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uatro crianças seguravam Stian para não empurrar Anya escada abaixo. Havia uma luta corporal entre ambos, e quando ela finalmente estava segura, o homem correu escadas abaixo e dizendo que não ia embora, ela também desceu, com os 4 adolescentes e a discussão continuou:
— Vai embora da minha casa! Eu não quero você aqui! Sai daqui! Eu vou chamar a polícia.
Cacos de vidros espalhados por toda a casa, espelhos e enfeites quebrados pelo chão! Os quatro adolescentes eram Zaya, Viliam, Sebastian e um sobrinho de Stian, primo de Sebastian. Então Stian se rendeu, com as mãos para cima, falou para todos se acalmarem, que ele iria embora; as crianças ficaram distraídas, sentadas ao pé da escada. Enquanto o homem se vestia, pegou algumas coisas dela e pôs dentro de sua jaqueta, ela viu, então foi para o hall onde estavam todas as jaquetas e sapatos na saída da casa, ela pôs o braço atravessado na porta, e falou que ele não podia sair levando as chaves da casa, e do carro dela.
Ele bem calmo, bem tranquilo, com voz baixa falou:
— Calma, não grita, eu vou lhe devolver, só estou calçando os sapatos.
Anya baixou a guarda, ele terminou de se vestir lentamente, olhou para os meninos distraídos, conversando sobre o inacreditável, aquela briga horrível que acabara de acontecer, então ele fechou os punhos e deu um murro violento, de cheio, com toda a força no meio da sobrancelha direita dela, que caiu do lado de fora da casa no asfalto.
Bateu a cabeça e ficou desnorteada. Enquanto ele partiu para cima da mulher e os adolescentes correram para impedir mais agressões. Viliam, filho de Stian, chorava, tentando arrastar Anya para dentro de casa, desesperado vendo-a sangrar, pedindo para ela deixá-lo limpar o ferimento; a filha dela chorava, todos choravam, menos Stian.
A gritaria foi tão alta, tão estrondeante, que todos os vizinhos saíram de suas casas para ver o que acontecia. Ainda tonta e sangrando, Anya pedia que alguém ligasse para a ambulância e para a polícia, no que foi prontamente atendida pelos vizinhos e pela filha. O fim de semana que era para ser tranquilo, terminou com os carros de polícia, ambulância e conselho tutelar ao redor da casa de Anya
.
Nos dias que se passaram a vida de Anya ficou muito corrida, depoimentos na polícia de Fyllingsdalen, consultas com uma firma de advogados, depoimentos no conselho tutelar local de Loddefjord, e sessões no consultório de psicologia controlado pelos órgãos de defesa da família e de adolescentes de Bergen.
Além dos novos compromissos, Anya tinha que estudar para obter notas boas no seu segundo ano de enfermagem; dar aulas de zumba numa academia popular, no centro de Bergen; e trabalhar num asilo para poder continuar mantendo a casa e os estudos. Tudo isso sem surtar.
Ela desenvolveu uma maneira de se ajudar baseada em empowerment, resiliência: “encontrar força em você mesmo para continuar”. Ela não queria ter tempo para chorar, não queria ter tempo para ter tempo de sofrer ou pensar, ela preencheu seu tempo de um modo que estaria sempre com a mente ocupada.
Então encontrou uma maneira de se distrair e fazer de conta que tudo estava bem, usava esse tipo de tática, refúgio psicológico para poder aguentar a pressão e tudo mais que vinha com ela.
Sua cabeça era como ‘O Fantástico Mundo de Bobby’, como ela mesma sempre dizia para as amigas. Anya gostava de imaginar cenas, de criar o famoso ‘e se…’. Por isso via as pessoas ao seu redor, os lugares e imaginava coisas acontecendo como se fossem de verdade, como se fossem um filme passando por sua cabeça. Assim criava seu próprio mundo, sua bolha segura, onde a realidade era outra, bem diferente, quando não gostava do que ouvia, do que via, ela fazia de conta que o que acontecera, ou fora dito era diferente.
Ela não queria levar mágoas e cicatrizes para a vida toda. E sempre dizia que como não tivera o direito de escolher o que ia acontecer em sua vida, pelo menos podia escolher o que levar como lembranças. Já que são as lembranças que fazem a vida e a consciência de uma pessoa.
