CATHERINE.
Algumas vezes Cat sentia como se houvesse duas linhas firmes em volta de si. Era uma sensação engraçada, como se pudesse sentir o peso de levantar o braço ou mover as pernas, como se a cabeça estivesse pendurada e algo a puxasse para cima a obrigando a olhar. Cat não queria olhar. Gostaria de fechar os olhos e se misturar as cobertas até desaparecer por completo. Gostaria de poder não dormir.
Aquele fora uma longo sonho sobre edifícios e porões, cães de caça e agonia.
Estava acima do mundo onde as colina eram montanhas e a grama molhada pelas chuvas era tão seca e verde. Não havia o lençol de neblina ou branco imenso de neve, era um Sol brilhante e uma sensação de calor gigantesca.
Então, estava abaixo do mundo onde as colinas cresciam para baixo e a grama era terra úmida cheia de raízes e
SPENCER.Estando deitado abaixo do chão, Spencer conseguia ouvir a morte trabalhando gradualmente ao seu redor. Milhares de corpos adormecidos e esquecidos naquele chão úmido e fétido. Todos sós. Cada partícula de seu corpo morreu sozinho, não havia ninguém para apreciar.Seus olhos se moveram e a figura estava ali. Era grande para a idade, rechonchudo e coberto por pelos amarronzados, uma única e solitária fita branca como uma nuvem manchava sua pele deixando um aspecto menos comum entre a face. O fitava em seus pequenos e redondos olhos negros, brilhosos pela luz do Luar. Spencer moveu os dedos sentindo enfim a paralisia se tornando maior e maior e mesmo que tentasse se levantar, não poderia.O animal fora se aproximando curioso, sentindo-se ameaçado pela grande e esguia figura à sua frente. O focinho era gelado e grande, era possível encarar a pe
NADIA.Durante a hora da coruja todos os animais noturnos percorriam pelo mundo em busca de diversão. Quando olhava para os arredores poderiam ver as águias prontas para o ataque, os pequenos coelhos que estavam espalhados pela cena não pareciam notar sua presença. Mas era com as cobras que Nadia sentia que deveria se preocupar, pois eram tantas.Durante todo o ano de caça, cada partícula de seu corpo parecia funcionar de forma diferente como se seus sentidos mudassem de alguma forma. E tinham mudado. Nadia não poderia mais se lembrar de como era sair em uma sexta-feira frienta, se enfiar em um bar com seus melhores amigos e apenas beber, conversar sobre qualquer coisa que não fosse assassinato e garotas perdidas.Malina parecia feliz em estar ali. Gostava da ideia de vestir seu melhor vestido de bar, ajeitar o cabelo agora mediano, passar uma maquiagem qualquer e sentir-se viva. Nadia n&at
MAGNUS.Não eram raras as vezes em que passava um dia inteiro sem emitir um único som além de sua respiração cansada. Com o passar do tempo sentia que todo o esforço do trabalho respondia para seu corpo de forma negativa lhe dando ataques de tosses e cansaços.Aquela era uma manhã úmida e fétida. Toda a cabana parecia exalar o tênue cheiro de morte e podridão e por mais que a limpasse incansavelmente, o odor permanecia por todos os lados como se tivesse grudado em suas narinas. Romeu havia lhe instruído para cuidar apenas dos potes e da limpeza, nem os corpos ele pudera ver naquela semana.— Não pense como um castigo — disse o homem ao trancar todas as portas secretas — apenas um descanso e não quero voltar a falar do incidente.E com incidente o homem alto poderia estar falando de um milhão de coisas diferentes
