DEXTRA.
A mais tênue marca negra fora dançando e dançando, deixando rastros de sua passagem em diagonal, círculos e ondas grandiosas sob a tela transparente até se encontraram com a cor alva no fundo, encolhida o bastante para não ser bem notada. A água se tornou negra como a noite e as pequenas sobras brancas de espuma se tornaram as estrelas. Foi para baixo até sentir a cabeça encostando ao fundo, observou todo o pigmento negro esvaindo de si em direção a água e então os olhos arderam.
Ela ermegiu em um exagero fazendo toda água atravessar a banheira em direção ao chão metálico. Seu corpo sentiu o frio súbito percorrendo a espinha como uma grande bola de neve e os grandes fios negros ainda escorriam seu sulco negro. Ainda sentia o frio percorrendo todo o corpo quando se levantou em direção ao espelho, o ros
UM LEGISTA E UMA PERVERTIDA.Um pequeno e amedrontado Sol se ergueu, se pôs e se ergueu de novo. Nuvens escuras encheram céu se transformando em tempestades longas que congelavam quebravam ramos de árvores com seu peso. Mas na terceira noite não houve gelo, vento ou nevascas apenas o tênue som de um grito de desespero.A lua mais parecia um buraco negro sobre o céu pronta para engolir qualquer representação de luz existente no mundo. Naquela altura de transição o mundo era uma pintura esquecida, mal apreciada pelos mundanos e suas sopas. Henry mantinha seus passos lentos tanto pela chuva perigosa quanto pelo peso de suas sacolas. O depósito era um grande galpão repleto de prateleiras e materiais de construção onde a luz fraca e amarelada dos corredores tornava tudo tão promissor. Mas de longe um simples depósito poderia servir
SPENCER.A grande ponte de concreto mantinha suas grades escuras e tão juntas. Apenas a luz da Lua conseguia talhar o caminho a ser percorrido em lentidão, quantos paralelepípedos deveria passar e quantos postes de luz ignorar. As grades eram medianas, mal presas ao ponto de balançar quando um peso qualquer se apoiava nelas.A noite era um grande lençol meio transparente de neblina crescente e nem mesmo a Lua conseguia iluminar tão bem. O velho carro foi estacionado ao centro com as luzes ligadas onde seria possível enxergá-la melhor. A figura estava deitada docemente sobre o concreto, os braços e pernas bem esticados e os cabelos eram um amontoado de fios ondulados e dourados como ouro. As vestes eram brancas cobrindo cada centímetro do corpo, deixando apenas o pescoço e os pés para fora, tão pequenos e pálidos pela morte.Se fechasse os olhos, Spe
MAGNUS.Pequenos beijos de neve pairavam sobre suas bochechas e deixavam seu corpo tão trêmulo de frio. Durante todo o inverno que seguia lentamente em direção a primavera enfim, as cores alaranjadas se tornavam mais crescentes junto ao branco que cobria todo o condado. Eram cores bonitas, marrons e laranjas, branco e o negro escuro das águas doce.Magnus encontrou a velha peça de madeira escura que um dia fora um tronco, achatada e tão frágil ao toque, parcialmente branca de neve e negra de putrefação. Mesmo assim ele a ultrapassou com cuidado e sentiu os pés afundando em direção às rochas pontiagudas.— Você precisa vir um pouco mais rápido — a doce voz lhe dizia.E ele tentou. Percorreu os pinheiros dançantes de vento e subiu a grande colina irregular, quando chegou ao topo encontrou a usina. Era uma grande c
Rita .Era como um pequeno floco de neve caindo sobre uma folha ainda verde da estação passada, tão tênue e pequena, frágil e importante para uma transição. Elasentia o poder crescer dentro de si como uma erva daninha, percorrendo cada entranha até transparecer pelo cérebro.A pequena sala onde estava parecia uma antiga cabana onde o tempo não havia passado nem um ano sequer. As madeiras cheiravam a liquefAção e cada folha rabiscada que transparecia sobre as paredes de pedra mantinham o tom amarelado que o tempo havia deixado. Lá foratodo o perímetro e a cabana estavam em uma ruína melancólica.— Quando você disse que a viu pela última vez? — indagou sentindo-se levemente enjoada pelo cheiro. Aquela cabana parecia ter uns cem anos sem qualquer tipo de limpeza ou habitaçã
PAISANA.— Dave Dobrowolski — anunciou à ninguém e como um estranho no ninho, puxou o lençol para verificar tudo o que um dia fora uma face comum.— Você não tem autorização para estar aqui — rompeu o silêncio e por estar abaixada, levantou — Além do mais: Daniel Kubisz.Hanna fechou a gaveta e o mandou sentar próximo à uma das macas de metal. Se prestasse atenção, poderia imaginar todos os corpos que ali haviam passado, todo o sangue que escorreu e toda a putrefação. O cheiro esguio de morte e podridão. — Apesar da face desconfigurada e as digitais totalmente retiradas — então ela retirou um arquivo de fotos e os espalhou sobre a maca de metal — Conseguimos a identidade graças às arca dentária. Esse é na verdade, Daniel Kubisz residente em u
O VIAJANTE.Não era o fim do mundo, mas toda a extensão do céu mantinha um tom sólido de ardósia misturado à escuridão que as nuvens carregadas traziam. O mundo estava se transformando para chegada de uma nova frente fria de fevereiroe os habitantes estavam ocupados com festivais.A grande praça principal havia se tornado um ponto conhecido por cada turista durante os decênios que seguiam e a cada nova Lua os festivais se tornavam maiores. Era um grande amontoado de barracas bem separadas por cores onde talvez um milhar de pessoas comiam sopas e espetos de carneiro, onde o cheiro constante de Erva Vermelha flutuava por cada narina desatenta.Não houveram canções ou apresentações, apenas uma música distante demais para ser de verdade e o murmúrios de tantas almas à falar sobre tudo. Naquela ocasião vestia um pes
HENRY.Não era um bom começo de manhã, mas o tom de vermelho misturado ao laranja era uma lembrança comum. Naquela parte do mundo, o Sol brilhava e o céu era aberto deixando todos os tons de azul claro aparecendo tão bem. Não era verão.As ruas eram iluminadas por placas decorativas brilhantes, o asfalto era sempre renovado e a neve ia se espalhando gradualmente, sumindo em outras ocasiões. Enquanto olhava para cima, sempre para cima, conseguia vislumbrar parte do futuro.— Porque depois que as pessoas morrem, elas viram estrelas — havia lhe dito certa vez.“Quando as pessoas morrem, elas morrem”, quis dizer, mas nunca o diria. Não naquela ocasião.Então estava acima do mundo em um dos castelos mais altos e conservados de todo o país. Observavam as aves voando acima de todos, as sequoias mantinha seu tom de marrom escu
NADIA.Estava deitada acima do carpete duplamente forrado, os olhos eram fixos e o coração batia devagar, como se estivesse pronto para entregar as pontas.— Você tem que ter um bom motivo para estar largada no meio da sala.— Eles negaram — ainda com o olhar tão fixo no vazio, Nadia sentiu os passos se aproximando — “Não há ligação forte o suficiente com Pássaro à dois Corações, lamento”, foi o que Rybarski me disse. Acho que estão mais preocupados com a menina assassina.— Você realmente acha que ele poderia boicotar como antes?— seus cabelos foram presos em um coque apressado.Sentou sentindo a coluna estalar pelo esforço. Nadia suspirou.— Aconteceu antes, não foi? Muito antes dele ser o dono da divisão especial. Agora são nos termos que el