A mulher estava prestes a desmoronar, mãe solteira com três filhos adolescentes, tinha que ser forte e perfeita em tudo, não podia demonstrar fraquezas nesse período, pois seus filhos precisavam do apoio vindo dela, era nela que eles se inspiravam e se espelhavam, ela sabia disso.
Então, por mais que quisesse pedir socorro, não podia: “Se recompõe, aguenta firme, você vai conseguir, você vai conseguir”, era o mantra que repetia milhares de vezes em sua cabeça, toda vez que sentia algum sintoma de angústia se aproximando.
Uma hora queria fazer um curso de pintura pela internet, outra queria voltar com as aulas de piano, outra queria fazer coreografias novas para as aulas de dança, onde dava duas vezes por semana numa academia popular no centro de Bergen.
Nada era o bastante para acalentar uma mente com síndrome de inquietação: a síndrome da mente inquieta! Ela sempre dizia que devia ser esse o seu diagnóstico.
— Vamos ver: Feio! Gordo! Barbudo! Atrevido!
Ela passava mais tempo clicando «x» para os pretendentes na internet do que «coração», likes. Então entre milhares de fotos e textos de garotos que apareciam próximos à localidade dela, apareceu ele de novo: Martin, solteiro, 30 anos, marinheiro. À primeira vista não gostou das fotos dele, da mesma forma que não havia gostado das fotos de nenhum outro.
Então quando ela já havia decidido clicar «x» no perfil dele dessa vez, para tirá-lo da lista de membros que poderiam cruzar seu caminho, ela deu uma olhada mais de perto e gostou de uma única foto, que ele parecia menos ‘filhinho de papai’, uma foto que ele estava num pequeno barco, no mar, uma selfie.
Essa foto mostrava o rosto dele bem de perto, a primeira coisa que Anya viu foram os dentes manchados e um deles, bem na frente, quebrado. Viu também que ele tinha uma discreta cicatriz no rosto, do lado direito. Ela pensou: ‘É, vou dar like! Ele não é tão bonito, talvez não venha se achando o tal, como a maioria desses noruegueses playboyzinhos metidos a donos do mundo: “direitos iguais, mulher paga tanto quanto o homem, não preciso de ninguém, posso viver solteiro o resto da vida…blá-blá-blá”’. Eram alguns dos discursos que ela estava acostumada a ouvir de muitos deles.
Então entre um estudo e outro para os testes que viriam; entre um plantão e outro num asilo fora da cidade de Bergen, em Tysse, uma cidade pequena e rural que ficava em Samnanger; entre mil coisas burocráticas que tinha que resolver, a mulher continuava a conversar com Martin, e uns poucos outros garotos da internet ou da escola, ou do trabalho.
A primeira vez que os dois trocaram mensagens foi dia . Os dois haviam estado na igreja dia 15 de maio, mas Anya não sabia, Martin sim. E somente no dia 30 de junho de 2016, numa quinta-feira, os dois resolveram se encontrar.
Ela estava no trabalho, de onde tinha que dirigir por uma hora desde Bergen, e nas pausas eles trocavam mensagens, foi assim que Martin escreveu que teria um tempo livre naquele dia para que pudessem se encontrar, se ela estivesse interessada.
Depois disso ele sairia da cidade por uns dias, para um festival muito conhecido na ilha de Tysnes, que ficava há pouco mais de duas horas de carro. O evento era quase como o Carnaval no Brasil, . Muitos viajavam para Tysnes com seus barcos, outros alugavam ou possuíam casas de veraneio.
Cansada, e receosa, Anya aceitou a proposta para se encontrarem após o trabalho. Ela terminou às 15:00 e dirigiu para o centro da cidade, estacionou seu carro em Kloster garasje, um estacionamento subterrâneo. Pegando o elevador ela estava no meio da praça central de Bergen, e eles continuavam trocando mensagens:
— Onde você está?
— Já estou aqui. Já estacionei o carro. Onde você está, Martin?
— Já estou de frente ao restaurante chinês aqui da Strandgata. Uma das ruas principais do centro de Bergen.
ϸ ϸ ϸ
Ela foi caminhando, e se encontraram. O homem vestia um boné, uma jaqueta preta de couro, calças jeans clara, e um tênis, que para ela em nada combinavam. Foi a primeira coisa que pensou, já que sempre foi muito interessada em como as pessoas se vestiam, mas também não achava estar bem vestida para um encontro.
