tradicional e outra de portas azuis e vidro, revestida de pequenos azulejos azuis, quente, com muitos chuveiros para que as pessoas pudessem se refrescar caso o vapor do ar estivesse muito seco.
Havia alguns homens nessa sauna, apenas Anya de mulher. Todos os olhavam com curiosidade, pois eles deixavam transparecer o quanto estavam entretidos um com outro. As trocas de olhares, os toques de mãos, os gestos os entregavam. Finalmente um a um daqueles homens foram saindo da sauna. Um homem gordo foi o último que ficou e começou de repente a fazer exercícios físicos e respiratórios. Martin e Anya não conseguiam disfarçar o riso, estavam numa situação onde, caso pudessem estariam pulando um no outro como dois animais, literalmente se devorando, enquanto torciam para aquele homem sair dali, mas ele não saía nunca. Os dois faziam massagem um no outro, usavam os chuveiros, respiravam profundamente, e o clima ia ficando cada vez mais desesperador. Foi então que o homem levantou e saiu, Anya e Martin se olharam intensamente e não conseguiram resistir. Pularam desesperadamente nos braços um do outro e se beijaram como se não houvesse amanhã. Em toda sua vida os dois pensavam que nunca tinham beijando tão ardorosamente como naquele instante, na sauna de um shopping. Então os dois estavam quase perdendo o controle da situação, sentindo as curvas do corpo um do outro, sentindo cada centímetro de suas peles, o ar era muito quente e colaborava para que o clímax se aproximasse, eles se cheiravam, chegava a fazer barulho na respiração, molhados e quentes como dois animais, tocando-se.
Desconfio que, mesmo que não estivessem na sauna, o ar que respiravam estaria quente, quente como um vulcão.
Os dois chegavam a gemer, seus rostos mostravam rubor, uma febre sedenta que crescia no corpo todo. Ambos muito excitados com toda aquela situação. Foi então que a moça que trabalhava no local veio avisar que eles estavam fechando. Os dois subitamente voltaram a si, tentando se conter e disfarçar a vergonha por terem perdido a cabeça por um instante tenso de paixão. Salvos pelo gongo!
Eles não podiam fazer outra coisa senão rir e achar tudo muito engraçado, momentos embaraçosos para os dois que mal se conheciam. Então trocaram de roupa e foram andar pelo shopping. Pararam em um quiosque de sorvete e sentaram-se em um banquinho, enquanto conversavam. Martin falou que era engraçado, que parecia que se conheciam há muito tempo. Anya só conseguia tentar explicar que não costumava viver esse tipo de situação, que realmente não era fácil ser assim tão livre, tão espontânea, mas ele só falava que tudo bem, que ele também não.
Então a convidou para ir para o apartamento dele, mas ela recusou. Diante do impasse, perguntou se poderia ir à casa dela, o que também foi recusado. Então ele a acompanhou até o estacionamento do shopping, de mãos dadas, esse tipo de detalhe mexia com a cabeça de Anya. Eles falaram sobre a viagem dele para Tysnes, no dia seguinte, e sobre ele ir ficar lá por uma semana.
Durante todo o tempo eles seguravam a mão um do outro e era estranho para os dois, nunca tinham vivido nada parecido. Despediram-se e agradeceram a tarde agradável: “Muito obrigado pela tarde, que foi tudo maravilhoso”, mas aquela chama da piscina, e da sauna, continuava ali, faiscando, bastava só um ventinho soprar para a chama reacender num fogo vibrante e caloroso, causando o efeito de borboletas na barriga. A febre continuava alta, os dois se olhavam com um ar de desespero nesse adeus. Sabiam que o estacionamento tinha câmeras, mas num ato de loucura os dois começaram a se pegar novamente como se não existisse ninguém ali. Ele a encostou no carro dela e os beijos ardentes só dificultavam ainda mais o controle das emoções. Martin e Anya se queriam ali mesmo. Passaram um tempo assim: despedindo-se e se atraindo de novo. Até que ela reuniu forças e foi embora. Entrou descabelada no seu carro e foi para sua casa. Dirigia escutando suas músicas românticas em seu telefone conectado no carro. Ainda trêmula, confusa e com o sabor daquele beijo em seus lábios carnudos.
