P.O.V. Angel
Olho para o meu pé. Ele já não está inchado, apenas um pouco dolorido. Acho que eles me deram alguma injeção enquanto eu dormia.Observo o quarto em que estou, ele é grande, mas tão sem graça.A única coisa que eu queria fazer era sair daquele colégio, agora que sai, não sei exatamente o que fazer.Estou na casa desse homem que eu não conheço, mas ao contrário de mim, ele parece me conhecer muito bem.Noiva... Fica dizendo que sou sua noiva. Como eu posso ser a noiva dele?Estou tão confusa. Quase não dormi a noite, fiquei o tempo inteiro pensando nisso. Heitor nem me falou nada sobre meus pais, me deixando no escuro.Alguém b**e na porta e eu permito a entrada. Stefane aparece no b**ente da porta, muito bem arrumada e com um sorriso no rosto.__ Vamos fazer compras? - ela entra no meu quarto arrumada - trouxe uma roupa para você, vá se arrumar.Me animo com a ideia de sair um pouco. Quero muito conhecer a cidade, fazer várias coisas.Me arrumo rápido, eu já tinha tomado banho a uns dois minutos atrás, então coloco o vestido leve e florido que Stefane me deu.Ontem questionei a ela sobre o irmão. Me disse muita pouca coisa. A coitada não sabia que ele iria praticamente me sequestrar.Desço as escadas com ela e vou diretamente para a mesa do café. Tem uma mulher sentada a mesa, com cara de poucos amigos e uma xícara de café na mão.__ Bom dia - falo meio tímida.__ Bom dia, mãe - Stefane vai até a mulher e lhe da um beijo na bochecha - Angel, essa é Andrea a nossa mãe.Ela é bem parecida com Stefane, muito bonita.__ Um prazer conhece-la - a mulher apenas acena com a cabeça, não parecendo gostar muito de mim.Eu já estou acostumada com isso, as pessoas não gostam de mim. Elas apenas me tratam mau, estou acostumada.Me sento e vejo tudo que tem na minha frente. Nunca vi uma mesa tão farta assim antes.Começo a comer rapidamente, eu estou com muita fome. Não consegui jantar ontem a noite, estava muito confusa com os acontecimentos.__ Parece que nunca viu comida na vida - me sinto incomodada com a frase de Andrea e afasto a minha mão da mesa rapidamente.__ É porque onde ela estava não tinha muita comida. Eles fazem as garotas passarem fome.__ Pelo menos isso lhe deu um bom corpo, vê se não o estraga - mordo meu lábio e assinto com a cabeça.Eu evito terminar de comer. Stefane me olha com um pouco de receio. Ela olha para a mãe e depois para mim.__ Nos já vamos.__ Onde vocês vão?__ Meu amado irmão me deu um cartão sem limite. Vamos comprar muitas roupas.Ela me puxa para fora da mansão. Agora consigo olhar um pouco melhor. Ontem não consegui ver muito bem.A entrada é bonita, com uma pequena cascata caindo sobre uma piscina.Vejo um homem cortando a grama. Acho estranho não ter nenhuma flor, eu gosto de flores, sempre achei tão belas.Entro em um carro junto com Stefane. Tem um motorista e um seguranças nos bancos da frente.De relance, eu consegui ver um carro nos seguindo. Por que tantos seguranças? Tem algum perigo por aqui?Stefane não parecia preocupada com isso, pelo contrário, parecia mais do que acostumada.Chegamos em frente ao shopping e eu me sinto maravilhada com o que vejo. Minha amiga fala sem parar sobre tudo que quer comprar para mim.Me deixo ser guiada por ela em várias lojas. Ela j**a roupas em mim e depois me faz experimentar, dizendo o que gosta ou não gosta.Minha opinião não importava, segundo ela, eu tenho muito mal gosto. E não posso negar, nunca tive acesso a roupas assim.Era tudo tão bonito, as cores lindas e chamativas. O preto se tornou a minha favorita.Stefane comprou um vestido preto para mim. Ele é liso, b**e no meio das coxas e tem mangas que pegam no pulso, além de um decote simples no busto.Depois fomos comprar sapatos. Eu teria que aprender a usar saltos, segundo ela.