Um curativo na sobrancelha direita cobria os 6 pontos que levou no hospital de emergência de Bergen; vestida de calças jeans, uma bota preta curtinha e um suéter cor de mostarda, uma das suas cores preferidas. Ela estava de mau humor, com fome e cansada.
Depois de se cumprimentarem, Anya tratou de ir subindo as escadas do restaurante e falando:
— Olha, como eu te disse nas mensagens, estou cansada, com fome e de mau humor, preciso comer para melhorar, quer você venha ou não.
Ele sorriu surpreso subindo atrás dela.
Sentaram-se uma mesa, próximo à entrada, de frente à janela onde dava para ver toda a praça principal de Torgallmening e suas estátuas na água. O dia estava bonito e o centro cheio de turistas e nativos contemplando um dia ensolarado. Bergen é conhecida como a cidade que mais chove na Noruega, mesmo assim uma das mais visitadas, lindas e movimentadas de todas. Quando não chovia a diversão das pessoas era “botar a cara no sol”, na rua.
Ele não quis comer, mas fez o pedido para ela e uma cerveja para ele. Anya comia e falava sem parar, explicando que quando estava nervosa falava bobagens, só porque o nervosismo era tão grande, que falava sem pensar.
Martin ria e quase não falava, achou aquilo tudo muito novo para ele, nunca conheceu uma garota latina, e nenhuma outra estrangeira. Anya falava sobre as amigas, sobre sua cultura, um pouco sobre si mesma, e muitas coisas do tipo:
— Ah, eu sei que minhas amigas dizem que não se deve comer feito uma louca num primeiro encontro, que tem que cruzar as pernas, fazer charminho, comer pouquinho… ah, eu tô fome, se eu demorar a comida esfria e a fome passa! — Eles riam.
Ela ainda completou: — Além do mais, se você não gostar de mim a gente fica amigos e eu te apresento uma das minhas amigas solteironas! — Ele ficou perplexo com essa declaração.
— Estou falando sério, já casei 7 amigas…
Ele perguntou sobre o curativo e ela não quis contar sobre o ex. Primeiro, porque ela não queria falar sobre ele, pois começaria a chorar ali mesmo. Segundo, porque não se conta esse tipo de coisa para qualquer pessoa, muito menos num primeiro encontro. E terceiro porque ela havia decidido esquecer que um dia aquilo aconteceu.
O restaurante estava fechando, Anya havia terminado de comer e ficou surpresa, quando Martin quis pagar a conta do restaurante sozinho. Geralmente cada um pagava sua própria conta, principalmente em um primeiro encontro, onde os dois não se conheciam e não sabiam se havia chance de ficar juntos, seja uma pipoca no cinema ou um café, cada qual pagava o seu.
Depois de algum tempo eles foram para Zacharias Bryggen, um local bastante conhecido, com vários ambientes diferentes, um aglomerado de bares e restaurantes divididos em cinco andares. Lá, sentaram-se do lado de fora, onde era coberto e com aquecedores, então continuaram a conversar.
Ela perguntou por que um rapaz como ele, 30 anos, nunca teve uma namorada antes. Martin respondeu que nunca teve porque nunca quis ter. Falou que ter uma namorada significava dar satisfações, ter que se dedicar, ter que gastar tempo e energia com ela.
Acrescentou que gostava de ser livre, sem ninguém para se preocupar, e que a maioria dos noruegueses era assim, independentes, acostumados a viverem sozinhos desde os 17 anos quando normalmente se mudavam da casa dos pais, para irem morar sozinhos.
Contou que os amigos que tentaram ter uma namorada, ou os que ele conhecia e eram casados, eram todos infelizes:
— Eles falam que são infelizes e que queriam poder ter a vida de solteiro de volta — contou com detalhes para ela que o ouvia atentamente, enquanto visualizava o rosto dele no perfil do app de namoro, clicando um baita de um xisão.
Ele falou que a visão que tinha das norueguesas, era que elas não precisavam dos homens, que os homens e as mulheres tinham direitos iguais, empregos iguais, ganhavam um bom salário, então não tinham porque casar e ficar com uma pessoa por condições financeiras ou algo do tipo, como em muitos países de terceiro mundo, que muitas mulheres casavam cedo, tinham filhos e não se separavam porque não tinha uma boa estrutura financeira, cultural e psicológica para seguir adiante e viver bem.
