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Capítulo Seis part1

P.O.V. Angel

O silêncio é um pouco desconfortável. Eu não sei muito o que falar. Minha cabeça ainda dói com a lembrança.

Eu visualizei o rosto do meu pai, esse homem que no momento está me olhando. Um olhar cheio de amor e saudades.

Antes de tudo eu quero entender seus motivos. Quero descobrir o porquê de ter me deixado lá.

Vivi os piores dias da minha vida, sofri das piores formas possíveis, fui humilhada, senti frio, fome, além de ser castigada várias vezes.

Agora estou na frente da pessoa que me deu esse destino cruel. Sempre quis conhecer minha família, não só para sentir um pouco de amor, mas também para saber o motivo de ter me deixado.

__ Você ainda é minha princesinha - passa a mão pelo meu rosto - não mudou quase nada.

Dou um sorriso um pouco constrangida. Só tem eu e ele aqui. Heitor está do lado de fora, imagino que esperando a conversa acabar.

__ Por que me deixou naquele lugar? - brinco com o meu colar, me sentindo nervosa.

__ É tudo culpa daquele homem. Ele é o culpado da nossa separação.

__ Culpado?

__ A alguns anos atrás eu cometi um erro, e esse erro me custou muitas coisas.

__ Heitor diz que sou sua noiva - meu pai assente com a cabeça.

__ Foi por esse motivo que enviei você para aquele lugar. Não queria que tivesse um destino cruel ao lado dele.

Paro para pensar no que ele falou. Então foi por esse motivo que estive lá? Só porquê Heitor queria se casar comigo?

Não estava conseguindo acreditar, é demais para mim conseguir pensar. Não pode ter sido esse motivo, eu me recuso a acreditar.

__ Heitor não é tão ruim assim.

__ Você não o conheceu de verdade minha filha, eu... - Roger respira fundo e me olha nos olhos - eu não deveria ter feito o que eu fiz, você me perdoa?

Fico em silêncio, sem saber o que dizer. Mas então me lembro dos dias angustiantes pensando se eu tinha uma família que me amasse, e eu tenho.

__ Tudo bem pai, eu... Perdôo você - ele me abraça apertado, penso dizer que está doendo, mas prefiro manter o silêncio.

Saímos do escritório dele. Heitor estava perto da porta, e Vanessa ao seu lado, falando com ele sem parar.

Não sou uma pessoa burra, sei que ela está dando em cima dele descaradamente. Se vê de longe o que ela está fazendo.

__ Essa é minha esposa, Camille, seu irmão Bernardo, sua irmã Valentina e Vanessa - ele me apresenta a família.

Observo a reação de todos. Vanessa me olha atravessado, ela já me conhece, e meu pai sabe disso.

O menino nem me olha, um pouco concentrado em seu tablet e um pouco na televisão.

A mulher me olha, se levanta com o bebê no colo e sobe as escadas. Não me importo com isso, mais do que acostumada com essas reações comigo.

__ Me desculpe por isso, ela ainda está tentando assimilar que tenho uma filha - meu pai deixa um selar na minha mão - não fique chateada, meu amor.

__ Está tudo bem - dou um sorriso.

Meu pai me disse que eu vim de uma traição. Minha mãe sumiu assim que me deu a luz. Camille já era sua esposa naquela época e eles já tinham Vanessa. Ela tem a minha idade, mais velha por dois meses de diferença.

Então eu nunca vou conhecer a minha mãe e talvez nunca terei muita intimidade com o meu pai.

__ Está na hora de ir - Heitor pega a minha mão.

Me sinto calma rapidamente. Não estou me sentindo tão confortável assim. Talvez o motivo seja minha querida irmã.

__ Você vem me visitar novamente, não é querida?

__ Sim pai, eu virei te visitar - ele sorri.

O vejo mancar até a porta. Heitor me deixa do lado de fora e fala alguma coisa com ele, permaneço quieta, mesmo querendo falar alguma coisa.

Entro no carro e aguardo por ele. Me inclino e falo com o motorista.

__ Você pode abrir a janela, por favor? - ele abre e sorri de um jeito estranho para mim.

Heitor volta um tempo depois, parecendo um pouco nervoso e estressado. Coloco minha mão sobre a dele e dou um sorriso.

Ele parece ficar um pouco calmo com meu gesto. Brinco com a mão dele enquanto voltamos para casa.

__ Eu preciso trabalhar, você fica com minha irmã até eu voltar, ok? - assinto com a cabeça - quando voltar, vou mostrar uma coisa a você.

__ Tudo bem! - o beijo na bochecha, mas ele puxa o meu rosto e beija os meus lábios.

Me sinto um pouco envergonhada e viro o meu rosto.