Pensava: “Meu deus, o que foi aquilo? Que garoto é esse? Não, não, não. Não posso. Só queria distração, nada de paixão, nada de alguém na minha mente de novo. Não, vou deixar pra lá. Foi muito perigoso esse jogo.”
A semana passou, Anya trabalhava, estudava, recusava outros encontros, as amigas sempre a chamando para fazer algo, um almoço na casa de uma aqui, um jantar na casa de outra ali, um encontro no centro com uma turma de amigas, e ela tentava esquecer aquele momento de prazer na piscina de um shopping. Martin estava com a família, primos, irmão mais novo e amigos em um festival muito . Anya já havia recebido convite para ir ao mesmo festival, afinal tinha amigas na ilha, e várias outras pessoas que conhecia estavam indo para lá em seus barcos, mas tinha que trabalhar e organizar muitas coisas em sua vida e em sua mente.Martin mandava mensagens, ela respondia da mesma maneira e assim se falavam, menos que antes e o mais formal possível. Ela era mãe de três filhos, 4 anos mais velha que ele, Martin tinha 30 anos e ela 34, mas, na verdade, ele parecia mais velho, tanto na aparência, quanto nas atitudes e no comportamento.Anya era um pouco infantil, às vezes, talvez o jeito b
Chegando à casa dele, um apartamento pequeno num bloco no bairro de Laksevåg, Martin a ajudou a tirar o casaco e o pendurou, depois a ajudou a retirar o salto, pegou a bolsa de mão dela, eram essas pequenas atitudes que a fascinavam em um homem. Ele mostrou seu pequeno apartamento a ela, da entrada era possível ver o banheiro, um corredor curto levava a um quarto, o de Magnus, a cozinha ficava de frente a esse quarto, e de frente ao corredor se via a porta da sala.Os dois ficaram na sala conversando em um sofá pequeno, de couro e que tinha apenas três assentos. Ele sempre muito educado, pedindo desculpas pela bagunça, que estava fora, no mar, que não esperava trazer ninguém em sua casa. Os dois seguiram conversando e após algumas horas estavam cozinhando juntos e arrumando um pouco a casa. Rindo e falando bobagens o tempo todo. Toda vez que passavam um pelo outro na sala se abraçavam um instante. Colocaram um filme e foi ficando tarde, ambos cansados do dia, com so
mês de julho passou rápido. Do dia 20 até o dia 29, Anya visitava as amigas, e aproveitava para passearem no centro de Bergen, festavam, faziam piquenique, passavam tardes ensolaradas fazendo churrasco, foram para algumas casas de montanha, as tais famosas hytta. Ela estudava onde quer que fosse, escrevia, trabalhava até às 15 horas, ia para a casa dela ou das amigas depois do trabalho. Martin foi para a casa da família, uns dias com o pai em Austevoll e uns dias com a mãe em Tysnes. Ele fazia massagem nos pés dela quando ela chegava cansada, faziam comida juntos, limpavam a casa, ouviam as músicas preferidas. Estavam começando a construir uma bolha só deles. Ela até tentava não gostar dele, tinha sempre em mente que ela não gostava do sexo com ele, e que a relação era só uma chuva passageira, uma distração, e que brevemente em agosto os dois iriam cada qual para o seu lado.O telefone dela tocou e ela falou para que ele atendesse informando que estava ocupada, no
4 de setembro de 2016. Os dois foram passear numa das montanhas mais conhecidas de Bergen, a Stoltzen. Uma escadaria sem fim até o topo, mas que paga cada passo dado, cada fôlego perdido ao longo da subida, a paisagem lá de cima deveria ser vendida como colírio para os olhos.— Ah, se meus olhos pudessem bater fotos! — falou Anya quando teve o prazer de contemplar as paisagens nórdicas da Noruega. Ela se deslumbrava com tamanha beleza! Saltitava de alegria com as paisagens que via, namorava com a natureza. Às vezes parava o carro só para ficar dois minutinhos conversando com o silêncio, contemplando aquelas imagens que mais pareciam ter sido pintados a óleo. — Deus, como és maravilhoso! — Martin sempre a ouvia dizer isso. E já sabia a tradução. O sol estava todo empolgado com seus raios reluzentes, todo amostrado com seu brilho resplandecente! — Que maravilha! Não há lugar tão belo quanto a Noruega nos seus dias ensolarados de verão! — Você diz