__ Por que as compras?__ Meu irmão quer sair com você hoje a noite - assinto com a cabeça.Isso não me desagradou, pelo contrário. Vou ter a chance de conversar com ele, saber mais da minha vida.Os seguranças já estavam cheios de sacolas, fora algumas que um deles já levou para o carro.__ Vem amiga, você precisa de um celular - fico animada com a ideia.Eu nunca tive um antes, ou alguma coisa do tipo. Stefane compra um celular de última geração, notebook, tablet e alguns outros eletrônicos.Depois de sairmos daquela loja, aproveito para comprar coisas para o meu quarto.__ Vamos tomar um sorvete?__ Sim! - sorrio feliz.Enquanto ela pede o sorvete. O segurança voltou para o carro, levando as compras com ele.Fico de frente a um loja cheia de joias. Uma em especial me chama a atenção. É um colar de ouro, com um pequeno coração, com uma pedra de safira na ponta. Ele é fino e delicado.__ Aqui! - um copo de sorvete de baunilha é colocado na minha frente - vamos fazer o cabelo, depois vamos comer, ok?Minha boca saliva com a ideia. O que a mãe dela falou me vem a mente, mas me lembro que eu não preciso me preocupar com nada.Estou finalmente livre, não posso e nem quero deixar ninguém me aprisionar a mais nada.Vou no salão e faço as unhas, quando chega a hora do cabelo, um homem fica atrás de mim, ele olha e observa.__ Temos que cortar, clarear, hidratar, fazer muitas coisas - dou uma risada quando ele brinca com meu cabelo - meninas, limpeza total!Quando terminou eu amei o resultado. Ele está um pouco mais curto, batendo um pouco abaixo dos ombros, além de está clareado.Brinco com ele um pouco na frente do espelho. O corte não me deixou mais com aquela cara de menininha.Fomos almoçar e eu apreciei esse momento, porque comemos bastante, mais do que eu poderia imaginar.Voltamos para casa e eu subo diretamente para o quarto. Guardo minhas coisas e me sento na cama.O sol está se pondo, a noite está chegando e com ela, o meu encontro com Heitor.***Me olho no espelho e penso se estou bonita o suficiente. Apesar de eu não o conhecer direito, ele e a família são bonitos e elegantes.Não posso sair com ele e o fazer passar vergonha. Preciso que Heitor me conte tudo sobre mim.__ Gostou da maquiagem? Está bem leve - assinto com a cabeça.Eu nem sei muito sobre maquiagem, mas prefiro não dizer nada a ela.Experimento andar com o salto mais uma vez. Até que eu aprendi rápido, não é tão ruim. Espero não cair.__ Acho que estou pronta.__ Então é melhor você descer.Saio do quarto e desço as escadas lentamente. Meu salto faz barulho no chão, fazendo um eco na casa vazia.Olho de um lado para o outro e não encontro ninguém. Mas logo sinto uma presença atrás de mim.A respiração em meu pescoço me faz arrepiar. Eu sei que é Heitor, só ele me toca assim.P.O.V. Angel __ Está perfeita! __ Você nem me viu, eu estou de costas - sua mão pousa na minha cintura e me vira. Me encolho com seu olhar faminto sobre mim. Ele me olha de cima a baixo e depois sorri de um jeito estranho. __ Como eu disse, está perfeita - ele passo o nariz no meu pescoço - está cheirosa - minhas pernas tremem com a intensidade de suas palavras. __ Aonde vamos? - pergunto assim que consigo me afastar. Heitor não pareceu gostar que eu me afaste dele. Já reparei que ele gosta sempre de me ter por perto. Então para tentar acalma-lo pego em sua mão. Toco levemente a palma e dou um sorriso. __ Vou levar você para jantar - leva minhas mãos a boca e deixa um breve selar. Ele segura na minha cintura e me leva para fora da casa. Entro no carro e coloco o cinto de segurança. Enquanto estamos no carro, ele mantêm uma mão na minha perna, e estranhamente isso não me incomoda. Mantemos um silêncio confortável no carro. __ Chegamos! - ele fala chamando minha atenção. Ol