Anya sentiu como se tudo aquilo que ele estivesse dizendo fosse diretamente para ela. Embora ela não houvesse falado dos filhos. Mesmo que muitos casos comprovem que, o que ele disse era de fato verdade, que muitas mulheres no mundo se casavam por status ou necessidade financeira ainda nos dias atuais, assim mesmo ela sentiu naquele momento o significado da palavra: “estereótipo”. Naquele instante, Anya sentiu o preconceito escorrer entre os lábios finos de Martin. Ela sentia muito orgulho de sua história, por ser mãe solteira, brasileira, por ter sofrido muito ao longo de sua jornada até chegar aquele momento ali sentada com ele, então, embora fosse uma pessoa confiante de si mesma, e informada de seus direitos e deveres, ainda assim se sentia rebaixada quando as pessoas comentavam por ela ter tido filhos tão nova, e ser mãe solteira aos 34 anos, como se tivesse fugido dos padrões da sociedade, como se houvesse cometido um erro.
Martin contou que gostava de viajar com os amigos, detalhou algumas viagens que fez, por exemplo a Las Vegas, enfatizou o quanto os amigos que eram casados, lamentavam estar em casa cuidando de filhos e cachorro.
— Como assim? A Noruega é um país tão desenvolvido, as mulheres são tão liberais, e todo mundo é tão independente?
— Não, conheço muitas que aprisionam os maridos e ao completarem uma certa idade, tipo 30 anos, elas não escolhem um homem por amor, nem tão pouco por dinheiro, a maioria tem seu próprio dinheiro, as que ligam pra dinheiro só querem aumentar a fortuna, expandir a empresa, mas a maioria delas escolhe um reprodutor, escolhem um perfil. Tipo como quem escolhe um date num app do telefone:
— Esse é solteiro, sem filhos, bom emprego, passou dos 30, vai servir pro filho que eu quero ter. Já sabem até onde vão comprar a casa, quantos filhos vão ter e como vão se chamar, se vão ter um cachorro. Estou fora! Toda vez que fico com uma pessoa mais que duas vezes, presto muita atenção se ela está querendo algo a mais, se eu ficar com essa pessoa um tempo, e a pessoa me disser que está apaixonada, é o fim de tudo. Eu termino o mais rápido possível.
Anya ouvia tudo aquilo atentamente e começou a se levantar para se despedir, falou que estava ficando tarde e que precisava ir para casa. Ele então anunciou que iria acompanhá-la até o estacionamento. Os dois saíram do Zacharias Bryggen, em frente ao Fisketorget, lugar mais conhecido pelos turistas em Bergen, onde se montavam tendas de mariscos, frutos do mar e todo tipo de iguaria típica da Noruega.
Já era tarde, 1 hora da manhã e Anya iria trabalhar muito cedo pela manhã. As barracas de peixes estavam fechando, os proprietários lavando o chão com uma mangueira, deixando poças pelo calçamento, ela usava uma sapatilha bem fina que ficaria encharcada. Martin então a pôs em suas costas e atravessou o Fisketorget correndo. Ela ria muito alto e pedia a ele para colocá-la de volta no chão, e ela gritava! Então ele a pôs no chão de frente ao semáforo, em direção a praça Torgallmening, onde os dois estiveram, no restaurante chinês, e ambos riam bastante.
Anya ficou um pouco desconsertada por ele ser tão espontâneo, achou muito diferente e interessante um norueguês ter agido daquela forma. Erro número 1. Eles então foram até ao estacionamento e se despediram.
Notas (respostas) do autor:
[IG1]Isso não fez sentido. No capítulo um ela entrou no aplicativo de namoros depois de conversar com as amigas. Passou toda a cerimônia ao lado do ex-marido ( significa que ele ainda não tinha sido agressivo ou abusivo). Aqui no capítulo 2 ele é abusivo, ela entra no aplicativo depois de uma crise. Precisa seguir uma linha temporal mais bem estruturada? Não.
[IG4]5 de maio é antes do dia 15. Eles conversaram ANTES que Martin visse Anya na igreja? Isso não ficou claro.
Resposta do autor: Eles já tinham seus respectivos aplicativos de namoro na igreja, sendo que, não se notaram, mas viraram crushs ao clicar "like" um no outro.
Uma das maneiras de arrumar isso seria reformular a oração para algo como:
“A primeira vez que os dois trocaram mensagens foi dia 5 de maio [IG4], apenas 10 dias depois, os dois estiveram na igreja onde a filha de Anya recebeu o crisma, Anya não soube que Martin havia estado tão perto dela. E somente no dia 30 de junho de 2016, numa quinta-feira, os dois resolveram se encontrar.”