8 de outubro de 2016, sábado. Finalmente chegou o grande dia da apresentação de cancã e samba que as cinco amigas tinham se dedicado tanto a ensaiar. Palco montado, convidados a postos, tudo pronto. Elas tinham camarim, frutas e champagne. Luzes, espelhos, cabides para as fantasias. Sua amiga Clara havia feito tudo nos mínimos detalhes, e acima de tudo com muito amor por seu marido. Essa seria não só uma homenagem de brasileiras para os demais convidados, mas uma declaração de amor de Clara para seu marido Ola. Ao chegar no local Anya usava com um vestido de época, em tecido marfim, cheio de babados brancos e uma calda. O traje tinha um corset embutido e usava também um chapéu de cowboy e uma pistola. Suas botas faziam parte do traje, convertido com véu e veludo da mesma cor do vestido. A decoração da festa estava deslumbrante, um dos detalhes eram sacolas de dinheiro, estilo velho oeste, espalhados pelo chão, próximo ao mural de fotos. Os convidados
4 de novembro de 2016, sexta-feira. Anya estava em seu quarto, em casa, no terceiro andar. Rodeada de livros e com o minilaptopminilaptop que Martin emprestou para ela escrever seus artigos da escola. Quando de repente sem ela menos esperar ele entrou porta a dentroadentro. Ela ficou muito surpresa, jamais esperava ele ali, ele não avisou nada que estava voltando do mar. Ele estava fardado, com seu uniforme azul de marinheiro, pôs sua mochila no chão e a puxou pelo os pés de uma tal forma que ela veio parar na borda da cama. Ela estava usando um de seus vestidos de casa e ele se ajoelhou tão rapidamente e levantou a roupa dela retirando-a do seu caminho, rasgando a calcinha dela em mil pedaços em frações de segundos, que ela não sabia como reagir. Antes que ela terminasse a frase “Eu quero tomar um banho antes”, já estava sentindo aquela boca quente e molhada entre suas pernas, sugando com tanta vontade, como se nunca tivesse feito aquilo antes na vida, que ela mal c
19 de dezembro de 2016, segunda-feiraDe volta à rotina de Bergen, Anya foi comer sushi com os filhos, eles adoravam fazer programas juntos, ir ao cinema, restaurantes, viajar e passavam horas conversando sobre todos os assuntos. Martin a encontrou mais à noite para assistirem Star Wars no cinema. De longe, pareciam o casal perfeito, ela fazendo gracinhas, ele rindo das tonteiras dela, sempre tirava fotos dela e quem via de longe não poderia imaginar que havia uma sombra ameaçando os dois. Anya sentia como se ele escondesse algo em seu coração. Sabe aquele velho ditado: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço? Ele falava que estava tudo bem, às vezes aparentava estar satisfeito, mas em certos momentos parecia que a máscara iria cair. Do jeito que ela era gentil, era capaz de apanhar a máscara para ele pôr de volta. Ele parecia estar de malu humor no cinema. Ela tentava quebrara o gelo: — Ah, eu sei que nenhum outro filme vai ser como no dia que viemo
8 de janeiro de 2017, domingoDepois de uma semana de muito cansaço para organizar o ninho de amor do casal, finalmente um dia de descanso, sem móveis para montar, sem nada para fazer. Anya e Martin só queriam curtir o seu domingo de paz e silêncio jiboiando de frente à tv e achar alguma coisa interessante para assistirem, quando de repente o telefone de Anya tocou. Martin estava na cozinha terminando de preparar o almoço. Ela atendeu o telefone. Era uma menina que morava em Portugal, mas que às vezes estava em Bergen, uma amiga de uma amiga de uma amiga de outra amiga. Anya não a conhecia, e nem era sua amiga, mas já estivera com ela algumas vezes na companhia de outras pessoas. O nome dela era Fiona. Ela estava pedindo um enorme favor para Anya, contou uma história mal contada, dramática, falou que tinha vindo de Portugal encontrar alguém em Bergen, e que havia acontecido um desentendimento por conta de ciúmes, então ela tinha ficado na rua, com fome, cansada, com f