Dou alguns passos para a casa e depois olho para trás. Heitor está falando alguma coisa com o motorista.

__ Entre na casa, senhorita Del Rey - um dos seguranças fala comigo.

É a primeira vez que um deles me dirige a palavra, normalmente eles nem me olham. Nunca entendi o motivo disso.

Quando entro na casa, posso ter jurado ouvir um barulho meio abafado, mas deve ter sido coisa da minha cabeça.

Vejo Andrea sentada na sala, tem uma mulher com ela, muito bonita por sinal. Ela é loira dos olhos azuis e boca rosada, parece uma modelo.

Mordo meu lábio e me sinto nervosa. Elas me olham de uma forma estranha, não entendo o motivo de me olharem assim.

__ Olá!

__ O que ainda está fazendo aqui? - pisco meus olhos confusa - se meu filho não se livrou ainda de você, com a chegada da Katherine - ela aponta para a loira - logo isso irá ocorrer.

Fico confusa com a sua fala. Aquela mulher é alguém importante para Heitor?

O mesmo segurança que falou comigo alguns segundos atrás, entra na sala.

__ Vá para o quarto - aponta para as escadas.

__ Não precisa, ela pode ficar aqui, acho que precisamos conversar.

__ Não recebo ordens suas, e sim do senhor Lombardi. Volte para seu quarto senhorita - aquilo pareceu ter sido um tapa na cara dela.

Fico satisfeita ao ver o rosto dela. Essa mulher não me agrada, e ver ela se dar mal me deixa satisfeita.

Muito feliz com o que aconteceu, eu volto para o meu quarto.

Fico surpresa ao ver uma caixa em cima da cama. Assim que abro vejo alguns livros, todos eles muito bem embrulhados.

__ Oi - Stefane entra no meu quarto - meu irmão disse para comprar alguns livros para você. Só comprei aqueles que acho interessante.

Pego um deles na minha mão e passo os dedos pela capa.

__ Obrigada, vou agradece-lo quando chegar.

__ Advinha? Vamos ter um evento hoje a noite, estou muito animada para ir, vou escolher um ótimo vestido para você.

__ Tudo bem!

Stefane volta para seus afazeres e eu começo a ler um livro. Depois de dar uma pausa para beber uma água, eu não fui permitida sair.

Eles me trouxeram um lanche em pouco tempo, mas não pude sair do quarto.

Queria me rebelar, como a moça do livro. Ela não abaixa a cabeça para ninguém e não permite que ninguém fale o que tem que fazer.

Solto um suspiro e me jogo na cama. Não acredito que tem dois brutamontes na porta do meu quarto, me impedido de sair.

Depois de um tempo trancada, a porta finalmente é aberta. Heitor entra no meu quarto com um sorriso no rosto.

Eu já não estou tão feliz assim. Ainda chateada por ter que ficar aqui trancada.

__ Por que eu tive que ficar trancada? - cruzo meus braços.

__ Por causa da minha mãe.

__ Acho que eu posso lhe dar com ela. Não me deixe trancada, Heitor, eu não gostei - ele vem até a mim e levanta meu rosto.

__ Vou fazer o que achar necessário para te proteger - mordo meu lábio com força.

__ Então ficar trancada é proteção? Eu já fiquei muito trancada naquele colégio, por culpa sua! - parece que eu tinha tocado na ferida.

Heitor me olha por um tempo. O olhar dele não me agrada, é assustador demais. Meu corpo inteiro treme de medo.

Mas ele não faz nada, absolutamente nada. Apenas me olha mais um pouco e sai do meu quarto.

Tento sair também, mas o segurança não permite. Então espero que ele volte novamente.

Heitor volta um tempo depois. Olho para as mãos dele e as vejo machucada, não entendo o motivo de estar assim.

__ Você se machucou - observo mais de perto o machucado.

__ Não foi nada demais, vem - me puxa pela mão - quero te mostrar uma coisa.

Sou levada para atrás da casa, em um parte um pouco afastada. Pisco meus olhos confusa ao ver alguns homens ali, eles parecem estar construindo alguma coisa.

__ O que é isso?

__ Estou construindo uma estufa para você. Pode colocar a flor que desejar - abro e fecho a boca sem saber o que dizer.

Então ele estava mesmo prestando atenção no que eu dizia? Heitor parece mesmo querer fazer as minhas vontades.

Agora estou me sentindo mau por ter falado daquela forma com ele. Mas também fique chateada por não poder sair do quarto.

Coloco minha mão no rosto dele e dou um sorriso. Ele me olha com tanta ternura, com amor, e alguma coisa a mais que não sei explicar.

Deixo um breve beijo em seus lábios, mas ele me puxa pela cintura e faz durar mais tempo.

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