capítulo 4

Luna

Sei que eu não deveria dar tanto na bola, como estou fazendo agora. Jamais iria encarar um desconhecido em qualquer lugar, mas aquele específico me dá muita curiosidade. E isso é um combustível para que eu nem perceba que estou simplesmente focada em seu olhar na pessoa e em tudo que ela esconde, pois ele é o único no qual eu não consigo entender, nem mesmo ler os seus pensamentos, mesmo que eu duvide que eu possa fazer isso realmente.

Quando ele se levantou irritado, eu sabia que era por minha causa. Fiquei tão curiosa, pois nem sabia o nome dele. Aproveitei aquele momento em que a minha nova colega, tagarela, estava ao meu lado para perguntar pelo menos o seu nome. Eu viro para ela e pergunto.

— Quem é aquele?

Tento não apontar para ser tão descarada. Mary Ann arregala os olhos, baixa a cabeça e quase sussurrando, ela diz:

— Esse é o Adrian, o filho do homem mais poderoso da cidade. Eu também diria do país, mas não quero exagerar. — Esse nome ficou ecoando em minha mente, Adrian, Adrian, sempre, até que eu tentasse entender o porquê de estava fazendo isso. Por que lhe importava tanto? Ela continuou: — A família Bolthon é muito estranha. Eles são poderosos e ricos, adoram ostentar, mas principalmente, são reservados. Ninguém sabe exatamente quem são, como vivem, e o Adrian, ele é exatamente como seu pai. Todas as garotas do colégio querem dormir com ele. Mas, permanece em seu mistério, sem ao menos dar bola para ninguém, a não ser pelo seu jogo de lacrosse. Ele adora, é o líder do time. É tudo o que sei.

Isso só me deixa ainda mais interessada nesse garoto estranho, que não me deixa entrar na mente dele.

***

Quando eu finalmente pude ficar só dentro daquele enorme castelo, sem Mary Anne, falando um monte de coisas na qual eu não me importava, e nem mesmo se ouvia o que ela dizia, pude respirar fundo, fechar os olhos e, naquele momento, naquele corredor vazio, onde provavelmente ninguém me acharia, andei de um canto a outro, tentando relaxar.

Eu sabia que seria difícil ter tantas pessoas novas me encarando, achando estranhos meus modos. Eu não era assim o tempo todo, até era legal, só que, com o tempo, as coisas em mim mudaram. Eu sentia coisas, ouvia coisas, e isso me fez ficar mais calada, pois a minha cabeça estava tão atordoada que eu não conseguia criar frases interessantes. Ser alguém tão diferente do que já sou.

Tudo que eu mais queria era ficar só, porque, quando isso acontecia, as vozes em minha cabeça se sessavam. Andando de um canto a outro, eu mal via o tempo passar. Estava nervosa, ansiosa. Mas aquele corredor era bem perto do campo de lacrosse.

Havia brechas onde eu poderia enxergar o campo, mesmo com certa dificuldade. Eu, então, ouvi alguém lá, jogando ou treinando. Curiosa, parei e me aproximei de uma dessas brechas, olhando e tentando ver quem seria, e meus olhos bateram em Adrian, o único que estava ali.

Ele não estava com o capacete, por isso reconheci o seu porte atlético, era bem atraente, assim como o seu rosto, bem desenhado, cabelos escuros e o mais interessante, Adrian tinha um mistério que me atordoava.

Ele jogava as bolas com tanta força contra a rede da trave que poderia criar um imenso buraco bem no meio dela. Naquele momento, eu me apeguei à parede e às brechas, continuando o encarando Adrian.

Não sei mais, me concentrei tanto que esqueci o mundo ao meu redor. Era como se eu tentasse entrar em sua mente, mesmo não conseguindo.

Apenas o encarei tão fixamente que acredito que ele sentiu a minha presença. Tanto que ficou incomodado, olhou para os lados, para o redor, confuso.

Quando notei isso, me afastei, assustada. O que eu estava fazendo? Isso é absurdo!

Então, saí dali, mesmo que aquele fosse um refúgio mais seguro. Fui em direção aos corredores, acima, onde os alunos estavam conversando ou passando para suas salas. Abri o armário que estava nas ruas, peguei meu caderno de desenho e saí dali, em disparada, sem saber para onde ir.

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