P.O.V. Angel O silêncio é um pouco desconfortável. Eu não sei muito o que falar. Minha cabeça ainda dói com a lembrança. Eu visualizei o rosto do meu pai, esse homem que no momento está me olhando. Um olhar cheio de amor e saudades. Antes de tudo eu quero entender seus motivos. Quero descobrir o porquê de ter me deixado lá. Vivi os piores dias da minha vida, sofri das piores formas possíveis, fui humilhada, senti frio, fome, além de ser castigada várias vezes. Agora estou na frente da pessoa que me deu esse destino cruel. Sempre quis conhecer minha família, não só para sentir um pouco de amor, mas também para saber o motivo de ter me deixado. __ Você ainda é minha princesinha - passa a mão pelo meu rosto - não mudou quase nada. Dou um sorriso um pouco constrangida. Só tem eu e ele aqui. Heitor está do lado de fora, imagino que esperando a conversa acabar. __ Por que me deixou naquele lugar? - brinco com o meu colar, me sentindo nervosa. __ É tudo culpa daquele homem. Ele é o
P.O.V. Angel Quando adentro minha língua na boca dele, posso sentir o gosto forte da bebida. Me lembro do que li no livro e resolvo fazer o que li no livro. Puxo o cabelo da nunca dele e arranho levemente. Quando me separo, mordo levemente o lábio inferior dele. Heitor me olha um pouco impressionado. __ Obrigada pela estufa, eu gostei muito. Sei que fui um pouco grossa hoje, mas... Eu não quero ficar mais trancada, ok? Já fiquei por muito tempo naquele colégio. __ Isso não vai mais acontecer, apenas se necessário. __ Heitor... - ele coloca o dedo nos meus lábios, me impedindo de falar. __ Eu sei que não quer ficar trancada, entendo os seus motivos. Mas você tem que entender que eu não vou permitir que nada te aconteça e isso não está em discussão - ele fala dando o assunto por encerrado. Bato o pé no chão e o olho com raiva. Mas isso não o atingiu de forma alguma. Ele ainda me olha firme, não deixando espaços para discussões. Ele me mostra mais um pouco do que vai fazer na es
P.O.V. Angel O vestido dela é prata. Ele é curto e tem um grande decote nos seios, dava para ver até seu umbigo. Ela não está ruim, está até muito bonita. __ O que você quer? - grito com ela. __ Nada demais - ela liga a torneira e lava as mãos. __ Você sabia, não é? Sempre soube que eu sou a sua irmã - a seguro pelos ombros - e mesmo assim fingiu não me conhecer. __ Meu pai que disse que eu não deveria falar nada - dou um passo para trás. Me sinto chateada instantaneamente. Só de ouvir isso eu me sinto mal. Eu sempre tive alguém da minha família do meu lado e nunca soube disso. Isso é tão injusto. Por que o meu pai faria isso? Ele me odeia tanto assim? __ Você sempre foi tão cruel comigo - mordo meu lábios impedindo que as lágrimas desçam. __ Do que está falando? Você sempre me tratou mal. As pessoas que conhecem você agora, não sabe do que você é capaz. Você é cruel Angel, cruel! __ Eu nunca te fiz nada. __ Você apenas não se lembra, mas você já fez muita coisa ruim comigo