[IG7]O Carnaval no Brasil é mais quando o pessoal sai do interior para as cidades onde há mais blocos, festas, trios. Raramente é o contrário.
Resposta do autor:
No nordeste as pessoas viajam sim para os interiores, como Aracati, Morro Branco e várias outras pequenas cidades que arranjam várias dias de festa no carnaval.
No dia seguinte os dois trocaram algumas mensagens para combinar de se encontrar no Vestkanten Storsenter. Um dos shoppings mais conhecidos da cidade, onde era possível patinar no gelo, jogar boliche, minigolfe, ou só aproveitar o dia e ir à sauna ou escorregar nos toboganstobogãs de água. Eles combinaram de ir para a piscina, mais uma vez Anya veio direto do trabalho, e teve que comprar uma roupa de banho para poderem aproveitar o restinho do dia lá. Anya não sabia nadar, o máximo que conseguia era boiar, com ajuda de umas boias nos braços, ou nado cachorrinho, não mais que alguns minutos, pois ficava cansada muito rápido, por isso sempre ficava nas bordas das piscinas. Os dois se encontraram no shopping na entrada do Vannkanten, em frente à piscina, ele pagou a entrada dos dois, mas fez uma expressão de quem não estava gostando daquilo. Anya afirmou que poderia pagar seu ingresso, mas Martin disse que estava tudo bem, mesmo que não fosse isso que estivesse estampad
A semana passou, Anya trabalhava, estudava, recusava outros encontros, as amigas sempre a chamando para fazer algo, um almoço na casa de uma aqui, um jantar na casa de outra ali, um encontro no centro com uma turma de amigas, e ela tentava esquecer aquele momento de prazer na piscina de um shopping. Martin estava com a família, primos, irmão mais novo e amigos em um festival muito . Anya já havia recebido convite para ir ao mesmo festival, afinal tinha amigas na ilha, e várias outras pessoas que conhecia estavam indo para lá em seus barcos, mas tinha que trabalhar e organizar muitas coisas em sua vida e em sua mente.Martin mandava mensagens, ela respondia da mesma maneira e assim se falavam, menos que antes e o mais formal possível. Ela era mãe de três filhos, 4 anos mais velha que ele, Martin tinha 30 anos e ela 34, mas, na verdade, ele parecia mais velho, tanto na aparência, quanto nas atitudes e no comportamento.Anya era um pouco infantil, às vezes, talvez o jeito b
Chegando à casa dele, um apartamento pequeno num bloco no bairro de Laksevåg, Martin a ajudou a tirar o casaco e o pendurou, depois a ajudou a retirar o salto, pegou a bolsa de mão dela, eram essas pequenas atitudes que a fascinavam em um homem. Ele mostrou seu pequeno apartamento a ela, da entrada era possível ver o banheiro, um corredor curto levava a um quarto, o de Magnus, a cozinha ficava de frente a esse quarto, e de frente ao corredor se via a porta da sala.Os dois ficaram na sala conversando em um sofá pequeno, de couro e que tinha apenas três assentos. Ele sempre muito educado, pedindo desculpas pela bagunça, que estava fora, no mar, que não esperava trazer ninguém em sua casa. Os dois seguiram conversando e após algumas horas estavam cozinhando juntos e arrumando um pouco a casa. Rindo e falando bobagens o tempo todo. Toda vez que passavam um pelo outro na sala se abraçavam um instante. Colocaram um filme e foi ficando tarde, ambos cansados do dia, com so
mês de julho passou rápido. Do dia 20 até o dia 29, Anya visitava as amigas, e aproveitava para passearem no centro de Bergen, festavam, faziam piquenique, passavam tardes ensolaradas fazendo churrasco, foram para algumas casas de montanha, as tais famosas hytta. Ela estudava onde quer que fosse, escrevia, trabalhava até às 15 horas, ia para a casa dela ou das amigas depois do trabalho. Martin foi para a casa da família, uns dias com o pai em Austevoll e uns dias com a mãe em Tysnes. Ele fazia massagem nos pés dela quando ela chegava cansada, faziam comida juntos, limpavam a casa, ouviam as músicas preferidas. Estavam começando a construir uma bolha só deles. Ela até tentava não gostar dele, tinha sempre em mente que ela não gostava do sexo com ele, e que a relação era só uma chuva passageira, uma distração, e que brevemente em agosto os dois iriam cada qual para o seu lado.O telefone dela tocou e ela falou para que ele atendesse informando que estava ocupada, no
