P.O.V. Angel Observo a neve caindo do lado de fora do portão. Abraço meu corpo tentando me aquecer contra o frio. É nesse momento de reflexão que eu tento não chorar. Estou aqui desde que me conheço por gente, e não sei quase nada sobre mim. Não tenho ideia de quem seja a minha família. Só sei que um homem paga pelo meu ensino. É difícil não saber se eu tenho uma família, ou alguém que realmente se importe comigo. Só vivo trancada dentro desse colégio no fim do mundo. Não gosto de estar nesse lugar, é desagradável. __ Angel - escuto alguém me chamar, mas não me viro para olhar - você está surda menina? - meu braço é puxado bruscamente. __ Me desculpe, eu não ouvi você. Estava distraída - pisco meus olhos inocentemente. Lúcia me olha com raiva. Ela é uma das professoras daqui, e não sei o motivo dela não gostar de mim. Muitas pessoas aqui me desprezam. Vivo sofrendo bullying nas mãos de algumas meninas, e ninguém faz nada sobre isso, Será que eu fui um estorvo para meus pais?
P.O.V. Heitor Observo meus seguranças avançarem ainda mais no meio do tiroteio. Com a minha arma na mão, eu vou matando quem entra no meu caminho. Não me importo quem seja, entrou na minha frente, eu estou matando. Dou um chute na porta fazendo ela cair no chão. O homem dentro do quarto aponta a arma para mim. Dou um tiro no joelho dele, o fazendo cair no chão. O desgraçado pediu por isso. Por tudo que me fez passar durante anos. __ Achou mesmo que eu iria desistir? __ Não tenho medo de você, Lombardi. Pode fazer o que quiser comigo, mas nunca irá descobrir onde ela está - ela cospe no chão. __ Tragam ele! - meu segurança assente com a cabeça. Desço as escadas e vou até seu escritório. Roger Del Rey, o homem é muito esperto, isso eu não posso negar. Mas nada pode me parar quando eu quero alguma coisa, nem a inteligência dele. Quando coloquei meus olhos na Angel, eu a quis para mim imediatamente. Del Rey descobriu sobre isso, e a levou para longe de mim. Passei 2 anos procura
P.O.V. Angel Pego alguns livros e coloco nos meus braços. Uma das poucas coisas que posso fazer nesse lugar é ler. Apesar de tudo, hoje eu estou feliz. É meu aniversário e estou completando meus 18 anos. Fico me perguntando se alguém virá me buscar. Finalmente vou conhecer a minha família? Solto um suspiro e me sento em uma poltrona. O calor que emana da lareira é reconfortante. O lugar em que estamos é muito frio. Não me lembro de ter sentido o sol alguma vez na minha vida. Os livros daqui não são tão interessantes, mas é o que eu tenho para ler. __ Feliz aniversário! - me assusto com a aparição repentina da minha professora. __ Obrigada, Cecília - dou um sorriso e a abraço. Cecília está com um cupcake na mão e uma vela em cima. Fechos meus olhos e faço um silencioso pedido. "Só quero poder sair daqui" Assopro a vela e dou um sorriso. Mordo um pedaço e me delicio ao sentir o doce sabor do chocolate. __ Quer um pedaço? __ Não, meu amor. É todo para você - mordo mais um pe
P.O.V. Heitor Não posso negar que fiquei irritado ao ouvir do meu anjo que não deveríamos nos casar. Depois de tantos anos, ver ela foi uma realização. Mas Angel não parece pensar da mesmo forma que eu. Não posso cobrar muito, já que ela não se lembra de mim, então tento manter a calma de todas as formas possíveis. __ O que você fez? - me viro para olhar a minha irmã. Estou muito irritado com ela. Seu trabalho era vigiar a Angel, e ela deixou que meu anjo fosse machucado. Quero colocar fogo nesse colégio, com todo mundo dentro. A porta do quarto é aberta e uma senhora já de idade entra. Ela olha para mim um pouco assustada. __ O que está fazendo aqui? Não é permitido nenhum homem nesse local - aperto minha mão em um punho. __ Está preocupada com isso? Você trancou uma de suas alunas em um porão e a deixou lá por 2 dias, com fome e sede! A mulher não pareceu se abalar com o que eu disse. Isso só me deixa ainda mais irado. __ Todas as meninas recebem uma disciplina excelente.