P.O.V. Heitor Os gritos do homem me deixa ainda mais animado. Continuo chutando a barriga dele, tendo um vislumbre do seu desespero. Se ele pensa que eu iria ficar quieto depois de ter falado aquilo para o meu anjo, então ele está muito enganado. __ Levanta! - o puxo pelo terno. Ele fica de joelhos no chão. O olhar assustado em seu rosto me deixa ainda mais satisfeito. __ Me perdoe, por favor - dou um risada. Acho engraçado a forma que ele implora pela vida. Ele acha mesmo que eu vou o deixar livre depois de pedir perdão. __ O que eu disse que faria mesmo? - puxo seu cabelo para trás, deixando o rosto dele para cima - arrancar seus olhos. Pego uma faca e mostro a ele, que se desespera. O cretino é um covarde, não aguenta nem uma breve tortura. Só está sendo breve porque eu ainda estou no evento. Em uma rua pouco movimentada, afastado de todos. Enfio a faca no olho dele, que grita desesperado. Seus gritos de misericórdia não me afetam em nada, me da ainda mais vontade de mat
P.O.V. Angel " Levo a garrafa de vodka a minha boca. Junto com alguns amigos, sorrio e converso. Eles fumam e bebem também. Depois de um tempo, um carro luxuoso aparece na minha frente. Um homem de terno desce dele. Ele me olha firme, reprovando o que eu faço. Dou um sorriso ao ver quem é. __ Senhor Lombardi - me jogo nos braços dele - você veio me visitar? __ Está bêbada? - coloco minha mão na boca e dou uma risada - vou levar você para casa. __ Eu não quero! - me afasto dos seus braços. __ Seu pai está preocupado. __ Isso não é verdade, ele não se importa comigo - eu não estava me importando em agir como uma criança, mesmo que eu praticamente fosse uma. __ Vamos! - ele me puxa pela mão. Dou tchau para meus amigos e entro no carro com ele. A garrafa de vodka já se foi, eu já tinha terminado tudo. Coloco meus pés sobre o painel do carro e mexo no rádio. Heitor da um tapa na minha mão e empurra os meus pés. Olho para ele com raiva. __ Por que você é tão chato? - cruzo os b
P.O.V. Angel __ Estou chateada com o seu irmão. Ele foi bruto comigo ontem - ela da uma risada. __ Ele é assim mesmo, aposto que hoje mesmo vai pedir desculpas. __ Assim espero - viro o rosto. Não vou perdoa-lo assim tão fácil. Ainda estou chateada. Eu estava sentindo dor ontem, só queria um abraço e um pouco de carinho. __ Não fica triste amiga - ela faz um bico - já sei! Vamos no shopping? Dar uma volta, fazer compras ir ao cinema. __ Eu nunca fui no cinema - não que eu me lembre. __ Então você vai hoje! - ela pula animada. Concordo com o que ela diz. Eu preciso mesmo sair um pouco. Depois do que aconteceu ontem, preciso espairecer a minha mente de alguma forma. Subo as escadas e vou para meu quarto. Tomo um banho e escovo os dentes. Coloco um shorts jeans, um cropped branco e uma jaqueta também jeans, além do tênis branco. Faço uma leve maquiagem por ainda ser dia. Até que não ficou tão ruim, acho que estou pegando o jeito. Passo o gloss de cereja e estou pronta. Pego
P.O.V. Angel Pisco meus olhos e os abro lentamente. Olho ao redor e vejo as paredes e teto branco. Com um pouco de dor de cabeça, no corpo e uma ardência em algumas partes do meu corpo. Confusa com o que aconteceu, tento me lembrar como foi que cheguei aqui. Então me lembro da batida no carro e dos tiros. Um pouco assustada, tento me sentar. Uma mão me faz voltar para o lugar onde eu estava. __ Por favor, não se mova - uma mulher vestida de branco fala comigo. Ela está colocando um acesso no meu braço, o qual está enfaixado. Me lembro da minha amiga, eu não sei o que aconteceu com ela. E se eles a mataram como fizeram com o segurança? O aparelho ligado ao meu coração começa a apitar. A enfermeira diz para eu me acalmar, mas nada do que ela dissesse iria resolver. Não vou ficar calma enquanto não souber o que está acontecendo com a minha amiga. __ Se não se acalmar, eu vou ter que te dar um calmante - ela tenta segurar meus braços, mas eu luto com ela. A porta é aberta e Hei