RITAEla pôde sentir o terror trabalhando gradualmente para dentro de si como um câncer. Era uma sensação terrível. Ritapoderia sentir todo seu corpo estremecer pelo frio contínuo e mesmo que Dale houvesse lhe dado seu casaco, ainda sentia-se como se estivesse nua, como se nada no mundo fosse capaz de diminuir a sensação.As últimas luzes do acaso formavam uma grande linha púrpura sobre o céu onde toda a escuridão começava a fluir e as poucas estrelas que não foram ofuscadas pelas nuvens de chuva, passavam a brilhar tênue. O bar estava cheio.O velho Barnes havia aumentado seu pequeno espaço para algo tão maior capaz de abrigar mais de duzentas pessoas sobre os dois amplos salões, mantinha também uma pequena pista de dança com luzes coloridas e música ao vivo. Quando as bebidas chegaram, o forte od
HENRY.Sempre que encarava ao redor conseguia ter o tênue vislumbre se uma bela figura adormecida. Rita costumada vestir sua camiseta para dormir, apesar de manter a lingerie por debaixo. Os cabelos eram amarrados em rabo de cavalo e a face sempre mantinha uma leve mancha de maquiagem arrancada pelo suor.Se fechasse os olhos poderia vê-la onde um dia estivera banhada em confusão. Apesar da aparência tão magricela e sem muitas curvas, Rita era pesada como um maldito manequim de análise.Rapidamente a arrastou para dentro da floresta deixando um grande rastro graças aquela bota de salto tratorado e tão absurdamente alta. Encontrou a rocha que deveria encontrar, bem ao lado de uma inclinação boa o suficiente onde a deixou sentada com o corpo apoiado e tão de repente seu corpo caiu ao lado.Era sempre uma sensação terrível essa coisa de transitar.
O PERSEGUIDOR.A luz da Lua era uma aliada comum em seus caminhos noturnos. Gostava de caminhar sobre as grandes árvores de neve, sentindo a umidade sobre os dedos do pé e alguns insetos grudando sobre si. Era assim que ele se via, coberto até os ossos.Durante a hora da bruxa ele percorria a colina mais alta, onde uma árvore incomum habitava. Sua base eram raízes gigantes como garras de águia, brancas como ossos e suas folhas prateadas de gelo e escuridão. Ele recolheu uma pequena flor de inverno, tão pequena e não madura apenas para cheirá-la por um instante antes de partir.Aquela tinha sido sua morada durante um decênio, mas agora estava finalmente na hora de partir. Tinha que estar. Ele se lembrava da sensação crescente em se aninhar junto à si mesmo e uma fogueira, comer lebres ou cobras duvidosas, de sentir o peso da solidão. Em s
TERESA. Ela poderia sentir todo o calor do mundo sendo passado para dentro de si e se transformando em uma pele extremamente quente e enrubescida. Não fora o frio ou chá quente sobre a garganta, era algo mais. Era como se tudo a fizesse voltar para onde estivera outrora, amarrada e envergonhada.Ele viu cada centímetro de sua vergonha, cada cor e textura. Ele retirou suas vestes calmamente e a deixou como veio ao mundo, nua e assustada. A água da banheira era quente o suficiente deixando toda a extensão de seu corpo corada, pintada em vermelho ou rosa. Seus fios que um dia foram beijados pelo Sol, estavam grudados à cabeça onde o sulco marrom de sujeira era transportado para a água limpa da banheira.Com uma esponja em mãos, limpou suas costas e ombros, os braços e antebraço, as axilas e o pescoço. Repetiu e repetiu. Com mãos leves, esfregou as clav&iacut
DEXTRA.A mais tênue marca negra fora dançando e dançando, deixando rastros de sua passagem em diagonal, círculos e ondas grandiosas sob a tela transparente até se encontraram com a cor alva no fundo, encolhida o bastante para não ser bem notada. A água se tornou negra como a noite e as pequenas sobras brancas de espuma se tornaram as estrelas. Foi para baixo até sentir a cabeça encostando ao fundo, observou todo o pigmento negro esvaindo de si em direção a água e então os olhos arderam.Ela ermegiu em um exagero fazendo toda água atravessar a banheira em direção ao chão metálico. Seu corpo sentiu o frio súbito percorrendo a espinha como uma grande bola de neve e os grandes fios negros ainda escorriam seu sulco negro. Ainda sentia o frio percorrendo todo o corpo quando se levantou em direção ao espelho, o ros