P.O.V. Heitor Entro no cassino acompanhado dos meus seguranças. Passo por entre as pessoas e mesas de jogos de azar. Minha missão aqui é uma só. Entro em uma sala particular, onde acontece o jogo de pôquer. Aqui só tem homens criminosos, que tiram esse tempo para aproveitar longe da família. Me sento em uma cadeira e puxo um dinheiro do meu bolso. Eles me olham e esperam para que eu faça a minha aposta. Sempre apostei alto nos Jogos, mas raramente perco. Aceito o whisky oferecido por uma mulher, que está apenas de calcinha, com os seios de fora. Aceito também o charuto oferecido pelo homem responsável pelas apostas. __ Não sabia que iria aparecer hoje, Heitor. __ Você sabe o motivo Fernando, eu sempre costumo vencer, então sempre retorno - ele da uma risada. Fernando é a pessoa que acha que pode brincar comigo, essa noite vou mostrar que está muito enganado. Observo os seguranças dele. São cinco no total, contra três dos meus. Não recuo ao ver isso, sei da capacidade de cada
P.O.V. AngelOlho para o meu pé. Ele já não está inchado, apenas um pouco dolorido. Acho que eles me deram alguma injeção enquanto eu dormia. Observo o quarto em que estou, ele é grande, mas tão sem graça. A única coisa que eu queria fazer era sair daquele colégio, agora que sai, não sei exatamente o que fazer. Estou na casa desse homem que eu não conheço, mas ao contrário de mim, ele parece me conhecer muito bem. Noiva... Fica dizendo que sou sua noiva. Como eu posso ser a noiva dele? Estou tão confusa. Quase não dormi a noite, fiquei o tempo inteiro pensando nisso. Heitor nem me falou nada sobre meus pais, me deixando no escuro. Alguém bate na porta e eu permito a entrada. Stefane aparece no batente da porta, muito bem arrumada e com um sorriso no rosto. __ Vamos fazer compras? - ela entra no meu quarto arrumada - trouxe uma roupa para você, vá se arrumar. Me animo com a ideia de sair um pouco. Quero muito conhecer a cidade, fazer várias coisas. Me arrumo rápido, eu já tinh
P.O.V. Angel __ Está perfeita! __ Você nem me viu, eu estou de costas - sua mão pousa na minha cintura e me vira. Me encolho com seu olhar faminto sobre mim. Ele me olha de cima a baixo e depois sorri de um jeito estranho. __ Como eu disse, está perfeita - ele passo o nariz no meu pescoço - está cheirosa - minhas pernas tremem com a intensidade de suas palavras. __ Aonde vamos? - pergunto assim que consigo me afastar. Heitor não pareceu gostar que eu me afaste dele. Já reparei que ele gosta sempre de me ter por perto. Então para tentar acalma-lo pego em sua mão. Toco levemente a palma e dou um sorriso. __ Vou levar você para jantar - leva minhas mãos a boca e deixa um breve selar. Ele segura na minha cintura e me leva para fora da casa. Entro no carro e coloco o cinto de segurança. Enquanto estamos no carro, ele mantêm uma mão na minha perna, e estranhamente isso não me incomoda. Mantemos um silêncio confortável no carro. __ Chegamos! - ele fala chamando minha atenção. Ol
P.O.V. Angel O silêncio é um pouco desconfortável. Eu não sei muito o que falar. Minha cabeça ainda dói com a lembrança. Eu visualizei o rosto do meu pai, esse homem que no momento está me olhando. Um olhar cheio de amor e saudades. Antes de tudo eu quero entender seus motivos. Quero descobrir o porquê de ter me deixado lá. Vivi os piores dias da minha vida, sofri das piores formas possíveis, fui humilhada, senti frio, fome, além de ser castigada várias vezes. Agora estou na frente da pessoa que me deu esse destino cruel. Sempre quis conhecer minha família, não só para sentir um pouco de amor, mas também para saber o motivo de ter me deixado. __ Você ainda é minha princesinha - passa a mão pelo meu rosto - não mudou quase nada. Dou um sorriso um pouco constrangida. Só tem eu e ele aqui. Heitor está do lado de fora, imagino que esperando a conversa acabar. __ Por que me deixou naquele lugar? - brinco com o meu colar, me sentindo nervosa. __ É tudo culpa daquele homem. Ele é o