4 de setembro de 2016. Os dois foram passear numa das montanhas mais conhecidas de Bergen, a Stoltzen. Uma escadaria sem fim até o topo, mas que paga cada passo dado, cada fôlego perdido ao longo da subida, a paisagem lá de cima deveria ser vendida como colírio para os olhos.— Ah, se meus olhos pudessem bater fotos! — falou Anya quando teve o prazer de contemplar as paisagens nórdicas da Noruega. Ela se deslumbrava com tamanha beleza! Saltitava de alegria com as paisagens que via, namorava com a natureza. Às vezes parava o carro só para ficar dois minutinhos conversando com o silêncio, contemplando aquelas imagens que mais pareciam ter sido pintados a óleo. — Deus, como és maravilhoso! — Martin sempre a ouvia dizer isso. E já sabia a tradução. O sol estava todo empolgado com seus raios reluzentes, todo amostrado com seu brilho resplandecente! — Que maravilha! Não há lugar tão belo quanto a Noruega nos seus dias ensolarados de verão! — Você diz
8 de outubro de 2016, sábado. Finalmente chegou o grande dia da apresentação de cancã e samba que as cinco amigas tinham se dedicado tanto a ensaiar. Palco montado, convidados a postos, tudo pronto. Elas tinham camarim, frutas e champagne. Luzes, espelhos, cabides para as fantasias. Sua amiga Clara havia feito tudo nos mínimos detalhes, e acima de tudo com muito amor por seu marido. Essa seria não só uma homenagem de brasileiras para os demais convidados, mas uma declaração de amor de Clara para seu marido Ola. Ao chegar no local Anya usava com um vestido de época, em tecido marfim, cheio de babados brancos e uma calda. O traje tinha um corset embutido e usava também um chapéu de cowboy e uma pistola. Suas botas faziam parte do traje, convertido com véu e veludo da mesma cor do vestido. A decoração da festa estava deslumbrante, um dos detalhes eram sacolas de dinheiro, estilo velho oeste, espalhados pelo chão, próximo ao mural de fotos. Os convidados
4 de novembro de 2016, sexta-feira. Anya estava em seu quarto, em casa, no terceiro andar. Rodeada de livros e com o minilaptopminilaptop que Martin emprestou para ela escrever seus artigos da escola. Quando de repente sem ela menos esperar ele entrou porta a dentroadentro. Ela ficou muito surpresa, jamais esperava ele ali, ele não avisou nada que estava voltando do mar. Ele estava fardado, com seu uniforme azul de marinheiro, pôs sua mochila no chão e a puxou pelo os pés de uma tal forma que ela veio parar na borda da cama. Ela estava usando um de seus vestidos de casa e ele se ajoelhou tão rapidamente e levantou a roupa dela retirando-a do seu caminho, rasgando a calcinha dela em mil pedaços em frações de segundos, que ela não sabia como reagir. Antes que ela terminasse a frase “Eu quero tomar um banho antes”, já estava sentindo aquela boca quente e molhada entre suas pernas, sugando com tanta vontade, como se nunca tivesse feito aquilo antes na vida, que ela mal c
19 de dezembro de 2016, segunda-feiraDe volta à rotina de Bergen, Anya foi comer sushi com os filhos, eles adoravam fazer programas juntos, ir ao cinema, restaurantes, viajar e passavam horas conversando sobre todos os assuntos. Martin a encontrou mais à noite para assistirem Star Wars no cinema. De longe, pareciam o casal perfeito, ela fazendo gracinhas, ele rindo das tonteiras dela, sempre tirava fotos dela e quem via de longe não poderia imaginar que havia uma sombra ameaçando os dois. Anya sentia como se ele escondesse algo em seu coração. Sabe aquele velho ditado: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço? Ele falava que estava tudo bem, às vezes aparentava estar satisfeito, mas em certos momentos parecia que a máscara iria cair. Do jeito que ela era gentil, era capaz de apanhar a máscara para ele pôr de volta. Ele parecia estar de malu humor no cinema. Ela tentava quebrara o gelo: — Ah, eu sei que nenhum outro filme vai ser como no dia que viemo